Tragédia

Na juventude, bem sabes

Domei a noite

Ganhei o dote

De princesa Sofia,

Homenzarrão que era.


Mas, na véspera

Do matrimônio,

Surgiu um demônio

E com seu cajado

Partiu meu mundo ao meio

E me vi isolado,

Ninguém a me proteger.


Só meu estandarte

E espada

Possuía para viver!

Numa caçada parti

Para recuperar a honra,

Vingar minha pobre noiva,

Essas ideias ingênuas

De heroizinho juvenil.


Quanta inocência!

De que serviu visitar vilas

Pular penhascos, subir cavernas,

Montanhas, brigar em tavernas,

Beber até quase morrer!


Eis que vem

O derradeiro momento

Frente a frente

Com o assassino.

E como sorria

O cretino!


Nesse instante

Todo o ódio desapareceu

O verão morreu

(Na verdade, se foram todas as estações).

Tremi de medo

Diante do inferno

E sem pesar

Aceitei o destino.

Bem o mereço!

Ao menos assim

Poderia me redimir!

Foi essa a única escolha própria

De toda minha vida.

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