Punpun

A vida é curta

Não quer ver a seus pares?

Até desejo

Mas não sei o que digo

Aos meus familiares


Parecem gentis

Mas não os imagino

Sendo comigo.

Sou só o primo, sobrinho,

Neto mudo

Meu mundo não está ali

Flutua e bruxuleia bem longe

Repleto de culpas e remorsos,

Mas calmo aqui no meu quarto

Com os desejos de aproximação mortos.


Mas são do seu sangue

O que será de você anos depois,

Sem primos ou irmãos para te divertir?

É longa, solitária, a estrada de terra

Entre os mandacarus e sombras da serra.


Só de pensar nisso, dos olhos saem

O rio São Francisco

E risos e risos e risos


Boa noite, querido.

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