Capítulo 18 - Mais.

Anteriormente em Simplesmente Leavenworth...

Sozinhos, sofrendo em desalento, nossos heróis precisaram suportar as intempéries do ambiente sujo e inóspito ao qual estavam submissos. A umidade das paredes os repeliam à medida que ela própria sangrava dor e sofrimento. Tudo naquela prisão gritava hostilidade. Em seus corações, eles avaliavam seus horizontes sem perspectivas. Encaravam uma vida cinza e fria.

Ok, tudo bem. Não foi nada disso o que aconteceu. Na verdade, assim que passou o momento de insulto por todos terem sido apreendidos, o grupinho de desordeiros praticamente se familiarizou com a cadeia como se todos os dias eles lidassem com chão frio e um péssimo sistema hidráulico. Mesmo a contragosto, todos relaxaram contra as grades e começaram a contar anedotas - o que era um tanto bizarro, já que eles estavam em guerra há menos de cinco minutos. Madison, a única que não havia sido pega no fogo cruzado, descansava contra a grade ao lado de William. Gonzalez, cansado de assistir toda a comicidade da situação, estava apoiado do outro lado com os ombros tocando os seus. Ambos estavam emparelhados e imersos numa cumplicidade estranha, o que parecia deixar William fora dos eixos. O moreno se inclinava a cada três segundos para participar da conversa, o que lhe proporcionava um olhar glacial de Madison e um sorriso relaxado do espanhol. Assim, cansado de ser desprezado, o jornalista havia se arrastado até Anne, que estava num estado introspectivo de meditação - que, em minha opinião, não era tão introspectivo assim. Ela só estava testando um meio dissimulado de ignorar Greg -, que o cumprimentou com uma risada tímida. Acho que ela pode até ter corado, para o visível transtorno de Greg. Ele, por sua vez, frustrado e conflituoso, cruzou os braços e ficou brincando de encarar um ponto fixo do outro lado do cômodo.

A zona de perigo encontrava-se na limítrofe do triângulo amoroso: Michael estava irritado, Meredith estava preocupada e meu pai estava... Sendo meu pai. O que não ajudava muito, visto que a combinação sarcasmo+irreverência tinha um resultado explosivo nessa equação. A troca verbal de alfinetadas viris, numa corrida de testosterona, deixou Marlene fora de si.

Harold não prestava muita atenção na baderna dentro da cela. Seus olhos opacos estavam sempre presos em Marien, acompanhando-a com uma dureza sofrida, um pedido velado.

Todo o clima tenso entre os detentos era cortado pelos gritos de Danny, que se pendurava nas grades e urrava como o próprio Tarzan. Acho que isso estragava a magia do ambiente - a ideia de uma vida carcerária miserável, a sensação dos fungos se proliferando ao redor e a triste realização de uma ficha criminal suja - com o humor da cena.

Ficar ali, parada, encarando a aquilo como uma espectadora ávida, era como assistir a um programa conhecido: já conheço os personagens, já conheço suas reações, já vivi aquilo com eles. Então era meio que aceitável eu não querer testemunhar o caos que aconteceria a seguir. Afinal, uma vidente fajuta, um médico sabichão, um advogado metido, uma professora com TOC, uma garçonete histérica, um bartender complacente, um empresário meia boca, dois jornalistas espevitados e um menino delinquente/piromaníaco não soam como uma receita promissora. Mas, ei, disfuncionalidade parece ser a marca da cidade.

Então, quando eu avisei a Marien que estava de saída para casa, abrindo parêntese para minha falta de ânimo para presenciar o desfecho daquele circo, ela apenas piscou e bebericou um gole do seu café expresso.

Eu já estava a meio caminho do lado exterior, quando um barulho familiar rompeu minha resolução e me obrigou a parar. O meu nome. Chamavam meu nome, fazendo-o retumbar como um eco pelas paredes. Eu apenas pisquei, estagnada pelos acontecimentos anteriores, e assisti a silhueta delineada de James Carter percorrer a distância que nos limitava. Assim, estática, esperei que ele viesse até mim. Esperei-o placidamente, assistindo seu andar moroso e seu olhar estarrecido, enquanto uma série de flashes iluminava minhas pálpebras. Imagens sequenciadas que estendiam meu tormento interior: James com as mãos contra minhas omoplatas; seu olhar, duro e impenetrável, preso ao meu; seus braços me envolvendo contra a mesa; seu sorriso típico; sua voz aveludada murmurando contra meu ouvido; seu toque morno e terrífico; e a minha sanidade, minha pobre sanidade, estendida através de uma linha tênue e facilmente corruptível conforme eu mergulhava cada vez mais fundo na escuridão dos seus olhos.

Então, como um baque surdo, mais cenas piscaram no plano de fundo da minha mente numa explosão de cores e sensações.

James me atropelando. Minhas vestes sendo tragadas pela água conforme eu me ergo, os cílios meio borrados pelas gotículas, a visão parcialmente embaçada, meus cabelos úmidos pingando nos ombros desnudos. E então foco. Clareza. James abrindo espaço ao lado da sua moto, irritação estampada nas suas feições sutis. Os lábios franzidos em ultraje, as sobrancelhas erguidas num lapso de raiva. Eu erguendo-me pela ofensa da situação, nossos corpos chocando-se enquanto eu marcho pra longe. Eu não sinto, mas há uma faísca de atrito perdida no momento.

Então, James entrando na lanchonete. O sino ressoando através do cômodo, minha cabeça virando em sua direção, atraindo alguns fios fustigantes contra minha face. Nossos olhos entram num embate. Ele, incerteza; eu, obstinação. Determinado, senta-se à minha frente. A ironia é a sua fiel escudeira enquanto ele me cumprimenta com malícia e impertinência. Sua boca, tão atrativa e bem delineada, esboça um fantasma de um sorriso. Por alguma razão, sorrio de volta.

Em seguida, Marien me apresentando ao seu esquadrão. James surge pela porta, apoiando a jaqueta de couro nos ombros, sorrindo e debochando. Explodo. Há tapas e mais tapas. Minhas mãos estapeando seu corpo, cobrindo suas costas, ombros, rosto. Depois tudo muda. Estamos numa cela. Minhas costas se apoiando contra a parede úmida, ele deitado desleixadamente sobre a cama. Comentamos algo com displicência, enquanto eu finjo raiva e incômodo. Acho que há a ameaça de um sorriso brincando nos meus lábios.

A cena muda como se trocassem de canal.

Agora, um tanto destrambelhada, tento me equilibrar com a fantasia de época, saltitando através da multidão para observar a razão do tumulto. Em cima do palco, James está descansando numa tábua frágil de madeira, provocando a multidão com o desafio explícito. Nossos olhos se encontram novamente. É sempre assim: um confronto inquieto entre íris contrastantes. E, então, ele está sorrindo. Seu típico sorriso lateral repuxado, com ele espremendo os olhos de forma lasciva e debochada. Implicando, provocando, instigando. Com o orgulho ferido e a presunção exposta, acabo aceitando seu desafio. Colocam alguns tomates na minha palma. Fico ali, parada, testando seu ego, brincando com sua altivez inabalável. Então, lançando o fruto sem qualquer esmero, acerto o alvo em cheio. James cai, esparramando o líquido viscoso, soltando um grunhido de surpresa. A plateia vibra e eu sorrio triunfante.

Mais flashes.

Ele passando com um ar sardônico por mim, enquanto eu cuido do curral do festival.

Caos. Animais correndo por todo o desfile, interrompendo a passeata. Há um porco bloqueando o trajeto. Lanço-me contra ele com fervor, empurrando-o sofregamente. Há um grito de alarde e, então, um baque profundo. James me comprime de forma estatelada contra o asfalto quente, seu tronco me pressionando, fazendo força pelo seu peso. Meus membros contrastam com os seus e o seu toque inocente me inquieta. Mais tarde, a abóbada estrelada nos envolve como um véu negro. Danny está perdido pela festa, espalhando seu comportamento caótico como uma marca registrada. James e eu estamos juntos, caçando-o através do perímetro do espaço. Então, como um estalo, a imagem da casa de fogos surge. Caminhamos juntos, lado a lado, chamando seu nome com desespero. Há uma faísca desconhecida, o cheiro ímpar de pólvora e, então, o mundo explode ao nosso redor. De repente, estamos girando, caindo, sendo lançados para fora, abraçados pelo ar cortante da noite. Mais uma vez, James está pressionado contra mim, mantendo-me à mercê do seu agarro ferrenho. Meus olhos focam-se no contorno do seu rosto, na forma lânguida que seus olhos piscam para mim, assistindo o céu se dissolver numa visão matizada de cores vibrantes acima da sua cabeça. Durante toda a demonstração pirotécnica, um sorriso acompanha o deslumbre do meu olhar e eu posso ver meu deleite refletido nos seus olhos escuros.

As cores transbordam pelas minhas pálpebras com imagens sequenciadas e vertiginosas.

Sinto meu desespero. A floresta me cerca como quem oculta um segredo. Minhas mãos apertam uma garrafa quebrada, sentindo o caco de vidro pressionar minha palma. Um fiapo de sangue escapa da pressão, mas meus dedos estão tremendo, tremendo. O sujeito aos meus pés solta alguns ganidos de dor, protestando pelo meu ataque súbito. Minhas pernas estão se liquefazendo pelo pânico genuíno. Sinto meu aperto morrer com o baque de vidro se estatelando no chão. Meus dedos cedem. Meus lábios entreabrem-se num tremelique sucinto. Ouço alguns sussurros distantes chamando meu nome, exigindo minha atenção, mas é como se o som se deparasse com uma barreira e se desviasse do meu alcance. Sinto-me entorpecida. O frio da noite iguala-se ao frio dentro de mim. De repente, meus olhos se adequam à penumbra. A figura de James, parado rente a mim, me desperta para a realidade. Os sons ao meu redor ganham nitidez e eu choco-me com o tremor suave do meu corpo. Seus olhos negros me engolem; suas sobrancelhas estão franzidas e seus lábios estão apertados numa linha fina de preocupação; seus punhos estão cerrados próximo ao corpo enquanto ele tenta manter a compostura. Mas, enquanto ele mesmo tenta juntar a fortaleza dentro de si, eu desmorono. Meu corpo entra em marcha e tudo o que eu sinto ao me lançar contra ele é a necessidade gritante de achar alguma solidez naquilo, de extrair uma sensação de segurança num mar raso de instabilidade. Seus braços me envolvem enquanto, pouco a pouco, meu tremor se dissipa.

Mais, mais, mais, mais.

James segurando minha mão no carro durante o caminho até a delegacia. James rindo enquanto tento lançar um dardo contra o alvo. Seu sorriso me conforta. Mais.

Estamos no Coyote's. Gonzalez comenta algo durante o jogo, enquanto estou perdida na minha própria tacada. Seu olhar sobre mim me queima. Do outro lado do salão, James divide sua atenção entre uma garota qualquer e a nossa partida. Mais. Estou agachada no balcão, com a mangueira de cerveja empunhada na mão destra, enquanto escuto sua patética tentativa de flerte. Por alguma razão desconhecida, aquilo me incomoda. Mais. Aponto a mangueira em sua direção, observando o canto dos seus lábios tremer pela ousadia. O jato gelado do líquido o engolfa com uma tragada, obrigando-o a engasgar e a me encarar com as feições retorcidas com incredulidade. Mais. Sinto-me marchar para longe, irritada pela sua prepotência, irritada com seu descaso, irritada pela sua cara de pau, mas ele intercepta meu caminho. Mais. Mais. James aponta sua moto para mim, indicando uma carona. Meus braços se cruzam pelo meu ceticismo, mas há algo na sua postura solícita que pulveriza minha insistência e reduz meus protestos a pó. Mais. Pareço ceder à sua atmosfera lânguida enquanto enlaço minhas mãos na sua cintura e sinto o vento cortante afastar minhas interrogações para longe, conforme ele acelera a moto. Mais. Mais. Mais. Mais flashes. Vagueamos juntos pela bruma densa da floresta, contornando galhos enquanto adentramos a clareira. A imagem pálida do lago surge de imediato, chamando o foco para o casebre abandonado em suas margens. Mais. Mais. James oferecendo sua mão para me levantar, puxando-me de encontro ao seu peito. Os instantes seguintes estendem-se através das linhas do espaço tempo, enquanto nossos olhos perdem-se um no outro. Mais. O contorno do seu perfil sendo traçado pela bioluminescência dos vagalumes desatentos, com o seu sorriso simetricamente preservado no canto dos lábios. Meu cenho está franzido pela inconstância dos meus pensamentos, mas meu interior está quente pela sua presença. Mais. Mais. Mais. Mais. Suas palavras quentes e provocantes, seu tom zombeteiro, minha resistência sôfrega. James e eu correndo através de um jardim desconhecido, saltando sobre um muro qualquer, caindo em desespero contra o gramado. Minha tentativa tola de colocar uma calcinha íntima em sua cabeça. A forma divertida que seus olhos se espremem com humor, o seu nariz retorcido com diversão, os seus lábios pressionados com esforço. Seus olhos escuros brilhando, brilhando, enquanto me perco em sua dimensão. Mais. James empurrando uma galinha em minha direção, rindo da minha expressão acuada. Mais. Mais. Mais. Estamos em casa. A noite escura rodopia ao nosso redor, enquanto ele ergue a mão e oferece um caderno novo em minha direção. Pisco. O gesto parece sutil e sem qualquer pretensão, mas representa uma mudança brusca entre nós. Não sentimos, mas as engrenagens vibram e alteram toda a dinâmica da situação. De repente, é como se o mundo se abrisse para possibilidades. James soa doce como uma possibilidade.

Mais. Mais. Mais.

Nós espremidos contra uma árvore, os nervos transparecendo à superfície. James me empurra contra a estrutura áspera da madeira mais uma vez, comprimindo-me com seus braços rígidos e seu sorriso presunçoso. Mais. Gonzalez surgindo do nada e atirando contra nós. James me encarando com os cílios respingados de tinta, um sorriso desabrochando na lateral da boca enquanto ele pisca em minha direção. Mais. James me chamando para sair incontavelmente. Mais. Eu, por fim, cedendo.

Mais. Mais. Mais.

Medo e insegurança transbordam de mim e me afogam. Passo a semana seguinte fugindo da sua presença como quem escapa da peste negra. Flashes efêmeros de encontros interrompidos atacam minha visão: James saindo do McLauren's, James na delegacia, James no Coyote's. Em todos os cenários, meus medos afloram e eu me obrigo a tangenciar meu caminho.

Mais. Mais.

A noite escura me cumprimenta como uma velha amiga. O buraco ao meu redor parece me engolir para o esquecimento. Meus lábios estão secos e a sujeira que me corrompe parece denegrir minha sanidade, mas a luz do outro lado me alerta. Meu tornozelo parece engolir seus protestos quando a lanterna é apontada para fora do alcance do meu rosto, permitindo que meus olhos se adequem àquela presença. Os olhos escuros de James Carter parecem me perturbar mais do que a escuridão que nos abrange. Minha mente vaga momentaneamente para a forma evasiva que eu estive o evitando, mas a memória se apaga pela intensidade do seu olhar. De repente, sinto-me vazia. Mais. Mais. Mais. James puxando-me para a superfície, nossos corpos chocando-se enquanto ofego contra o chão úmido, nosso riso cortando a noite. Mais. Distância. Estamos nos evitando novamente. Caímos na turbulência da indiferença. Mais. Mais. James caminha em minha direção, mas eu explodo palavras, explodo desgosto, explodo emoções.

Mais. Mais flashes ininterruptos.

James me provocando. James sorrindo, o semblante iluminado com a luz vermelha da sirene, os olhos brilhando com humor, as mãos ao redor dos meus ombros. James entrando no meu quarto, remexendo na minha gaveta de calcinhas. Eu empurrando-o escada abaixo sobre o protesto das suas confabulações. James me guiando através do galpão com as mãos pressionadas contra minhas costas. James subindo no palco, sorrindo. James dançando para mim, o rebolado único e a malícia líquida. Seu olhar caçador sobre mim, enquanto danço e canto. Suas mãos ao meu redor, amparando-me contra a mesa. James, James, James.

Sempre mais. Com James sempre é mais.

- Ei, bonita. Está fugindo da cena do crime? - sua voz ressoa pelo saguão, despertando-me subitamente. Seu tom é morno e distante, como se ele estivesse desatento para a mudança que acontecia no conforto das minhas pálpebras.

De repente, sinto-me neutralizada pela realidade adjacente, tomada por uma sensação quente de percepção mundana. A iluminação bruxuleante do saguão interfere nas memórias que evadem do meu toque. A doce realização de algo que não consigo apalpar parece se fundir com a perspectiva de algo que eu estava adormecendo dentro de mim. A clareza dos meus sentimentos é tão forte que me cega. Por um momento, fico parada entre o limbo das minhas memórias e a imagem do sorriso trêmulo de James, tentando me distanciar daquela sensação, aquela consolidação desesperada de algo, qualquer coisa...

No fundo, você sabe o que sente. Só precisa deixar o medo de lado e agarrar esse sentimento.

Minha própria voz troveja com um estrondo na minha cabeça, soando distorcida e remota, enaltecendo as palavras que me assombram. James ainda está parado na recepção, alternando o peso do corpo entre as duas pernas, o braço remexendo nos cachos negros, o nariz franzido e o sorriso intacto. Tão perto e tão longe.

- Alguma coisa seriamente doentia está prestes a acontecer naquela cela e eu não vou me responsabilizar por isso. - respondo por fim. - Estou esperando o momento em que Danny saltará nas grades e retirará uma bomba atômica do bolso.

- E você se julga otimista. - James sorri, estreitando os olhos. - Já vai embora?

- Por quê? Está se oferecendo para me dar uma carona?

- De repente você se tornou complacente? Em que lugar você deixou seus protestos e todos os discursos elaborados falando sobre como é independente e sobre como não precisa de ajuda?

- Saiba reconhecer uma vitória quando vê uma, Carter. - cruzo meus braços, caminhando até a porta da frente.

- Ei, um cara precisa saborear as raridades da vida.

James murmura abafadamente, correndo para me alcançar. Ele para rente a mim, apoiando a mão contra o vidro da porta, empurrando-a para me dar passagem. O vento frio da noite nos ataca com um sopro, obrigando-nos a sair e fechar a porta. Aperto meus braços contra o corpo, sentindo o frio repentino repercutir na minha decisão. Sinto-me girando, rodando, perdida numa sensação de instabilidade emocional, à mercê das minhas próprias dúvidas e inseguranças. Quando sinto seu aperto contra meu cotovelo, tudo parece se normalizar.

- Desculpe, bonita, mas eu trabalho com pedidos formais. - ele declara, sustentando-me com um olhar imperioso e divertido.

- Por favor, James. - digo com relutância, perdendo um sorriso contrariado, soprando seu nome com certo esforço físico.

James empertiga-se na minha frente, liderando o caminho até sua moto com um ar presunçoso, obrigando-me a rolar meus olhos pela impaciência. Certas coisas não mudam.

- Pra isso que servem os amigos, não é? - ele sorri, montando na moto e liberando um espaço na traseira. Salto na garupa e envolvo meus braços em sua cintura, tentando ignorar o latejar agudo do meu peito incoerente. Amigos. Apenas amigos.

- Sentindo-se confortável? - ele provoca, sorrindo. Por um momento, estica-se para frente, rompendo nosso contato e, então, volta-se para trás com a mão equipada. Meus olhos estreitam-se em desconfiança, o que o faz alargar mais o sorriso debochado. James inclina-se para trás e apoia o objeto em minhas mãos, sorrindo prestativo. Encaro o capacete preto com desconfiança, tornando o olhar para a suavidade da sua expressão. - Não é nada. - assegura. - É só para você não ter um derrame por causa da violação às leis de segurança.

- Obrigada. - digo, vestindo o capacete com cautela.

James ainda está parcialmente virado em minha direção, os olhos presos aos meus. Ele ergue a mão com uma incerteza translúcida, tocando a trava na base do queixo com delicadeza. Sinto-me impelida em sua direção conforme ele brinca com a trava e passeia o polegar pelo meu pescoço. Seus olhos estão opacos, perdidos na textura da minha pele exposta, perdidos nas emoções conflitantes que nos alicerça. O momento é diáfano, sujeitado às interrogações que nos assolam, mas sua efemeridade transborda familiaridade. Ali, muito sucintamente escondida nos nossos olhares, está a confirmação de algo impreciso aos olhos alheios: a mesma batalha crua semeada em minhas lembranças, o mesmo sorriso lateral, a mesma fome insaciada. E, como em todas as vezes em que entrelaçamos nossas vontades, a sensação escapa para longe do alcance dos nossos dedos irrequietos. James se afasta lentamente, virando-se para frente e rompendo a tensão.

- E aí? Parece seguro o bastante para você? - James questiona com certa malícia, acelerando a moto. Sua voz tem uma entonação embargada pelas sensações que nos serpenteiam.

Quero dizer que não. Que essa sensação claustrofóbica de indecisão me sufoca, que a segurança não me assenta, que tudo é um borro difuso de medo, que tudo é um abismo sem fundo onde meus sentimentos me engolem. Mas não o respondo. A única coisa que faço é apoiar minha cabeça no seu ombro e apertar sua cintura, sentindo a moto ganhar velocidade progressivamente conforme eu tento isolar minhas emoções. É tudo uma bruma difícil de atravessar.

***

- Eu sei o que você está pensando. - James declara com cumplicidade. - Como me tornei um policial com uma mente de um delinquente?

Estamos estacionados ao lado do celeiro, apoiados na moto, alargando a conversa apenas pela dificuldade de uma despedida. James está deitado sobre o guidão, cobrindo o rosto com o braço apoiado. Eu estou brincando com o capacete, perdida em pensamentos conspiratórios, com as costas inclinadas contra sua coxa. No alto, o manto estrelado nos cobre com amenidade.

Se for para ser sincera, não era nisso que eu estava pensando. Nem de longe. Minha mente estava meio que rebobinando os acontecimentos anteriores, conflitando sobre meus sentimentos confusos, enquanto eu vagava o olhar pela forma branda que seus cachos cobriam os olhos cerrados. Mas como eu não poderia admitir isso nem nos meus sonhos mais profanos, apenas assenti com diversão:

- Claro. Era nisso que eu estava pensando. - ironizei. -Sua mente criminosa merece um estudo de caso. Mas, se você não se importa, vou te enquadrar como uma testemunha duvidosa. - repreendo-o. - Não tem como você ter feito todas essas coisas.

- Tudo bem. Acho que eu exagerei na parte em que Marien corria atrás de mim com o cortador de grama. - admite. - Era apenas com o salto alto.

Eu rio audivelmente, silenciando-me lentamente pela intensidade do seu olhar. Cutuco-o com o polegar, vendo-o espreguiçar-se para sentar reto. James gira o tronco e senta-se de frente para mim, prestando atenção no meu gesto.

- Por que você quis se tornar policial? - pergunto, soando mais sóbria.

James me encara morosamente, matutando as palavras com serenidade. Seus olhos adquirem um brilho mórbido que delata um sangramento emocional que me deixa inquieta. Ele vira a cabeça lateralmente, evitando a captura dos nossos olhares, e encara um ponto distante.

- Meu pai. - admite. - Mas isso não é uma história de herança familiar, espontaneidade ou sei lá. Ele não era meu herói nem nada do tipo. Ele era apenas uma pessoa que fez escolhas erradas. - ele pausa. Suspira por um momento, tentando recobrar alguma razão, e prossegue: - Ele era um policial corrupto. Na verdade, acima disso, ele era uma pessoa ruim. Ele batia na minha mãe e me maltratava todo dia. Assim que terminava seu plantão, ele chegava em casa e descarregava sua frustração conosco. Sua pressão psicológica acabou desgastando nossa família. Então, certo dia, ele morreu em serviço durante um tiroteio. Só que o estrago que ele havia feito em nós era permanente.

"Minha mãe ficou traumatizada por muito tempo. Mas, depois de um tempo, ela se libertou. Eu nunca sofri esse mal. Isso de desilusão e todas essas coisas. Meu problema era que eu tentava não enxergar a podridão do mundo. Acreditava em muito mais. Não, eu não acreditava numa intervenção de bondade divina, numa mudança de personalidade ou numa sorte repentina. Eu só via... Algo de bom. Algo de bom no mundo. E sabia que isso estava ao meu alcance. Eu queria provocar isso, essa faísca de atitude, essa mudança de perspectiva, fazer o bem e tudo mais. Minha mãe adoeceu e eu fiquei responsável por cuidar de casa, então tive que me empregar rápido. Marien me ajudou nesse momento e eu me vi diante de uma escolha. Embora ser policial é algo que me lembre dele, do meu pai, eu sinto que acabei me tornando quem eu deveria ser. Amadureci de certa forma. Fui obrigado a me tornar o que sou hoje e me orgulho disso. Eu sou tudo o que ele nunca foi."

James nega rapidamente com a cabeça, pressionando o punho contra a lataria da moto. Acabo perdida em sua declaração, perdida na magnitude da sua revelação, mergulhada numa profundidade desconhecida. É como se ele desfizesse suas camadas, pouco a pouco, derrubando cada vertente com um sopro. Pela primeira vez, consigo vê-lo, realmente vê-lo, e o que eu vejo me surpreende. A sua transparência me pega desprevenida, mas não esboço qualquer comentário. Não me diz respeito atravessar seu desabafo com algum comentário complacente, então sustento seu olhar com firmeza.

- E a sua mãe? - pergunto com suavidade.

- Ela está bem. Mais feliz, suponho. Mas sente-se culpada por ter me forçado a carregar tanto peso sozinho. - James vira-se em minha direção com um sorriso nostálgico. - Ela parece com você. Acha que consegue lidar com o mundo de uma vez só.

- Vou levar isso como um elogio.

- E é. Você tem uma energia própria bonita de se assistir. - ele anuncia, mas arrepende-se do comentário. James desvia o olhar por um momento, perdido em pensamentos. Então, volta-se para mim. - E a sua mãe? Não ouço falar dela.

Dessa vez, sou eu quem desvio o olhar. Já deveria ter previsto esse tipo de comentário, mas ouvir o questionamento gera uma nova onda de lástima e amargura.

- É porque não há nada para se falar. - comento, mastigando o dedo com displicência. - Minha mãe morreu durante meu parto. Eu não gosto de falar sobre o assunto por causa do silêncio perturbador.

- O silêncio perturbador?

- É, você sabe. Quando você diz algo muito impactante e a pessoa não sabe reagir com uma resposta efetiva, então um silêncio estranho predomina a conversa. E, então, há a lamentação. A piedade. - retruco, afastando o olhar. - E eu simplesmente estou farta de colecionar pedidos de desculpa e comiseração.

Viro minha cabeça em sua direção para avaliar sua reação, mas James não diz nada. Seu olhar, porém, me conta relatos inteiros. Não há qualquer resquício de pena ou o emudecimento característico da situação. Ele apenas me fita com um olhar que transcende o vigor típico de sempre, perscrutando-me com afinco, estudando-me com cautela. Então, com muito cuidado com as palavras, questiona-me:

- Então você não sabe nada sobre ela?

- Nada. - admito. - Só o que meu pai me conta.

James cala-se abruptamente, dando-me espaço para prosseguir. Com muito esforço, ergo-me da moto e caminho pela inclinação até o balanço próximo do celeiro, deixando para trás minhas dúvidas e abraçando aquela oportunidade que ele abriu para mim. Aperto a corda grossa entre meus dedos, sentindo sua textura, até encontrar forças para continuar a falar. Não preciso me virar para saber que ele está ali, calado, à espera de alguma coisa, à espera de alguma abertura na minha armadura de indiferença.

- Tudo o que eu conheço estão nas fotos. Nos registros atemporais. - sorrio com tristeza para o nada. - Papai diz que, às vezes, quando ele se pega me observando, consegue ver o reflexo dela brilhar nas minhas feições. Que, muitas vezes, quando prendo o cabelo com um lápis, lembro a forma que ela prendia o cabelo com um grampo enferrujado. Diz que acha engraçada a forma que eu me afogo no meu caderno, porque era a mesma forma que ela se afogava na escrivaninha do dormitório da faculdade, datilografando alguns rascunhos. - ofego, sentindo-me carregada. - Ele briga sobre meus piercings na orelha, mas ri lembrando-se de uma tatuagem dela. Diz que eu sou muito birrenta pro meu próprio gosto e que preciso parar com esse meu complexo de Zeus de quem acha que tem poder sobre todas as coisas. Quando ele fala, ele debocha do pesadelo que é a influência dela sobre meu temperamento.

Sinto-o se aproximar pelas minhas costas, depositando a mão quente sobre meu ombro. Não o afasto.

- Ela era fã de Star Wars. - sorrio. - Assisti aos filmes pensando sobre o que ela teria achado se estivesse ali comigo.

- Provavelmente xingaria os reboots. - James me alerta, o que me faz virar em sua direção, rindo pelo seu comentário. - E ela deveria ser uma pessoa realmente irritada com o fato dos Stormtrooper não terem boa mira. - ele sorri, observando minhas sobrancelhas erguidas. - O que? A princesa Leia foi minha primeira paixonite.

Eu sorrio.

- Obrigada, Carter.

- Sem problemas. Estou feliz por ter vindo até aqui. A noite teve seus contratempos, mas ela está se saindo bem no final.

Seus olhos brilham significativamente em minha direção. A única coisa que nos separa é a estrutura carcomida do balanço, que se equilibra entre nós com delicadeza. Sinto, novamente, aquela sensação, aquele comichão estranho na minha pele, aquela realização de uma mudança brusca. Uma necessidade urgente de gritar o que sinto, de desfazer-me, de abrir a alma, rasgar o coração para fora do peito.

- James. - começo, sentindo uma estranha necessidade de verbalizar meus pensamentos.

No fundo, você sabe o que sente. Só precisa deixar o medo de lado e agarrar esse sentimento.

- Sim?

Seus olhos negros, crus, estão presos aos meus. Uma chama compassiva os trespassa. Sinto minhas pálpebras se cerrarem momentaneamente e, de repente, sou assolada pelas lembranças oportunas. Sensações me rondeiam. Sentimentos líquidos, puros, sinceros. Sei o que quero. Será que consigo alcançá-lo?

- Você me disse uma vez que eu sou muito teimosa. Que eu tenho essa necessidade de colocar o ponto final nas coisas, de manter o controle sobre a situação. - fecho meus olhos vertiginosamente, sentindo a brisa cálida acariciar minha pele. O balanço ainda está lá, batendo contra minha coxa, dando-me a firmeza da realidade. - Eu sei que sempre fui meio irritante sobre minhas convicções, mas você estava certo. Inferno, você esteve certo sobre tudo. Desde sua análise equivocada sobre mim até seus comentários inoportunos sobre meu comportamento. Talvez eu seja mesmo um pouco arisca e talvez, apenas talvez, eu esconda-me por trás de uma superfície de hostilidade e sarcasmo.

Ele não diz nada. Seu cenho franzido delata sua falta de discernimento pela minha declaração em voz alta, mas ele mantém suas dúvidas para si. Eu, por outro lado, não consigo manter minhas palavras soterradas no fundo da minha garganta.

- Você estava certo quando disse que eu preciso controlar a situação. Que eu preciso me sentir capaz de saber o que está acontecendo e ter poder sobre isso. Sobre como eu gosto de interferir. - esfrego meu rosto com sofreguidão. - Você me leu tão bem e eu te li tão errado. E todo esse tempo, durante toda essa competição de egos, tudo o que eu fiz foi me esconder na defensiva apenas porque estava com medo de que as coisas... Saíssem de controle.

- Liv... O que você quer dizer?

- Que piada eu sou. - ignoro sua pergunta, continuando: - Quando finalmente me abri, morri de medo e corri na direção oposta. Evitei você como se fosse um leproso porque senti medo por ceder tão fácil. Tive medo de perder as rédeas.

Agora, James aproxima-se de mim com reconhecimento, tocando meus dedos pressionados contra a corda. Mas não paro, não hesito, não aceito sua concordância.

- Escute. - peço. - Até mesmo quando decidi que era melhor não termos nada, eu simplesmente joguei a bomba para cima de você e não te deixei falar nada. Ataquei você com palavras e tudo o que fez foi consentir. Talvez você quisesse ser meu amigo, talvez não. Talvez estivesse tão confuso quanto eu. Quem sabe? Como eu saberia? E eu simplesmente empurrei tudo para cima de você porque estava amedrontada, aterrorizada e tremendo com a possibilidade de perder o controle sobre a minha racionalidade. Mesmo agora, enquanto confesso todas essas coisas, estou tentando manter o controle das minhas palavras.

- Seu problema é que você tem medo de sentir.

- Não, meu problema é o medo que tenho sobre o que acontece quando eu sinto. Porque eu sinto, James. Eu sinto você e te sinto muito longe. - fecho meus olhos, pressionando as pálpebras. - Então eu vou dizer de uma vez só. Não sei nem o que me deu para estar dizendo tudo isso. Não sei se foi o dia de hoje, ou o fato de eu não estar seguindo meu próprio conselho ou tudo o que passamos e eu estive tentando ignorar...

- Liv. - James me cala, apertando minhas mãos contra a corda. - Apenas me diga.

Eu o encaro através do brilho suave dos seus olhos, apanhada pela escuridão intrínseca no seu olhar. Estamos tão próximos, separados apenas pelo apoio de madeira, que sinto nossas respirações se condensarem no ar frio da noite. Estive tanto tempo fugindo dessas sensações, desse encaixe sólido e simbólico, que acabei sendo engolfada pelos meus sentimentos. Assim, com o tempo destrinchando-se através daqueles segundos ínfimos onde nossos olhos procuram alguma resolução, sinto as palavras morrerem nos meus lábios. Fitando-o com tanta intensidade, acompanhando a reação suave das suas feições para minhas palavras, sei que explicação alguma sanará o vazio dentro de nós que somos responsáveis.

No fundo, você sabe o que sente. Só precisa deixar o medo de lado e agarrar esse sentimento.

Eu agarro. Tangivelmente, temendo que a emoção escorra para fora do meu alcance. Não me prendo às palavras. Assim, compenetrada pela sua atmosfera intimidadora, ofereço-lhe meu coração ensanguentado e capturo seus lábios nos meus. Minha mão escapa do apoio da corda e minha coxa choca-se contra o balanço, impulsionando-me em sua direção. James parece surpreso pelo meu gesto, pego de sobressalto pela forma que nossos peitos atritam. A princípio, a única coisa que faço é encostar meus lábios nos seus num pedido mudo. Há tanto significado na minha atitude que ele parece reconhecer minha fragilidade. Enquanto minha boca pressiona a sua, despejando todas as minhas palavras inquietas e transbordantes, sei que ele está segurando meu coração em suas mãos. É um toque suave, um roçar doloroso, uma súplica por algo mais. Ele me atende. Muito lentamente, seus lábios entreabrem-se numa concordância velada, numa promessa de aceitação. Sei que ele sente o que sinto, mas ele tem seus próprios demônios para traçar. Quando nossas bocas se fundem num beijo profundo, sinto meus olhos cederem pelas emoções que me comprimem. James parece trazer cor e essência ao momento. Há foco, clareza. Gosto, paladar. O toque íntimo de nossas línguas, o sabor agridoce dos seus lábios. Ele tem um almíscar cítrico, um cheiro inebriante que me deixa vagando por tudo o que eu tenho perdido. Minhas mãos, um tanto tremulamente, dedilham o contorno dos seus ombros, perdem-se nos seus cachos de azeviche, procurando alguma certeza para aquele momento, alguma confirmação para minha mente. Algo em mim não batia certo. Como um quebra-cabeça árduo de montar e que, para complicar tudo, estava incompleto. Como se antes de nos faltar a nós essa informação em branco, faltasse a mim. Como se eu própria a buscasse. James era real. Sólido. Verdadeiro. E, enquanto seus dedos finalmente cediam ao meu toque, passeando o indicador pela minha cintura, eu sabia que havia encontrado. O céu estava limpo, e tudo parecia certo.

Então, como um baque surdo, tudo se foi. James rompe nosso contato com tristeza, conectando-os através dos nossos olhares inebriados. Sua mão ainda repousa contra minha cintura, sua testa pressionada contra minha, os cílios cerrados, a respiração pesada. Fecho meus olhos por um momento, tentando consolidar meus pensamentos.

- Liv, nós não...

- Podemos? - completo ironicamente. - Será, James? Pra ser sincera, eu só estive fugindo com minhas próprias inseguranças e essa ideia absurda de amizade é apenas uma tentativa de jogar a sujeira pra debaixo do tapete. Encare os fatos: jamais seremos amigos. Há outras coisas entre nós dois que não nos permite ser inteiros.

- Liv, espere. - ele tenta puxar-me para perto.

Afasto-me do seu alcance, fatigada pela carga pesada que me drena com a sua presença.

- Você precisa descobrir o que quer. - digo, por fim. - Não sei o que o futuro reserva para nós, não sei se daremos certo, não sei nem mesmo se tudo isso é um tiro no escuro. Tudo o que eu sei, no fundo, é o que eu quero. E eu estou cansada de sufocar minhas vontades.

Pouco a pouco, passo após passo, somo distância enquanto caminho para trás.

- Eu deixei o meu medo de lado. Quando você vai deixar o seu? - estico os braços, sinalizando para o nada. Então, com muito esforço, viro-me de costas e caminho até em casa.

Parece um esforço físico exaustivo. A cada passo que dou, a cada comprimento que percorro, a cada movimento obstinado, uma pontada acelerada atravessa meu peito. Enquanto cruzo a varanda da casa, dou uma olhada para trás. James ainda está parado no mesmo lugar que o deixei, os olhos acompanhando minha silhueta, um sorriso apagado no rosto. Enquanto o assisto da soleira da porta, sinto-o pressionar meu coração ensanguentado na palma da mão.

NA: Alô, testando... Alô, som? Estou de volta! Não sei se a espera valeu a pena, digam-me vocês! Pensamentos sobre o capítulo de hoje? (os que não envolvem me matar pela demora)

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