22 - O Amor é a mais deturpada das maldições

Satoru

O Amor é a mais deturpada das Maldições.

Essa foi uma frase que disse a um dos meus alunos certa vez. E acho que nunca fez tanto sentido na minha vida como naquele momento. Eu acordei naquela manhã depois de um cochilo leve sentindo algo estranho. Eu tinha muito disso. A sensação era a mesma daquela época. A cama estava vazia e não havia nada além do perfume adocicado da Kira. Um cheiro que marcou presença em minhas lembranças nos últimos onze anos.

Eu sabia que tinha algo errado desde o momento que ela pediu para voltar aquele quarto. E depois me disse coisas tão enigmáticas e chorou como uma criança nos meus braços. Merda. Eu amava mesmo aquela mulher. Eu levantei da cama e me vesti e quando olho para cima da mesinha uma carta com a letra dela. Se ela fugiu mesmo, pelo menos ela se despediu dessa vez. Se ela tiver fugido com o idiota do Gyu de novo, eu mataria os dois.

Peguei o envelope e senti o cheiro. O perfume dela estava por todo o papel. Eu abri meio sem expectativas, ou seja lá que sentimento eu tinha naquele momento. Vai ver era tédio mesmo. Mas quando eu comecei a ler, meu tédio acabou no mesmo instante.

"Satoru,

Meu amor.

Provavelmente quando ler esta carta estarei bem longe. A ideia era pegar um avião pela manhã, então certamente eu já terei partido.

O que eu posso dizer? Eu fugi de novo. Irresponsavelmente como sempre. Deixando tudo para trás. Fazer o que? Sempre foi um defeito que tive.

Sei que não irá me perdoar. Que vai achar que tem algum motivo absurdo por trás disso, mas, desta vez a única coisa que levei foi nosso filho. Que eu prometo que levarei ele uma vez por ano para vocês se verem. Vai ser difícil para ele ficar longe do papai Gyu e do papai Satoru e também do vovô Hiei. Mas, ele um dia vai entender o sacrifício que tive que fazer.

Olha, meu amor, eu entendi o porquê de não podermos ficar juntos. A responsabilidade que você carrega nas costas é grande e não há ninguém que possa fazer o que você faz. O feiticeiro mais forte. Os seis olhos, poderoso. Eu e Ren seríamos apenas uma carga a mais. E pedir que deixe tudo para trás é egoísmo da minha parte. Daí eu fui para bem longe. Como se houvesse lugar longe o suficiente para eu deixar de amar você.

E nossa! Como eu amei e amo você! Amo tanto que chega a doer. E eu queria muito ter você por toda a minha vida. Mas, parece que nosso fio vermelho do destino teve que se distanciar outra vez. Eu queria que tivéssemos outra chance. Talvez em outra vida. Se existir outra vida, meu amor, você ainda me amaria? Porque eu escolheria você em todas as sete vidas. E viveríamos toda essa intensidade outra vez.

Amar você foi uma dádiva. Independente dos seus defeitos, porque eu nunca os enxerguei, eu só via coisas boas em você. Suas inúmeras qualidades que vão muito além de sua força. Seu sorriso lindo, seus olhos, a forma como você se dedica em proteger os outros mesmo quando não tem ninguém para proteger você, a forma como você é leal aos seus ideais e o quão honrado você é. O mais perfeito, o iluminado. Seu nome já que diz tudo o que você é.

Eu não me arrependo de nada. Você me deu o Ren, me deu momentos únicos e nunca me senti tão amada e tão desejada em toda a minha vida. E eu faria tudo de novo a cada momento.

Satoru, eu não me despedi pessoalmente porque se você pedisse para ficar, eu ficaria. Não te deixaria nunca. E eu preciso entender mais sobre mim mesma e deixar você ser o que nasceu para ser. Eu não ficarei com mais ninguém, isso eu prometo a você.

Te amo e sempre irei te amar.

Eu sempre serei sua.

Kira"

— E eu sempre serei seu.

Eu senti pela primeira vez minhas pernas fraquejarem. Era como se o chão tivesse se aberto debaixo dos meus pés. Eu também nunca fui de chorar, mas naquele momento meu rosto estava molhado e agradeci por estar sozinho e não ver o quão frágil eu estava. Ela era meu ponto fraco. Um dos poucos, o outro já se foi, meu melhor amigo. Por que Kira? Você não podia apenas ficar perto de mim? Eu faria tudo para proteger você.

Eu precisei ficar naquele quarto uns quarenta minutos para me recuperar. Entender o que havia acontecido. Eu ainda tentei ligar para ela. Nada. Fui até seu apartamento, ela também não estava lá. E quando vi a Shoko com o idiota do Gyu eu soube que pelo menos com ele, ela não tinha fugido.

Eu procurei por alguns pontos que acreditei que ela estaria. Ela havia mesmo ido embora. Eu fui até a residência dos Yosano's atrás do tio dela. Pela cara que ele me fez, ele sabia o que eu queria. Me aproximei do novo chefe do clã em silêncio e fiquei em pé diante dele. Ele soltou um suspiro pesado e olhou para mim com um olhar de pena.

— Eu não vou dizer onde ela está...

— Imaginei que não. — Eu disse sério encolhendo um pouco os ombros com as mãos nos bolsos. Parece que me sentia mais confortável assim. Era como se eu fosse um elefante numa loja de cristais e todas as pessoas ao meu redor fossem peças frágeis.

— Saiba que ela não fez por mal. Ela tem seus motivos.

— Ela sempre tem. E qual foi dessa vez? Além de me magoar outra vez. Não que isso me importe. — Eu queria me manter forte nem que eu precisasse negar para sempre esses sentimentos.

— Senhor Gojo, sente-se aqui diante de mim e vamos conversar um pouco. — Hiei Hanzo estava sentado na varanda de sua casa apreciando a vista do recém jardim que ele havia plantado. Tinha variadas flores, dentre elas muitos jasmins que deixavam um cheiro doce pelo ar, e uma forte com um shishi-odoshi pequeno de bambu que quebrava nosso silêncio de vez em quando. Ele estava sentado no chão diante de uma pequena mesinha que ele havia improvisado de pernas cruzadas tomando um chá. Eu acabei gentilmente aceitando o convite e me sentei diante dele. — Aceita chá?

— Não, obrigado.

— A Kira nasceu bem aqui dentro dessa propriedade. Dentro de um dos quartos da casa principal. Dizem que era bem pequena, com o rostinho rosado como uma flor. Eu não tive a chance de vê-la nessa época. Eu só vim para cá alguns anos depois e confesso que se eu soubesse de tudo teria vindo antes. O meu irmão, o pai dela, nunca aceitou o fato de não ter tido filhos homens. E jamais sequer cogitou a possibilidade de deixar uma das filhas lhe suceder. Sabe como funcionam as regras dentro dos clãs, não é mesmo?

— Sim. Patriarcado, machismo, entre outras coisas.

— E os Yosano's são mestres nisso. — Ele desviou o olhar por um instante e viu uma jovem de cabelos curtos sentada olhando fixamente para algumas crianças brincando. O olhar da jovem era frio e sem vida e pela semelhança com Kira imaginei ser a irmã dela. — Aquela ali é a Haru. Chegou aqui ontem a noite com as mãos vermelhas e levemente ensanguentadas, ela ainda não me disse o que aconteceu, mas ela me perguntou como foi a vida da Kira aqui dentro destes muros. E depois ela sentou-se ali e ficou pensativa. E está lá até agora.

— O certo seria eu levá-la sob custódia ou executá-la. Na verdade todo o clã de vocês deveria ser punido pelos inúmeros crimes cometidos. — Eu disse em tom mais sério.

— Sim. Deveria. E estarei aqui para qualquer punição. Mas, se fosse para eu ser punido isso já teria acontecido. Não é mesmo? Seu coração pelo visto é melhor do que eu imaginava.

— Não vá confiando em bondade de minha parte.

— Certo... mas, continuando. Dizem que assim que a Kira nasceu que o pai soube que era uma menina, ele sequer a pegou no colo e transformou a vida da esposa num inferno. Ele mal olhava para a criança. E a mãe também a rejeitou. Algum tempo depois eu cheguei aqui, foi nessa época que ele descobriu que ela havia herdado a técnica a muito tempo perdida nessa família. O clã Gojo é extremamente fechado não é? Preservação da técnica herdada. Por isso haviam casamentos somente entre os membros do clã, o que justifica a cor de seus cabelos. Consanguinidade... seus pais devem primos de primeiro grau ou se arriscar até mesmo irmãos. — Ele disse apontando para os meus cabelos. Eu me limitei a apenas ouvir. Boa parte do que ele dizia ali era verdade. Com relação aos meus pais eu não tinha a menor ideia do parentesco deles. E eles não estavam mais ali para perguntar, talvez era melhor nem saber.

Ele ficava sempre com o olhar triste e nostálgico. O impacto que aquela família teve com as escolhas erradas de seus antepassados abalava toda a estrutura de seus membros. Hiei voltou a sua linha de raciocínio e continuou.

— Ela treinou muito. As vezes aqui em frente, bem ali. — Ele disse apontando para um enorme pessegueiro — Debaixo de chuva, neve, sol. O pai dela queria que ela fosse perfeita. Para arrancar a traqueia de um homem se fosse preciso. E ela fez. Ainda lembro dela chorando tentando tirar o sangue das mãos dela. Uma cena que nunca saiu da minha cabeça.

— Você está rodeando demais. O que gostaria de me dizer exatamente?

— Que somos todos vítimas desse mundo corrupto do jujutsu. Eu sofri. Meu pai era ainda pior que Hanzo. Podre por dentro. Corrupção, tráfico de menores, drogas, armas e outras coisas que Calígula sentiria vergonha. Hanzo sofreu, eu sofri, Kira e Haru também sofreram. Você sofreu. E sofre. — Eu dei uma risada sarcástica ao ouvir a frase dele.

— Eu sofrer? Sempre tive tudo o que quis! Eu era bajulado desde criança, sou bonito, inteligente, rico, sou forte. O que mais me falta?

— Liberdade.

O sorriso sumiu do meu rosto no mesmo instante. Quem ele pensava que era para vir com esse papo de liberdade. Eu teria de colocar ele no lugar dele.

— Quem você acha que sou? Não me conhece! Deve tá ficando gagá. Que história é essa de liberdade? Eu sou livre!

— Não, você não é. Assim como o você também não é feliz como esse sorriso no seu rosto demonstra. É solitário, vive como se nem fosse humano na verdade. E você não é livre. Carrega o mundo nas suas costas, tudo aqui depende de você. Não há ninguém no mundo que te compreenda. Protege todo mundo e não há ninguém para te proteger e nem para te ouvir. Ironia a sua técnica né? O muegen. Desacelera quem se aproxima de você impedido que te toquem. No fim é isso mesmo. Ninguém pode tocar em você ou te alcançar. O que faz de você um ser isolado e que destoa de todas as coisas ao redor.

— Não vou ficar ouvindo essas bobagens suas. Tenho mais o que fazer. — Eu disse me levantando, estava tão irritado que se ficasse ali poderia fazer uma besteira.

— Sabia que foi por isso que ela foi embora? — Quando ele mencionou a Kira eu parei e virei o rosto na direção dele. — Não terá esposas, seu filho deve ficar sempre escondido e protegido 24 horas, não pode simplesmente largar tudo e mudar de vida. Não poderá nunca assumir a Kira como sua esposa, mesmo que eu acredite que você a ame de verdade, senão, não estaria aqui.

— Eu a protegeria com a minha vida. Ela e o Ren.

— Eu sei. E ela também sabe. Mas, ela jamais forçaria você a tomar uma decisão e nem tampouco seria um fardo para você. Porque ela sabe da sua índole, por mais que você tente parecer o contrário. Você é honrado. Jamais foge de sua responsabilidade. Mesmo que custe se afastar de tudo e de todos. Porque ainda não existe ninguém mais forte que possa defender as pessoas ao seu redor. Você viu pessoas que amava morrerem sem poder fazer nada. Colegas que ficaram pelo caminho. Você, mesmo com toda essa pose, essa arrogância e esse sorriso, você é o mais triste e solitário de todos nós.

— Hiei Yosano, você só sairá vivo dessa conversa porque é importante para a Kira. Se não, você seria um homem morto.

— Era um risco que eu tinha de correr. Sinto muito se o ofendi. Mas, era necessário.

Eu não respondi mais nada. Saí sem me despedir mesmo e fui para a escola. Passei o resto do dia pensando no que Hiei havia me dito. A Kira foi embora de novo por uma questão que ela sequer conversou comigo. De novo. Será que se tivesse me dito a mesma coisa eu teria entendido? Eu nunca vou saber afinal.

Fiquei semanas pensando nisso. Quando estou desse jeito eu mergulho no trabalho. Acho que se eu dormi duas horas por dia foi muito. Estava passando dia e noite trabalhando praticamente. Além dos problemas com a Kira, ainda havia mais um monte de coisa acontecendo ao mesmo tempo. Um suposto traidor, maldições especiais sem registro aparecendo. E objetos amaldiçoados sendo roubados. Estava sendo um ano difícil e mais problemático do que os outros. Era algo que eu tirava de letra, mas mesmo assim dava uma certa dor de cabeça.

— Gojo? — Ouvi a voz da Shoko vindo de fora da minha sala.

— Entra, Shoko. — Ela e aquele imbecil estavam namorando sério. Eu ia dizer que ela merecia coisa melhor, mas preferi deixar ela descobrir sozinha.

— Tô preocupada com você. — Desde que Suguru se afastou de nós, só sobrou eu e a Shoko. E eu não era necessariamente um amigo para ela por assim dizer, mesmo assim ela se preocupava comigo e eu confiava muito nela.

— Eu tô legal. — Eu disse tirando os pés da mesa e me virando para ela.

— Não parece. Faz semanas que anda por aí sem piadas, trocadilhos e pegadinhas. Sem dúvida tem algo muito errado.

— Ah... deve ser você emocionada com o seu novo boy.

— Gyu é maravilhoso, ele nunca me prometeu nada e tem feito muito mais do que eu esperava.

— Se você diz...

— Você quebrou o braço dele!

— Ele que procurou!

— Você estava tendo um caso com a mulher dele!

— Minha mulher. — Eu disse isso no impulso. Acho que a sensação de posse não deve ser algo legal. Mas, era assim. Pertencíamos um ao outro.

— Essa relação de vocês era cheia de problemas. Esse era um deles. Gyu sofreu muito.

— Sofreu porque quis. Ela sempre me amou e ele sabia.

— E onde ela está agora? — Assertiva como sempre.

— Essa doeu. Aquele babaca te contou tudo?

— Nos mínimos detalhes. Disse que se íamos começar algo não deveria haver mentiras.

— Eita.

— E não chama ele de babaca. Se for pela lógica, o babaca aqui é você. — Shoko não perdia uma.

— Ele fugiu com a minha namorada grávida para a Coreia e meu filho o chama de pai.

— Namorada? — É mesmo. Eu nunca tinha me referido a ela assim. Aquela foi a primeira vez. Mas, nós éramos namorados. E nossos momentos foram os melhores juntos. Shoko ficou me olhando com os braços cruzados.

— O quê? — Perguntei tentando disfarçar.

— Pelo o que o Gyu me contou, o rolo de vocês nunca teve um rótulo.

— Ele fala demais. Não dê ouvidos a ele. Jamais faria isso.

— Satoru, eu te conheço há muito tempo. Você não me engana. Isso é algo que com certeza você faria.

— E o que isso mudaria?

— Mudaria tudo.

— E colocaria um alvo no meio das costas dela. — Eu respondi baixando o tom de voz. Quase como um sussurro. Shoko entendeu o que quis dizer. Não era preciso ser muito esperto para entender a situação. Foi aí que entendi o que Hiei tinha me dito. O peso da responsabilidade.

— Você se importa mesmo com ela. Eu realmente estou impressionada.

— Eu jamais me perdoaria se a perdesse. Eu não sou um bom namorado. Sou muito impulsivo e...

— Infiel?

— Vocês que vivem dizendo isso! Mas, eu faria um esforço por ela. Não, isso foi idiota da minha parte. Eu faria tudo por ela.

— Nunca vi você desse jeito. Essa venda não tá apertada não?

— Tá cheia de graça hein Shoko? Seu humor mudou só com aquele namorado seu?

— Sempre tive bom humor. Eu só tô achando você muito emotivo.

— Ela me deixou de novo... — Eu disse de cabeça baixa. — Ela vem, faz um estrago na minha vida e depois vai embora. E... eu sofro com isso. Levando meu filho junto com ela. E eu nunca me imaginei pai. Apesar que o Megumi foi uma amostra disso, mas o Ren é mesmo meu filho.

— Então, vá atrás dela! Se você perguntar ao tio ele deve saber. Diga que você quer viver com ela!

— Isso não é tão simples. Eu tenho um dever e uma responsabilidade. Algo que só eu posso lidar. E mais ninguém.

— Satoru, sempre haverá alguém. O mundo sobreviverá. Com ou sem você, porque não somos eternos. Enquanto isso sua vida passa e você deixa a sua felicidade ir embora com ela. Você também merece ser feliz.

— Infelizmente, é um preço alto que tenho que pagar.

— Eu entendo.

— Ela me escreveu uma carta. Acho que nunca encontrei e nem encontrarei ninguém como ela.

— E você disse isso a ela? — Shoko me fez uma pergunta que para mim era muito difícil de responder.

— Isso não importa mais. — Era o que eu repetia para mim o tempo todo.

— Importa sim. Eu nem preciso olhar nos seus olhos para saber disso.

— Ela foi embora Shoko. Para muito longe. Não atende o telefone e nem visualiza mensagens.

— Então escreva cartas... dizem que escrever sempre ajuda a liberar sentimentos profundos. O tio dela deve saber onde ela está, peça que mande pra ela.

— Ninguém escreve mais cartas.

— Tá bom rabugento.

Eu vi a Shoko sair e fiquei ainda um bom tempo pensando a respeito. Tudo aquilo era uma grande bobagem. Saí da sala depois de alguns minutos refletindo. Acabei topando com Ijichi. Nunca entendi porque um homem tremia tanto quando eu ia falar com ele.

— Ah, e aí Ijichi?

— Gojo, o diretor Yaga disse que você se ausentar por uns dias?

— Sim, eu preciso resolver uns assuntos.

— Ah sim.

— Aproveitando Ijichi, ele falou sobre o dia 31 de outubro?

— Todas as equipes estarão prontas para Shibuya nesta data.

— Ótimo.

Eu sempre tive isso. Sentir as coisas, como um pressentimento. Na época do Suguru se eu fosse mais desconfiado talvez eu teria percebido que ele estava afundando num mundo sombrio e sem volta. Haviam muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Como se algo viesse me tirar da minha zona de conforto. Uma sensação que a há muito tempo não sentia.

Quando aquele dia chegou ao fim, eu me sentei em frente à escrivaninha que ficava no meu escritório, peguei um papel, a foto de Kira e comecei a escrever. Talvez eu não tivesse outra chance. Talvez eu nunca mais a veria, seu sorriso, tocar sua pele, beijar seus lábios. Parecia que tudo estava chegando mesmo ao fim e isso de certa forma, me deixava tenso. Eu só desejava que eles estivessem bem, era só isso que eu queria.

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