18 - Perdas e Danos
Kira
Eu não estava tendo dias muito fáceis. Por um lado foi bom ter meu filho de volta. Por outro lado, vi meu pai ser morto e me senti culpada. Como se eu pudesse ter feito alguma coisa diferente. E eu ainda teria que trabalhar de graça por cinco longos anos.
Devolvi a Naku Mibojin, e ainda confessei todos os meus crimes. Mas, nada traria aquelas pessoas de volta. E o rosto delas estava na minha mente todas as noites.
Eu não quis voltar para a residência dos Yosano's mesmo com toda a insistência de Hiei. Aquele lugar só me trazia lembranças ruins. E ainda tinha Haru em algum lugar do país, provavelmente jurando vingança a todos nós.
Claro que havia tido coisas boas. Satoru se mostrou um pai melhor do que imaginei. Ele buscava o Ren pelo menos de uma a duas vezes na semana e passeava com ele. Ren estava encantado com o pai. Mas, as coisas entre nós estavam estranhas. Ele passava mais tempo nas missões e a gente quase não se via. Acho que ficou algo meio subentendido. E eu ainda estava tentando lidar com meus próprios problemas.
Encolhi os ombros e coloquei as mãos nos bolsos do casaco, estava bem frio aquele dia. Ir em cemitérios era sempre algo que me deixava tensa.
— Cadê o Ren? — Gyu perguntou.
— Na escola.
— Se quiser desistir a hora é agora. — Gyu disse andando ao meu lado.
— Não. Eu preciso.
— Estranhei quando me ligou. Achei que seu namorado viria com você.
— Ele não é meu namorado.
— Pensei que tinham se acertado. Afinal, você estava literalmente dando tudo de si para isso.
— Isso é ironia, Gyu? — Perguntei irritada.
— Claro que é. Acha que não vi vocês naquele depósito?
— Que porra! Sabia que a gente tava lá, era só não ir ver!
— Eu lá ia imaginar que vocês estavam transando numa cabana enquanto o filho de vocês estava sequestrado?
— Você me faz parecer uma pessoa péssima.
— E não é? Ele não quis nada sério com você, nunca te chamou de namorada, queria te matar e você ainda foi lá e deu para ele?
— Gyu! Você não entende! Nós somos... muito intensos.
— Faz o seguinte Kira: Tira o sexo da relação de vocês e vê o que sobra.
— Gyu, isso nem importa tá? Ele é o pai do meu filho. Só isso. Até porque você não pode falar nada. A Mayu te ligou? — Eu devolvi na mesma moeda.
— Não... mas, é melhor assim.
— Eu me sinto culpada por não ter dito nada a ela.
— E eu... pelo que fiz.
— Esquece. Não dá para voltar no tempo.
Disso eu entendia bem. De remorso e arrependimento. Principalmente quando parei diante do túmulo da minha família. Era estranho para mim. Eu estava feliz e triste ao mesmo tempo. Eu juntei as mãos em oração e depois acendi um incenso.
— Achei que você estava feliz com a morte dele.
— Não. Tá doendo pra caramba. Mesmo que ele fosse um péssimo pai. E também tinha Kaede. A hipócrita da minha madrasta. Mas, eles foram a família que conheci.
— Eu entendo. De verdade.
— Só você entenderia.
Eu sentia mesmo. Do fundo do meu coração. Não queria nada daquilo tivesse acontecido. Queria que fossemos uma família. Vai ver era tudo isso que eu queria. Caminhamos o trajeto de volta em silêncio. Eu percebi que Gyu queria me dizer alguma coisa desde que chegamos ali.
— Fala. — Eu disse olhando de lado para Gyu.
— Que?
— Quer dizer alguma coisa?
—... — Ele ficou pensativo por um momento e depois parou de andar e ficou de frente para mim. — Você nunca vai me dar uma chance?
— Estamos no meio do cemitério. Tem certeza que aqui é o melhor lugar para isso?
— Se não falar agora, não direi nunca.
— Gyu...
— Eu te amo Kira! Não vai entender isso nunca? — Ele parecia desesperado. Era sua última tentativa.
— Eu amo Gyu. E eu entendo o seu amor, eu só... amo demais aquele ridículo.
— Faz o que te falei. Tira o sexo da relação de vocês e veja o que sobra. Talvez você veja o que eu vejo.
Eu não respondi mais nada. Continuei andando. Foi quando eu avistei de longe. Eu confesso que demorou um tempo para me identificar, estava diferente. Os cabelos estavam mais curtos, com alguns fios brancos. Marcas de expressão e cansaço. As roupas já não eram tão elegantes quanto naquela época. Ela trazia consigo um buquê de flores de camélias, puxando um garoto de uns dez anos pela mão. Eu não pude controlar e saí correndo na direção dela.
— Mãe?
A expressão dela foi de pavor. Susto. Ela só não saiu correndo porque não tinha para onde ir. Eu me aproximei dela devagar e ela ficou me olhando. Talvez tentando reconhecer ou simplesmente se fazendo de boba.
— Mãe... — Repeti olhando fixo em seus olhos. Meu coração acelerava cada vez mais as batidas.
O menino lembrava um pouco ela. E também a mim. Era meu irmão pelo visto. Não era mais velho que meu Ren. Ele olhou assustado para ela e perguntou:
— Quem é essa mãe?
— Não é ninguém meu filho.
A frase "não é ninguém" parece que me acertou em cheio bem na boca do meu estômago. Acho que nas brigas mais feias que tive eu nunca tinha apanhado tanto. Eu engoli o choro. Gyu se aproximou de nós com o olhar assustado. Nem sei se ele se lembrava dela.
— Então, é simplesmente isso. Eu não sou ninguém. — Disse ressentida.
— Akira, aqui não é o melhor lugar para conversarmos. E eu, estou com o Tomoya, então depois a gente se fala outro dia. — Foi ali naquele instante que eu entendi. Ela nunca quis ser mãe. Não a minha mãe.
— Ok, Kameria. Mas, não haverá outra vez. Eu já entendi bem como funcionam as coisas. Já sou mulher feita.
— Eu era muito jovem, seu pai era um monstro. Eu sofri horrores!
— E mesmo assim ainda vem aqui trazer flores para ele? Quanta consideração. Mas, dizer ao seu filho mais novo que ele tem uma irmã, isso não pode?
— Irmã? — O menino repetiu a frase me olhando surpreso.
— Eu explico depois, meu amor... — Ela se virou para mim. — Por favor, Akira.
— Não. Eu não sou do tipo que magoa criança, até porque eu tenho filho também. Um garoto lindo de olhos azuis e cabelos da cor da neve. Mas, acho que você devia ser sincera comigo pelo menos uma vez. Eu não quero nada de você. Nem abraços, nem carinho e nem que sentamos numa lanchonete e tomamos chá enquanto você me conta o que fez nos últimos 20 anos! Eu só quero a verdade. Por que? Era tão ruim assim ser mãe de uma garota?
— Ele me humilhou de todas as formas possíveis. Eu tive depressão pós parto! Acha que eu queria?
Gyu se aproximou de nós e gentilmente estendeu a mão para o menino. — Vem comigo ali ver um Ninho de passarinhos? Ele está cheio de filhotes.
— Posso ir mãe?
— Pode... — Ela entendeu o que Gyu queria fazer. Ele afastou o menino um pouco da conversa e o levou para um local onde nós ainda os víamos.
— O que aconteceu com seu macho? O que você fugiu? Deve ter valido a pena né? Largar tudo para trás por causa dele. — Eu perguntei sarcasticamente.
— Ele... foi embora. Quando o meu dinheiro acabou.
— Ah... olha só.
— Mas, eu preferi ficar na miséria a ficar nas mãos do Hanzo outra vez! Eu conheci outra pessoa depois e nós tivemos o Tomoya.
— E quanto a mim? Você nunca pensou em mim nem por um instante?
— Hanzo tinha muito dinheiro. Não ia te faltar nada!
— Você é a porra de uma egoísta! Achou que só o dinheiro foi suficiente? Sabia que ele batia em mim na data que você fugiu todos os anos? Que ele mencionava a mim como a filha da vagabunda que me deixou? Que ele me fez treinar exaustivamente até meu corpo não aguentar mais? Ou que ele me levou num quarto com a idade menor que seu filho para ver um homem e uma mulher transando? Ahn? Sabia? Claro que não! Isso não importa!
— E o que eu podia fazer?
— Me levado junto! Não ter me deixado lá para apodrecer naquele lugar! — Lembrei na hora da frase da Haru. Era assim que ela se sentiu? Eu chorava involuntariamente. Mas, eu precisava colocar tudo que eu sentia para fora.
— Não tinha como te levar! O Toji não...
— Seu macho não queria? Nossa! Quer saber? Foda-se! Vai lá viver sua vida. Nós duas não somos nada uma da outra. Eu passei toda a minha vida sem saber o que é ter um abraço de mãe de verdade. Eu fiquei só com o que sobrava. Tem pessoas que não nasceram para ser mãe. Provavelmente você cria aquele garoto porque o pai dele deve ser bom para você. E você já está velha. Mas, acho que se amanhã ou depois essa situação mudar você o abandona como fez comigo. Porque ser mãe não é para você.
— Você não sabe de nada!
— Eu sei sim. E não adianta você negar! Eu não tenho mais nada a dizer a você. Só quero que saiba que eu sou mãe também. E eu jamais cogitei deixar meu filho independente da situação. Você pode usar quantas desculpas quiser. Viva sua vida Kameria. O que sobrou dela. Eu só desejo que quando deitar a cabeça no travesseiro a noite eu esteja nos seus pensamentos, fazendo você amargar arrependimento.
— Você é igualzinho a ele. Seus olhos são cheios de ódio e rancor!
— Sou igual a ele e a você. Dois merdas. Mas, eu tô muito aliviada agora. Só me fez perceber que você não fez a menor diferença na minha vida.
Eu assobiei para o Gyu e acenei para que ele voltasse. Ele deixou o menino com a mãe dele e nós fomos caminhando devagar. Ela ainda gritou para mim enquanto eu me afastava.
— Akira! Eu nunca quis te magoar!
Eu não respondi mais nada. Ela ficou lá parada com as flores na mão. Eu não sentia mais raiva dela. Nem nojo, ou repulsa. Era um sentimento de indiferença, de desprezo. Um sentimento de quando você vê algo desagradável na rua. Era só isso. Ela não importava mais. Em nada.
— Tá tudo bem? — Gyu perguntou me abraçando os ombros.
— Agora tá.
(...)
Eu acho que no meu íntimo eu acreditava que minha mãe tinha motivos plausíveis para ter me deixado para trás. Porém, acho que me iludi. Gyu me deixou em casa e acabou me acompanhando até o apartamento. Era o jeito dele de dizer que estava muito preocupado. Quando estávamos chegando na porta, Satoru estava com Ren já com o celular na mão provavelmente para me ligar.
— Mamãe, o papai foi me buscar na escola!
— Mais cedo? — Eu olhei para as horas no celular.
Satoru olhava na direção de Gyu por cima dos óculos e o mesmo devolvia o olhar. Pareciam estar jogando raios um no outro.
— Papai Gyu! — Toda vez que Ren chamava Gyu de pai, Satoru franzia a testa.
— Buscou ele mais cedo? — Perguntei curiosa.
— A professora dele me ligou. Parece que não conseguiu falar com você. Tiveram um problema na escola e dispensaram os alunos mais cedo. Sorte que eu estava por perto.
— Ah... nossa. Nem vi. — Peguei o celular e olhei as chamadas. Tirei as chaves do bolso e destranquei o apartamento. Eu havia vendido o que tinha na Coreia e comprei outro. Era espaçoso e confortável. Ideal para eu e Ren.
— Legal seu apartamento. Satoru disse olhando ao redor. — Podia ter me falado, eu cedia uma das inúmeras propriedades que tenho a você.
— Não se preocupe. — Vi Gyu revirar os olhos, mas preferi ignorar. — Ren, banho e tarefa enquanto eu preparo algo pra gente comer.
— Mas, mãe...
— Obedece a mamãe, campeão. — Gyu disse bagunçando o cabelo de Ren.
— Tá bom... — Ren saiu cabisbaixo.
— Bom... Eu vou indo. — Gyu disse desconcertado. Satoru o encarava de braços cruzados o tempo todo.
— Vem cá Gyu, eu só vou tomar um banho e preparar o almoço.
— Eu tenho compromisso com o Hiei. Quem sabe outra hora?
— Obrigada Gyu. Não sei se conseguiria sem você.
— Conta sempre. — Gyu saiu de casa sob o olhar fulminante de Satoru.
O homem mal esperou ele sair e depois se virou para mim ainda de braços cruzados.
— Onde estavam?
— Ele me acompanhou até o cemitério.
— Podia ter pedido pra mim. Eu ia com você.
— Você é um homem ocupado. — Saí andando na direção do meu quarto. Ele me seguiu, entramos e fechei a porta.
— O Gyu parece bem desocupado pelo visto.
Eu fui tirando as roupas para o banho. Era bom tirar as impurezas do cemitério. Lembro que uma das minhas babás fazia eu tirar as roupas fora de casa. Segui até o banheiro e liguei o chuveiro. O banho foi rápido, enquanto Satoru ainda estava em silêncio. Parecia estar pensando. Eu nunca sabia o que pensar a respeito. Saí enrolada na toalha e separei algumas peças de roupas.
— Está transando com ele? — Essa foi a única pergunta.
— Que?
— Você e aquele idiota?
— Tá falando do Gyu?
— Tem outro idiota que esteja transando com você?
— Satoru, ciúmes não combinam com você.
— Agora tem o Ren. Não pode ficar trazendo qualquer um aqui.
— Eu jamais faria isso. E o Gyu só me acompanhou até o cemitério.
— Não gosto do Ren chamando ele de pai.
— Satoru, ele foi a presença paterna dele por dez anos. E o Gyu fez muito por nós.
— Mesmo assim. Aquele cara se sente o dono da sua vida.
— Olha quem fala! — Eu terminei de me vestir e fui na direção da porta para sair. Ele pôs a mão na porta para que eu não saísse.
— Não quero que nenhum outro homem toque em você. — Ele disse isso muito sério.
— Não entendo você. Fica todo estranho por dias e depois vem me dizendo essas coisas e... — Ele me beijou antes mesmo de eu terminar a frase.
— Estava com saudades de você. Eu... tô com muita saudades.
— Eu também. Mas agora tenho que fazer o almoço.
Eu devia ter sido mais resistente. Isso é algo que eu tenho certeza. Lembrei das palavras do Gyu. Sem o sexo, sobrava o que? E dei um gelo nele por um tempo. Até porque não dava para ser a qualquer hora em qualquer lugar com o Ren. E parece que não havia muita coisa. Ele nunca parecia dizer o que sentia de verdade.
E ficamos assim por muitos dias. Ele buscava o Ren, depois o trazia. Ficava um pouco com a gente, almoçava. E era só. Estávamos cada vez mais distantes. Acho que foi algumas semanas depois, Ren havia ido até a casa de Hiei. Conhecer a propriedade e passar o dia com ele. Eu cheguei no meu apartamento e Satoru já me esperava na porta.
— Ren não está em casa. — Disse abrindo a porta.
— Eu sei, ele me falou que ia para a casa do Hiei.
Abri a porta e fui entrando devagar no apartamento, já pensando no que fazer. Ele entrou atrás de mim e segurou meu braço.
— Eu vim por você. — Ele disse já tirando os óculos e me olhando com paixão.
— Eu... juro que não entendo. — Eu disse soltando os ombros pesadamente.
— Está me ignorando a dias.
— Não estou te ignorando, eu só... quero entender o que estamos tendo, sabe?
— Não me ama mais? — Ele parecia estar sempre contornando as perguntas óbvias.
— Eu amo você. — Toquei seu rosto de leve. Ele me deu um beijo. Como sempre intenso e quente. Mas, eu precisava entender melhor. Eu precisava seguir um conselho pelo menos uma vez na vida. E coloquei a mão em seu peito. Eu não podia me deixar levar.
— Que foi? Você... não me quer?
— Eu quero demais. Você não sabe o esforço que eu tô fazendo. Só que a gente precisa conversar. Conversar sério.
— Eu fiz alguma coisa?
— Satoru, eu preciso te perguntar. O que vamos ser um do outro?
— Eu sou seu Kira. E você é minha. Eu não entendo o porquê dessa pergunta.
— Tá. Mas, somos namorados, amantes, marido e mulher? O que somos?
— Por que isso é importante?
— Porque sim! Eu preciso entender! Saber se eu sou algo para você.
— Já conversamos sobre isso Kira! Eu não preciso ficar me explicando. A gente se gosta.
— Tá! Mas, o que eu digo para o Ren?
— Que eu sou o pai dele! É só isso.
— E eu? Eu sou o que? Sua amante? Sua concubina? O que eu sou?
— É um casamento que você quer? É isso? Eu falei para você que isso nunca foi para mim. Eu não quero ficar preso a ninguém.
— Nossa! Então, tudo bem ser pai, tudo bem comer a mãe dele. Mas, daí assumir um relacionamento... aí tá pedindo demais? E eu acreditei quando disse que me amava.
— Eu amo. Só que casamento não dá. Eu vou vir aqui sempre. A gente fica junto quantas vezes quiser. Eu até durmo aqui. Mas, eu não quero compromisso.
— Que consideração... — eu disse irônica. — Por que?
— Porque eu não vou ser fiel a você! Eu não quero ser preso. Eu quero ser livre, ficar com que eu quiser!
— Então, é um relacionamento aberto? Não, espera. Há alguns minutos atrás disse que não quer que nenhum homem me toque.
— E não quero.
Eu ouvia, mas não acreditava. Parecia demais para mim. Esteve sempre ali, aquela versão de canalha e cafajeste. Mas, a paixão não deixava eu ver. Gyu tinha razão no final. Quando tirou a única coisa que nos mantinha juntos, não sobrou mais nada.
— Eu topo um relacionamento aberto. Sério. Só que cada mulher que você ficar eu dobro a conta. Se ficar com 5 mulheres no mês, eu vou ficar com dez homens.
— Você não faria isso.
— Eu faria sim. É justo, não é? É um relacionamento aberto!
— Não!
— Sim. Eu ia escolher a dedo. Talvez, eu fique até com os dois de uma vez. Sempre tive curiosidade mesmo.
— Não, isso não! Eu mato qualquer um que chegar perto de você!
— Então, deixa eu ver se entendi. Você pode ser livre. Ficar com quem você quiser. Dormir com quem quiser. E aí o dia que você não tiver mais nada para fazer, você vem ficar comigo.
— Não é bem assim.
Eu fiz a coisa mais difícil da minha vida. Sempre fiquei à disposição dele, sempre pertenci a ele e me deixei levar tantas vezes. Eu olhei para ele, fui até a porta e abri com força e apontei para a saída.
— Vai embora da minha casa.
— Kira...
— Vai! Eu não quero saber de você.
— Não me ama mais?
— Isso não importa mais. Fez sua escolha.
— Se eu sair, não volto mais.
— Eu sei.
— Vai se arrepender Kira, e quando isso acontecer eu não vou voltar atrás.
— Vai embora! Eu não vou ser sua opção quando você não tiver mais nada para fazer.
— Eu sou o pai do Ren!
— E não vai deixar de ser, mas é só o que quero de você.
Ele ficou me olhando por um longo tempo. Tinha os dentes cerrados e dava para ver a raiva dele. Ele saiu sem olhar para trás e meu coração parecia que tinha se partido. Fechei a porta atrás de mim e toda a minha força se foi. Minhas pernas se enfraqueceram e caí sentada no chão chorando como uma criança. Mas, eu não podia mais continuar. Tinha que seguir em frente. Por mais que eu sofresse. Por mais que o amasse.
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