09 - O Mal se espreita nas sombras
⚠️ATENÇÃO ⚠️
CONTÉM INSINUAÇÃO SEXUAL E TEMÁTICAS SENSÍVEIS
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Satoru Gojo
Um homem diferenciado em todos os aspectos.
Herdeiro de um clã poderoso, considerado o mais forte de sua era, dono de uma beleza invejável e desejada, esbanjava autoconfiança e além de tudo: milionário. Este era Satoru Gojo.
Os anos haviam lhe feito bem. O rosto ainda era jovem apesar de já ter se passado 10 anos. Era um atrativo para as mulheres de modo geral. Mas, ele ainda se mantinha com o mesmo pensamento: Não queria compromisso. E se tinha, não era fiel.
O homem andava pela cidade sempre despretensiosamente, usando roupas pretas, às vezes de óculos, às vezes usando uma venda. Parecia que a cada ano que passava ele ficava mais distante das pessoas, estava no topo e o local onde estava era difícil demais de se acessar. Um local solitário de se estar.
Ele havia se tornado professor da Escola Jujutsu. Era difícil espantar o tédio de um homem que tinha tudo. Não tirava folgas, nem férias. Além das aulas ele ainda tinha missões. Mas, entre um intervalo e outro, ele se divertia como podia. Seja frequentando todas as lojas de doces da cidade, ou conhecendo pessoas novas. Seus atributos o faziam um ímã para isso.
Naquela noite estava num restaurante estrelado e luxuoso em Ginza. Ele conheceu Sue numa festa. Era alta, loira, seios fartos. Tinha o sonho de ser modelo, ou algo assim que ele não se lembrava mais. Tirou foto com ele na balada. Algo que o fazia se sentir bem se certa forma. Ele tinha um ego grande, por assim dizer. Ela falava gesticulando, extremamente empolgada. Ele, por outro lado, sinceramente não estava interessado.
— Nossa, você é muito lindo.
— Ah, obrigada Suzan.
— Sue.
— Ah sim, claro.
— E por que você está sempre de óculos? — Sue perguntou tomando mais um pouco do vinho que ela havia pedido. Para ele, apenas água naquele momento. Não bebia bebida alcoólica. Havia descoberto da maneira mais difícil que bebida não era seu forte.
— Ah, a claridade me incomoda muito. — Mentiu. Era difícil explicar de outra forma.
— Eu fico impressionada que você não tenha uma namorada.
— Sou um homem bem ocupado. Quase não sobra tempo para nada.
— Olha só, quase como eu. E não teve nenhuma mulher que conquistasse seu coração? Alguém que não saía da sua mente?
Havia sim. Uma certa mulher a quem ele planejou minuciosamente todas as formas de matá-la e fazer ela sofrer. Uma mulher que se fez de coitadinha para conseguir uma maldita espada. Era nisso que ele pensava. Todos os dias. Sempre que via alguma coisa que ela gostava, ou quando via alguma mulher na rua de cabelos pretos e curtos com o mesmo porte físico dela. Desejava esmagar a traqueia dela com as próprias mãos.
— Não, ainda não. Mas... — Ele se aproximou da mesa e disse de forma sedutora. — Às vezes você ocupa esse espaço.
A mulher foi fisgada. Ela olhava os lábios desenhados dele, levemente rosados e seu sorriso branco dava um charme ainda mais ao rosto do homem e seus intensos olhos azuis que ela viu por cima dos óculos. O jantar terminou mais rápido possível.
Depois ele a levou para um hotel estrelado. Não queria nenhuma delas em sua casa. A última que ele levou havia feito um estrago para o resto da vida. Não queria se apegar. Era somente o ato e pronto. Algo que para ele era tão banal quanto tomar refrigerante e jogar a lata fora. Quando eles terminaram o ato, ela ainda tentou se aconchegar ao lado dele, mas ele se levantou rapidamente, tomou um banho e se vestiu.
— Mas, você já vai? — Ela disse constrangida.
— Já sim.
— Não vai passar um tempo comigo?
— Não, sinto muito. Recebi uma mensagem, tenho um compromisso urgente. — O que não era de tudo mentira.
— Então, me liga, tá? Eu adorei.
— Claro. Eu ligo sim. — Ele não ia ligar. A jornada de Sue tinha acabado ali.
Pagou o hotel e ainda deixou a mais caso a moça precisasse de um táxi e saiu. Era somente isso. Uma solidão que não tinha fim.
(...)
Ijichi era um feiticeiro que trabalhava mais como apoio. Motorista, assistente, advogado e outras coisas como pesquisa e investigação. Era magro, simples e usava óculos. Ele parou o carro diante do local onde Satoru havia lhe informado. Lidar com ele era algo de muito estresse para Ijichi. Era exigente, teimoso e Ijichi temia sempre pela vida quando ele ficava bravo.
Ele entrou no carro no banco de trás e eles seguiram para um ponto mais reservado. O que Satoru havia lhe solicitado era particular e não deveria ser de conhecimento de ninguém.
— E então? Você me disse que tinha conseguido. — Satoru disse com certa seriedade na voz. Pelo sigilo que ele pediu era algo muito importante.
— B-om, a investigação demorou mais do que eu esperava. Era quase como um quebra cabeças. Precisei ir ponto a ponto e fazer muitas ligações...
— Me poupe dos detalhes. Vá para a parte que interessa.
— S-im... Bom, foi difícil de localizá-la. Já que ela usa um nome diferente... Yue ou algo assim. Precisei usar fontes da organização Komodo que você mencionou que os acolheram. A Yue é uma mulher normal que trabalha para uma empresa de fachada da Komodo. Nada de muito destaque. Ela é casada.
— Casada? — Satoru apertou os punhos com força.
— Com um rapaz também de nome diferente, Jun. Mas, ao que tudo indica, são mesmo Akira e Gyu Yosano. E... eles têm um filho.
A raiva que estava dentro dele naquele momento não podia ser medida. Se ele topasse com os dois naquele momento varreria a existência deles da face da terra. Ela estava enganando ele com o cara que ela dizia ser como um irmão e isso o deixava muito irritado.
— Eles estão lá vivendo uma vidinha de comercial de margarina? Sem nem pestanejar por terem nos enganado?
— Bom. Não é bem uma vidinha de comercial de margarina. Tem um certo codinome que aterroriza o submundo. O braço direito de Haruki Hatori, Dragão Fantasma.
— Que nome mais ridículo é esse?
— É como ficou conhecido. Dizem que esse tal Dragão, derrotou 50 homens da concorrência. E... a descrição que deram é de uma mulher de cabelos longos pretos, usando um terno branco e uma máscara de Dragão.
— Com uma katana com empunhadura em branco e preto?
— Exatamente.
— Uma vez criminosa sempre criminosa. Essa família deve ser fachada para o trabalho imundo deles. Se brincar nem filho deles não é! Deve ser alguma criança que aqueles putos sequestraram. Nossa! Como eu a odeio!
Ijichi estava tenso vendo que Satoru realmente tinha muito rancor e ódio pela mulher e agradeceu a todos os deuses existentes por não ser ele o alvo de sua ira.
— E-Eu tenho uma foto. Dela.
— Então me mostra! Como eu posso matá-la se não sei como ela está? Se ela fez alguma cirurgia plástica, ou seja lá o que for!
Ijichi entregou a foto para Satoru com as mãos trêmulas. O feiticeiro encostou as costas no banco do carro, tirou a venda e ficou por dez minutos analisando a foto. O rosto dela ainda era igualzinho ao que ele se lembrava. Um pouco mais velha, os cabelos haviam crescido e estavam tão longos que quase encostava no quadril. Seu corpo estava mais encorpado, se de fato ela teve um filho, provavelmente foi por causa disso. Kira estava tão linda quanto a última vez que a viu.
Foi naquele instante que Ijichi percebeu que o amor e o ódio caminham lado a lado numa linha tênue. O que Satoru sentia por ela não era ódio. Era amor. Dava para ver nos olhos dele as pupilas dilatadas, que levemente lacrimejaram ao ver a foto. Mas, ele jamais admitiria.
— Vou ficar com a foto, Ijichi. Para não errar quando a vir. Só não vou a Seul hoje e acabo com a raça dela porque não quero dor de cabeça com a chefia. E poderia virar uma guerra. Obrigado por seu trabalho. Agora me deixe perto de Shinjuku, tenho um trabalho para fazer.
— Ok.
Depois do trabalho em Shinjuku ele chegou em casa, um apartamento na cobertura de um enorme prédio em Futako-Tamagawa. Havia deixado a mansão e optado por algo mais moderno. Um lar para um homem solteiro e solitário. Ele seguiu até seu quarto, toda a mobília da casa era em tons claros e havia diversos amuletos esparramados pela casa. Ser o mais forte também requer mais cuidado. Tudo ali naquele apartamento era de extremo bom gosto, poltronas brancas com setalhes em cromado, a TV que raramente ele assistia de 65 polegadas, e outros detalhes que esbanjavam a fortuna do proprietário daquele apartamento. Foi até seu quarto, uma cama de casal com as roupas de cama branquinhas que indicava que sua faxineira havia passado por ali naquele dia mesmo, as luminárias com luzes amareladas que dava um certo aconchego ao local. Ele caminhou até uma das portas do enorme quarto cinco por seis e entrou no closet, puxou da parte de cima uma caixa de madeira e abriu, dentro dela, todas as fotografias dele e Kira juntos, e a camiseta que ela deixou para trás. Ele iria jogar tudo fora, mas nunca conseguiu. Era para ele lembrar que tudo ali dentro não passou de uma mentira. Colocou a foto entregue por Ijichi dentro da caixa e ficou um bom tempo pensativo, em seguida respirou fundo tentando conter a mistura de raiva e tristeza que havia dentro de sim. E guardou a caixa novamente.
(...)
Hanzo Yosano amargou dez anos de fúria pela filha ingrata. Quando soube que ela tinha fugido com a katana valiosa ele quis matá-la na mesma hora. Devia ser grata por tudo que ele fez por ela. Pelo menos era assim que ele pensava.
Ele e Kameria se casaram por um arranjo matrimonial arquitetado pelo pai dela. Eles eram primos de segundo grau. Hanzo já tinha quase 30 anos quando se casou com Kameria que tinha apenas 16 anos.
A jovem sofreu em cada instante daquele casamento. Seja na primeira vez após o casamento, que ele não se importou se ela sentia dor ou não, seja nas noites em que ele a procurava bêbado e a forçava a cumprir seus deveres de esposa. Kameria odiava Hanzo com todas as suas forças. Além das agressões verbais e físicas. Das vezes que ele a forçou a vê-lo ficar com outra e obrigar ela a participar. Ela achava o marido o ser mais abominável do planeta.
Quando fizeram cinco anos de casados ela teve a primeira gravidez. Porém ela abortou no terceiro mês. Depois dessa foram mais duas gestações infrutíferas. E somente na quarta vez que a gravidez vingou. Hanzo havia sonhado: seria um homem forte, que herdaria as técnicas da família Yosano e o talento para espadas de seu antepassado samurai. Seria seu braço direito, a pessoa que o sucederia e que seu nome seria Akira, o iluminado.
Hanzo a tratou nessa época como uma rainha. Afinal ela carregava em seu ventre seu mais nobre herdeiro. Mas, quando Kameria deu à luz, tudo mudou. As parteiras se olharam tensas, enquanto a mãe chorava preocupada.
— Que houve com meu bebê?
— Senhora... é uma menina.
A decepção no rosto da mulher só não foi maior do que a de Hanzo, o homem entrou no quarto com o olhar incrédulo, observou a criança nos braços da parteira, fez uma cara de desdém e depois olhou para a esposa que ainda estava debilitada devido ao parto.
— Seu sangue é amaldiçoado! Eu sonhei com um menino chamado Akira! Não uma mulher! Que farei com esta criança agora? Maldita!
Hanzo deixou a esposa aos prantos. Kameria ficou tão decepcionada que ficou quase cinco dias sem nem tocar na criança que chorava de fome. Temendo pela vida da menina, as empregadas foram até a casa de uma jovem mãe que também havia dado à luz recentemente a um menino, loirinho de olhos verdes, a quem ela deu o nome de Gyu. A mulher foi chamada às pressas para amamentar a criança, enquanto a mãe padecia com uma depressão pós parto. Ela nem olhava para a menina. A ama de leite se aproximou da garota que não parava de chorar e a aconchegou em seu peito. A menina estava tão faminta que ela teve que tomar cuidado para que ela não engasgasse.
— Qual o nome dela? — A mulher perguntou.
As empregadas se entreolharam e não souberam o que responder. Akira seria o nome se fosse menino. Mas nem a mãe, nem o pai a renomearam.
— É Akira.
— Então vou te chamar de Kira. Você é tão linda.
A mulher ainda amamentou por muito tempo. Kameria mesmo depois de sair do quarto olhava para Akira com ódio e repulsa como se ela fosse culpada de todo o seu sofrimento. Hanzo visitou seu quarto cerca de um mês depois querendo que ela cumprisse suas obrigações conjugais e tentasse ter outro filho e dizia a ela que era melhor fazer bem feito para não ter perigo de vir outra mulher.
Demorou cerca de três anos para que ela pudesse encostar na menina. O pai nunca havia pegado a menina no colo e sempre a referia como a maldição da sua vida. Akira foi criada pelas empregadas, e pela ama de leite. Quando ela tinha quatro anos, Hiei veio morar na propriedade e ele se apegou a ela e a tratou como uma filha. Foi nessa época que Kameria tentou recuperar o tempo perdido com Akira e agir como uma mãe que a garota precisava.
Hanzo só enxergou a menina quando descobriu que ela havia nascido com a técnica milenar de seu clã. Ele ainda acha um desperdício para uma menina imprestável como aquela. Então decidiu que ela deveria ser treinada, pois seria útil no futuro, mas ela não podia dizer a ninguém, nunca. Era uma técnica sigilosa. Usada apenas em missões especiais sobre as ordens dele.
Ele cobrava perfeição. Se ela errasse, apanhava, se não se esforçasse era jogada num quarto escuro para que pensasse em seus erros, se ela respondesse ele batia em sua boca para que ela deixasse de ser insolente. Kameria assistia a tudo sem saber o que fazer. Se ela interviesse podia ser pior.
Algum tempo depois, Hanzo contratou um certo homem muito conhecido por seus dons de luta. Conhecido no mundo jujutsu como "Matador de feiticeiros". Toji Zenin era um homem forte, bonito e sedutor e Kameria não resistiu aos seus encantos. Afinal, ela ainda era jovem e seu marido despertava nela apenas repulsa.
O romance dos dois foi intenso, escondido dentro da propriedade do clã Yosano. Ela sentiu coisas com ele que nunca havia sentido e se apaixonou perdidamente. Tanto que quando ele decidiu ir embora, após o trabalho realizado para Hanzo, ela implorou para fugir com ele.
Kameria saiu no meio da noite. Quando já estava na porta, Kira a viu de longe. E viu a mãe se afastar olhando para ela com cara de pena e sair sem nunca mais voltar. A partir dali a vida da pequena menina foi de ruim para pior. O pai gritava com ela todos os dias. Ela treinava até seu corpo não aguentar mais. Ela chorava de dor quando ia dormir. E ela ainda tinha que tirar boas notas na escola. Era o mínimo que ela podia fazer, segundo Hanzo. Hiei lamentava, mas ele respeitava Hanzo como um irmão mais velho e nunca questionava a criação da sobrinha. Mesmo que tudo lhe partisse o coração.
E ainda tinha Kaede. A nova esposa de Hanzo era cruel, invejosa e dissimulada. Jogava o pai ainda mais contra a filha, destilando veneno pela casa. E em todas as ocasiões Kira era punida.
Quando Kira começou a ficar muito boa no que fazia. Hanzo decidiu usá-la para seus trabalhos. A primeira pessoa que Kira matou foi um de seus ex-sócios que havia lhe dado um golpe. A menina cortou sua garganta no meio da noite e voltou para casa coberta de sangue e chorou a noite inteira porque se sentia culpada. Ela não tinha mais que 8 anos.
— Tio Hiei! O sangue não sai das minhas mãos! - A menina chorava tentando lavar as mãos na pia do banheiro.
— Calma meu anjo, vem, eu vou te ajudar.
Depois com o tempo tudo ficou banal para ela. Nada daquilo a afetou mais. Sua alma parecia adormecida. Ela não sentia mais nada.
Ela só chorou uma vez nessa eṕoca. Quando sua ama de leite morreu num trágico acidente junto com seu marido. O pequeno Gyu tornou-se parte de sua família. Seu pai o acolheu e o tratava melhor do que ela, que era sua filha. Ele ensinou a Gyu a arte dos negócios e o manuseio de armas de fogo. Contava histórias sobre seus antepassados. No começo ela até o invejava e tinha raiva dele, mas depois se tornaram grandes amigos. Ele era uma coisa boa naquele mundo caótico em que ela vivia. De matar pessoas e ser maltratada todos os dias.
Para Hanzo era só para isso que ela servia e sempre achou que ela seria um mero peão em sua vida. E que logo Kaede lhe daria um filho homem. Mas, isso nunca aconteceu. Kaede tinha dificuldade para engravidar e quando conseguiu, nasceu outra menina. Foi a partir daí que Kaede entendeu o que a primeira esposa havia passado. Todo o sofrimento e desprezo. Foi aí que ela teve um lampejo de bondade e insinuou que o pai pagasse uma pequena mesada à filha por seus serviços. Assim ela mataria, mas seria recompensada.
Hanzo então começou a dizer que era um homem amaldiçoado.
Quando soube da existência da katana Naku Mibojin. Sua vida ganhou cor novamente. Se ele tivesse acesso a todo o poder que havia naquela espada ele subjugaria seus inimigos e só haveria ele no comando de todo o submundo e todo o dinheiro. Seria um homem extremamente rico e poderoso.
Foi atrás de um amigo do alto escalão. Um tal de Kota Motaro, um dos muitos corruptos daquele lugar. Ele deu um jeito de conseguir uma vaga para a filha e a mandou para lá. Ele sabia que ela roubaria a espada facilmente. Depois de alguns meses que a garota foi para a escola, chegou aos ouvidos dele através de Kaede, que a menina fugia todas as noites e só voltava de madrugada. Ele estava decidido a dar um castigo a ela que ela nunca iria esquecer. Porém, quando seu espião voltou com a informação de quem era o namorado dela, ele sentiu que sorte dele estava mudando.
Se ele fosse o avô de uma criança nascida com o sangue Gojo ele teria privilégios inimagináveis. E sua ambição foi só aumentando. Ele então decidiu fingir que não viu nada e deixar a menina vivendo do jeito que queria. Conhecendo a filha como conhecia, provavelmente era um plano dela.
Porém, quando a notícia veio que ela havia sido mais esperta e roubado a espada para si e fugido com Hiei, seu irmão em quem confiava cegamente e Gyu que era como um filho, ele percebeu que o inimigo cresceu debaixo de seu nariz e aí ele teve certeza : Ela uma filha amaldiçoada.
Depois que ela fugiu, ele transferiu toda a sua atenção para Haru, sua filha mais nova. E ele fez com ela o mesmo que fez com Kira, a treinou incansavelmente para que ela fosse a substituta da irmã. Sempre dizendo a Haru que a culpa daquilo tudo era da irmã dela. E assim nasceu uma nova assassina dentro dos portões da propriedade dos Yosanos.
Ele precisava disso, Kira havia fugido e não havia nada que ele pudesse fazer a não ser ficar de olho nela a distância. A organização que a acolheu era poderosa e mexer com eles indicaria o fim de tudo que Hanzo havia conquistado. E por nove anos ele não pode dar um passo.
Até aquele dia.
Hanzo era um homem influente, com amigos em diversas partes do mundo. Na Coreia conseguiu um contato que ficava de olho nas operações da Komodo. O nome Dragão Fantasma começou a ser mencionado muitas vezes e Hanzo sabia que se o contato fosse descoberto seria morto na hora por esse assassino impiedoso. Então, seu contato devia agir com calma e cautela.
Foi então que seu contato chegou com a notícia: Sua filha te deu um neto. E era um menino. Ele já tinha nove anos. A sorte voltou a sorrir para ele. E desde então ele planejou como faria para tirar o garoto das mãos dela. Ele não poderia deixar que o menino fosse criado por uma mulher ingrata e amaldiçoada como aquela. O seu neto seria a salvação de seu clã e de sua vida.
E por um ano ele arquitetou um plano para isso.
Ele analisava a foto de sua filha quando ainda era jovem, diante do jardim de camélias que ele passava horas olhando. No fim, mãe e filha eram iguais. Duas ingratas amaldiçoadas.
— Mandou me chamar, pai? — Haru havia crescido. Mantinha os cabelos curtinhos, os olhos tristes e vazios e com olheiras profundas. Já era uma adolescente.
— Sim, Haru. Preciso que faça uma coisa para mim.
— Tudo que desejar meu pai.
— Quero que vá para a Coreia do Sul e localize uma pessoa para mim.
— Claro meu pai. Quem o senhor quer que eu localize?
— Sua irmã, Akira.
O nome da irmã fez um ódio crescer dentro de Haru. Tudo que aconteceu a ela foi culpa de Kira. Cada detalhe. A irmã traidora que fugiu e a deixou para trás sem nem ao menos se despedir.
— Devo matá-la?
— Por enquanto não. A prioridade é meu neto...
O mal se espreitava nas sombras. Uma criança inocente, filho de um homem poderoso. Uma mãe cheia de arrependimentos, um avô ambicioso e sem escrúpulos e uma irmã imersa em ódio. Era o prelúdio de uma guerra.
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