Capítulo 9 (rascunho)

A gigantesca esfera aproximou-se da Lua e a frota que os acompanhava pousou lá, exceto uma das naves que continuava junto com eles.

Entraram na atmosfera, pairando devagar, e todos olhavam para o local onde desciam, alguns com devoção e amor pelos seus lares, outros maravilhados com tanta harmonia. A Atlântida fez um desvio para o sul, onde Igor reconheceu o Brasil e não tardou a ver o majestoso Guaíba. Ele ardia de curiosidade para ver como seria a Porto Alegre do futuro, mesmo que não fosse do seu fluxo de tempo, em especial depois de como Daniel falara dela.

– Que mundo lindo que se tornou o vosso planeta – exclamou Mia, fascinada. – Vamos descer onde?

– Na capital do Império, Mia – respondeu o almirante. – Mais precisamente no espaçoporto particular da empresa da minha família, o lugar onde tudo começou e abriu as portas para a era de ouro da humanidade.

Estavam já perto do solo e Mia notava que se dirigiam a um bosque. Pouco depois, notou que havia prédios belos bem no meio das árvores, como que plantados ali por acaso. A espaçonave, contudo, desviou um pouco e viram o campo de pouso. Dez minutos depois, estavam pousados e a Dani flutuava ao lado, estendendo as colunas telescópicas e tocando o solo.

– Excelente, minha gente – disse o almirante, levantando-se satisfeito. A seguir, elevou a voz. – Daniel para tripulação: a nave entrará em uma revisão e todos podem descer. Têm folga de cinco dias, mas mantenham sempre os comunicadores portáteis com vocês.

Virou-se para os novos amigos e fez sinal, indo para os elevadores gravitacionais. Igor aguardou que os amigos do décimo quarto plano passassem e seguiu atrás do grupo. Daquela vez foram pelos meios convencionais e desceram para o solo pelo elevador principal. Para variar, muitas pessoas aguardavam-no, já com um púlpito aguardando. Daniel deu um suspiro quando apareceu e ouviu os aplausos. Com um suspiro resmungou:

– Vamos a isso.

A esposa tinha encontrado o grupo já ao lado da comporta lateral e riu porque sabia da aversão do marido à propaganda. Ele mostrou aos novos amigos como descer pela esteira gravitacional e ouviu Mia dizendo para Mog:

– Olha só que ideia incrível!

– É mesmo boa – comentou ele. – Vale a pena pensar disso para vários situações. Será que funciona nos dois sentidos?

– Vou me lembrar de perguntar ao Daniel – respondeu ela. – É uma pessoa tão gentil que tenho a certeza que nos responderá. Que lugar mais lindo. Conseguiram superar Axt!

O imperador aproximou-se da tribuna e cumprimentou alguns governadores e o primeiro ministro.

– Majestade – disse o último. – Estou feliz que tenha sido apenas um susto. O coronel João estava muito aflito.

– Foi apenas um susto, meu amigo, apenas um susto – respondeu o governante, que passou para o próximo da fila. – Oi pai, mãe. Tudo bem por aqui? Trouxe novos amigos.

Tão logo terminou, virou-se para o povo e sorriu, logo aclamado.

– Irmãos, o teste da Atlântida foi um sucesso ainda maior que o esperado e os dados desta história serão disponibilizados para a univisão, em breve – disse ele, tranquilo. – Por causa disso, descobrimos muitas informações novas sobre o universo, informações estas vindas de novos amigos que eu trouxe para conhecerem a Terra e o Império do Sol. Agora que a nossa nova nave está plenamente testa, estamos certos de que não temeremos mais nenhuma invasão e que conquistamos o direito de viver em liberdade e em paz. Os inimigos do Império pensarão duas vezes antes de nos atacarem, mas jamais poderemos esquecer as lições que o passado nos forneceu. Espero e torço para que, doravante, tenhamos uma paz duradoura.

Fez um sinal gentil e retirou-se em meio aos aplausos. Virou-se para os amigos e disse:

– Vamos para a administração. Lá mandarei vir um planador turístico e vamos dar um passeio. Depois, vamos a meu restaurante favorito jantar.

Aproximou-se de um alçapão e salto para dentro, descendo bem devagar. Os outros seguiram-no e depararam-se com um corredor extenso que tinha esteiras rolantes. Subiram na indicada e logo Daniel mudou para uma outra mais ao lado, bem mais veloz. Quado estavam chegando perto do fim, ele tornou a levá-los para a esteira mais lenta e, depois, desembocaram em uma sala circular bem grande. Vários corredores saíam para direções diversas, mas o imperador levou o grupo para um elevador gravitacional e voltaram para a superfície. Estavam no saguão de um prédio grande e Daniel levou-os para fora. Em frente ao prédio, uma rua vazia parecia nem ter muito a ver co o lugar. A seguir, um jardim enorme e cheio de flores estendia-se para todos os lados e, a seguir, começavam as árvores por onde algumas ruas discretas apareciam eventualmente.

– Que lindo! – exclamou Igor. – Ai se Eduarda visse isso.

– Queres pegá-la, já que agora sabes o caminho? – perguntou Daniel, olhando-o os olhos. – Nós podemos esperar.

– Não te importas?

– Claro que não. Abre o portal ali no canto que eu vou chamar um planador e não corremos riscos de acidentes – disse. A seguir, ergueu a mão e falou para o relógio. – Computador, manda para a administração da Cibercomp um planador turístico grande.

― ☼ ―

– Sem se conter, Igor abriu o portal púrpura e foi para o seu fluxo, abrindo uma fresta na casa da sogra, após retornar alguns dias no tempo.

Quando não encontrou estranhos, passou para o outro lado e chamou a esposa.

– Eduarda, amor, onde estás?

Logo apareceu ela e a mãe, ambas assustadas. Sem se dar conto, disse:

– Oi, sogrinha. Amor, precisas de vir comigo! – exclamou Igor, empolgado.

– O que houve, Ailin está bem? – perguntou Eduarda, assustada com o ímpeto dele. – Estás me assustando.

– Não, está tudo bem. É que, quando eu ia ver os Atlantes, atropelei uma espaçonave e acabei conhecendo algo que tens que ver por ti.

– Como é que tu atropelaste uma nave espacial, Igor Montenegro? – perguntou ela. – Terias morrido na hora!

– É, foi por pouco, amor, mas estavámos ambos na sexta dimensão. Foi improvável, mas aconteceu...

– Igor – disse a esposa, exasperada. – Será que tu só te mete em confusão?

– Amorzinho – implorou ele. – Não foi culpa minha e sim um azar, mas fiz uma descoberta incrível.

Estendeu a mão e continuou:

– Vem comigo.

Eduarda olhou a mãe e deu um suspiro, pegando a mão do marido que abriu o portal. Olhou para a sogra e disse:

– Já lhe devolvo a sua filha. – Piscou o olho e atravessou com Eduarda.

Quando ela saiu do outro lado, olhou apaixonada para aquele jardim no meio de um bosque.

– Onde estamos, amor? – perguntou ela. – Que lindo, isto!

Debochado, o marido disse:

– Porto Alegre, mas em outro tempo e Universo.

Nesse momento, ela viu o pequeno grupo perto, enquanto um veículo transparente pousava devagar e em total silêncio.

Eduarda notou um homem muito alto, talvez um metro e noventa e cinco, junto a uma chinesa muito bonita que também era muito alta, bem mais que Eduarda. Ela carregava um bebê no colo. Além deles, viu Mia e alguns compatriotas. Olhando melhor, sentiu que havia muita familiaridade neles, mas não identificava nada.

Igor puxou por ela e aproximou-se:

– Eduarda, apresento-te Daniel Moreira, Imperador do Sol e Daniela Chang Moreira, a Imperatriz. Amigos, a minha esposa Eduarda.

– Mas não po, po, po, pode ser! – exclamou, olhendo o casal e, depois, par o local em volta deles. – E isto é a Cybercomp?

– Sim – respondeu Daniel, sorrindo. – Bem-vinda ao Império, Eduarda.

– De... de... desculpe, Majestade – balbuciou, meio perdida.

– Podes me chamar de Daniel – disse ele –, fica tranquila. Venham, vamos dar um passeio pela cidade.

Todos entraram no planador, que se ergueu devagar, voando a baixa altura, pilotado pelo imperador. Como Daniel havia contado ao amigo, a cidade toda era praticamente um imenso jardim e o Guaíba aumentava ainda mais a beleza e harmonia do lugar. Pouco tempo depois, ele mudou a direção e seguiu para o que, antigamente, era a avenida Ipiranga. Em vez de uma rua larga, havia um parque longo, onde a rua ficava quase a cinquenta metros do arroio Dilúvio, onde apareciam casas, todas elas com jardins grandes, uns maiores outros menores, mas a maioria deles era extensa. Avançaram por um tempo e, mais tarde, mudaram de direção. Logo Eduarda notou que estavam perto da localização da casa dos pais, mas a rua não existia mais. Notou que, seguindo por aquele caminho, alcançariam o Shopping Iguatemi em poucos minutos. Para sua alegria o seu shopping preferido estava ali, exatamente igual à versão do seu tempo, mas, em volta, tudo era jardins, incluindo um grande lago artificial onde algumas pessoas se divertiam.

– Achei que gostarias de o ver, Eduarda, já que Igor me disse que era o teu preferido.

– E está ainda mais lindo – comentou ela, maravilhada. – Bem que eu gostaria que a minha cidade fosse assim.

Sem dizer mais nada, Daniel foi para a zona norte, outrora pobre, mas, naquele tempo, tão linda e perfeita quanto tudo o resto. Voando pela beira do Guaíba, foi em direção ao Centro. Ainda longe, ela notou uma grande quantidade de prédios. Tal como o livro que lera, o local virou um enorme museu que preservou acidade original de quase mil anos antes.

– Aqui preservamos a lembrança histórica da milenar Porto Alegre, mas também é o centro administrativo do império – explicou o cicerone. – Mas agora vamos almoçar no meu restaurante favorito.

― ☼ ―

Em Ipanema, perto do Guaíba, o planador pousou e todos desceram. Andaram um pouco e Daniel levou-os a uma casa que tinha o formato medieval chinês. Entraram norestaurante e foram recebidos pelo dono que os saudou:

– Sejam bem-vindos à minha humilde casa. Majestade, a sua mesa está pronta.

As pessoas cumprimentavam o soberano com alegria e Eduarda via que era genuíno. Uma criança, inclusive, aproximou-se e abraçou o casal de governantes. Na mesa, Daniela disse:

– Vejo que estás apreensiva, Eduarda. – Sorriu para ela. – Há algo errado ou que te incomoda?

– Eu estou meio abobada em ver que uma história que eu li uns anos atrás acontece de verdade na minha frente – respondeu a feiticeira, encolhendo os ombros. – Mas o que mais me agradou foi essa harmonia toda. Somente no Mundo de Cristal temos algo assim. Queira muito que o mundo fosse assim.

– Ora, Eduarda – Daniela deu uma risada leve. – Nós levamos séculos para sermos assim. A minha última vida foi em 2096 e Porto Alegre era muito diferente, uma cidade com milhões de habitantes e muita miséria. Mesmo assim, já havia uma transformação em andamento. Sabes, eu adoraria conhecer esse Mundo de Cristal, já que apenas conheço em um livro. Sim, nós não somos os únicos.

Eduarda virou-se para o marido e disse:

– Amor, por que nãos os levamos a conhecer a Cidadela?

– Agora que sei o caminho – disse Igor, gentil –, não vejo por que não. Deixamos a Mia e a turma dela em Axt, recuamos uns dias por causa da Ailin e fazemos isso.

– Como recuamos uns dias? – perguntou Eduarda, bastante apreensiva. – Que papo é esse, Igor Montenegro?

Daniel e a esposa tiveram vontade de rir quando viram o que a feiticeira disse, mas seguraram-se.

– Bem, meu amor – respondeu Igor, despreocupado. – Eu ia para a Atlântida mas tivemos esse pequeno empecilho. Daí fiquei meio mal, mas a Daniela me curou, só que ficamos perdidos, só que isso demorou alguns dias. Eu voltei no tempo para te pegar e preciso chegar na Cidadela uns dois dias depois que saí por causa da Ailin e da excursão dela.

– Isso tá bem mal contado – resmungou Eduarda e Daniela deu uma risada baixa.

― ☼ ―

A espaçonave de Axt decolou e, além da tripulação, Igor, Eduarda, Daniel, Daniela e o príncipe Daniel Alexandre iam junto. Assim que se afastaram da Lua, Igor abriu o portal e a nave atravessou, surgindo na estratosfera de Axt. Assim que pousaram, despediram-se dos novos amigos e Igor abriu a passagem púrpura. Após uns poucos passos, a passagem deu lugar à praça dos portais e viram-se no coração da Cidadela. Igor saiu primeiro e fez sinal aos amigos que passassem. Extasiada, Daniela olhava para aquela praça que não devia nada aos parques da capital do Império. Quando viu o lago e as inúmeras cachoeiras que desciam da montanha em meia lua e formavam pequenos lagos no meio da rocha granítica para caírem em novas cascatas de água, sorriu. Ao lado, o marido colocou a mão no seu ombro, observando junto. Ele achava os prédios de cristal incríveis, em especial naquela hora do crepúsculo, quando a iluminação do dia dava lugar ao brilho dos cristais, que iluminariam a cidade por parte da noite.

– Lindo demais – disse ele.

– Vamos tomar qualquer coisa no palácio – convidou o guardião, mostrando a direção. Quando iam entrando, um sujeito de capa vermelha saiu e, ao ver o líder, aproximou-se e fez uma pequena vênia.

– Salve, Magnífico, já retornou? – disse, em celta. Olhou para o casal com a criança e acrescentou. – Quem são eles? Parecem mundanos!

– Conheci-os faz pouco tempo – disse o mago. – Eles são de outro fluxo de tempo e são mundanos, mas diferentes. Depois explicarei tudo, guardião Salvatore.

Daniel aprendeu celta e a esposa, por tabela, também, mas optaram por nada falar. O sujeito afastou-se com uma nova vênia e Igor fez sinal aos amigos.

Entraram no Palácio e o lugar era ainda mais aberto que no Império. Pessoas passavam em todas as direções e apenas cumprimentavam o casal com sorrisos amáveis nos rostos. Chegaram a um elevador e foram para o último piso. Uma vez lá, subiram mais um lance de escadas para o terraço, que ficava bem ao nível de uma das cachoeiras. Igor apontou umas cadeiras de descanso e sentaram-se, enquanto ele materializava algumas bebidas. Mal sentaram-se, uma voz às costas deles interrompeu-os, falando em português:

– Bah, tchê, ainda bem que tu voltaste. Precisava muito de falar contigo.

Igor virou-se e sorriu, ao ver o amigo.

– Salve, Valdinho – disse, levantando-se. – Chega mais, Estes são Daniel e Daniela, meus novos amigos. O que manda?

– Oi, Daniel, Daniela – disse ele, sorrindo. – Engraçado, mas vocês não me são estranhos. Igor, eu estava pensando em ver se o pequeno Ric não pode ser colocado na escola daqui da Cidadela. Nielie acha melhor para ele e eu concordo.

– Mas claro – respondeu o amigo – falarei com Batsheba para arrumar um lugar no dormitório infantil. Pega um suco e senta aí.

– Valeu – disse Valdo sentando-se. – A Morgana está aqui na Cidadela e procurava por ti. Ficou muito preocupada porque o telefone dava fora de área e isso, tecnicamente, é impossível. Disse que ia procurar Ailin no acampamento.

– Eu estive em outro fluxo te tempo – explicou o amigo,pegando o telefone do bolso. – um pequeno acidente com um final feliz onde acabei conhecendo o Daniel. Acho melhor ligar para ela antes que...

Um rugido de cima interrompeu a conversa e olharam para cima, vendo um dragão enorme descendo com duas pessoas no dorso. Segundos depois, ele pousou e uma menina teleportou direto para o colo do pai, enquanto a outra descia por meios normais.

– Pai – gritou Ailin, abraçando-o forte. – A mana me deu um susto.

A garota sorriu e beijou o pai, apertando-o. A seguir, saltou para a mãe e abraçou-a. Por último, olhou o grupo.

– Oi, tio Valdinho – disse. Após, perguntou. – Pai, quem são esses?

Igor havia levantado e abraçado a filha mais velha. Virou-se para os amigos e disse:

– Estas são mas minhas filhas: Morgana e Ailin. Filhas, Daniel e Daniela com o filhinho deles, dois novos amigos. São de outro fluxo de tempo.

Daniel sorriu para ambas, mas, logo a seguir, fixou o olhar no dragão, que se aproximou e baixou o focinho até ficar ao mesmo nível do imperador solariano. Igor notou logo que ambos se comunicavam, mas o dragão não desejava que o mago acompanhasse. Amos ficaram assim por alguns minutos até que Igor disse para a filha menor:

– Ailin, deves voltar para o acampamento com Gwydion.

– Tá muito legal lá, pai, muito mesmo – disse a filha, dando uma risada de alegria. – Eu só vim com a mana que ela queria que eu abrisse um portal direto para a Atlântida para te procurar.

Ela despediu-se e saltou direto para o dorso do gigantesco amigo.

– Vamos, Gwy, vamos bem rápido e alto, tá?

– "Até breve" – disse o dragão. – "Alteza, não se esqueça ou teremos uma possível catástrofe."

– Não te preocupes, Gwydion – respondeu Daniel, tranquilizador. – Eu já tinha chegado a essa conclusão.

― ☼ ―

Quando o dragão já era apenas um ponto no céu, Valdo perguntou:

– Ele falou Alteza, Daniel. És rei de algum lugar? – fez uma careta e continuou. – Cara, eu juro que te conheço de algum lugar.

– Sou Imperador – respondeu Daniel, debochado –, do Império do Sol, um reino estelar feito por mais de setenta mundos.

Valdo arregalou os olhos e abria e fechava a boca como um peixe fora de água. Logo depois, gaguejou alguma coisa e acabou dizendo:

– O "Dragão Branco". Tchê, isso não pode ser!

– Mas pode sim – disse Igor, rindo. – No universo dele, nós é que somos a história, e estivemos em outra realidade onde conversamos com o escritor, porque é sempre o mesmo que escreve. Esse tal de Nuno Figueiredo deve ter uma sensibilidade mágica muito grande e sente todas as realidades temporais dele.

– Achei-o um sujeito sensacional – disse Daniel, piscando o olho. – Igor, o teu mundo é tão belo e harmonioso quanto a minha Porto Alegre. Depois que li aquele livro, na verdade apenas dois terços dele, estou com curiosidade de ver o resto.

– Tchê, se o Teo visse isso, pirava – disse Valdo, entusiasmado.

– Infelizmente, isso não poderá acontecer – disse Igor, olhando para o imperador que anuiu em silêncio.

– Por quê? – perguntaram Valdo e Eduarda ao mesmo tempo.

– Há milhões ou até bilhões de anos, o Universo foi-se ramificando à medida que o tempo corria. A primeira forma de vida fez escolhas e os universos foram-se afastando cada vez mais conforme as coisas ficaram mais complexas – disse Igor. – Existem milhares, milhões ou até bilhões de cópias nossas e, em outros lugares, nem existimos porque um antepassado mudou tudo.

– Exato – continuou Daniel. – Nós ficamos diferentes, tão diferentes que Igor tem pequenas diferenças genéticas em relação a nós solarianos essas diferenças não podem ser apenas pelos quase oitocentos anos de distância. Quando salvamos Igor, eu notei que ele tem uma mente intransponível a mim, embora eu ache que apenas ele e a pequena Ailin sejam, uma vez que sinto os pensamentos de vocês.

– Basicamente – continuou Igor –, eu liguei dois universos muito distintos e isso pode gerar consequências imprevisíveis. Deve ser isso que mata de medo aqueles sujeitinhos da quinta dimensão que enfrentamos ano passado. Imagino que Gwydion te disse algo parecido, não é, Daniel?

O imperador concordou com um aceno.

– Infelizmente é verdade, porque eu adoraria que pudéssemos manter relações entre os nossos povos.

– Bem – disse Igor, levantando-se –, acho melhor levar vocês para casa. Vem junto, amor para te deixar na tua mãe. Queres vir junto, filha?

– Vou sim, pai – disse Morgana, decidida. – Depois vamos juntos para a Atlântida.

― ☼ ―

O dia aproximava-se do fim e Igor estava sentado no terraço do palácio, um dos seus locais preferidos para meditar e relaxar. A filha já havia retornado para a Lemúria e a esposa devia voltar em breve. Olhou para os reflexos dos sol poente no lençol de água da cascata e suspirou bem na hora que uma mão suave lhe tocou o ombro. Ergueu o rosto e sorriu para a esposa, beijando-a.

– Já estava com saudades – disse ele.

– Mas pensavas neles – comentou Eduarda, que o conhecia até bem demais. – Eu gostei muito deles.

– Eu também, mas é necessário pelo equilíbrio dos nossos universos.

– E os atlantes?

– Vão se acalmar, amor, vão se acalmar – disse o marido, levantando-se. – Vamos buscar Ailin na escola?

De mãos dadas desceram e atravessaram a praça dos portais, aproximando-se da praia e caminhando pela rua até à escola.

― FIM ―

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