Capítulo 4 (rascunho)

As buscas estavam na sétima hora e o computador identificou o clandestino em diversos locais, mas ele escapava sempre antes de alguém chegar, exceto do Daniel, mas o sujeito era um exímio teleportador e escapava com facilidade. Depois disso, ficaram quase duas horas sem que o computador o localizasse.

Irritado, Daniel pulou para a ponte e setou-se na sua cadeira, pensativo. Deu um suspiro preocupado quando a esposa apareceu ao seu lado.

– Amor, já tentaste conversar com ele? – perguntou. – Ele não é o tipo de pessoa, ou pelo menos não parece, que pretende fazer mal.

O marido deu um suspiro e fez uma carícia no rosto da esposa. Suspirou de novo e respondeu:

– Ele atacou-me e foi uma coisa bem forte, Dani.

– Tenta, Dan, por mim – pediu a médica. – Algo me diz que ele precisa de ajuda e é uma boa pessoa.

Ele olhou para a mulher por alguns minutos e suspirou outra vez. Fez um aceno e elevou a voz, falando:

– Daniel para todos os comunicadores. – Nesse momento, todo e qualquer aparelho de comunicação, fosse setorial ou pessoal, ativou-se. – Aqui fala o almirante e dirijo-me ao estranho clandestino. Garanto que não lhe faremos mal, mas precisamos que fale conosco. Por favor, não vale a pena nos digladiarmos. Aguardo a sua resposta; basta chamar a ponte em voz alta. Daniel desliga.

Mal encerrou, o computador deu sinal de vida:

– "Senhor, não localizei mais imagens do suspeito. Acredito com noventa por cento de probabilidades que ele está em um local sem câmeras."

– Recebido – respondeu o almirante. – Continue com a busca, Obrigado.

– Almirante – disse Nobuntu, pensativo. – Se ele está fora do alcance das câmeras, há poucas opções, bem poucas.

– É verdade – disse a imperatriz. – Não são muitos os lugares sem câmeras: banheiros e copas, mas todos têm receptores de comunicação.

– Exato, mas lembrem-se que esta nave tem dois mil e seiscentos metros de diâmetro. Banheiros é o que não falta por aqui – comentou Daniel. Pensativo, acrescentou. – Mas há outro que não tem, outro bem grande...

– O setor recreativo! – exclamaram Nobuntou e Daniela ao mesmo tempo.

– Exato, o setor recreativo, o maior espaço aberto da nave. Além disso, nem todos os lugares têm comunicadores integrados.

Daniel levantou-se e conferiu a mochila energética. Olhou em volta e disse:

– Vou lá, mas, desta vez, invisível – disse, pensativo. – Talvez o pegue de surpresa.

― ☼ ―

Ele estava cansado de tanto fugir e teleportar de um lugar para outro. Sempre que surgia em outro lado, era localizado em menos de cinco minutos, até que, por acaso, descobriu aquele lugar incrível: surgiu bem à beira de um bosque em um ambiente ensolarado e lindo demais. Para o seu lado direito, ficavam jardins e praças que levavam a diversos lugares, como campos de futebol e quadras de esportes, inclusive uma quadra de atletismo. No extremo mais oposto, havia diversos prédios que ele não sabia a finalidade nem pensava em descobrir, mas, para o outro lado, ficava o bosque, perfeito para se esconder e descansar. O que mais desejava era saber onde estava e quem eram eles. Não concebia como poderiam falar português, ainda mais com sotaque gaúcho, apesar de meio diferente. O campo de futebol não poderia ter sido criado por alienígenas. Aquilo ali parecia o pátio de uma universidade da Terra. Ele conhecia muitos povos alienígenas e tinha a certeza de que eles não poderiam ser, mas também não concebia a ideia de serem assim. Entrou na floresta por uns duzentos metros e encontrou um pequeno regato, sentando-se à beira dele, encostado a uma árvore e tentando descansar. Ainda estava muito fraco e precisava de guardar as forças para batalhar, caso precisasse. Nem mesmo logrou conseguir trocar as roupas para a sua veste tradicional; mas, pelo menos, o uniforme que envergava era de uma perfeição incrível, protegendo-o de variações térmicas e sendo de um conforto inigualável. Tomou um gole de água fresca, sentindo-se melhor, e fechou os olhos para relaxar um pouco e tentar restaurar as forças.

― ☼ ―

– "Almirante" – disse Nobuntu, no comunicador. – "Todos os lugares sem controle de câmeras foram revistados. Não há dúvida de que ele deve estar no setor recreativo."

– Confirmado, Coronel – respondeu Daniel, já na entrada da recreação. – Manda evacuar ginásios, cinemas, teatros restaurantes e o clube, se bem que acho que ele se escondeu na mata porque era o que eu faria.

Daniel expandiu a mente, procurando pensamentos aleatórios, mas o sujeito era impenetrável. Depois de um tempo, começou a andar, deixando o instinto ajudá-lo, colocado-se no lugar do fugitivo. Ele devia estar cansado, com fome e sede, logo, talvez fosse bom subir o riozinho. Como era quase raso e estava invisível, foi subindo por ele, andando dentro da água, procurado fazer silêncio total.

A esposa, sempre conectada com ele, revistava os demais setores recreativos, procurando possíveis esconderijos. Menos de cinco minutos depois, ela recebeu o aviso do marido que o localizou.

– Daniela Chang para comandante – disse ela ao comunicador, obedecendo ao pedido telepático. – Daniel localizou o sujeito e vai tentar capturá-lo. Mantenham-se preparados para uma eventual fuga dele, já que também é teleportador.

― ☼ ―

Ele só se deu conta que caiu em uma armadilha, quando foi acordado por uma voz que o assustou muito, descobrindo que o cansaço o fez dormir quando não poderia em hipótese alguma.

– O senhor não pode continuar assim, meu caro – disse-lhe Daniel, apaziguador e sério. – Nós não desejamos machucá-lo, mas acabará por chegar o momento em que, o perigo que você representa, nos fará tomar medidas extremas, coisa que eu detestaria. Por favor, acalme-se e vamos conversar.

Daniel observou-o abrir os olhos, assustado. Depois arregalou-os porque não viu ninguém. Antes que o almirante terminasse a frase, ele estava envolto em um campo de força verde. Logo depois, a mão ficou vermelha e ele lançou uma esfera de energia bem na direção do almirante, que foi atingido e o campo de força foi de tal forma solicitado que eliminou a invisibilidade, jogando-o longe.

O agressor saiu correndo, mas Daniel paralisou-o com a sua energia telecinética, puxando o sujeito de volta.

– Meu caro – insistiu Daniel. – Não me obriga a usar toda a minha força que não te quero mal, tchê. Vamos falar como gente civilizada.

― ☼ ―

– Comandante, vamos emergir em trinta segundos para orientação – avisou o navegador.

– Confirmado – disse Nobuntu. – Quero prontidão máxima na nave, tendo em vista a situação que nos encontramos. Todo o corpo militar deve ficar pronto para entrar em ação.

– Estamos a postos, Coronel – disse o chefe dos marines, o sujeito que substituiu o filho que agora tinha o seu próprio comando.

– Obrigado, capitão Zac.

– Atenção – voltou a avisar o navegador –, espaço em cinco, quatro, três, dois, um, espaço.

Um minutos depois que a nave saiu do mergulho, os gritos da médica chefe chegaram à ponte:

– Coronel Nobuntu, emergência extrema. Parar a nave imediatamente e retornar para o exato ponto de emersão. O Almirante e o clandestino saíram da nave por algo do tipo de um portal. Se não pararmos e retornarmos ao ponto exato, talvez jamais os vejamos de novo.

– Piloto, ouviu a doutora. Rápido ou perdemos o Almirante.

Assustados, todos apressaram-se a fazer o que foi ordenado. Sabiam que a chance de um retorno seguro seria bem pior sem o seu imperador e almirante.

― ☼ ―

Ele olhava para Daniel, quieto. O almirante avaliou a sua atitude de forma errada e relaxou. Nesse momento, o mago notou que não estava mais preso àquele ambiente. De surpresa, levantou as mãos e atacou Daniel com força redobrada.

Daniel sentiu uma onda de choque forte atingindo-o e atordoando-o, ao mesmo tempo que um raio branco o acertava. Pelo que compartilhou com a esposa, era o mesmo ataque, mas o campo de força aguentou, apesar da dificuldade. O invasor aproveitou que se sentiu solto e correu para dentro da mata, mas não contava com a velocidade absurda de um portador.

Quando andou quase cem metros, encontrou uma clareira e ergueu a mão, fazendo surgir um portal. Do outro lado, havia um mundo semelhante à Terra. Daniel ia alcançá-lo quando ele atravessou. Sem medir as consequências, mergulhou atrás, passando para o outro lado.

Daniela, que matinha contato estreito, saltou em direção ao marido, mas apenas viu o portal se fechar na sua frente.

Apavorada, gritou a sua mensagem.

― ☼ ―

Daniel ainda estava meio tonto quando saltou para o outro lado. Assim que chegou lá, pregou uma rasteira no sujeito, derrubando-o. Confiante na sua superioridade de Dragão Branco e força de portador, imobilizou-o sem dificuldade, mas o sujeito apenas olhou para ele e Daniel viu-se atirado a quase vinte metros de distância para voltar a ficar bem atordoado.

O sujeito levantou-se e olhou para cima, sentindo o sol e sorrindo de leve. Bem na frente dos olhos atônitos do Daniel, ele viu as roupas do homem mudarem. Em vez do uniforme da frota solariana, ele estava todo de branco, usando também uma capa branca que ia quase até aos pés.

Apesar da surpresa, Daniel atacou usando a sua telecinesia e ele voou longe, batendo em uma árvore e caindo atordoado. Correu até ao sujeito e desferiu-lhe um soco forte, já que ele ostentava de novo a barreira verde. O oponente era muito mais ágil e rápido do que imaginou e o soco atingiu apenas a árvore atrás dele, destruindo-a. De olhos arregalados, o clandestino ergueu uma mão e jogou-o contra outra árvore. O almirante não entendia como ele fazia aquilo porque não era portador e muito menos um dragão branco. Era algo diferente, mas parecido com telecinesia sem ser de fato. Sem perder o foco, levantou-se o mais rápido que pôde, mas ele também fizera o mesmo. Daniel invocou a força interior em nível fraco e a explosão de energia bateu na barreira verde, que foi impotente para conter o poder do dragão. Atordoado, o inimigo mandou um raio para o acertar, mas errou e atingiu a árvore atrás de Daniel, que caiu e quase o acertou. Ambos correram alguns metros para se protegerem e estudavam-se, cada qual com um pouco mais de respeito pelo seu oponente.

― ☼ ―

Ambos digladiavam-se há quase doze horas sem haver vencedor ou vencido. Finalmente Daniel viu o inimigo entrincheirado e saltou para as suas costas, mas não teve coragem de o atingir desse jeito. De surpresa, pulou sobre ele e imobilizou-o, mas o oponente era demasiado perspicaz e rodeou o corpo com uma quantidade absurda de energia, em especial térmica. Danei deu um salto para trás porque o campo de força da mochila não aguentava os ataques dele por muito tempo, mas também notou que ele estava muito mais fraco. Ergueu-se rápido e deu-lhe um potente soco, afastando-se em seguida, mas não sem receber outro que o fez voar quase vinte metros e ver estrelas.

Zangado, levantou-se e avançou de novo, consciente que ele estava mais cansado, mas que ambos já estavam no limite há muito tempo. Atacou sem parar, em especial usando o poder do dragão branco. Ele enfraquecia a olhos vistos, mas Daniel também achava que não aguentaria muito mais tempo. Contudo, o inimigo, se é que poderia chamar de tal coisa, parecia ainda pior.

Decidido, deu um salto para as costas dele e usou a telecinesia para o lançar longe O sujeito ficou parado, no chão, mas o imperador descobriu que esse também foi o seu último ato.

Exausto, arrastou-se até ficar perto dele e observou-o. Ambos estavam ofegantes e cansados ao extremo. Ele nada falava, mas o almirante notou que tinha o olhar profundamente triste.

– Tchê – disse o almirante. – Eu não sou teu inimigo, mas preciso desesperadamente de saber como foste parar na minha nave. Nós estamos perdidos e tu és a nossa única possível resposta.

Ofegante e tão ou mais cansado, o clandestino ergueu a mão em um aceno. Deitou a cabeça no chão, sabendo que ele não o atacaria mais. Suspirou e disse:

– Vocês falam como nós, mas não podem ser da Terra, muito menos do Sul do Brasil.

– Mas nós somos – insistiu Daniel. – Bem, eu e alguns dos meus homens somos. A minha esposa é de Hong-Kong e muitos dos nossos tripulantes são de vários lugares da Terra ou de outros mundos do Império. Pelo que vejo, tu já recuperaste a memória. Qual é o teu nome?

– Sou Igor Montenegro – respondeu o sujeito. – Me diz uma coisa, tchê, em que ano estamos?

– Estamos em 2820, por quê?

Igor soltou um gemido, assustado. A seguir, olhou bem sério para o almirante e respondeu:

– Eu sou de 2022, quase 23 – encolheu os ombros. – Deve ser por isso que vocês não me pareciam humanos. Eu conheço centenas de mundos alienígenas, mas nunca vi ninguém tão parecido conosco quanto vocês. Quer dizer que são do futuro!

– Em 2022, a gente ainda nem tinha chegado a Marte e tu falas em outros mundos! – exclamou Daniel, espantado – Isso não faz sentido.

– Sim – concordou Igor. – Eu sou um tipo muito especial de ser humano. Há apenas uns sessenta mil de nós.

– Igor. – Daniel olhou bem sério para ele. – Eu te juro que não serás preso nem hostilizado, mas preciso voltar para a minha nave e descobrir o que aconteceu. Os meus homens acham que estamos fora da galáxia, embora esta se pareça muito com a Via-Láctea. Eu te juro que nunca te quis mal, mas não vamos ganhar nada lutando um contra o outro até acabarmos neste estado.

– Tá bom – disse o mago, sentando-se. – Eu não sei bem o que aconteceu. Desculpa, mas uma hora não lembrava nada, então veio um choque na minha cabeça que me provocou uma dor intensa por alguns segundos e voltei a ser eu, mas vocês eram estranhos e me defendi.

– Será que podemos voltar para a nave? – perguntou Daniel, preocupado. – Estão a mais de dois milhões de quilômetros porque não consigo saltar mais do que isso.

– Sim, se ainda estiver lá, eu consigo abrir um portal – olhou para ele e sorriu. – Dois milhões? Impressionante, eu não passo de cinquenta mil.

– Acho que estará no mesmo lugar porque eu mantinha contato mental com a minha esposa e, de burra, ela não tem nada.

– Desculpa, Daniel, mas preciso descansar um pouco antes de fazer qualquer coisa. Achas que consegues velar por nós por uma hora? – perguntou Igor. – Do jeito que eu me sinto, não conseguirei abrir o portal.

– Claro, descansa em paz, irmão, mas o que vem a ser um portal?

– É uma passagem instantânea no espaço-tempo. Um pouco mais complexo que isso, na verdade. Quando retornarmos, posso explicar melhor.

Igor fechou os olhos e pareceu adormecer de imediato. Daniel sentia-se tão cansado que encostou a cabeça a uma árvore. Não demorou a que ambos estivessem dormindo.

― ☼ ―

– Senhora – disse Nobuntu, preocupado. – Estamos exatamente onde emergimos, mas não há nada em um raio de dois anos-luz e já faz treze horas; a tripulação está nervosa.

– Confia no Dan, Coronel – respondeu a imperatriz. – Bem sei que estão todos nervosos, mas não temos escolha. Tenho a certeza de que só nos salvaremos com ele.

― ☼ ―

Daniel acordou assustado com um barulho estranho. Olhou para o lado e Igor ainda dormia profundamente. À sua frente havia o terreno plano, semelhante a uma savana com umas poucas árvores como as duas onde estavam encostados. À sua frente, uma manada enorme de gigantescos animais corria na direção dos dois e foi esse o barulho que o despertou. Espantado, notou que eram tão grandes quanto um elefante, além de serem bem velozes. Já era tarde para tomar uma posição defensiva e Daniel não teve alternativa a não ser usar o seu poder do Branco em um nível um pouco mais elevado que o usual. Enquanto Igor acordava com o barulho, ele notou Daniel contraindo a musculatura e desferindo o golpe fatal que fez centenas daqueles animais pararem como se tivessem batido em uma parede de concreto armado. Os demais animais desviram a sua correria insana, deixando ambos em paz.

– Eu acho que houve um rico estouro de manada – disse Daniel, sorridente. – Como te sentes?

– Estou melhor. Bah, pelo jeito noto que não usaste nem perto do poderio que poderias ter usado contra mim. Agradeço pela decência, Daniel.

– Como eu disse, meu caro, jamais tive intenção de te fazer mal – atalhou Daniel. – Não seria má ideia a gente sair daqui e a nave está longe demais do meu comunicador.

– Vamos – afirmou Igor, levantando. Ergueu a mão e o portal surgiu. Do outro lado, via-se a floresta artificial da Atlântida.

― ☼ ―

– Comandante, aqui equipe de observação um. Um círculo de energia acadou de se formar e o almirante está do outro lado, junto com o estranho.

– "A menos que o almirante esteja em perigo, a ordem geral é não reagir" – ordenou o comandante. – "Ele saberá o que fazer."

Daniela, sem pensar, saltou para a floresta bem na hora que ambos atravessaram. Vários marines cercaram-nos e ergueram armas mortais, mas o almirante disse:

– O perigo acabou, estão dispensados. O nosso amigo vai cooperar. Ele apenas estava desorientado. – Sorriu para a esposa, que correu a abraçar o marido, aliviada. – Oi, amor, disse após o beijo rápido, o nome dele é Igor e já se recuperou. Vamos para a ponte conversar na sala de reuniões, meu caro, porque precisamos muito de descobrir o que foi que aconteceu.

O trio começou a andar pela nave e Igor notava como os tripulantes eram gentis e altivos. A maior parte deles estava com ar sério e preocupado, mas sempre sorriam quando o líder passava. Eram pessoas sadias e de espírito audaz e Igor tinha a certeza de que qualquer deles confiava de forma irrestrita no almirante.

A nave devia ser muito maior do que pensava porque demorou bastante até alcançarem a ponte. Ele já esteve em uma nave do povo de Axt, mas aquela nave devia ser pelo menos vinte vezes maior, senão mais. Em determinado ponto, o casal separou-se e a doutora entrou em uma cabine. O elevador gravitacional deixou-os em um dos pisos do topo e alcançaram a ponte. Era imponente e fascinante.

― ☼ ―

O povo de Axt, é uma civilização avançada que Igor conheceu. Ver "O Mago" N.A.

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