Livro 3 - A Era dourada - Capítulo 12 - parte 1 (não revisado)
"Um soberano jamais deve colocar em ação um exército motivado pela raiva; um líder jamais deve iniciar uma guerra motivado pela ira."
Sun Tzu.
Daniel dorme por dois dias até sentir-se completamente restabelecido. Poderia ter feito em um, mas deseja estar em plena forma física para concretizar os seus planos, pois tenciona desferir um golpe fatal contra os inescrupulosos que o tentaram matar a si e aos que ele mais ama. Este tomou uma decisão implacável e é dono de uma vontade férrea e inabalável, criando planos e mais planos para o contra-ataque, para desgraça dos opositores quem nem imaginam a encrenca em que se meteram. As câmeras de segurança das casas invadidas provaram para a polícia e o ministério público que tudo foi uma ação de legítima defesa. O exame de corpo delito feito no Daniel e na Jéssica, também foi o suficiente. Apenas o ataque à Suzana e ao namorado não tiveram filmagens, mas, em compensação, os criminosos foram identificados como sendo da mesma gangue, todos estrangeiros e com os mesmos tipos de armas. Para evitar problemas futuros, Daniel ameaçou o governo de tornar todas as imagens públicas caso insistissem em incomodar a Cybercomp. Com isso, todo o processo foi arquivado, ainda mais com o apoio que o prefeito lhe dá.
Aquele dia em especial está absurdamente frio, com nuvens cor de chumbo enegrecendo o céu e a meteorologia diz que pode nevar, coisa raríssima, mas não impossível de acontecer em Porto Alegre. No conforto da sua sala e com a lareira acesa, que Daniel acha muito mais agradável do que a calefação inteligente do prédio, este mantém uma palestra com seu grupo mais fechado, justamente discutindo os detalhes do próximo lance nesse xadrez mortal. Já estão há um om tempo discutindo entre si, mas ele permanece calado, ouvindo todas as opiniões, até que toma o controle da discussão.
– A Megadrug é muito mais poderosa que nós. – Repete Suzana, preocupada. – Não vejo forma de agirmos.
– Alguém mais pode dar a sua opinião? – Pergunta Daniel. Jéssica está amuada porque ele bloqueia a mente e não se manifesta.
– Temos uma força de combate muito superior – diz Lee, compenetrado – mas não me vejo fazendo a mesma coisa que eles, por mais que mereçam. Por outro lado, pode ser que um dia eles tenham sucesso. Em outras palavras, manda o bom senso acabar com eles a qualquer preço.
– Bem – comenta Jéssica, irritada – vejo que tu tens um plano muito bem definido, mas escondes a tua mente! Logo, por que motivo não falas logo?
– Por enquanto, meu amor – retruca ele, sorrindo – só por enquanto. Gente, a essência do plano é a seguinte: vamos anexar a Megadrug à Cybercomp e, de lambuja, a Megafarma e as subsidiárias dos outros países onde haja crimes.
Todos, sem exceção, arregalam os olhos para o superior, não entendendo como ele pretende fazer isso e muito menos de que forma.
– Mas... – Suzana fica muda.
– Como? – Continua Daniel, ainda misterioso. – Simples: com tecnologia. Possuímos truques que não há igual no mundo. Para isso, vamos ter de pôr a cabeça na boca do leão. Fonseca, já mandaste o super vírus para o Tanaka?
– Sim.
– Super vírus? – Pergunta Suzana – que diabo é isso?
– Não é à toa que o Complexo III é o nosso maior segredo, Suzi. Eu sempre achei que a derradeira guerra seria virtual, só não imaginava que começasse conosco, mas eu e Manuel sempre nos preparamos para ela. Por isso, podemos dominar um pais com nossos supercomputadores. A sua rede neural é extremamente complexa e temos máquinas com capacidade de raciocinar. Só não conseguimos dar-lhes o pensamento criativo mas deve ser uma questão de tempo. O super vírus é indetectável, pois ele vai em pequenos blocos para o alvo. Monta-se lá, invade de assalto a rede do inimigo e esta passa a fazer parte da nossa rede neural, independente do sistema operacional deles. É tão sutil, que os sistemas deles não tomam ciência do que acontece. Um por um, vão entrando sob controle dos nossos mainframes, mas ninguém sabe que isso está acontecendo. Fonseca, quanto tempo para o super vírus tomar todo o sistema?
– Mais umas horas, duas ou três.
– Mas isso é fenomenal! – Diz Isaac.
– Muito bem. Suzana, vais pôr agentes em todas as bolsas de valores do planeta, mas apenas nas mais importantes, onde haja ações da Megadrug e das afiliadas deverás ter mais concentração de pessoal. Na Bovespa, tenho uma pessoa em mente que em breve estará aqui para uma reunião comigo.
– Sem problemas, já estou com esse gatilho preparado há tempos, desde a nossa conversa no avião. Imagino que planejas derrubar as ações deles.
– Quando eu terminar, valerão menos do que papel higiênico e vamos comprar todas. Mestre Lee, o senhor, eu a Suzana, quando estivermos prontos, vamos por a cabeça na boca do Leão.
– Como assim? – Indaga Suzana...
Daniel explica o plano, ousado e perigosíssimo.
― ☼ ―
– Chefe – Patrícia chama no fone - o senhor Aragão chegou e aguarda-o aqui. Diz que tem uma entrevista com o senhor.
– Mande-o para a minha sala, dona Patrícia, muito obrigado.
O pai do Paulo sobe no elevador, fascinado, pois nunca viu uma empresa igual, embora já tivesse ouvido falar dela. Ao entrar na sala da presidência, sente o clima agradável do lugar, bem iluminado e limpo. O jovem está sentado na sua mesa e, ao vê-lo, levanta-se e aproxima-se, cumprimentando-o.
– Seja bem-vindo, senhor. Precisava de falar consigo.
– Boa tarde, Daniel. A sua empresa é a mais linda que jamais vi.
– Obrigado...
– Daniel, pelo que soube do Paulo, você deveria estar em estado muito grave no hospital. Soube que foi baleado várias vezes. Fico feliz que ele tenha exagerado.
– Ele não exagerou, senhor, mas recupero-me muito rápido. É justamente por esses acontecimentos que lhe pedi para conversar comigo, para negócios. Aceita um chá ou café?
– Claro, café. – Daniel serve-o e ele continua. – Vai abrir o seu capital?
– De jeito nenhum, meu amigo. – Apesar de contrariado, o sorriso do Daniel é tão franco que e agrada ao interlocutor – Computador, lacre a sala.
– Sala lacrada, senhor. Sistemas de segurança ativados.
– Obrigado.
– Isto que tem aqui é fenomenal. Um computador desses vale milhões. – Diz Aragão impressionado. – Então o que deseja?
– Vale bilhões, senão centenas de bilhões – Daniel dá uma risada bem franca – mas é segredo industrial. Eu presumo que a sua intenção era tornar-se acionista. Bem, isso não irá acontecer, pelo menos nos próximos duzentos ou trezentos anos, mas eu precisaria da uma ajuda de alguém que poderia tornar-se meu sócio e ficaria milionário da noite para o dia.
– Bem, Daniel – diz Aragão, sério – quem não deseja ser milionário? Explique o seu plano.
– O meu plano é simples: vou destruir a Megadrug e anexá-la.
Aragão ergue as sobrancelhas, incrédulo, enquanto fica empertigado.
– Isso é brincadeira, não é?
– Infelizmente, não. Eles são os responsáveis pela morte dos meus pais, da minha ex-noiva e dos atentados recentes e, antes que tentem novamente, preciso destruí-los.
– Meu Deus, que horror!
– É verdade. Nos próximos dias, irei fazer com que as ações deles valham menos de dez centavos cada e comprarei a empresa toda. Tenho a tecnologia necessária para fazer isso e desejo que você faça o mesmo com a Megafarma na Bovespa.
– Mas eu não tenho capital suficiente para comprá-la, mesmo a dez centavos o lote. Seriam precisos milhões.
– Eu faço o seguinte acordo com o senhor: deposito cinquenta milhões na sua conta. Quando receber o nosso sinal, as ações deles começarão a despencar. Todos irão querer livrar-se delas. Nesse momento, o senhor compra o que puder. O dinheiro que sobrar, o senhor restitui-me e dou-lhe trinta e nove por cento das ações adquiridas. O que acha?
– Trinta e nove contra sessenta e um é mais do que justo, já que você vai bancar tudo. Acho ótimo, mas temo que seja eu o único a sair ganhando, meu rapaz. Contudo, tenho outra ressalva: os investidores pequenos...
– Senhor Aragão, eu não sou ganancioso. Para começar, ficarei com cinquenta e um por cento. Os dez por cento restantes serão para uma fundação, visando o bem estar dos funcionários, tal como aqui. Tenho muito mais dinheiro que jamais irei gastar. Uso isso para ajudar as pessoas. O senhor é pai do meu melhor amigo e uma pessoa de caráter íntegro. Sei que posso confiar em si, pois aprendi ainda muito criança a avaliar o caráter das pessoas e espero que não se ofenda. Preciso de pessoas assim para me ajudarem no meu trabalho e é por isso que eu peço seu auxílio. Além da sua cota de capital, ofereço-lhe a presidência, pois não posso administrar tudo. Somente terá de se reportar para a Suzana, que é a nossa diretora administrativa. E, claro, seguir as minhas diretivas de negócio que visam especificamente o bem estar da humanidade. Essa empresa parará de dar lucro como dá hoje, mas ninguém sofrerá com isso pois a Cybercomp irá subsidiá-la. Quanto à sua ressalva, temos duas situações: alguns investidores nem mesmo se darão conta do ocorrido. Os que tiverem prejuízo e forem fora do cartel, serão devidamente recompensados. Jamais me ocorreu prejudicar um inocente e sei que mais de noventa e nove por cento do capital do grupo está nas mãos de criminosos. Tenho as provas.
– Bom, mas como será possível a Cyberecomp subsidiar uma empresa muito maior?
– Isto – Daniel abre uma gaveta e tira uma caixa metálica de cerca de dez centímetros de lado – é o menor reator nuclear de fusão a frio do mundo. Ele pode sustentar a sua casa por cerca de trinta anos. Energia limpa. Com um dispositivo de segurança que impede qualquer acidente de fuga de radiação. Quanto acha que vale esta tecnologia?
– Santa mãe de Deus, vale centenas de bilhões, talvez trilhões!
– Pois é. Ainda não o lancei no mercado com medo de criar um colapso econômico no setor de energia elétrica, mas Suzana já contatou várias montadoras de caminhões. Somente eles ainda usam motores de combustão por falta de fontes de energia com potência suficiente. Isto irá sustentar os lucros que perderemos nos outros lados. É apenas uma das nossas descobertas recentes. Então, o que acha, aceita ser nosso sócio?
– Combinado – diz Aragão, estendendo a mão para o rapaz, com o qual fica com muito respeito – quer redigir o contrato?
– Para mim, o seu aperto de mão e a sua palavra bastam, desde que esteja de acordo. Nenhum de nós usa bigode, senão...
Ambos dão uma risada.
– Certo, Daniel. Para quando será isso?
– Cerca de duas semanas. Eu aviso, pois irei a Nova York. Levo o senhor até São Paulo, nesse momento. Terá cerca de um dia de tolerância, pois só agirei no dia seguinte. Receberá um celular especial, indecifrável, que lhe dará o aviso do inicio do ataque. Prepare-se, pois usarei uma tecnologia que irá impressionar o mundo, mas que não divulgaremos a fonte. Fique de olho nos painéis da Bovespa. Eles darão o aviso para o bote.
Após mais acertos e combinações, Aragão sai da empresa, verdadeiramente impressionado com o que vê.
― ☼ ―
Daniel entra no elevador e desce para o Complexo III, indo para a sala do Fonseca.
– Oi, Dan – diz ele, ao ver o chefe e amigo – imaginei que viesses aqui e preparei umas coisinhas.
– Bah, índio velho, sabia que não me ias decepcionar.
– Alguma vez decepcionei-te? – Eles dão uma risada. – Olha.
Manipulando alguns controles, Fonseca mostra uma série de documentos.
– Estes dados – explica – foram "extraídos" dos computadores da Megadrug. Observa este aqui.
– Caramba – comenta Daniel – a cura para o mal de Alzheimer!
– Mataram o cientista e roubaram o trabalho dele, arquivando-o. Tem mais. Este pode ser doloroso, mas deves ver.
Daniel lê o arquivo e lágrimas inundam seus olhos.
– Então a cura para a Dani estava junto com ela no avião. Eles derrubaram-no, só para impedir a cura do câncer do cérebro. E ele ia encontrar-se com o mesmo médico que a Dani. Sabes, Manoel, depois disto, não terei a menor pena em massacrá-los. Mataram trezentas e setenta pessoas naquele avião por causa de um único homem que, ainda por cima, ia curar um dos principais males da humanidade.
– É, amigão. Sei que estás com uma nova vida agora, mas isso foi cruel.
– Foi sim. O que mais "pescaste"?
– Muitas coisas, Dan. Tenho mais de duzentas doenças que poderiam ser curáveis mas eles impediram, para continuar a vender medicamentos caríssimos. Peguei todos os trabalhos.
– E na Megafarma?
– Na... Me... Me... Megafarma? – Engasga-se – Desses ainda não peguei grande coisa.
– Como assim? – Daniel estranha. – Manoel, conheço-te bem demais para saber que falas tretas.
– Daniel...
– Sem enrolação, mano. Se estás embromando é porque tem algo bem cabeludo escondido.
– Daniel, não faz isso...
– Chega de enrolação. Ou mostras ou ordeno o computador.
– Cara, pelo amor de Deus – insiste Fonseca, enquanto Daniel dá a ordem ao computador. – Esse vídeo é...
Tarde demais. Daniel vê um vídeo de uma estrada e um carro à frente dos que filmam. Para seu horror reconhece imediatamente o carro dos pais e sente um aperto na garganta, enquanto agarra a mesa com força. Vê o veículo aproximar-se velozmente e provocar o acidente. À medida que o carro dos pais capota várias vezes, o jovem começa a tremer, apertando cada vez mais a mesa, até que esta fica destruída. Quando tudo acaba, este descobre que os pais ainda estavam vivos, mas os passageiros do outro carro, dois japoneses ou descendentes, saem e terminam o serviço. Daniel já não vê mais nada quando a ordem do Manoel chega:
– Computador, cancelar imediatamente a apresentação.
Devagar, ele recua até uma poltrona e senta-se nela, arquejando, tentando controlar-se, embora esteja no limite do desespero. Fonseca põe a mão no seu ombro e diz:
– As ordens vieram da Megadrug. Eu tenho o registro delas, cara. Avisei que não devias ver.
– Devia sim. – Responde, lacônico. – Obrigado por me tentares proteger, mas eu precisava ter certeza.
Daniel levanta-se, meio tonto e desorientado, e continua:
– Captura todos os arquivos secretos deles e prepara um dossier. Valeu, cara. Põe uma chave para que a Megadrug não possa destruir os dados dos seus computadores.
Sai de cabeça baixa e retorna para a superfície, seguindo para o apartamento onde Jessy o espera. Ao ver o seu estado, corre a abraçá-lo, preocupada. Entra na sua mente e vê o que aconteceu, começando a chorar por causa da sua dor. Cheio de mágoa, ele diz.
– Vamos para a nossa casa, não quero ficar aqui.
Chama um helicóptero para levá-los, pois o delegado Fonseca levara a Ferrari para uma lavagem interior.
– Não é perigoso, amor – ela fica preocupada – irmos para a nossa casa?
– Não, Jessy, desta vez, não. Se alguém nos atacar, deita-te no chão e bloqueia a tua mente que em um minuto mato todos. Eu tinha relutância em usar violência até há cinco minutos. Se me atravessarem o caminho, não sobreviverão.
– "Vamos então. Estamos juntos, é o que importa, meu herói."
– "É sim, princesa, é o que importa. Eu te amo demais."
Em casa ele não dorme, mas também não consegue meditar pois sente uma tristeza enorme. Conclui que Fonseca tinha razão, que não devia ter visto o vídeo, mas precisava de saber. Após muito tempo e cuidados da Jéssica, adormece um pouco. De manhã, acorda tarde e calado. Já se recuperou, mas muda os seus planos. Vão para a escola, porém nenhum dos dois presta atenção nas aulas. Ao sair, Daniel vai com Jessy para casa e mal toca no almoço. Após, vão para a empresa e chegam muito rápido, pois a estrada estava vazia e ele praticamente forçou o veículo ao máximo que ele dava. Pela primeira vez naquele dia diz algo:
– Jessy, não me esperes tão cedo que eu vou resolver algumas coisas. – Tem a mente parcialmente bloqueada e ela fica assustada.
– "Amor" – Jéssica põe a mão no seu braço – "não faças isso, e não me escondas a mente."
– "Não vou atrás de vingança" – abre-lhe a mente – "apenas quero pegá-los Se a vingança me ajudasse, eu já os tinha pegado e morto ainda ontem. Quero que respondam na justiça."
– "Amor, vejo a tua dor, mas isso só vai ser pior... Posso ficar contigo, por enquanto?"
– "Não creio que vá piorar, Jessy. E sim, podes ficar comigo. Para sempre."
Na sala, Daniel liga para o delegado Figueira e pede que ele venha encontrá-lo com urgência. Depois, chama o Fonseca:
– Manoel, manda para o meu arquivo pessoal o vídeo dos meus pais.
– Dan – responde o amigo – para de insistir nisso.
– Cara, só manda o vídeo. Ok? – Ele suspira.
Fonseca conhece o amigo e não insiste. Dez segundos depois, o vídeo está no arquivo pessoal do Daniel.
Este roda o filme e Jéssica assiste, chorando por ele. Quando a cara dos agressores aparece, manda o computador congelar a imagem e ordena:
– Computador, localiza esses dois sujeitos. Entra nas câmeras de segurança do trânsito, dos supermercados e lojas. Verifica em bancos, nos computadores da polícia federal, da polícia japonesa, do FBI e da Interpol. Transmite-me as informações obtidas, tão logo estejam disponíveis.
– Executando a pesquisa. Aguarde. – responde a máquina fenomenal.
Uma hora depois, o computador ainda não havia obtido informações. O delegado Figueira chega e é imediatamente recebido pelo Daniel.
– Olá, Daniel, Jéssica. Estou impressionado com a sua recuperação. Está disposto a ajudar a polícia?
– Não a polícia, mas sim a si. Estou disposto a lhe dar apoio sempre que os seus homens forem incapazes de agir. Somente em casos extremos, onde haja perigo de morte para os seus homens ou para os civis. Serve desse jeito?
– Isso deixa-me muito feliz, Daniel. Estou de acordo. Afinal, meus homens precisam de se manter em forma.
– Bem, delegado, agora preciso do senhor para prender dois homens. Afinal, tenho de ter uma certa reciprocidade.
– Daniel, eu não posso sair por aí prendendo gente a menos que haja provas contra eles e tenha um mandado.
– Eu não lhe ia pedir uma arbitrariedade, delegado. – Dizendo isto, Daniel manda executar o vídeo no telão da sala.
O delegado observa o filme em silêncio. Quando termina, olha para o jovem.
– Onde conseguiu isso?
– Diretamente dos computadores dos mandantes do crime.
– Eu investiguei esse "acidente". Agora me dei conta que era seu pai, pois a semelhança física é notável. Sempre achei que foi um assassinato pois as coisas não combinavam, mas arquivaram o processo. Temo que as ordens vieram bem de cima. Os mandantes devem ter gente comprada nos altos escalões.
– Têm até na CIA, mas eles, eu vou destruir antes do fim do mês. Agora, quero pegar os criminosos que mataram os meus pais e preciso da sua ajuda. Se fosse um simples caso de vingança, eu já os tinha caçado e morto. Quero vê-los enfrentarem a justiça. Tenho meios de os fazer falar.
– Sabe onde encontrá-los?
– O meu computador está trabalhando nisso. Depois precisamos de um mandato. Acho que o juiz Rossetti vai ajudar. As provas, estão aí. Mas tem mais uma coisa, eu reconheci a atuação deles como sendo ninja. Devem ser dois ninjas renegados. A sua equipe não os conseguirá pegar. Pelo menos vivos. Então, eu e o senhor vamos prendê-los, sem armas. Eles são a segunda maior força de combate do planeta.
– Tenho até medo de perguntar, mas quem é a maior força de combate do planeta?
– Eu e os meus Dragões. Eles não têm capacidade de nos enfrentar, mas tentarão, pois vão preferir a morte à desonra da captura...
–Atenção – diz o computador – identificação reconhecida. Os dois sujeitos vivem em Ipanema. Foram vistos em várias câmeras de segurança. Segue o endereço. São procurados pela polícia japonesa, americana e Interpol. São assassinos de aluguel considerados altamente periculosos. A Interpol recomenda o uso de força letal para os neutralizar. Apresentando as fichas deles.
– Meu Deus – diz o delegado, impressionado – o que eu não dava para ter um computador desses na polícia!
– O governo do estado não tem cacife para sustentar estas máquinas, mas posso ajudá-lo a si. Ficará entre nós como um presente de ajuda mútua. – Usando o telefone, continua – Patrícia. Mande trazerem aqui um portátil. com acesso ao sistema central. Deem o acesso básico que eu, depois, acerto as permissões dos sistema.
– Puxa, Daniel – diz o delegado, alegre – obrigado.
– Patrícia – pede novamente – ligue para o Juiz Alonzo Rossetti e passe a ligação para mim. Obrigado.
Dois minutos depois Patricia chama:
– Chefe, o juiz Rossetti.
– Obrigado... juiz, boa tarde... igualmente senhor. Felizmente o atentado fracassou e estou vivo graças ao delegado Figueira que se encontra aqui ao meu lado, mas foi por pouco. – Este aparece para o magistrado. – Meritíssimo, estou ligando para lhe pedir um favor. Precisamos de um mandato de prisão urgente para dois criminosos japoneses. São procurados por vários países e cometeram crimes atrozes aqui. Vou enviar as provas agora para o seu e-mail.
Eles aguardam na linha enquanto o juiz assiste o filme e vê as fichas dos bandidos.
– "Daniel – chama o juiz – o mandato já foi expedido e está nos computadores da polícia. Sinto muito, pois vejo que eram os seus pais, já que ele é a sua cara, ou ao contrário."
– Obrigado, meritíssimo. Já sabemos quem são os mandantes, mas eles têm gente em vários escalões, provavelmente até juízes. É uma tristeza. Em breve, estarão expostos e esta história irá acabar.
– "Faço votos que sim."
– Como está o seu filho?
– "Está bem melhor agora, Daniel, graças à sua equipe médica."
– Senhor, perdoe-me o que fiz, mas acredite que não tive escolha. Nada me contraria mais do que ferir alguém.
– "Eu acredito em si, Daniel. Vi o vídeo da segurança. É o meu privilégio como magistrado. Quem tem de pedir perdão sou eu, por ter falhado como pai. E agradeço-lhe eternamente pelo que fez com a minha mãe. Só tenho a ela e ao meu filho."
– Não me agradeça, eu estava em débito para consigo. E estou novamente. Obrigado e boa tarde.
Virando-se para o policial, diz:
– Pronto. Temos o mandato. Computador: entra nos arquivos da polícia e procura o mandato de prisão expedido contra os dois sujeitos do arquivo. Manda para a minha impressora.
– Daniel. Isso é assustador.
– Você queria um Batman e agora conseguiu – diz Daniel, sorrindo pela primeira vez naquele dia – venha. Vamos nos preparar para a captura.
Daniel, Jéssica e o delegado descem, seguindo até um almoxarifado onde o jovem pede uma corda de vinte metros e alguns equipamentos eletrônicos. Depois, pegam a esteira rolante e vão para o apartamento dele. Troca as roupas normais pela roupa formal de um Branco. Quando o delegado o vê, fica impressionado, pois Daniel parece outra pessoa. De um armário, tira duas espadas. São armas excepcionalmente bem feitas e muito afiadas. A seguir, retornam, mas vão pela superfície. No caminho, Daniel depara-se com um Vermelho e faz-lhe sinal. Este aproxima-se imediatamente curva-se muito respeitosamente, primeiro para ele e depois para os demais. Daniel faz-lhe um pedido e o monge sai correndo. Quando chegam ao prédio da administração, outro Vermelho aguarda por eles. Dan fala rapidamente com ele e sobe de volta para a sua sala, junto com o delegado e Jessy. Lá, um computador portátil aguarda na mesa. Na impressora, o mandato expedido. Pegam nos dois e descem de volta.
– Jessy, espera por mim. Voltarei em poucas horas.
– Sim, amor, cuida-te. – Abraça-o e dá-lhe um beijo amoroso.
– Vamos, delegado. Eu vou consigo e o Vermelho acompanha-nos no meu carro.
Após uma hora e meia, enquanto Daniel vai ensinando o delegado a usar o portátil, alcançam o prédio. Este fica na periferia do bairro, com moradores de classe média baixa. Já está anoitecendo. Discretamente, estacionam ali mesmo, pois a rua está deserta. Daniel entrega uma espada para o Vermelho e diz-lhe:
– Se um deles escapar, prende-o. Se não conseguires, mata-o. São ninjas assassinos.
O Dragão inclina a cabeça e pega a arma mortal, colocando-a a tiracolo.
– O que disse a ele, Daniel? – Este conta-lhe.
– Acha que isso pode acontecer?
– Não se eu estivesse sozinho, mas tenho de o proteger. Isso pode atrapalhar o meu desempenho. Foi esse o motivo de eu ter sido baleado quando me encontrou aquela noite.
Tirando um aparelho minusculo da bolsa que carrega, aproxima-se da porta. Este emite um bipe quase inaudível.
– Há um alarme na porta do prédio. Teremos de entrar por outro caminho. – Daniel olha para cima. – Veja, a sacada do quarto andar está com luz acesa e as portas abertas. Entraremos por lá.
– Daniel, são uns quinze metros até lá. Além disso, quem lhe garante que a sacada é o apartamento deles.
Enquanto o jovem solta a corda, colocando-a no chão e pegando uma das pontas diz:
– Simples, delegado. O prédio só tem um apartamento por andar. Verifiquei no interfone. – Amarra a corda na cintura e sorri, pois sabe que o delegado não vai acreditar. – Eu salto para lá e puxo o senhor com a corda.
– Você salta?! – Gira o dedo em volta da cabeça. – Ficou doido é?
– Exato, eu salto. – Dizendo isto, Daniel posiciona-se. – Afaste-se.
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