Livro 2 - O Despertar de Um Herói - Capítulo 7 - parte 1 (não revisado)

"A felicidade não se resume à ausência de problemas, mas sim na sua capacidade de lidar com eles."

Albert Einstein.


Passam-se quinze dias desde o acidente e Suzana está bastante aflita, pois Daniel encontra-se trancado no apartamento dele há muito tempo e sabe que lá não há alimentos. Várias pessoas já tentaram que atendesse a porta, mas o computador nega a entrada para todos. Como o imóvel é resistente até a um ataque de mísseis, nem tentam entrar pela cobertura ou janelas. Ela sente que a moral da equipe está em baixa, vendo o doutor Focault preocupado e de mau humor. Por incrível que pareça, doutor Chang está tranquilo, embora triste. Enquanto dá um passeio pelos jardins que separam a administração do hospital, passa na praça Chang, como todos agora a chamam. Lá, encontra Otello fazendo seu trabalho de jardinagem que tanto gosta. No lugar da lápide há uma estátua da Daniela em tamanho natural, feita pelo ex-cego escultor, conforme prometera. É muito bonita e a imagem apresenta um olhar sereno, tendo um livro na mão e parecendo ler para alguém. À volta, há incontáveis buquês de flores que são deixados diariamente pelas pessoas, principalmente do hospital.

– Dona Suzana – afirma o jardineiro, levantando – queria mesmo falar com a senhora.

– Algum problema? Os seus jardins estão tão bonitos!

– Obrigado, senhora. Não é propriamente um problema, é que Daniel está muito doente e você precisa de o ajudar ou ele morrerá.

– Como sabe disso? Ele nunca ficou doente na vida!

– Ele está doente do espírito, senhora, não do corpo.

– Tantos já tentaram chamá-lo, mas não responde. – Ela está exasperada, com a voz ligeiramente aguda. – Eu mesma já tentei dias seguidos. Mas quem lhe disse isso?

– Daniela disse, senhora, pois aparece para mim muitas vezes. Ela é um anjo, um anjo como eu sempre disse.

– É, só que já tentei de tudo para o tirar de lá e não sei o que fazer. – Responde Suzana, muito aflita.

– "Suzana, usa a tua intuição. O teu amor por ele pode salvá-lo e o destino dele está nas tuas mãos." – Daniela aparece novamente. – "Não podes deixar esta obra desmoronar. Tens de o fazer, irmã mais velha. Ele só ouvirá a ti e mais ninguém, pois ele tem um grande amor por ti, não do mesmo jeito que tu queres que seja, mas ele te ama tanto quanto a mim."

– Eu não disse que ela era um anjo? Eu disse! – Afirma Otello, satisfeito. – Ela não morreu.

– "Irmã, eu pedi para Otello te falar pois a situação está ficando crítica. Mesmo ele não vai suportar mais quinze dias sem se alimentar, pois perdeu a vontade de viver. Se fosse em outra ocasião resistiria vários meses, mas agora morrerá muito em breve e isso não pode acontecer. Confia em ti. Eu disse que te viria ajudar. Adeus por agora." – Daniela desaparece, deixando uma Suzana muito impressionada pois acaba de se lembrar da conversa que as duas tiveram um dia. Lentamente, vira-se para a esquerda e vai em direção ao prédio de apartamentos sem sequer se despedir do Otello. – "Então ela sempre soube do meu amor! Mas eu fui tão discreta!"

Chegando à frente do apartamento nem perde tempo com a campainha.

– Computador, abra a porta, imediatamente. Preciso de entrar.

– Solicitação recusada. Somente Daniel ou Daniela podem desbloquear a porta.

– Computador, Daniela está morta e Daniel está aí dentro, doente.

– As informações não procedem. Não há registro da morte da Daniela nem Daniel pode ficar doente. O organismo dele é totalmente imune às doenças.

– Computador, acesse o banco de dados da China Airlines e veja a lista de passageiros do voo 4353. Você confirmará que Daniela Chang estava no avião. Também achará a informação de que o avião caiu e não houve sobreviventes. Quanto ao Daniel, a doença dele não pode ser mensurada pois é da mente. Está trancado aí há quinze dias e um homem normal já estaria morto sem alimentação por tanto tempo. Mesmo ele, não sendo normal, já corre perigo. Analise os argumentos e abra a porta. Eu preciso de o salvar.

– Informações confirmadas. O seu argumento é válido. A porta está destrancada.

Ela entra e ordena ao computador:

– Tranque novamente a porta até que eu ou ele mandemos abrir.

– Confirmado.

– Obrigada.

Ela começa a andar pelo apartamento à procura e encontra-o no quarto, sentado em flor de lótus, parecendo uma estátua. Senta-se à sua frente e começa a falar suavemente.

– Daniel, meu querido, não sei o que te dizer. Nem sei como consegui convencer o computador a me abrir a porta. – Faz uma pausa e continua. – Daniel, tens de superar isso. Tens de voltar para nós. Nós precisamos de ti, a humanidade precisa de ti... Não, a verdade é que eu preciso muito de ti. Por favor, meu amor, volta para cá. Estamos todos tão preocupados!

Suavemente, ela toca-o em uma pequena carícia e um arrepio terrível corre-lhe pela espinha acima, pois ele está frio. Suspeitando que esteja morto, encosta o ouvido no seu peito e não escuta o coração. Chorando copiosamente, abraça-o e desabafa:

– Oh, meu amor, por que fizeste isso, por quê? Eu preciso tanto de ti, e agora, o que vou fazer? Volta pra mim, pelo amor de Deus, volta. Ai como eu te amo. Por quê, por quê? E os outros, como vão ficar? Não podias ter feito isso. Oh não...

A pobre Suzana chora sem parar, soluçando em convulsões, mantendo-o apertado contra si. Nesse momento sente uma carícia no cabelo e ouve um soluço. Afasta o rosto e vê Daniel começando a chorar. Ao vê-lo vivo, chora ainda mais, mas de alívio e alegria por ele estar com ela. Aproxima o rosto dele e beija-o sem parar.

– Estás aqui, vivo – diz beijando-o – que susto, meu amor.

O alívio de o ver vivo deita por terra todas as barreiras que criara para manter a distância necessária ao trabalho, principalmente sabendo que o amor não é recíproco. Apenas a amizade e o respeito. Inevitavelmente alguns desses beijos acabam na boca dele que, movido por uma emoção forte e descontrolada, corresponde. Em pouco tempo estão se beijando e acariciando sem parar.

― ☼ ―

A manhã vai alta quando Daniel acorda e descobre que está na cama, abraçado a alguém. Estranha isso, mas descobre que não se lembra de nada do que ocorreu, o que o deixa muito assustado. Para descobrir quem está aconchegada no seu ombro sem a acordar, percorre com a mão o seu corpo de forma delicada, ouvindo um suspiro de prazer. Reconhece imediatamente a Suzana e vira o rosto para ela, deparando-se com seus olhos, pois ela acorda nesse instante. Ela beija-o e Daniel, anda bastante desorientado cede e corresponde. Ao fim de um tempo, ele pergunta:

– O que foi isto, Su? O que foi que aconteceu? Não consigo me lembrar de nada!

– Nada. Apenas algo que nós precisávamos muito. – Afirma, um tanto receosa. – Não te preocupes que estou bem ciente da situação. E tu quase me mataste de susto ontem à noite.

– Olha, Suzana – ele rarissimamente a chama assim quando estão a sós, mas a sua voz permanece calma e suave – eu não sei o que aconteceu ontem. A última coisa que me lembro foi sair do parque porque estava-me sufocando e vir para cá meditar. Depois, acordei deitado ao teu lado, ambos sem uma única roupa, sendo que logicamente aconteceu algo bem quente entre nós ontem à noite e que se repetiu agora de manhã. Não nego que foi gratificante e agradável, mas para quem tem memória fotográfica, como eu, não se lembrar de algo é desesperador. Então, por que não me contas tudo desde que saí do parque?

– Dan, isso foi há quinze dias! – Diz ela. Daniel arregala os olhos. – Bem, ninguém deu pela tua saída e há quem diga que sumiste no ar, o que é um tremendo exagero. Quando notei que tinhas evaporado, fiquei muito assustada e pedi para o computador te localizar. Vim até aqui mas não atendias à porta. Chamei o Lee, que também está preocupado contigo, e teve exatamente o mesmo resultado que eu. Doutor Chang, Paulo, Cláudia, até o doutor Hans e o doutor Focault tentaram, mas em vão. Ficaste aqui trancado todo este tempo. – Vai contando sobre o diálogo com Otello e o aparecimento da Dani. – Ela sabia sobre mim. Tu também sabias?

– Desconfiava um pouco, mas ela sabia sim, desde a primeira vez que te viu. Teve um ataque de ciúmes na minha sala. – Um esgar de sorriso aparece no rosto dele.

Suzana continua contando a história toda, enquanto Daniel ouve em silêncio. Quando termina, Daniel afirma:

– Realmente, Suzi, salvaste-me da morte certa. Quando eu vim, entrei em meditação procurando algo que não sabia. Fui cada vez mais fundo dentro da minha mente e, provavelmente, não conseguiria voltar sozinho. Eu reduzi as minhas funções vitais ao minimo para me manter vivo. Por isso, parecia morto. Naquele estado poderia viver muitos dias, mas não indefinidamente, uns dois ou três meses, talvez. Passei por momentos horríveis, pois vivenciei o acidente e a perda dela desse jeito, acabou comigo. A ausência da comunicação mental, interrompida bruscamente com a morte da Dani, foi demais para mim. Já estou melhor agora, não inteiramente bem, mas não terei outro colapso... Isso leva-nos a outra situação: nós.

– Daniel, não penses mais nisso...

– Su, meu amor, eu acho que tu és uma das pessoas mais importantes para mim e daria a minha vida pela tua, se fosse necessário. Eu te amo do fundo do coração; porém, não é do jeito que tu queres, apesar da forte atração física. Mas não podemos negar o que aconteceu aqui.

– Eu sei disso, sempre soube. O que aconteceu foi uma coisa boa para ambos. Quem sabe não era esse o meu destino. – Ela sorri e beija-o, que não a evita pois ainda está sob efeito dos seus encantos. O contato é agradável, quase inebriante, e o que Daniel mais precisa é calor humano. – Vamos deixar esta parte assim mesmo. Além do mais essa história de dar a vida não me convence. Do jeito que tu és bondoso, darias a tua vida pela de qualquer um.

– Não de qualquer um – diz, sorrindo pela primeira vez – não de qualquer um.

– Que bom ver um sorriso nesse lindo rosto – afirma Suzi, abraçando-o e beijando-o novamente. Sorri de forma maliciosa, e emenda – bem que podemos fazer uma bela despedida. Foi tão bom!

Parte das palavras para as ações...

― ☼ ―

A sala de reuniões da presidência está cheia de gente apreensiva e silenciosa. Nenhum deles, os principais diretores setoriais, sabe o motivo da Suzana os ter chamado e ela nota os olhares deles, alguns incriminadores. Sori como que desculpando-se e pega um pouco de chá.

– Suzana – diz uma cientista – podemos saber o motivo desta reunião e o que esperamos?

– Aguardem mais uns minutos. – Pede a moça, que vê os ânimos ficando ligeiramente exaltados. – Não se preocupem...

– Aconteceu alguma coisa com Daniel? – Pergunta André.

– Não aconteceu nada, professor. – A voz tão familiar a todos soa nas suas costas. – Eu convoquei esta reunião, mas precisava comer algo antes. Por isso a demora. Desculpem-me.

Perante os olhos atônitos de todos, Daniel senta-se na cabeceira da mesa, com Suzana ao seu lado direito.

– Senhores – principia – como todos sabem, tivemos uma grande tragédia. Claro que os mais afetados foram o doutor Chang e eu, mas isso atingiu muita gente. Infelizmente, fiquei tão abalado que precisei desta ausência para me recompôr e peço que me perdoem por não ter avisado, mas estava literalmente em choque. A verdade é que ainda não estou em perfeitas condições, mas decidi repensar certas metas. Eu vou-me ausentar por mais uma semana e, quando voltar, irei proceder a pequenas mudanças aqui dentro. Não é nada com que se preocupar e ninguém será dispensado se é isso que imaginam. Na verdade, ainda não sei exatamente o que farei e, por isso, vou tirar estes dias. Espero que vocês entendam e passem para as vossas equipes que já estou bem e que não é necessário ficar de moral baixa. Era para eu estar naquele avião, ou o doutor Chang. E se eu tivesse morrido, vocês deixariam esta nossa obra grandiosa dissolver-se no nada, ou pior, no caos? – Murmúrios pela sala. – Não. Eu planejei tudo para o caso da minha morte. Suzana é uma das donas e continuaria administrando como sempre fez. Meus herdeiros são obrigados por testamento a continuarem este complexo gigantesco que é a Cybercomp. Nós estamos a preparar o caminho que irá melhorar a qualidade de vida da humanidade. Temos grandes trabalhos em andamento e que um dia trarão muitos frutos. Certa vez, uma pessoa disse-me que a humanidade precisa de mim. Não, a humanidade precisa de nós, de todos nós. Eu, meus amigos, preciso muito de vocês, pois somos a melhor equipe do mundo e eu não seria capaz de fazer esta obra sem vocês, então lembrem-se disso. Agora, se alguém tiver uma pergunta, pode fazê-la. – Daniel tem o dom da liderança e sabe fazer as pessoas sentirem-se importantes para ele, levantando a moral da equipe.

– Meu filho, tem alguma ideia do que pretende mudar? – Pergunta o sogro.

– Não, pai, mas quero ampliar a escala de ajuda às pessoas. Para isso, teremos de pensar em outras formas de agir. Acho que o trabalho do meu pai pode ser o caminho principal. É por isso que vou tirar umas férias.

– O senhor pretende dissolver o setor da engenharia biônica, chefe?

– Não, doutora Solange, nada será dissolvido, mas a biônica atualmente é quase artesanal. Também desejo pensar nesse assunto. Temos de descobrir como ampliar a ajuda às pessoas e conto com a vossa equipe para pensar nisso.

Ninguém tem mais perguntas, mas Daniel nota que estão muito aliviados com o seu retorno. Quando saem, ele pede para Suzana ficar.

– Su, quando o novo prédio vai ficar pronto? – Pergunta Daniel. O que aconteceu antes, conforme combinado, ficou apenas entre eles.

– Mês que vem já estará pronto. Mas as instalações subterrâneas de segurança máxima já estão operacionais, assim como a ampliação das esteiras rolantes.

– Ótimo. E o projeto da clinica de recuperação?

– Ainda está na fase inicial.

– Bem, vê se aceleras esse projeto. Agora vem cá que quero mostrar uma coisa. Computador, abra o cofre. – Uma porta secreta abre-se em um canto da sala, dando acesso ao cofre. A porta, que parece uma parede, é enorme e tem a grossura de quarenta centímetros de puro titânio, sendo totalmente inexpugnável. Ele tira um envelope. – Este, é o meu testamento. Aqui, tu, o mestre Lee, o doutor Chang e Daniela seriam os herdeiros da Cybercomp se eu morresse. Agora que ela se foi, são vocês os três. A minha fortuna pessoal estava destinada à Daniela. Depois, pensarei nisso. Mas o Paulo também é meu herdeiro, pois tenho-o como o irmão que nunca tive. Eu deixo para ele uma quantia em dinheiro bastante elevada. Isto, eu irei refazer tudo, mas enquanto não o fizer, vale este papel. Somente tu sabes disto e quero que continue assim. É apenas para que te lembres que esta obra tem que continuar, custe o que custar. Vocês são as pessoas em quem eu mais confio.

– Ora, Daniel, nem me fales nisso, dá-me um frio na barriga só de pensar que podias estar no avião.

– Mas eu estava, em espirito. Agora, deves ter uma ideia básica do que passei.

– Computador, feche o cofre. Obrigado. Su, no dia em que eu morrer, se isso acontecer, o computador saberá o que fazer.

– Isso não poderá acontecer. A verdade é que nós precisamos de ti. Eu sei administrar a empresa, mas tu sabes dirigi-la e os cientistas precisam de orientação. O que disseste é muito bonito para a moral da equipe, mas a humanidade precisa de ti. Dani sempre soube disso e disse-o para mim, sem falar que senti isso na carne quando estiveste "fora". Então, Daniel, não deixes a peteca cair. Por mim e pelos outros, até pela Daniela... ou a Jéssica.

– Escuta, tchê, quem diabos é essa Jéssica que já ouvi tantas vezes e parece que só eu não conheço?

– Dani e eu vinhamos saindo do meu apartamento uma vez quando te vimos ao longe. Ela disse que um dia a tua vida ia depender de mim, que te salvaria e também disse que nesta vida vocês não ficariam juntos, que outra pessoa viria e que o nome dela seria Jéssica. Por acaso, lembrei-me disso agora.

– Um dos últimos pensamentos que trocamos ela dizia que eu deveria cuidar da Jéssica e por mais de uma vez provocou-me em brincadeiras com esse nome. Bem, não adianta pensar nisso. Eu não vou morrer porque quero, Su, embora já o tenha desejado, mas temos de estar preparados para tudo. Temos uma empresa de quatro trilhões e ela não pode afundar só porque morri. Milhares de pessoas dependem de nós.

– Tens razão, Daniel. – Confirma, triste.

– Bem, minha querida, eu vou para casa. Vou falar com o mestre Lee, pegar uns papéis, dar uma palavra com Paulo e depois vou para a praia por uma semana. Até mais, te cuida.

Aproxima-se dela, dá-lhe um pequeno beijo nos lábios e sai. Ela fica parada na sala acompanhando-o com os olhos, enquanto pensa.

– "Como podes ter tanta força de vontade. E como eu te amo, Daniel." – Sente verdadeira adoração pelo superior, mas também uma grande dose de respeito e admiração. Com um suspiro, volta para a sua sala.

Antes de sair, Daniel passa no hospital para falar com o sogro, que será para sempre na cabeça dele, um pai. Encontra-o no seu gabinete, sozinho.

– Está ocupado, meu pai? – Pergunta.

– Entre, filho – diz o médico – estou satisfeito em vê-lo. Para si, jamais estou ocupado.

– Quero desculpar-me pelo que houve, mas foi um choque muito grande e não respondia por mim mesmo. Peço que me entenda.

– Ora, pelo amor de Deus. Não se deve desculpar. Eu entendo o que se passou pois vi o vosso elo. Entendo perfeitamente o choque que é a quebra repentina dele, ainda mais dessa forma trágica. Esqueçamos isso. Estou satisfeito que tenha melhorado e isso é o que realmente importa.

– O senhor sabe que ela tem aparecido para algumas pessoas?

– Sei sim, filho – responde o pai – ela já apareceu para nós. Disse que demorou para fazer isso pois deveríamos estar em condições de compreender. Também disse que quando chegar a sua vez, aparecerá, assim como é para não se esquecer de tudo o que lhe disse no avião.

– Eu jamais esqueço algo e isso, como vejo agora, pode vir a ser bem ruim. Bem, voltarei na segunda-feira.

– Cuide-se, meu filho, pois não me convenceu ao dizer que a humanidade não precisa de si e sim de nós.

– O senhor é o segundo a me dizer isso.

– É mesmo? – Sorri. – Quem foi a outra pessoa?

– Suzana.

– Eu devia ter imaginado. Ela tem uma mente brilhante, mas não se iguala a si.

– Sinceramente, acho que somos uma grande equipe e sou apenas uma parte pequena dela.

– Só que essa parte pequenina pode parar toda a equipe. Cuide-se. Quando voltar, acho que teremos o novo coração a trabalhar.

– Que bom ouvir isso. Adeus. Volto em uns dias. Diga para a mãe que tenho saudades e que a estimo muito.

– Adeus, filho – despede-se o sogro. Fica olhando para a porta depois que o rapaz sai, e pensa. – "Será que algum dia ele voltará a sorrir ou a sentir alegria? Um rapaz tão especial não pode ficar assim nesse estado."

– "Ele voltará, pai, e vai ser muito feliz com o que o destino lhe reservou." – Daniela está à frente dele, sorrindo. – "Em breve estará pronto para me ver, mas nem precisaria. Ele sabe o destino dele e apenas ainda não quer aceitar. Não se preocupe, pois estarei velando por vocês até chegar a hora de partir."

– Ai, minha filha, como sinto a tua falta!

– "Ora pai, estou aqui. Voltaremos a nos encontrar em outra vida. Já vivemos tantas vezes juntos! Agora eu preciso de ir. Adeus pai, amo vocês. Diga para a mãe não sofrer. Vamo-nos encontrar novamente."

– Adeus, minha filha querida, também te amo. – Apesar da dor, volta ao trabalho mais confortado.

― ☼ ―

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