Capítulo 9 - parte 9 (não revisado)
Jéssica levanta-se cedinho, ainda noite, e arruma-se, indo para a casa do Daniel e fazendo que mestre Lee ensinou. Alegres, os cães saúdam-na e ela entra na casa, subindo para o quarto do seu bem amado que ainda dorme. Com cuidado, deita-se ao seu lado e espera, adormecendo novamente e sonhando com ele os mesmos sonhos que costumava ter, sabendo instintivamente que não é só um sonho e sim uma ligação mental. Novamente, é acordada com um beijo nos lábios. Abre os olhos e sorri, radiante. Daniel diz:
– Parecias a bela adormecida. És tão linda! – Faz um carinho no seu rosto.
– Como te sentes, Dan?
– Já estou quase bem e sinto o meu corpo revitalizado. Sei que não devo fazer esforço por mais um dia, mas estou muito melhor e posso mover o braço sem dor. Só que, na escola, devo fingir pois ninguém acreditaria.
– Graças a Deus – Jéssica chora de alegria – estava com tanto medo que não ficasses bem. Tudo por minha culpa.
– Chiu. – Acaricia a moça. – Não foi tua culpa, eu escolhi isto. Estou bem agora, então esquece o assunto.
– Tá – beija-o ternamente – eu te amo, Daniel.
– Também te amo, Jessy, desde muito antes de te ver.
– Como assim?
– Depois mostro. Lembras a promessa para hoje? Temos uma festa para ir.
– Que festa é essa?
– Na hora saberás, mas é muito importante para mim.
– Está bem. – Ela encosta-se mais e beija-o novamente. Ficam mais uns minutos assim até que ele interrompe.
– Jessy, temos de ir para a escola. – Levanta-se e ela fica meio triste. Vendo a sua reação, sorri-lhe. – Tudo tem a sua hora, meu amor e ainda estou muito fraco. É como se o meu coração só trabalhasse pela metade. Temos a vida pela frente, amor.
Depois de tomarem um café, vão para a escola. Como no dia anterior, separam-se para não chamarem a atenção e as aulas correm normalmente. No intervalo encontram-se com Geovâni, mas este fica quieto. Paulo, Daniel, Cláudia, Bianca e Jéssica, encontram-se no bar da piscina e Cláudia acha muito engraçado o olhar que as suas amigas deitam para Daniel, cada qual mais apaixonada. Ele está um pouco diferente, mas ela não entende porquê. Aproveitando uma distração, Paulo pergunta se o encontro sábado está de pé e o amigo confirma.
Após as aulas, Daniel e Jéssica saem discretamente. Juntos, vão para um centro comercial e leva-a a um restaurante de comida oriental para almoçarem.
– Estes japoneses sabem fazer uma comida excelente. Que delícia!
– Eles não são japoneses, amor, são chineses.
– Como podes saber? – Estranha. – São todos iguais para mim!
– Bem, os japoneses são fisicamente diferentes dos chineses, embora não se note facilmente e o Japão nasceu como uma colonização mista entre coreanos e chineses. A língua japonesa é muito mais semelhante ao coreano que ao chinês. Os japoneses não gostam muito desta parte da história deles.
– Tu consegues perceber a diferença entre o chinês e o japonês?
– Não existe um "chinês". A China tem vários dialetos, todos eles semelhantes. Há muito tempo, um dialeto chamado mandarim tornou-se a língua oficial da China, mas há vários outros. Um dos mais falados chama-se cantonês. O mandarim, é como uma norma culta da língua. Traduzido, significa língua dos oficiais.
– Como podes saber tanto sobre isso?
– Eu vivi na China por muitos anos, meu amor, em Hong Kong.
Na hora de pagar a conta, o dono do restaurante oferece para a Jéssica um biscoito e fala uma torrente de palavras incompreensíveis. Ela fica tentada a usar a telepatia, mas acaba desistindo.
– Aceita que ele acabou de te fazer um grande elogio. – Diz o namorado que agradece ao proprietário em cantonês e sem que ela se dê conta.
– O que ele disse?
– Disse que tu és a pessoa mais bela que jamais viu na vida e deseja que o biscoito da sorte que te oferece traga muita alegria para ti.
Ela sorri para o dono do restaurante e pega o biscoito da sorte. Quando morde o mesmo, encontra no meio um papel enrolado, escrito em chinês. Mostra para Daniel, que lê, e cai na gargalhada.
– O que está escrito aí? – Pergunta em inglês. – Deves estar de sacanagem comigo.
– Não, minha linda. Está escrito: "A felicidade está ao teu lado, aproveita-a, pois o tempo não volta."
– Sabes ler isto?
– Sei sim, meu amor. Eu sei muitas coisas, mas terás de descobrir devagar.
Após o almoço, leva-a a uma loja de roupas para festas.
– Jessy, vais usar uma fantasia. Só espero que tenha passado as tuas medidas corretamente ao telefone quando fiz o pedido.
– Fantasia?
– Sim, o menino cisma que eu sou o super-homem e arrumei uma fantasia de super-homem para mim. Já que vais junto, encomendei uma da super-moça para ti.
Ela ri muito.
– Mas a super-moça não é a prima do super-homem? Eu não quero ser a tua prima.
– Ora, meu amor, isso são apenas detalhes e essa história tem uns cento e cinquenta anos.
– Pode até ter, mas ainda vive.
– Não importa. – Daniel encolhe os ombros. – O menino faz quatro anos.
Ela prova a fantasia que está ótima nas medidas, mas deixa o Daniel sem fôlego de tão perfeito que é o corpo. Pegam as roupas e vão para a casa dele.
– Deixei o presente do pequeno em casa. – Explica. Estaciona na garagem e chama-a, apontando a Ferrari onde há uma bicicleta do super-homem. – Vem. Está aqui neste carro. Vamos.
Trocam de roupa, pondo a fantasia, e entram no veículo. Daniel leva-a para o que já foi uma favela deprimente, mas agora é um lindo conjunto habitacional. Para na cancela.
– Boa tarde, senhor, que bom vê-lo de novo.
– Boa tarde, meu amigo. A festa é no salão?
– Sim. – Responde, abrindo a cancela.
Vão por uma rua toda florida até chegarem a um enorme salão junto a um parque com uma quadra de esportes. O lugar é muito bonito, bem cuidado. Saem do carro e, antes mesmo de entrarem, vem correndo um menino pequenino, muito bonito e de braços abertos.
– Super-homem, super-homem, você veio. – Atira-se ao colo do Daniel. – E trouxe a super-moça. Eu disse que ele é o super-homem – comenta com a Jéssica – mas ninguém acredita! Ele voou e me salvou do carro ruim.
– Can you take the bike, my love? (podes trazer a bicicleta, meu amor?) – Dan leva o pequeno ao colo. Atrás, Jessy traz a bicicleta.
Todas as crianças fazem uma gritaria enorme ao verem o super-homem com a super-moça.
– Olha o presente que eu te trouxe, meu pequeno.
– Uma bicicleta do super-homem, uau! Obrigado. – O pequeno beija Daniel e desce para brincar.
Dan e Jéssica aproximam-se da mãe da criança.
– Oi, Maria. O seu filho está lindo. Parabéns.
– Obrigada, Daniel. Ele está lindo graças a si, senão hoje estaríamos chorando e lembrando o seu nome. – Diz, abraçando Daniel.
– Ora, qualquer um faria o que fiz. Esta é Jéssica, minha namorada.
– Oi, Jéssica. Prazer em conhecê-la.
– O prazer é meu.
As crianças começam a cercar o casal de super-heróis e uma linda menina aproxima-se. Junto, vem um boxer de cerca de cinco meses. Ela puxa a saia da Jéssica, que se abaixa para a pegar no colo:
– Ele não é o super-homem. – Aponta Daniel. – Ele é o papai noel. Eu sei disso porque me deu Miguel. – Desce do colo da Jessy e corre para Daniel.
A festa vai bem e alegre quando caminhão de sorvetes encosta à frente do salão.
– Quem quer sorvete? – Grita o alto falante. – Sorvete de graça para todo o mundo.
A criançada corre para o caminhão, gritando.
– Vamos, Papai Noel – diz a menina que não sai do colo do Daniel – vamos tomar sorvete.
Onde a pequena vai, o cachorro segue atrás e Daniel põe a menina no chão. Ao ver a mãe da criança, dirige-se a ela.
– Olá. Vejo que a pequenina já superou o choque. Fico impressionado que me tenha reconhecido com duas fantasias tão diferentes.
– Ela está bem agora, graças a si. Aquele cão foi uma dádiva. Onde ela está, o bicho está junto, não a largando por um minuto. Eu não me canso de agradecer a Deus e a si, Daniel.
– Não precisa me agradecer. Ver aquele sorriso dela é tudo o que eu quero em troca.
– Nós não temos mais acidentes desde Dezembro. Nunca mais uma criança foi atropelada. A escola deles é maravilhosa e os professores são excelentes. Não precisamos de correr para o posto de saúde quando alguém adoece, ficando horas na fila sem sabermos se seremos atendidos graças ao posto médico aqui dentro. O nosso canto tornou-se um paraíso e nós devemos tudo isso a si, Daniel.
Em silêncio, Jéssica escuta aquilo, impressionada com o carinho que todos têm pelo seu gatinho. Ela começa a entender o que a Cláudia queria dizer com ele ser estimado por muitos embora não parecesse.
Quando as crianças se cansam do sorvete, Daniel encontra o motorista do caminhão. Discretamente, paga uma quantia para o homem. Este agradece e retira-se. A festa é alegre e as crianças adoram o casal. Ao anoitecer, vão-se embora. No carro, Jessy fica um bom tempo calada até que lhe pergunta:
– Amor, o que aconteceu aí antes? Por que todos te endeusam ali?
– É uma longa história mas, resumindo, aquilo era uma favela horrorosa, com barracos de papelão e madeira. Esta gente vivia numa grande miséria. – Daniel vai contando a história – Agora, sustento mais cinquenta escolas e postos de saúde em comunidades carentes da cidade. Computador: mostre as fotos do Conjunto Habitacional Renascer, antes da reconstrução.
Uma tela aciona-se no painel do carro e Jéssica vê o horror que era.
– E a menina do cachorro?
– Bem, essa história data do Natal. – Comenta. narrando.
– Caramba – afirma Jéssica, enxugando uma lágrima – que história mais triste.
– Mas teve um final feliz...
O telefone da garota toca e esta ouve a mãe, zangada porque não a avisou de nada. Pede desculpas, mas a mãe faz o maior discurso. Quando desliga, vira-se para Daniel:
– A minha mãe quer-te conhecer. Está chateada pois esqueci-me de a avisar.
– Ela está certa, princesa, vamos lá. Passamos antes em casa para trocar de roupa.
No caminho da Jéssica, Daniel põe uma faixa no braço, para disfarçar. Quando estacionam, a mãe aguarda na porta e Jéssica apresenta-os. Distraída, fala em inglês:
– Daniel, esta é a minha mãe: Natália. Mãe: o Daniel. Desculpa-me esquecer de avisar, mas fomos ver uma criança que estava de aniversário.
– Tudo bem, filha. Só quero saber com quem você anda. Boa tarde, Daniel.
– Boa tarde, dona Natália – cumprimenta Daniel, também em inglês e fazendo uma reverência à moda oriental – desculpe-me se causei transtornos. Não tive a intenção de perturbar a vossa harmonia.
– Podes falar português, Daniel. Minha mãe é brasileira.
– Não se preocupe, filho – afirma Natália, sorrindo – mas eu precisava de saber com quem a minha filha anda. Soube do acidente e agradeço por a ter salvo. Devo cumprimentá-lo, pois o seu inglês é impecável.
– Daria a minha vida por ela de bom grado, senhora – Daniel ignora o elogio que o incomoda ligeiramente – espero que não esteja aborrecida pelo transtorno. Saiba que quero muito bem à Jéssica e que ela está em boas mãos.
– Olhe, Daniel, sempre confiei na minha filha e sei que ela não é leviana. Eu queria conhecer o rapaz que a salvou e que a fez esquecer uma das nossas regras básicas que é avisar onde estamos, mas vejo que você é um bom rapaz. – Afirma. – Fico satisfeita em ver que está melhor.
– Obrigado, senhora. – Daniel inclina-se novamente. – Espero que não se importe que eu e Jéssica nos vejamos mais, pois estou muito apegado a ela.
– Onde raio você aprendeu a falar assim? – Natália estranha o comportamento incompatível com um adolescente. – Até parece um japonês!
– Na verdade, dona Natália, vivi na China desde bebê até aos meus treze anos. – Explica delicadamente. – Por isso tenho uma forte influência oriental. Isto incomoda-a, senhora?
– Não, rapaz, antes pelo contrário. Acho a sua educação maravilhosa.
– Obrigado, dona Natália. Se não se importa, preciso de ir pois ainda estou-me recuperando. Estou muito cansado e um pouco fraco.
– Vá, meu filho, gostei de o conhecer e espero que se recupere rápido. A propósito, o seu carro não era outro?
– Eu adoro carros, senhora, e tenho mais de um. Com sua licença. – Faz nova reverência para a mãe e retira-se acompanhado pela garota que vai até ao carro e beija-o ardentemente.
– Adeus, amor, vemo-nos no Paulo. Vai ser uma rica sacanagem.
– Então, mãe – pergunta Jéssica, quando estão a sós – que achaste dele?
– Além de ser um gato, minha filha, é gentil e educado. Você acertou na loteria!
– Mãe, amanhã não me esperes. Se der, vou ficar com ele.
– Está certa da sua escolha, meu amor?
– Mais do que nunca, mãe, ele é doce e cativante. Gosta de ajudar as pessoas e é bom como jamais eu vi alguém. Em outra época, talvez o chamassem de santo.
– Está bem, minha querida, essa decisão é sua, sempre foi. Espero que seja muito feliz e que tudo o que pensa seja verdade. Apenas acho que não seria uma má hora usar a sua telepatia para averiguar o que ele diz.
– Mãe, eu não consigo atravessar a barreria dele, mas não preciso disso para saber a verdade. Nós fomos a um aniversário de um menino que ele salvou de morrer atropelado. Quando isso aconteceu, o lugar era uma favela horrorosa e ele transformou aquilo tudo em um bairro jardim, parecendo um paraíso. E fez do próprio bolso! Vi como as pessoas daquele lugar o tratam e se alguém tentasse algum mal com Daniel, acho que era linchado ali mesmo.
– Mas que diabo, quanto dinheiro esse garoto tem para fazer essas obras?
– Não sei, mãe, mas pela minha avaliação do lugar, não gastou menos de duzentos milhões de dólares. Isto sem pedir nada em troca. Mãe, eu tomei a minha decisão e já o conheço há meses. Só não o conhecia fisicamente, mas ele é o homem da minha vida. Desde que me interessei por garotos, aos treze anos, nunca achei um que prestasse. Este é especial.
– Está bem, filha, tem a minha benção. Gostei dele, embora talvez seja um pouco difícil explicar para o seu pai. Mas tudo bem, deixe comigo.
― ☼ ―
Sábado de manhã, na hora marcada, Paulo e Cláudia encostam em frente à casa da Jessy, para levá-la ao churrasco.
Daniel acorda cedo, muito bem disposto, sentindo-se completamente regenerado. Vai ao seu escritório procurar a micro câmera que tem, pois quer fotografar a cara dos amigos e, como ainda é muito cedo, vai ver os e-mails. Suzi não o quis incomodar ligando e deixou várias mensagens, uma delas com respeito a João Martins, que irá lá na terça-feira às duas horas. Responde que estará presente, mas que ela conduza a entrevista inicial. Às nove e quarenta e cinco sai de casa. Ao entrar na garagem, num impulso pega a Lamborghini. Chegando à casa do Paulo, Cláudia abre a porta e ele estaciona dentro. Sai do carro e vê o amigo atarefado, limpando as carnes. Este, com uma tábua e uma faca nas mãos, acena para Dan. Cláudia vem ao seu lado e, não muito afastada, está Jessy. Daniel caminha em direção a ela e diz:
– Oi irmãozinho, oi amor – abraça Jéssica, beijando-a com ardor. Com o canto do olho e a micro câmera vai fotografando tudo, muito divertido. Para variar, Paulo com a boca escancarada deixa cair a tábua. Cláudia também está abismada, mas recupera-se rápido, sorrindo muito.
– Ma... ma... será que eu perdi alguma coisa!?
Daniel não aguenta mais e cai na gargalhada, mas sem largar a namorada.
– Isto é para aprenderem a não usar os meus truques contra mim mesmo. – Ele está divertidíssimo.
– Ma... ma... ma... mas como!? – Pergunta Paulo, ainda sem entender nada.
– Como tu disseste na escola, meu amigo, as coisas arranjavam-se. Pois é, o acidente trouxe revelações para ambos os lados.
– Bem, Daniel – Cláudia está risonha – fico muito contente por vossa causa.
– Vejo que fizeste as pazes com a Lamborghini. Isso é bom.
– É sim, meu amigo. – Aproxima-se da cadela que está deitada aos pés do Paulo. Então esta é a filha da Anita! Está grande e bonita. Como a chamaram?
– Francisca.
Enquanto Daniel fala com Paulo e afaga a cachorra, Jessy pergunta para a amiga:
– Que história é essa de fazer as pazes?
– Desde que a Dani morreu – explica, falando baixo – ele nunca mais usou aquele carro. Adora-o do fundo do coração, mas trazia lembranças. Então comprou a Ferrari e nunca mais saiu com ele. É sinal que agora está realmente bem, graças a ti.
– Puxa, que bom!
– Pronto – informa Paulo – está tudo arrumado. Vamos jogar uma partida de polo? A água está bem boa.
– Onde posso trocar-me? – Pergunta Jéssica.
Cláudia indica um banheiro e, quando ela sai de biquíni, Daniel e Paulo até suspiram, pois tem proporções magníficas.
– Escuta, tchê – diz este último no ouvido do amigo – não podes arrumar uma garota mais normal não? Sabes, do tipo que não nos tire o fôlego?
Daniel dá uma risada e vai-se trocar. Depois, vão para a piscina.
– Já te curaste totalmente, amor – Jéssica, acaricia e beija o seu ombro – que bom. Nem cicatriz ficou!
Divertem-se muito com o jogo e, depois de jogarem, Daniel e Jessy ficam juntinhos, quietos. O outro casal aproveita para fazer o mesmo até que saem da água pouco antes do meio dia. Paulo começa a fazer o fogo e Daniel pede:
– Paulinho, traz aí um computador que quero ver as fotos que fiz. – O amigo pega o portátil e Dan transfere as imagens.
Quando Cláudia vê do que se tratam as fotos, farta-se de rir e Paulo, no inicio, não acha muita graça por ser ele o alvo das imagens, mas acaba admitindo que ficaram muito engraçadas.
Depois de comerem, ficam sentados à sombra simplesmente conversando. Em silêncio, Jéssica pensa no que está acontecendo. Aquela manhã foi algo encantado para si, quase mágico e ela adorou o churrasco. Sente-se demasiado feliz com tudo, pois jamais teve algo similar em Boston, achando os brasileiros muito mais amigáveis. Outra coisa que a agrada é ver seu Daniel curado, já que não se esquece da decisão que tomou. Os seus olhos não saem do namorado e, quando ele vira o rosto, encontram-se. Sorri docemente e manda-lhe um beijo.
Mais tarde, vão passear no parque que fica à beira do Guaíba. Conversam sobre coisas triviais e Daniel vai com Jessy tomar um sorvete, logo seguidos do outro casal. Cláudia, olhando para as margens do rio em um dia tão belo, pergunta:
– Quando houver um feriado grande, podíamos ir passar na tua casa da praia, Daniel. O que achas?
– Acho uma ideia maravilhosa. – Daniel está distraído. – Quando teremos um feriadão?
– Daqui a duas semanas, eu acho – responde Paulo.
– Então está combinado.
– Onde fica a tua casa? – Pergunta Jessy.
– No Pará, norte do país.
– Mas como vamos para lá?
– No meu avião. Não te preocupes que isso é simples. Bem, é necessário falar com os vossos pais, pois vamos estar a milhares de quilômetros daqui.
– Deve ser bom não ter que pedir nada para os pais – comenta Cláudia – embora a minha mãe não seja muito controladora.
– O que eu não dava para ter os meus pais aqui. Pedir autorização é só uma mera formalidade. – Daniel fica meio triste ao pensar neles e Jéssica abraça-o, sentindo a sua dor.
– Nós sabemos, amor. Infelizmente, o passado não pode ser mudado.
– Desculpa, Daniel – Cláudia fica aflita – o meu comentário foi infeliz. Apenas queria dizer que deve ser bom sermos donos do nosso nariz.
– Claro, Claudinha, eu entendi. É apenas uma lembrança triste. Esqueçamos isso.
Continuam a passear juntos até que fica tarde e voltam para a casa do Paulo.
– O que fazemos agora? – Questiona Daniel. – Querem jantar fora!
– Hoje não, Dan – diz Cláudia, que vê o sinal da Jéssica – vamos ficar em casa, pois tô meio cansada.
– Está bem – afirma Daniel, aliviado, porém sem demonstrar nada no rosto – então nós vamos indo. Até segunda.
Quando se despedem e saem, Paulo pergunta para a namorada:
– Desde quando um joguinho desses te deixa cansada?
– Tonto, não viste o sinal da Jéssica? – Cláudia ri. – Ela quer ficar a sós com ele. Não te esqueças que foi o primeiro dia em que estão juntos sem ele estar ferido. Antes, mal se aguentava em pé e ela quer ficar com ele!
– Tens razão, amor. Ainda bem que és mais esperta que eu.
– Ainda bem, mas tem um detalhe, como não gosto de mentir, vais quer que me dar uma canseira. Assim terá sido verdade. – Diz ela abraçando o namorado e rindo.
– Safada. Vamos nessa.
― ☼ ―
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