Capítulo 8 - parte 4 (não revisado)

Esta observa os contrastes. A maior parte deles usa quimonos brancos ou azuis, exceto um que outro que usa quimonos pretos que não são de amarrar com faixa. Paulo veste um quimono preto de Kung-fu. Daniel e o senhor Lee, vestem quimonos completamente diferentes. São calças pretas e o casaco branco, parecendo de seda. Nas costas deles, há um Dragão e no peito ao lado esquerdo, um Tigre. A única diferença é que no mestre Lee os animais são vermelhos e no Daniel, dourados. Ambos usam faixas de seda, mais largas que as convencionais, novamente dourada para Daniel e vermelha para Lee. Cláudia acha-os de uma beleza singular. Sente uma presença ao seu lado e vê Suzana sentando-se.

– Olá – comenta sorrindo para Cláudia – ainda bem que o meu pai está bem pois eu não queria perder isto por nada. Eles não sabem o que vai acontecer.

Quando o professor chega, a aula começa e este demonstra ser realmente violento, só ensinando coisas agressivas, algo completamente inútil para os seguranças cujo comportamento deve ser exatamente o oposto. Daniel levanta-se da arquibancada e diz, descendo para o tatame:

– Já chega. – Aproxima-se do instrutor. – Pare, o senhor faz tudo errado. Essa agressividade toda serve para quê?

– Escute, garoto, não se meta nisto. Estou treinando homens.

– Com toda esta violência? – Responde. – Isso não me serve. O senhor está dispensado. Passe amanhã no departamento pessoal para receber sua indenização.

– Quem você pensa que é?

– Eu não penso, eu sou o seu patrão e acabei de dizer que está dispensado. Faça o favor de se retirar.

Cláudia vê o instrutor olhar para Daniel e, desafiador, avançar. Mestre Lee fica de prontidão, mas Daniel aproxima-se do homem e diz, com muita calma, porém irradiando uma força tão grande que surpreende todos.

– Escute, meu caro. Não estou acostumado a que me contrariem. Você está demitido. – Levanta a mão para o lado e, com o dedo, aponta a saída. – Saia. Vá para o vestiário trocar-se e desapareça da minha frente. Entendeu?

Algo de estranho acontece com o instrutor. Ele simplesmente perde a compostura e retira-se.

– Ele é Branco! – Mestre Lee pensa alto. – Só um Branco faz isso!

Daniel caminha até ao centro do tatame e ajoelha-se, fazendo um sinal para Lee que se levanta vai para um dos cantos, ajoelhando-se à espera. De frente para a turma, observa-os, cerca de quarenta pessoas e dez são mulheres.

– Senhores, hoje eu irei iniciar a aula.

– Ah, chefe, qual é... você nem mata uma mosca. – Diz um, rindo... gargalhada geral. Daniel dá um sorriso e sente-se no lugar do professor André, naquele dia em que ficara com Dani. A diferença é que aqui as brincadeiras são na amizade e, na escola, o professor queria o fígado dele.

– Muito bem. Artes marciais, sejam quais forem, não foram feitas com intenção de ferir. O objetivo de uma arte marcial é proteger a vida. Esta é sagrada, deve ser preservada. O que vinham ensinando para vocês está completamente errado.

– Para começar – continua – quem já sabe bem algum tipo de arte marcial, dirija-se para a direita, os demais, para a esquerda.

Dos quarenta alunos, dezesseis não sabem.

– Perfeito, vocês sentem-se aí no canto e abram espaço. Ótimo. São vinte e quatro e eu sou um só. Quem se anima a me derrotar?

Resmungos e risadas, mas ninguém avança.

– Muito bem, vou dar um incentivo. Quem me derrubar receberá uma gratificação de cem mil créditos. – Como mágica, todos exceto quatro, avançam sobre Daniel. Paulo, os dois seguranças do hospital e um chinês recuam e sentam-se no fundo do tatame, junto com os que não sabem lutar.

A disputa dura exatos dez segundos, pois Daniel move-se com tanta agilidade que ninguém toca nele. Quando pensam que já o têm atingido, ele está em outro lugar. Com cuidado para não ferir ninguém, derruba um por um, deixando-os apenas atordoados. Certa altura, dá um salto tão grande que parece que voa por cima deles. Quando para, estão todos no chão.

– Minha nossa – exclama Suzi – que espetáculo. Nunca imaginei que ele fosse tão bom!

– E tu não o viste nada – avisa Cláudia – espera ele fazer isso sem camisa... que corpo, é de arrepiar. Dani tinha tirado a sorte grande.

– Acho que ambos tinham – comenta Suzana com um suspiro profundo – gostavam-se demais.

– E tu também gostas dele, não é.

– Nem imaginas o quanto o amo, Cláudia, mas isso tem de ficar entre nós.

Quando estão todos os lutadores recompostos, Daniel olha para os quatro que não lutaram contra ele e questiona.

– Vocês os três eu sei porque não tentaram, mas você – aponta para o chinês, sorrindo – não gostaria de ganhar os cem mil?

– Ah sim, adolalia.

– Então por que não tentou? – Pergunta em cantonês, pois vê que fala pouco português.

– Os Dragões Vermelhos – responde, apontando para o mestre Lee e fazendo uma reverência profunda – são os guerreiros Shaolin mais temidos da China, mas nem mesmo um exército de Dragões Vermelhos pode derrotar um Dragão Dourado, que é tão raro quanto os dedos de uma mão. Quem sou eu para tentar enfrentá-lo?

– Então você sabe Wushu – Constata Dan – até que ponto? Pode demonstrar? Não o ferirei.

– Como quiser, mestre. – Diz o homem levantando-se e cumprimentando-o à moda dos lutadores de Kung-fu, que consiste em levar uma mão com o punho fechado à altura do peito e, com a outra mão espalmada, junta ao punho, empurrando ambas as mãos para a frente, enquanto se inclina ligeiramente, jamais tirando os olhos do adversário.

Daniel retribui e o homem ataca. Ele é muito rápido e bom, embora não seja pário para o jovem, nem sequer o tocando. Após uns minutos, Daniel diz:

– Já chega. Você é muito bom, irmão, e nem precisa de treinamento.

– Mestre, se é para aprender com um Grande Dragão, rogo-lhe do fundo do coração que me deixe ficar. – Pede o homem, sorrindo.

– O que eles falaram? – Cláudia, pergunta e Suzi traduz.

– Caramba, o Daniel é realmente um grande lutador.

– Talvez o grau mais alto, pelo que entendi. – Diz Suzana.

– Não. Uma vez ele disse que os Dragões Brancos são ainda mais altos.

– Muito bem – continua Daniel – quem vos vai ensinar, a meu pedido especial, é mestre Lee. Com ele, eu aprendi tudo o que sei e espero que vocês estejam à altura, pois ele irá eliminar todos os que não se dedicarem. Eu quero apenas a nata dos seguranças nesta turma. Estamos entendidos?

– Sim, chefe. – Dizem em uníssono e desta vez não há piadas.

– Ok, agora eu e mestre Lee, vamos demonstrar o que vocês podem aprender com muita força e dedicação, mas sem qualquer espécie de violência. Mestre? – Faz um sinal para o centro – Eu vou nivelar em Vermelho para termos equilibrio.

Daniel começa a tirar o quimono, assim como o mestre Lee. Desta vez é um duelo de gigantes e, provavelmente, roupas tão delicadas seriam destruídas.

Mestre Lee tem bem vinte centímetros a mais que o Dan e apresenta uma musculatura impressionante. Suzana olha com paixão o corpo atlético do Daniel, alto de tronco em V e com músculos bem definidos. Quando estão frente a frente, ele começa a se preparar para enfrentar o mestre, retesando os músculos do corpo e parecendo que cresce a olhos vistos. Cada músculo fica contraído, moldado-lhe o corpo de uma forma impressionante.

– Ai, meu Deus – afirma Suzana, sem fôlego – que corpo, minha nossa. Chega a dar calor!

– Eu bem que te avisei – comenta Cláudia, rindo. – Bem-vinda ao fã clube.

Mestre Lee ataca tão repentinamente, que todos pensam que vai matar Daniel. Um milimetro antes do golpe acertar, o jovem desvia, mas não sem antes levar uma pancada fenomenal com a outra mão que o faz recuar um passo de arrasto e, imediatamente, fica a marca do punho. Daniel sorri para o mestre, que ataca novamente em vão. Dan salta por cima dele e dá-lhe uma pancada nas costas, mas sem efeito pois o mestre já se tinha abaixado, levantando a perna para dar um chute no rosto do adversário. Suzana está assustada, achando que Daniel corre perigo. Este bloqueia facilmente o golpe do mestre e ataca por sua vez, acertando-lhe um soco sem usar muita força, mas fazendo Lee recuar um passo. Afastados, sorriem um para o outro.

Continuam por alguns minutos. Golpe, contragolpe e desvios. Movimentos das mãos e pés tão rápidos que só olhos bem treinados podem acompanhar, oferecendo um verdadeiro show. Quando param e cumprimentam-se, os alunos aplaudem, extasiados.

– Mestre, quanto tempo precisamos para ficar assim?

– Uns vinte anos, treinado todos os dias – responde Lee – mas para ser um Grande Dragão é preciso muito mais. Precisa de ter o dom.

– Mas o chefe nem tem vinte anos!

– Daniel começou a aprender aos oito meses de idade e ele é um Dragão Dourado, pois o destino assim o quer. Não pode ser vencido nem por cem Dragões Vermelhos em conjunto. Nasceu com o dom.

– Senhores. – Diz Daniel. – Agora, eu vou deixar vocês com o mestre Lee. Sou o que sou graças a ele, então aproveitem.

Põe o quimono e sai, aplaudido pelos alunos. Quando vê Suzana, pergunta-lhe:

– Su, como está o teu pai?

– Ele está bem. Mas que show, hein?

– Gostaste? Eu adoro artes marciais. Quem sabe agora a turma não fica mais animada para aprender. Cláudia, queres ficar aqui ou vens conosco?

– Vou esperar Paulinho.

– Ok, eu vou acompanhar a Suzi ao hospital e espero vocês no meu apartamento.

Saem juntos com a Cláudia acompanhando ambos com o olhar. Inconscientemente, dão-se as mãos e caminham conversando sobre coisas triviais, quando ele se dá conta que deixou as roupas no vestiário.

– Su, estava tão distraído que nem me troquei. Vais indo ou esperas por mim?

– Fico contigo e espero.

Voltam e ele entra no vestiário, enquanto Suzana senta-se novamente ao lado da Cláudia. Daniel começa a demorar mais do que o devido e Suzana estranha, quando se ouve um tiro seguido de um barulho infernal.

― ☼ ―

Daniel entra tranquilamente e abre o armário onde deixou as roupas, começando a vestir as calças. Mal termina, ouve nas suas costas uma arma sendo engatilhada. Vira-se devagar e vê o instrutor, de aspecto rude e agressivo.

– Tu me fizeste perder este trabalho, tchê. Agora vou fazer-te pagar por isso.

– Já disse que serás indenizado e aqui não são permitidas armas de fogo. Vamos lá. Vais te queimar por tão pouco?

– Eu sou da polícia. Safo-me numa boa, seu babacão.

– Não se matares alguém tão importante quanto eu.

– Cala a boca e vira de costas.

Daniel vira-se mantendo-se alerta, pois consegue ouvir os batimentos cardíacos do homem. Assim, se este alterar o ritmo é sinal de que vai atirar. Num milésimo de segundo, gira e ergue o pé com uma violência muito grande, chutando a arma da mão do policial.

Infelizmente, esta dispara e pega-lhe no braço esquerdo. Bastante zangado, Daniel aplica-lhe uma sova tremenda, gerando um barulho dos infernos, pois o policial é atirado sem dó nem piedade contra os armários, que são metálicos. Quando acha que é o suficiente, agarra-o pelo pescoço e ergue-o no ar, saindo porta fora, chacoalhando o homem e aparecendo na frente de todos os que estão no ginásio, que param estupefactos ao verem o seu patrão de tronco nu, com o braço esquerdo sangrando bastante e segurando o ex-instrutor com a outra mão, sacudindo-o como se fosse trapo. Daniel, irritado com o agressor, atira-o ao chão, a cerca de quatro metros. Este levanta-se com dificuldade, arrastando-se para trás. Muito rapidamente, saca outra arma das costas e levanta-se. Suzana dá um grito e Daniel reage instantaneamente. Usa a mesma forma de ataque do tigre que usou na escola, mas sem sair do lugar. A energia é tão descomunal que o policial é projetado a mais de quinze metros de distância, completamente rebentado. Quando todos correm para o mesmo, ele grita.

– Não toquem nele que está cheio de fraturas e pode morrer. Chamem socorro.

– Filho – mestre Lee usa mandarim – há quanto tempo sabe fazer isso?

– Desde os dez anos, mas nunca contei pois é muito perigoso. Nem sei como não o matei. Provavelmente, é porque estou ferido.

– É melhor ir ao hospital ver isso. Deixe que eu cuido de tudo aqui, pequeno Dragão.

Daniel pega a esteira rolante e Suzana, aflita, corre atrás dele.

– Espera. Deixa-me acompanhar-te. Oh meu Deus, está sangrando muito. – Diz, com os olhos úmidos.

– Tá tudo bem, gatinha. Amanhã já estará curado. Só preciso de tirar a bala. A merda é que eu não queria ter de machucar alguém. Que sujeito idiota, só porque foi dispensado.

– Puxa vida, Daniel. Mandei avaliar todo o mundo e nem pensei no instrutor. Perdoa-me, a culpa foi minha.

Ele abraça-a carinhosamente.

– Calma, gatinha, quem ia adivinhar que um policial fosse tão bandido.

Chegam ao hospital e Daniel segue para a enfermagem onde é tratado rapidamente. A seguir, Suzana informa-o que já providenciou a prisão do meliante. Ele agradece-lhe por tudo, dá-lhe um pequeno beijo nos lábios, indo para o apartamento esperar o casal.

Quando Paulo e Cláudia chegam, voltam para a cidade. Daniel está muito calado, pois detesta qualquer forma de violência e ele ficou irritado, o que foi um erro. Paulo é o primeiro a quebrar o silêncio:

– Foi chato isso, irmãozinho, mas deixa para lá. Não podias evitar.

– Eu sei, mas sinto-me mal sempre que machuco alguém, até mesmo com razão. Especialmente com aquele golpe tão terrível. Só que não havia tempo de reagir de outro jeito.

– Cara, eu adorei a aula. O mestre Lee é sensacional.

– Ele é sim, mas é muito exigente. – Daniel não está para muitas palavras e fica calado.

Em casa, depois de deixar os amigos, senta-se a meditar. Como sempre, sente falta da Daniela. Libera a mente para não pensar em nada e, novamente, sente um contato. É a mesma pessoa da outra vez. Assustado, volta a bloquear a mente.

Durante a semana que se passa, Daniel substitui Suzana, não tendo muito tempo para projetos pessoais, embora estude com afinco. Ela vem vê-lo de vez em quando, de modo a ajudá-lo em alguma coisa, mas a verdade é que se trata de uma desculpa para ficar perto dele. O pai está muito bem e já pode levar uma vida normal. Este, na sexta-feira, volta para a sua casa, feliz da vida. Faz questão de se despedir do Daniel para agradecer por tudo, pois sabe muito bem que a empresa gastou uma fortuna enorme com ele. Quando anoitece, Dan pega o seu carro e vai para casa. Toma um banho reconfortante e põe um quimono de seda, roupa que ele usa normalmente quando está em casa. Mal termina de se vestir, toca a campainha, aparecendo Suzana, toda sorridente.

– Ele está muito bem e louco para voltar ao trabalho. – Dá-lhe um abraço bem apertado. – Vim te chamar para jantar. Queres?

– Quero jantar contigo sim, mas já encomendei uma pizza. Quem sabe, jantamos aqui mesmo.

– Pode ser, eu gosto tanto desta casa. – Susi olha em volta da sala, sentindo um aconchego especial no coração. – É como se eu já tivesse vivido aqui antes.

– Vai ver, eras a reencarnação da minha bisavó – diz ele, rindo pela primeira vez em semanas. Pega na sua mão – vem, estava mesmo precisando de companhia e a tua é a melhor que existe. Queres passar o fim de semana comigo?

– Claro que quero, mas não tenho roupa para isso.

– Depois do jantar, saímos até ao shopping, que é mais perto.

– Combinado. – Diz ela, abraçando-o. A campainha toca de novo, mas é apenas a pizza.

Daniel vai à adega e abre um vinho tinto pois sabe que ela gosta muito. Ele até aprecia um vinho; mas, em geral, nunca bebe.

― ☼ ―

Paulo e Cláudia saem para passear juntos no carro novo, com ele felicíssimo. O sábado é lindo, com sol e o calor de Dezembro que não está tão forte naquele dia. Vão rodando ao acaso e, a meio da manhã, param para um refrigerante. Paulo liga para o amigo:

– Ei irmãozinho, fazendo o quê?

– Fala, guri, curtindo uma piscina. Venham para cá. Podemos assar uma carne depois. O dia está bom demais.

– Certo. Eu passo no açougue e compro a carne. – Desligando, diz para Cláudia. – Parece melhor, quase alegre. Vamos para lá pois deve estar meio solitário.

– Vamos sim, eu gosto tanto dele – comenta – e pensar que eu achava que ele era meio babaca.

– Ele é muito bom amigo.

Entram no carro, passam em casa para pegar os trajes de banho, compram as carnes e vão para o Daniel. O computador abre-lhe o portão e estacionam na área de visitantes, indo para a piscina, caminhando de mãos dadas. Os cães acompanham-nos na tradicional algazarra que fazem quando veem o casal. Ao darem a volta à casa, para chegar ao salão, vão ouvindo uma música suave e barulho de água. Repentinamente, Paulo estaca, completamente espantado com o que vê. Dentro da piscina, jogando bola, estão Daniel e Suzana, ela cheia de alegria tentando pegá-la dele. Ele dificulta-lhe a tarefa, quando ela atira-se a ele e lasca-lhe um beijo de arrepiar. Distraído, deixa-se envolver e ela, com uma risada, rouba-lhe a bola e afasta-se. É quando veem o casal que chega e Daniel ri um pouco ao ver a cara do amigo de boca aberta com Cláudia ao lado dele de mãos dadas e os cinco cães sentados em semi circulo, envolvendo os dois.

– Ei Paulo, fecha a boca que ainda engoles uma mosca. Vamos, troquem logo de roupa que faltam dois para jogar.

– O... oi, gente – diz Paulo recuperando-se – vamos lá, amor. Vamos cair na água que o calor tá pegando.

Vão ambos ao banheiro e trocam-se, voltando em seguida. A Cláudia entra com um mergulho de dar inveja, pois é uma excelente nadadora. Os quatro passam o resto da manhã divertindo-se a jogar polo. Suzana está radiante, parecendo uma criança, jogando e divertindo-se com eles. Após, deitam-se nas cadeiras, ao sol. Paulo, que nunca se separa da sua máquina fotográfica, começa a tirar algumas fotos. Quando Suzi chega para levar ao Daniel um refrigerante e dá-lhe um beijo, ele tira uma foto do par.

– Paulo – pede o amigo – vê lá onde pões essas fotos. Nós não queremos chamar a atenção de ninguém, especialmente na empresa.

– Ei, irmãozinho – responde este – fica calmo.

– Tira mais que eu quero. – Pede Suzana, sorridente e abraçando Daniel. Ela é de uma beleza incrível, o que agrada ao Paulo, que tira várias fotos de todos eles.

– Gente – Daniel levanta-se – vamos começar a fazer essa carne?

– Vamos – Paulo também se levanta, rindo – eu vou-te ajudar senão sai um desastre. Nem parece Gaúcho esse cara! Tá certo que é um Gaúcho de Hong Kong, mas devia saber assar uma carne. Garotas, fiquem aí, não precisam de se incomodar.

Os dois amigos começam a preparar tudo. Paulo, que realmente tem mais experiência com as carnes, prepara-as enquanto Daniel ajeita a churrasqueira e prepara o fogo. As duas garotas, que se estão dando muito bem, ficam na máquina fotográfica olhando as fotos na tela e rindo.

– Daí, meu irmãozinho – diz Paulo, quando estão só os dois na pia – não queres explicar isso não?

– Na verdade não, mas é porque nem eu sei explicar, cara. É a terceira vez que rola e nós meio que fizemos uma combinação. Estamos ambos sós e sempre gostamos um do outro. Que mal tem isso?

– Nenhum, mas um de vocês vai cair do cavalo e eu acho que será ela.

– Eu sei, já lhe disse isso, mas ela prefere arriscar. Eu devo-lhe a vida, além do mais sinto-me bem com ela. Talvez seja um erro, mas eu realmente não tenho condições psicológicas para avaliar isso agora.

– Tá bem, agora uma coisa tu tinhas razão lá no carro naquele dia: ela é boa como um raio.

– Em todos os sentidos, meu amigo – responde com um sorriso franco – em todos os sentidos. Acho que em outra vida já vivemos juntos.

― ☼ ―

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