Capítulo 12 - parte 5 (não revisado)
– Isto tem cara de um campo semi militar – afirma Daniel, após observar um pouco – talvez de mercenários. Deve haver centenas de pessoas aqui.
– "Você está certo, rapaz" – diz uma voz em um alto falante, falando um português simplesmente horroroso, mas compreensível para eles. – "Aguardem que serão levados para a minha sala."
A porta abre-se e entram dois homens. Enquanto isso, Daniel esclarece, em mandarim:
– Jessy informou que há quinhentos homens aqui dentro, todos mercenários, Deles, trezentos são ninjas renegados, tais como os que prendi. A festa promete. Mestre Lee, quando as coisas começarem, o senhor gruda na Su e, haja o que houver, deverá protegê-la. Eu dou cabo dos demônios da escuridão. Dificilmente serão páreo para mim, embora sejam uma força de combate apreciável.
– Calem-se. – Diz o guarda, dando uma pancada nas costas do Daniel.
– "Jessy. Manda o Fonseca invadir os sistemas daqui. Na certa estão na mesma rede. Procura a administração."
Chegam a uma porta, e os três são empurrados para dentro, sentando-os nas cadeiras em frente a uma secretária. Veem que a sala é bastante luxuosa. De fronte à mesa um homem de meia idade, ligeiramente obeso, olha para eles, sentado. Este, tem um olhar cruel, acentuado por lábios finos e muito cerrados. Olha para a Suzana com interesse e avidez.
– "Jessy. Na frente do nosso captor há um computador. Acessem-no e usem a câmera dele para gravar tudo. Diz para o Fonseca 'hackear' a central de segurança e mandar uma pseudo imagem. Manda-o também, apagar dos registros toda a nossa presença, aqui e lá na Megadrug."
– Então, vocês são os representantes da Cybercomp. Que os brasileiros são meio burros eu sei que são, mas jamais imaginei, senhor presidente, que um chinês também fosse tão idiota em vir aqui. Devo dizer senhorita, que você é muito mais interessante pessoalmente, mas temos tempo para isso, já que daqui vocês não sairão.
– Por que está tão certo disso? – Pergunta Daniel. – Acho melhor o senhor falar inglês, pois o seu português é simplesmente horroroso e de difícil compreensão.
– O que você quer aqui, rapazinho? – O homem olha para o Dan, sem saber ao certo como avaliá-lo. – Devia estar na escola. Pelo menos, o seu inglês é excelente.
– No meu tempo livre, vou para a escola, mas eu precisava de saber como é a cara do filho da puta que assassinou os meus pais.
– E quem são os seus pais? Mandei matar tanta gente que não vai querer que me lembre de todos, não é?
– O meu pai chamava-se Daniel Gregório Moreira. Era geneticista, o melhor do planeta, e pesquisava uma forma de substituir órgãos falidos por novos órgãos, criados geneticamente.
– Sei, agora me lembro. Primeiro em Hong Kong, depois no Brasil. O seu pai era teimoso. Pois saiba, meu rapaz, que quem se intromete nos negócios da Megadrug, morre. Essa é a nossa filosofia.
– Agora – continua ele – quero saber como diabo conseguiram escapar dos meus homens.
– Simples. Matamos todos.
– É impossível matar aquelas equipes altamente treinadas. Eles eram da CIA!
– Que pena – diz Daniel, sarcástico, tentando provocar uma reação emocional no antagonista, continua – acho que a CIA precisa de melhorar o pessoal dela. Vamos abrir um curso de espiôes para eles, lá na empresa. Os seguranças da Cybercomp são os melhores do mundo, tolo.
– Basta, pirralho, devia ter ficado em casa. – Olha para Lee, dizendo seu termo favorito, com cara de deboche. – E você, senhor presidente, como pode ter sido tão burro de vir aqui?
– Eu não sou o presidente – a voz do Lee é trocista – sou o chefe da segurança.
– Bela merda como chefe da segurança... Mas então, quem é o presidente da Cybercomp. Certamente não é este fedelho!?
– O próprio, quer goste quer não. E estamos aqui para destruí-lo. – Afirma Daniel. Em mandarim continua. – Suzi, tenta seduzi-lo para se aproximar de ti e inocula a droga nele, mas não lhe dês ordens, pois não és telepata.
– Parem de falar chinês.
– Por quê? – Pergunta Daniel, ridicularizando-o e ainda tentando provocar a reação emocional. – Não tem inteligência suficiente para compreender? Afinal, quem são os burros: os brasileiros ou os americanos? Posso falar mais de uma dúzia de idiomas, e você, seu ignorante? Nem o seu português dá pra entender!
Apesar de todas as provocações, Daniel não consegue que ele fique ao alcance da Suzana.
– Não poderíamos entrar num acordo? – Pergunta Suzana, ajeitando-se na cadeira e entreabrindo ligeiramente as pernas. Ela usa um vestido preto que a deixa extremamente sensual e Smith cai imediatamente na armadilha, respirando fundo ao vislumbrar por um segundo as pernas dela e a lingerie. Levanta-se e aproxima-se dela. As mulheres são e sempre serão a perdição de um homem, qualquer que seja.
– Podíamos pensar no assunto. – Ele põe a mão no joelho dela e sobe para dentro do vestido. Antes que possa chegar muito longe, Suzana agarra-lhe o pulso com força, cravando-lhe as unhas e descarregando toda a raiva acumulada ao ter sido apalpada quando foram revistados. Ao mesmo tempo, o anel dela, virado para baixo e com uma minúscula agulha, fura-lhe a pele. Ele não dá por nada devido à dor que sentiu por ser brutalmente arranhado.
– Não era esse tipo de acordo que eu dizia, seu canalha!
– Verá o que lhe vai acontecer. – Ele volta para a mesa, furioso, e faz menção de apertar um botão, mas Smith sofre um susto tremendo quando Daniel levanta-se e abre os braços com força, rebentando as algemas. Dando um salto gigantesco, alcança o homem e imobiliza-o.
– Sente-se. – A ordem feita vocal e telepaticamente surte efeito imediato.
– Agora, relate para o seu computador todos os crimes que você cometeu... – "Amor manda os nossos invadirem o campo."
― ☼ ―
O telefone dos Vermelhos toca novamente e ouvem a Jéssica falar:
– "Ordens do Daniel. Preparem a invasão. Eliminem os guardas silenciosamente e tomem o lugar. Depois, dirijam-se ao edifício de dois andares. Tentem ser silenciosos e evitem os ninjas, assim como despertar sua atenção, que Daniel irá cuidar deles no devido tempo."
– Confirmado.
Os ninjas e os parceiros chineses levantam-se da meditação, abrem umas malas e tiram espadas. Cada um, inclusive os Vermelhos pegam numa e põem nas costas. Os ninjas levam duas espadas. Depois, um deles pega uma série de dardos. Como zarabatana, ele usa a bainha metálica e rígida da espada, retirando a ponta de aço que protege o fundo. Mais armas são apanhadas, mas os chineses ficam só com as espadas. Um deles, porém, leva uma pequena mochila. Aproximam-se do muro e o ninja dos dardos, começa a trabalhar. Em quinze minutos, todas as sentinelas estão eliminados pelo veneno contido nos mesmos. Pulam o muro facilmente pois, na entrada, o mesmo é de tijolos, muito alto, mas de tijolos, já que o resto é uma cerca de arame farpado eletrificada. O líder dos Vermelhos vai para o edifício onde está Daniel e manda os demais tomarem os demais prédios. Eles avançam facilmente e sem serem vistos, protegidos pelas sombras da noite. Cada prédio é atacado por dois guerreiros. Os mercenários não tiveram tempo de pegar em armas e nenhum sobreviveu. Entretanto, somente apanham pouco mais de cem soldados e deveria haver o dobro disso.
Conforme as ordens, deixam os ninjas em paz, até porque não os encontram, mas seguiram o padrão de um alvo de cada vez. O líder dos Vermelhos entra facilmente no prédio da administração e elimina os guardas. Sobe para o segundo andar e quase é morto pelo mestre Lee, que pera a tempo.
– Mestres. – O monge tira da mochila os quimonos do Lee e do Daniel. – Tomem, isto é mais digno.
Ambos alegram-se ao verem as suas roupas e trocam-se rapidamente, ali mesmo.
– Vocês ficam aqui e protegem estes dois a qualquer custo. Vou pegar os ninjas que são a maior fonte de perigo.
– Certo. – Confirma Lee. – Cuide-se, filho.
Daniel desce e não encontra nada. Todos os ocupantes do prédio foram rápida e silenciosamente eliminados pelo Dragão Vermelho.
Ao sair, depara-se com os demais guerreiros da sua equipe e os Dragões, ao verem o mestre de todos os Dragões vestido a rigor, inclinam-se para ele. Os ninjas, em respeito, imitam os colegas.
– Apanhamos todos os que estavam nos prédios, mas falta metade dos soldados.
– Muito bem. – Responde Daniel, tranquilo. – O único lugar onde há barulho é naquele ginásio. Devem estar lá, fazendo algum treinamento. Vamos para lá e vocês cercam o lugar que eu pego todos. Daniel começa a caminhar, sentindo a grama nos pés. Repentinamente, lembra-se do sonho que teve há quase uma vida, onde achava que jamais iria usar o poder do Branco...
― ☼ ―
Jéssica, Fonseca e Bianca assistem apavorados o confronto entre o Daniel e nada menos de quatrocentos homens. Eles acham que o amigo vai cair, pois são demais. Jéssica está tão nervosa, que o seu semblante transforma-se e os olhos enchem-se de lágrimas, tamanha é a preocupação.
– Eles vão matá-lo, Bianca. – Afirma, chorando. – São demais, até para ele.
– Não acho, Jessy. – Diz Bianca, embora não muito convencida do que fala. – Ele procuraria outra forma de os pegar se não se sentisse capaz de os enfrentar.
Sem poder tirar os olhos da tela, veem Daniel invadir o ginásio e intimidar os criminosos. O medo que elas sentem é enorme, mas as imagens puxam-nas como um imã. Não acreditam nos seus olhos ao verem o que ele começa a fazer ao inimigo. A luta acaba quase tão rápido como começa, com apenas um sobrevivente.
– Daniel venceu. – Jéssica está radiante. – Manoel, as ordens são as seguintes: deves enviar os dossiês para as agências governamentais do mundo. Amanhã cedo, quando a bolsa de Wall Street abrir, executas a transmissão forçada para todo o planeta. Leva em conta os fusos horários. Depois, mandas as matérias para todos os meios de comunicação do planeta. Se em meia hora nada acontecer, envias outra transmissão forçada com todas as informações dos crimes praticados.
– Isso vai destruir a Megadrug! – Diz a Bianca.
– Exatamente. Em dois dias, a Megadrug passará a pertencer à Cybercomp e ao Daniel. Em vez de crimes, teremos curas.
– Preciso de descansar um pouco – diz Fonseca, bocejando – estou exausto.
– Ensina-me o que fazer e como te chamar. Posso ficar quinze dias sem dormir.
Manoel ensina-a e vai com a Bianca para um módulo residencial, onde tem um quarto para essas ocasiões. Ele toma um banho enquanto ela lhe ajeita uma refeição leve. Depois de comerem, beija a namorada e vai quase cambaleante para a cama. Ela deita-se ao seu lado, para descansar um pouco e também acaba adormecendo.
― ☼ ―
O campo está tomado. Daniel olha para os seus homens e comanda:
– Vão para o hangar. Deve haver mais guardas lá. Eliminem-nos, mas não matem os pilotos nem quem se render. Procurem a arma que eu descrevi. Vou buscar o mestre Lee e os outros, mas demorarei um pouco, pois tenho uns assuntos a tratar com o presidente desta empresa, que está em nosso poder. Tenham cuidado, meus amigos, para não se ferirem. Já vos encontro.
― ☼ ―
John W. Smith termina de enunciar todos os crimes cometidos naquele momento. Dá a lista completa dos agentes corruptos do governo, da polícia e particulares. Fala sobre as operações ilícitas das subsidiárias a mando dele. Tudo é gravado e enviado direto para Complexo III.
Daniel chega e olha para um dos homens mais poderosos do mundo completamente à sua mercê.
– Você vai-me vender as ações da sua empresa. Todas as ações que possui.
– Tenho setenta por cento da Megadrug. O valor dela é de noventa trilhões de dólares. As minhas ações valem cinquenta e quatro trilhões.
– Mas, depois de todos estes crimes, você está arrependido e vai me vender as suas ações por cem milhões de dólares, dinheiro que vai deixar para a sua família, já que, logo depois de concluída a transação, vai-se entregar para as autoridades, especificamente para um policial que não esteja envolvido no seu cartel. Também deverá fazer um depoimento para a televisão. Entendido?
– Sim.
– Agora, quando deixá-lo na sua empresa, esqueça completamente o que aconteceu. Amanhã dará ordens para que, quando eu aparecer, seja levado à sua presença para fecharmos a negociação. Isso deverá ocorrer às oito horas da manhã em ponto. Ninguém deverá me incomodar. Deixe-os pensarem que está comprando a Cybercomp. Compreendeu tudo?
– Sim.
– Então vamos.
Levantam-se e Daniel conduz a turma para o hangar, onde estão os seus homens. O local, agora sem ninguém, parece fantasmagórico.
– Onde estão os guardas – pergunta Smith, pois a droga não lhe tira a capacidade de pensar – não é possível que estejam dormindo.
– Estão dormindo sim, mas só acordarão na próxima vida.
― ☼ ―
No hangar, os Vermelhos e os ninjas dominam facilmente os guardas eliminando-os, embora um dos ninjas tenha-se ferido com um tiro de raspão. O piloto do helicóptero e um técnico rendem-se e são poupados.
Quando Daniel chega, tinham acabado de localizar o gerador, que está em um pequeno jato com capacidade de dez passageiros. Com a ajuda do técnico, soltam a arma, mas esta é pesada e difícil de manusear.
– Qual a capacidade de carga do helicóptero? – Pergunta Daniel.
– Uma tonelada de material e dez pessoas.
– Suzana, inocula estes dois – ordena, apontando para o piloto e o técnico.
Um ninja segura cada um deles. Ela, prontamente, espeta ambos com o anel.
– Você – ordna para o técnico – irá esquecer de tudo isto. Vá para casa e diga que saiu do emprego, se alguém perguntar. Onde mora?
– N.Y. – Responde ele.
– Deixá-lo-emos lá. Arranje um carrinho de carga onde possamos pôr aquilo. – O homem sai à procura do carrinho assim que o Daniel acena para o ninja que o segura.
– Quem pilota este avião? – Pergunta para o piloto.
– Não sei, senhor.
– Smith, quem pilota este avião?
– Ele é pilotado por controle remoto. A cabine ali – aponta o que parece ser um simulador – serve para pilotá-lo.
– Ótimo. – Quando um carro de transporte de materiais encosta ao lado do avião, Daniel entra em ação. Sobe para o compartimento de carga e pega na caixa de duzentos e cinquenta quilos como se fosse uma sacola de compras do supermercado. Empurra-a para a comporta. Depois sai e pega nela ao ombro, pousando-a no carrinho. Os ninjas e os Dragões ficam de olhos arregalados, pois ele nem parece fazer esforço.
Levam a caixa para o helicóptero e Daniel repete a dose, colocando no compartimento de carga do mesmo.
Manda o técnico preparar o avião para decolar. Abrem o hangar, mas antes, um dos Vermelhos põe uma das bombas atômicas dentro do avião, regulada para detonar em meia hora.
Daniel assume o controle do aparelho. Este decola e acelera ao máximo da potência. Tem o cuidado de o fazer voar fora das rotas comerciais. Meia hora depois, o avião explode sobre o oceano.
– Vamos embora. Piloto leve-nos para o aeroporto de modo a descarregarmos isto.
Daniel, o técnico, o piloto, Lee, Smith, Suzana, Tanaka e dois Vermelhos sobem no helicóptero. Os demais vão para os carros, e desaparecem na noite. Após pôr no avião da Cybercomp a carga apreendida, o técnico vai para casa e o piloto leva o Smith para a sua residência. Daniel e a turma, voltam para o hotel, de táxi.
No dia seguinte, muito cedo, Suzana vai para Wall Street, a famosa rua da bolsa de valores onde se concentra uma das maiores riquezas do mundo. Daniel segue novamente para a boca do lobo, mas desta vez, sem perigo. Eles fecham o negócio tal como foi definido.
― ☼ ―
Francisco e a esposa, pais da Bianca e jornalistas famosos, chegam ao Complexo III escoltados por um segurança, meio assustados e sem entenderem nada. A única coisa que sabem é que a filha ligara no meio da madrugada informando que seguranças estavam a caminha da casa deles para os apanharem pois precisavam muito da ajuda do casal.
– Bom dia, Manoel – dizem, ao verem o genro. Beijam a filha e dão um aceno para a Jessy – o que é tão importante para nos chamarem assim de repente, a esta hora da madrugada?
– Precisamos do senhor para elaborar uma reportagem – informa Jéssica, muito séria – será uma denúncia e temos menos de duas horas para pôr no ar. O senhor poderá usar no seu jornal.
– Santo Deus – diz o jornalista, ao ver o material que Fonseca disponibiliza – isto é uma monstruosidade! Então foi ele que mandou matar os pais do Daniel?
– Sim, e a Daniela que era noiva dele, junto com mais de trezentos inocentes. Além disso, mataram muitos cientistas, tudo isso para manterem o monopólio comercial de medicamentos caríssimos que não seriam mais necessários.
– Senhor Francisco, temos todo o equipamento necessário para edição de vídeo e captura dos documentos. Precisamos do senhor e da sua experiência. Além disso, o senhor é a única pessoa da nossa total confiança nessa área.
– Podemos fazer isso, sim, mas eu não tenho fluência suficiente em português e menos ainda no inglês.
– Fale em castelhano. – Diz o genro. – O computador irá fazer a tradução simultânea para todos os idiomas do mundo.
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Desta vez Daniel sobe sem problemas e encontra-se imediatamente com o todo poderoso da Megadrug que já o agardava. Uma hora depois, despedem-se como se fossem parceiros de longa data. Logo após, Smith manda convocar a imprensa.
Enquanto isso, na bolsa de valores de Nova York, Suzana e o seu agente aguardam pacientemente. Ela aproveita a ocasião para adquirir ações de uma empresa que, na sua opinião, vai ser um grande negócio.
Nesse momento rebenta a primeira bomba: todas as telas da bolsa repentinamente mudam para um simbolo desconhecido. Isto não ocorre só ali. Acontece em todos os meios de comunicação do mundo. O único lugar onde nada muda é no prédio da Megadrug. Suzana reconhece imediatamente a mãe da Bianca segurando um microfone. Nos fundos, está a imagem do prédio da Megadrug e ela começa a falar. O computador encarrega-se de traduzir a voz dela para todas as línguas do mundo, sem nem mesmo alterar o timbre desta, mais uma das maravilhas do Fonseca. A bolsa de valores, um dos lugares mais barulhentos e caóticos da Terra, fica muda. Todos ouvem a repórter fornecendo as informações, enquanto vídeos de fundo mostravam John Webster Smith, o todo poderoso da organização, denunciando-se:
– "E quem são os seus pais? Mandei matar tanta gente que não vai querer que eu me lembre de todos... sei, agora me lembro. Primeiro em Hong Kong, depois no Brasil. O seu pai era teimoso. Pois saiba meu rapaz, quem se intromete nos negócios da Megadrug, morre. Essa é a nossa filosofia."
Após dez minutos a reportagem é interrompida e todos os painéis, televisores, computadores e rádios, voltam ao normal.
A gritaria começa. Quem tem ações da Megadrug começa a oferecê-las, mas ninguém quer comprar. Em cinco minutos, a cotação da indústria mais famosa do planeta cai setenta por cento.
Na frente do prédio da companhia, um bando de repórteres aguarda. Eles são levados para o salão. Minutos depois, um pelotão da polícia encosta no local.
Conforme dissera, Smith dá uma entrevista falando que está arrependido do que fez. Depois, larga a segunda bomba. Confirma que vendeu as suas ações para a Cybercomp. Ao saberem do valor da transação, todos ficam em polvorosa. Na bolsa, quando a entrevista passa na televisão, nova gritaria forma-se. O valor da Megadrug já caiu noventa por cento quando vem o golpe fatal: a transmissão forçada da Cybercomp, põe a repórter desconhecida no ar e esta começa a enumerar uma lista de todos os corruptos comprados pela Megadrug. Quando isso aparece na TV é um caos, pois os dados são completos, com nomes, fotos e contas bancárias, assim como valores. Ao encerrar, as ações da Megadrug valem menos que papel higiênico, como previsto, e a Suzana entra em ação, comprando tudo. Em todos os países do mundo onde há subsidiarias da empresa, acontece o mesmo e apenas as noticias variam, mostrando nomes e crimes locais. Na Bovespa, Aragão adquire a Megafarma pela metade do valor que Daniel lhe deu.
Nesse meio tempo, pelotões de polícia aparecem para prender os dirigentes das empresas em questão. Nos EUA o caso é muito mais grave, pois a coisa chega ao nível do gabinete presidencial. O povo, furioso, vai para as ruas gritar contra os crimes cometidos. Eles querem saber das doenças que seriam curadas se não fossem as mortes desnecessárias. A imprensa não perdoa e, nos Estados Unidos, ela é a toda poderosa que derruba governos. O país fica do avesso, mas ninguém pode fazer nada ao ver a maior empresa do mundo trocar de dono em poucas horas por um punhado de dólares. No final do dia, Daniel e a sua equipe vão para o aeroporto. Os computadores da Megadrug estão sob controle da Cybercomp, a diretoria está toda impedida, sendo que a maioria está na prisão, e Tanaka torna-se chefe da segurança e diretor interino.
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