Touchstones

Touchstones

"touch-stone (substantivo): um teste ou critério para determinar a qualidade ou autenticidade de uma coisa"
- Dicionário Merriam-Webster

Com Draco de volta em sua sala comunal, Harry decidiu que não havia motivo para voltar à biblioteca para terminar seu dever de casa restante. Em vez disso, ele foi até sua própria sala comunal para ver o que Hermione e Ron estavam fazendo.

Apenas Hermione estava à vista, no entanto, quando ela ergueu os olhos da pilha de livros e anotações, estava com uma expressão de surpresa no rosto.

- Eu não esperava ver você de volta tão cedo. Você normalmente não está estudando com Malfoy agora?

Harry deu a ela uma breve versão dos eventos, como ele e Draco desceram para praticar suas habilidades de DCAT, como ele acidentalmente quebrou o Líder do mesmo e como ele levou o garoto de volta para a Sonserina depois.

- Então, de qualquer maneira, eu decidi tirar um tempo extra e passar com você depois de tudo - ele terminou, olhando em volta.

- Onde está Ron?

- Com Mandy, é claro - Hermione respondeu. - Eu espero que ela faça com que ele comece a revisar para seus NIEMs em algum momento, faltam apenas um pouco mais de três meses!

- Ele vai ficar bem, Hermione - Harry resmungou, jogando-se na poltrona macia à direita dela. Ele esticou o pescoço para olhar as anotações dela. - Em que você está trabalhando?

- Aritmancia, temos uma grande apresentação chegando, tenho feito muitas leituras sobre os assuntos, mas gostaria que nossa biblioteca tivesse mais livros sobre.

Harry escondeu um sorriso enquanto olhava a enorme pilha ao lado dela.

- Sim, Malfoy mencionou algo sobre ter que fazer algumas pesquisas e outras coisas. Não sei como ele vai encontrar qualquer coisa se você tiver todo o material.

Ele riu. Hermione parecia levemente ofendida.

- Terei terminado em alguns dias e eles estarão de volta à biblioteca, garanto a você. Além disso, a maioria deles tem mais de uma cópia. Como se eu fosse propositalmente guardar material de leitura crucial de qualquer aluno. Até Malfoy.

Ela franziu o cenho.

- E por falar nisso, eu quero falar com você sobre ele, Harry.

- Sobre o que?

- Por que você está fazendo isso?

- Fazendo o quê? Estudando junto com ele?

Ela assentiu.

- Você viu por si mesma o quanto eu me saí melhor na prova do Professor Binns.

Ele deu de ombros.

- Achei que você ficaria satisfeita por eu querer continuar melhorando. Eu sei que vocês dois estão provavelmente um pouco chateados por eu não estar tanto com vocês, mas eu juro, eu ainda...

Hermione acenou com a mão impacientemente.

- Eu entendo, não sou tão insegura para pensar que você está escolhendo ele em vez de nós ou algo assim. Eu admito que realmente não entendo por que isso aconteceu, por que você não pode obter os mesmos resultados aqui...

Ela deu de ombros.

- Mas essas coisas acontecem. Não consigo entender como você consegue ficar tanto com ele, considerando quem vocês dois são, mas esse não é o problema aqui.

Harry franziu a testa.

- Então o que é?

- O problema é... - Ela fez uma pausa, como se escolhesse suas próximas palavras com cuidado. - Eu só quero ter certeza de que você está fazendo isso pelos motivos certos. Você não conseguia dizer uma palavra boa sobre ele por seis anos, então ele fica cego após um jogo que você jogou e agora, de repente, você está se oferecendo para ler para ele e levá-lo de volta para sua sala comunal e... apenas tenha certeza de seus motivos, Harry. Isso é tudo que estou dizendo.

- Você está dizendo que eu só estou fazendo isso por pena e culpa? - ele perguntou, sentindo uma onda repentina de raiva.

- Eu não sei!

Ela gesticulou defensivamente.

- Parece um pouco estranho, sabe? Oh! Harry, não estou tentando deixá-lo com raiva. E talvez você não tenha nada disso em mente. Você está saindo para estudar com ele há cerca de um mês agora, e você o observa sempre que estão na mesma sala, como se estivesse se certificando de que ele está bem... e eu sei que você gosta de ajudar qualquer pessoa que esteja em perigo. É um de seus maiores pontos fortes e uma das coisas que amo em você. Mas não acho que Malfoy seja do tipo que quer ser salvo, e não é certo você passar tempo com ele sob falsos pretextos, tentando ajudá-lo como um passarinho ferido, se ele pensa que você é apenas um parceiro de estudo.

Harry cruzou os braços sobre o peito.

- E quando você começou a se importar tanto com Malfoy?

- Eu não... - ela respondeu brevemente. - Lamento que ele tenha se machucado e não o invejo por todos os obstáculos que ele deve enfrentar agora, é verdade. Mas também me lembro do quanto ele era um bastardo com todos nós, e de repente ele é inofensivo para mim só porque ele não pode ver. Minha preocupação é com você, se você não está fazendo isso pelos motivos certos, se você está apenas fazendo isso por culpa, ou pena, ou heroísmo, ou qualquer coisa assim, e ele descobrir, você vai se machucar no fim... então apenas pense sobre isso, ok?

Então Harry pensou. Ele pensou enquanto lia suas anotações de Herbologia e pensou enquanto desciam para jantar. Ron se juntou a eles, finalmente se afastando de sua namorada e se sentando do outro lado de Hermione na mesa.

Harry conseguiu deixar suas reflexões de lado por tempo suficiente para socializar com seus companheiros de casa, mas então ele perdeu espetacularmente em seu jogo noturno de xadrez com Ron porque ele não conseguia se concentrar nas peças. E ele ficou acordado até tarde da noite, ainda pensando.

No dormitório escuro, com as cortinas da cama fechadas e sem os óculos, ele se perguntou se era assim que era para Draco. Todos os dias... como o sonserino aguenta? Apenas ele e seus pensamentos, a sensação de seus cobertores amontoados ao seu redor e nada para aliviar a escuridão. Apenas um leve e turvo raio de luar era visível à direita de Harry, onde ele não conseguiu fechar as cortinas completamente. Estava feliz com isso. De repente ele sentiu que poderia se afogar no escuro caso perdesse aquele pedaço de informação visual.

Ele se pegou sentindo pena de Malfoy e se perguntou se havia verdade nas palavras de Hermione. Ele estava apenas agindo por pena? Provavelmente havia, pelo menos, um pequeno elemento de culpa. Todos disseram a ele que tinha acontecido muito rápido, que nada poderia ter impedido Draco de acertar a trave e, na maioria das vezes, ele acreditava neles. Mas em algum lugar, no fundo de sua mente, onde sua culpa por Cedrico ainda espreitava, estava outra vozinha que Harry nunca foi capaz de silenciar completamente.

Você poderia ter avisado a ele antes. Ele tinha, pelo menos, sido capaz de prevenir danos maiores agarrando o menino ferido enquanto ele escorregava, mantendo-o meio apoiado em sua vassoura por pura força e adrenalina até que pudessem chegar ao chão. Mas ainda que ele tivesse percebido o perigo meio segundo antes, ou gritado um pouco mais alto, isso faria alguma diferença?

E de qualquer maneira, mesmo que um pouco de culpa ou pena tivesse motivado sua abordagem inicial em janeiro, não era realmente um problema agora. Ele estava recebendo tanta ajuda quanto dava em troca de ler para Malfoy, praticar feitiços e debater problemas com ele. Estava aprendendo as pequenas variações no cheiro que uma poção exalava durante o processo de fervura e como usar essa informação para ajudar a determinar quando era hora de adicionar o próximo ingrediente ou retirar a mistura do fogo.

Em Herbologia, ele estava cada vez melhor no diagnóstico de doenças em plantas apenas as tocando, além de olhar. Todos os seus sentidos pareciam mais aguçados, como se finalmente os estivesse usando em toda a sua extensão. Essa habilidade combinada, com a memória aprimorada que ele experimentou lendo em voz alta, estava dando a ele algumas das melhores notas que ele já teve.

Ele amava Ron e Hermione, e sempre amaria, mas também descobriu que estava verdadeiramente gostando da companhia de Draco. Apesar de eles se odiarem anteriormente, agora pareciam estar começando uma espécie de amizade. As brincadeiras e brigas eram familiares, mas careciam da crueldade de seus anos mais jovens, e agora era apenas uma maneira animada de apimentar as práticas intermináveis de duelos e capítulos sobre guerras de ogros.

Era errado se sentir bem por que Draco parecia tolerar sua companhia, quando ele resistia a todos os outros? Ele estava agindo por pena ao fazer companhia a Draco? Ou era apenas um amigo? Harry pensou em algumas das coisas que tinha visto e ouvido, Draco aparentando trocar apenas algumas palavras com seus companheiros de mesa na hora das refeições, mantendo-se afastado nas aulas, insistindo em suas próprias capacidades sempre que elas eram remotamente questionadas.

Ele se perguntou por que Draco não parecia mais interessado em passar tempo com seus companheiros de casa, aqueles que estavam ansiosamente agrupados ao seu redor apenas alguns meses atrás. Harry estava enganado? Draco ainda se socializa com eles na privacidade da sala comunal da Sonserina? Todos os sinais indicavam que não, aparentemente parte dessa camaradagem certamente se foi na hora das refeições ou nas aulas.

Então havia a relutância de Draco em mencionar seu pai. Em alguns aspectos, não mudou muito. Ele ainda dava a impressão de estar zangado e amargo por causa das coisas que deram errado, mas a diferença agora era que ele guardava tudo internamente em vez de reclamar ou manipular as coisas para melhorar sua situação. Ao que tudo indica, o sonserino se isolou de todos, de sua família, de seus colegas de casa e, em grande parte, até mesmo de seus professores. A única pessoa com quem ele falava com regularidade era Harry.

Com um sobressalto, Harry percebeu que seus pensamentos haviam se dispersado, e os trouxe de volta ao problema original. Ele agora estava começando a se preocupar ativamente com o outro garoto, mas não parecia ser pena. Apenas... uma preocupação com um amigo. Para ser honesto, ele estava começando a esquecer a deficiência de Draco, até que algo ficou óbvio como o Líder quebrado.

Quando mais um mês se passou, o tempo tinha esquentado o suficiente para deixá-los estudar do lado de fora de vez em quando, embora ainda precisassem de suas capas. Os dois garotos estavam relaxando à beira do lago, ambos de bom humor, o trabalho de Poções do dia estava terminado e eles estavam fazendo uma pequena pausa antes de passar para outras tarefas. Uma brisa do início da primavera soprou ao redor deles.

- Não que eu não esteja feliz por ter você por perto, mas você não sente falta de seus companheiros de casa? - Harry perguntou, enquanto tirava uma mecha de cabelo do rosto.

Draco encolheu os ombros.

- Na verdade não - respondeu ele.

Harry estava incrédulo.

- Como não? Vocês todos pareciam se divertir incomodando o resto da escola juntos. Não que eu queira ver vocês voltando para esse tipo de coisa, mas você não sente falta disso?

- Olha Potter, eu disse que não. Somos Sonserinos, não Lufanos doces e pegajosos, ou Corvinais que compartilham cérebros, ou o que quer que vocês Grifinórios sejam. Vemos uns nos outros poder, e quaisquer amizades são estabelecidas para conseguir mais ou para conseguir outra coisa. Desisti disso depois do acidente.

- Então você simplesmente desistiu deles também? Não há ninguém cuja companhia você ainda queira?

- Eu sou seu amigo agora, não sou?

Harry se sentiu estranhamente lisonjeado.

- Sim, você é, mas eu não estou na Sonserina. O que você faz quando volta para sua sala comunal?

- Eu canto antigos musicais desafinados. O que importa o que eu faço? Eu posso me virar muito bem sozinho, você sabe.

Draco virou a cabeça e encarou o vento.

- Eu nunca disse que você não podia. Simplesmente parece... que é bem... solitário. Desnecessário se quer minha opinião.

Draco não se moveu.

- Eu disse que estou bem - respondeu ele secamente, se virando na direção do lago. - E o que você sabe sobre ficar sozinho? Você tem uma horda de adoradores te seguindo onde quer que você vá.

Harry cerrou os dentes.

- Passei dez anos da minha vida, e mais da metade de cada verão desde então, completamente sozinho, para que você saiba. Em cinco desses verões, eu ao menos recebi cartas. Minha vida diária consistia em ser ignorado. Se eu não fosse ignorado, seria tratado como lixo. Eu teria dado qualquer coisa para ter pessoas ao meu redor. E você as tem, por que não estar com elas?

- Potter, já te ocorreu que talvez eu não queira ficar com eles?

- Por que diabos não?

Harry reconsiderou um momento.

- Ok, não que eu queira ficar com qualquer um deles, mas você se deu muito bem com eles por quase sete anos. Por que não agora?

- Talvez eu não queira a pena deles, ok?

A própria raiva de Draco estava evidente em sua voz.

- Talvez a única pessoa que esteja com pena de você seja você mesmo - Harry gritou em frustração. - E olhe para mim quando estou falando com você!

Silêncio.

- Eu não posso - Draco respondeu friamente -, ou você se esqueceu de repente?

- Bem, você pode muito bem me encarar quando estamos conversando, não é?

Ele perdeu a cabeça.

- Que diferença faz? Eu posso te ouvir muito bem, esteja eu de frente ou não. Na verdade, acho que a lula gigante te ouviu, você estava gritando tão alto.

Com esforço, Harry baixou a voz, apesar da frustração ainda fervendo por dentro.

- Não é a mesma coisa. Quando você não me encara é como... se você não estivesse prestando atenção. Como se você não se importasse.

Ele se perguntou distraidamente por que de repente era tão importante para ele.

- Estou ouvindo. Escutei cada coisa que você disse desde que começamos a sair juntos. Eu ouço, quer queira ou não, porque não há mais nada para eu fazer a não ser ouvir.

Ele começou a marcar nos dedos. Harry observou com curiosidade, parte da raiva diminuindo.

- Você tem essa ideia estranha de que preciso de adoração e companhia constantes, e que o lugar ideal para eu conseguir isso é na minha própria casa. Você acha que só porque é verdade para você, deveria ser verdade para mim. Você gosta de atenção.

- Eu não...

- Não discuta comigo. E sim, você discute. Do contrário, não o incomodaria tanto se pensasse que eu não estava prestando atenção às suas Poderosas Palavras de Sabedoria.

Harry fez uma careta. Não era que gostasse da atenção de todos, apenas de algumas pessoas. Mas ele tinha que admitir, Draco era uma dessas pessoas. Por sete anos ele recebeu a atenção de Draco, e mesmo que a maior parte fosse negativa, ele estava acostumado. E ele certamente se encontrou gostando da companhia menos agressiva do garoto ultimamente.

- O que mais? - ele perguntou a contragosto.

Com um sorriso astuto, Draco finalmente se virou para encarar Harry novamente, marcando um último dedo ao fazê-lo.

- Eu também posso dizer que você está carrancudo.

- Eu não estou!

Harry tentou apressadamente mudar a expressão em seu rosto.

- Sim, você está, ou você estava. Você está tentando mudar isso agora, não é?

Pego, Harry não pôde deixar de sorrir tristemente.

- Prove - ele provocou.

Para sua surpresa, Draco estendeu a mão na direção dele, agarrou seu braço e puxou Harry pela manga.

- O que você está fazendo?

- Estou "olhando" para você, Potter. Vou olhar para o seu rosto e provar que estou certo.

Harry se permitiu ser puxado para mais perto de Draco, observando enquanto aqueles dedos pálidos se estendiam suavemente, encontravam seu rosto e começavam a explorar, primeiro suas sobrancelhas, então deslizando pela ponte de seus óculos e descendo pelo nariz até a boca.

- Ok, não é uma carranca, não mais, mas definitivamente está sério. Franza suas sobrancelhas e tudo mais, e você vai acabar todo enrugado antes do tempo.

Harry não conseguiu evitar que uma risada escapasse.

- Não é realmente uma das minhas maiores preocupações, mas vou manter isso em mente, obrigado.

Ele começou a se afastar, mas os dedos de Draco continuaram a vagar por suas feições, passando levemente pela borda de sua mandíbula, pelas maçãs do rosto até o nariz, e mais uma vez pelos lábios.

- Não mudou nada, ou mudou, Potter? - Draco murmurou baixinho, ele parecia estar falando mais para si mesmo do que para Harry.

Harry se manteve perfeitamente imóvel enquanto os dedos do outro garoto se moviam de volta para a ponte de seu nariz e gentilmente removiam os óculos com uma das mãos. Ele os segurou, esperando até que Harry os tirasse de sua mão, antes de voltar para sua exploração com ambas as mãos. Ao redor de seus olhos, ele os fechou automaticamente para não ser cutucado e sentiu um roçar nos cílios e nas pálpebras antes de abri-los novamente. As mãos subiram para a linha do cabelo e por algumas mechas, e então...

- Ah! A cicatriz. Como eu poderia ter esquecido?

Harry de repente não sabia para onde olhar enquanto Draco traçava o formato de sua cicatriz em forma de raio. Ele queria olhar para as mãos de Draco, ele queria olhar para o chão, ele queria ver o rosto de Draco, embora os olhos cinzas sem foco ainda o deixassem um pouco nervoso. E ele queria fechar os olhos e se concentrar inteiramente na sensação de alguém o tocando de uma forma tão estranhamente íntima.

Por um longo momento, nenhum dos meninos se moveu. Então o sonserino finalmente puxou as mãos e Harry, com os dedos trêmulos, colocou os óculos de volta no rosto.

- Bem... - Draco disse quebrando o silêncio. - Agora que tiramos esse melodrama do caminho, e eu estabeleci que você é realmente Harry Potter e não um impostor inteligente andando por aí com sua voz, vamos voltar aos livros?

Harry piscou.

- Er... certo.

Ele olhou em volta atordoado.

- Eu tenho meu livro de Transfiguração aqui. Você tem suas anotações?

Horas depois, Draco ainda estava pensando sobre o ocorrido.

Parecia que estava vendo Harry pela primeira vez, mas também era como se estivesse voltando para uma memória há muito perdida. Tocá-lo, sentir as linhas de seu rosto, o cabelo bagunçado, até mesmo a cicatriz, fazia Harry real, real como ninguém realmente tinha sido desde que ele perdeu a visão. Ele tocou ingredientes de poções, livros e varinhas, mas eles eram objetos, não pessoas. Ele havia tocado Harry antes, pegando seu braço depois que o Líder quebrou, ajudando-o a sentir a diferença entre duas plantas semelhantes, coisas assim. Mas aquelas mãos e braços, e até mesmo a voz, poderiam facilmente pertencer a qualquer pessoa, mesmo em sua familiaridade. O rosto era diferente, era inconfundivelmente Harry, combinando perfeitamente com o que ele se lembrava do garoto da Grifinória.

Ele tinha muitas imagens de Harry em sua mente, de duelos oficiais e lutas proibidas, e olhares desafiadores pelo Salão Principal. Toda uma biblioteca de memórias. No entanto, a imagem que mais se destacou foi a de sua última visão, a imagem de Harry estendendo a mão para ele. Sua última visão. Quantas vezes ele havia imaginado aquele momento em sua mente? Estava com ele o tempo todo, em constante repetição como uma fotografia bruxa, para trazer à tona e examinar sempre que a escuridão infinita se tornasse demais. Ele saboreou o último presente da visão, embora os detalhes estivessem borrados pelo choque e pela dor, embora seu odiado rival fosse o foco central.

Ele poderia ter sido um rival odiado, mas não mais. Quase como se soubesse ou se lembrasse do último momento de visão de Draco, ou talvez apenas porque ele era um maldito Grifinório, Harry continuou a procurá-lo. Primeiro pelas tarefas escolares e agora, como a discussão à beira do lago provou, emocionalmente também. Draco não queria isso, ele não queria que as pessoas tentassem alcançá-lo, acariciá-lo ou ter pena dele. Mas, ele pensou, não foi isso que Harry fez. Na maioria das vezes ele tratava Draco com justiça, não esperando menos dele agora do que antes. Talvez ele tenha sido um pouco fácil no início do duelo, mas no final, ele estava obviamente dando tudo que tinha, e Draco tinha até dado alguns golpes bem-sucedidos.

Na verdade, Harry sempre foi aquele que mais pressionou Draco. Claro, naquela época tinha sido uma competição feroz e inflexível, com cada menino se esforçando para superar o outro. Agora era mais uma corrida cooperativa, cada um deles sabia do que o outro era capaz agora, afinal. Mesmo que o ódio tivesse ido embora, ainda havia a expectativa entre eles. "Qual é, Potter, isso é o melhor que você pode fazer?" ou "Ei, Malfoy, aposto que posso transfigurar este tinteiro mais rápido do que você." Draco pensou em seus outros colegas de classe, notando que ninguém mais o havia pressionado tanto. Apenas Potter.

Vê-lo de novo, vê-lo de verdade , mesmo que fosse pelas mãos e não pelos olhos, tinha sido como voltar no tempo, dar algo que ele não tinha desde o acidente. Seus dedos ainda se lembravam da sensação das bochechas de Harry, seu queixo, aquela maldita cicatriz. Era uma imagem perfeita de Harry. O toque foi transferido para uma imagem mental vívida, e como ele havia encarado Harry tantas vezes no passado, Draco agora podia se lembrar daquele rosto mais claramente do que qualquer outra coisa.

Ele não tinha percebido o quanto havia sentido falta de ver essa única pessoa que esteve em sua mente por quase sete anos, tocar em Harry esta tarde preencheu uma peça em sua vida que ele nem sabia que estava faltando.

E ele queria de novo.

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Estão gostando do projeto tanto quanto eu? Espero que sim gente

A próxima fic é o segundo cap de Draco Malfoy, It's Your Lucky Day da potterfoy, leiam gente tá muito boa eu posso garantir

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