CAPÍTULO XIX - Diamante bruto
Quando todos se retiraram da sala de estar, onde Bezalel consolava a princesa. Ele guiou-a para sentar sobre banquinhos ornamentados por espirais.
Acariciando suas mãos gelidas, limpou os resquício de lágrimas que escorria pelo seu rosto inchado devido ao constante choro.
Com uma mão livre, Bezalel moveu-a para dentro do bolso para retirar um colar de diamante bruto, que Oséias houvera pedido que o fizesse. E quanto tivesse a oportunidade, entregaria para amiga, como um presente de aniversário atrasadíssimo. Mas essa espera valeria à pena.
Bezalel era dotado pela habilidade de forjar qualquer tipo de jóia, quando Oséias achou aquele diamante perdido na floresta de Eloman, não pensou duas vezes em presentear Ester. Todavia, precisava de alguém para ajudá-lo a escupi-lo em formato de coração. Porém, ainda de forma bruta, como uma mensagem.
Ela poderia ser uma princesa que se mostrava bruta e muitos poderiam duvidar de sua personalidade e capacidade. Mas aqueles que a conheciam verdadeiramente, compreendia que o seu valor excedia ao de qualquer pedra precisa, dentre eles: um diamante.
Um diamante bruto depois de lapidado, revela seu valor.
Ele queria lembrá-la não somente de sua amizade, mas que era muito preciosa e jamais deveria duvidar disto. Significado que estaria sempre por perto, mesmo quando estivesse longe, em seu coração.
Era isto que o colar representava, sua amizade. Isto era inegociável.
Perguntando ao jovem detetive se ele tinha habilidade com algo relacionado, Bezalel contou que aprendera em um dos cursos que fizera para encontrar sua profissão.
— Ester – sussurou chamando sua atenção, seus olhos arredondados de íris completamente azuis escuro demostrando sua tristeza e o quanto seu coração estava quebrado, o fitou –, isto – tirou do seu bolso o colar – foi um presente que Oséias pediu para lhe fazer. E quando tivesse a oportunidade lhe entregaria – confessou, puxando sua mão e depositado sobre ela o colar. O choro da jovem se intensificou.
Era um martírio insuportável, corroendo de dentro a fora. Ela queria não ser fraca, queria não ter que demostrar sua fraqueza, mas perder alguém que tanto amava e descobrir que seu tio era uma farsa ambulante, foi o ápice de tudo de ruim que poderia lhe acontecer.
Achava, pois, que nada poderia piorar. Se piorasse não suportaria, era um fardo grandioso demais para se carregar e não queria ter que dividi-lo com Bezalel, ao que parecia ele tinha ocupação demais para ajudá-la. O único momento que demonstrou vulnerabilidade foi devido ao fato da morte de seu amigo, Oséias. As outras vezes, sempre que chegava perto de fazê-lo, ele se fechava por completo, não dando espaço de achegamento, algum.
— Eu preciso ficar sozinha – balbuciou com voz baixinha.
Contragosto, o destemido detetive se retirou depois de muito insistir para ficar. A solitude parecia ser uma boa companhia naquele momento, mas Bezalel entendia que se a deixasse acomoda-se na tristeza, não iria lhe fazer bem.
Decidiu, pois, tentar animá-la sempre que possível. Queria ver dos lábios da jovem donzela brotar o sorriso cheio de vida que ele tanto apreciava.
Não permitiria que se afundasse em uma tristeza sem fim. Oséias o odiaria por isso, agora que ele se foi, era dever de Bezalel cuidar e zelar pelo seu bem estar, principalmente de sua saúde mental.
Convicto de que planejaria algo EXTREMAMENTE supimpa, – aos poucos, claro – fechou à porta atrás de si e desceu aquelas torturantes escadas atrás do Nelfo Itai. Precisaria de sua ajuda para deixá-la contente e fazê-la entender que o jovem marinheiro queria sua felicidade, inclusive, bem longe do chamado: rei Filipe. O ultraje em pessoa.
— ITAI! – gritou, para chamar sua atenção, visto que estava distante. Girando os calcanhares, alcançando o detetive em sua visão, Itai acenou e levantou os ombros como interrogação. – Venha aqui um momento – chamou em tom baixo, devido a sua rápida aproximação.
— A Princesa não está bem? – questionou, deixando evidente sua preocupação, o que fez Bezalel franzi a sombrancelha.
Ora, mal conhecia e já estava com toda essa preocupação. Isto não passou despercebido pelo jovem.
— Como poderia? – respondeu mais áspero que imaginava. Pigarreou retomando sua postura, e claro, a conversa que ele se arrependia de ter iniciado – Hã... é – tossiu disfarçadamente –, preciso de sua ajuda, para não deixar a princesa se aprofundar em tristeza – prontamente revelou o inicial do plano.
Com ânimo voluntário, Itai não exitou em aceitar. Mais rápido que o previsto pelo destemido detetive, e isso deixo-lhe desconfortável. Essa sua disponibilidade não o estava agradando, parecia haver intenções por debaixo de toda essa disposição. O jovem detetive esperava veementemente estar enganado, caso não, precisaria cortar as suas asinhas, antes que tentasse se aninhar no ninho que existe pássaros de diferente espécie da dele e que não se dava muito bem afinal.
Porém, que ficasse claro como a luz do Sol, Bezalel não somente bica, mas quando está ameaçado... ele morde. A primeira mordida é um aviso, já a segunda, ele não pode garantir mais nada – quem é uma arara perto da sua mordida –.
Enquanto o Nelfo caminhava novamente pelo caminho que o interrompera, sem perceber, Bezalel estava com os olhos semecerrados metralhando suas costas, seu sangue borbulhava na possibilidade do Nelfo estar sentindo algo em relação a Ester.
Ele que não ousasse
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Manejando a espada para empunhá-la, suas habilidosas mãos pegou uma flecha de sua aljava, posicionando no arco, esticou seu braço até que seus dedos chegassem ao alcance de seus olhos, respirou profundamente antes de soltar a flecha por entre às árvores.
Disparando-a, acertou no alvo. A flecha, atravessou o corpo daquele cervo acertando perfeitamente o seu coração, para que não lhe houvesse escapatória.
Itai pulava de galho em galho e com destreza pousou sobre o chão perto de sua presa, com mais outros três Nelfos de caça.
— Ohhh! Isso aí, Itai. Brevemente não precisará dos treinamentos do capitão. – parabenizou lhe saldando com um tampinha nas costas, o Nelfo que dentre eles era o de estatura menor, cabelos castanhos, olhos monólidos de íris avermelhadas.
— Se a princesa te visse, – soou o outro Nelfo da mesma altura que a sua. – com aquele ar de superioridade – imitou o gesto que o amigo fizera para acertar em cheio a sua caça. –. Com total certeza, ela se apaixonaria – brincou, recebendo um tapa na nuca como repreensão.
Era fato, Itai havia gostado dela, mas não no momento em que batera seus olhos nela. Quando isso aconteceu, ele havia visto algo diferente e somente foi esclarecido quando Urias revelou que era seu avô. Um Nelfo, conhece a outro Nelfo.
O Nelfo passou a se afeiçoar, depois que a conheceu, trocou palavras e passou tempo com ela. Esse era um dos planos de Bezalel, tempo de qualidade com a donzela. E esse tempo, fora suficiente para que ela o encantasse profundamente, agradecia ao detetive por esse plano, ele enfim, encontraria sua amada e teria a oportunidade de conquistá-la.
Itai não era um Nelfo que saia correndo atrás de qualquer garota que lhe aparecia, ele espera por aquela em quem encontraria algo especial, o especial que nunca havia visto em outra.
O ditado que carregava em seu coração para não enganar-se por qualquer rostinho e papinho furado que lhe aparecia era: Nem tudo que reluz é ouro.
Se Ester lhe der uma chance, ele tinha plena convicção que faria dela uma mulher feliz. Enquanto Bezalel queria animá-la, tudo que ela queria era o que Itai tem lhe entregado: uma boa conversa e companhia. A princesa, somente o queria ao seu lado, mesmo que a conversa não fluísse, ela só queria saber que Bezalel estaria sempre ali.
Mas em todos esses treze dias, – o período de luto havia-se passado – ele não se aproximou. Arranjou alguém que o fizesse em seu lugar, de fato, Bezalel ainda estava aprendendo o significado de amar.
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Revisado rapidamente, pode conter erros ortográficos.
Espero que curtam esse capítulo, ok!?
Deus vos abençoe,
Até o próximo capítulo.
<3
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