Comparada à vida na superfície e a sangrenta guerra entre as duas facções, a vida nos subterrâneos era um paraíso. O líder, conhecido pelos seus seguidores como Doutor Gravilov, e mais tarde apenas como Dr. G., deu continuidade à sua exploração daquela estranha dimensão. Àquela altura já compreendia bem aquele outro plano. Oferecia vislumbres da outra dimensão a seus seguidores. Chamava-o de Plano Feérico. Comunicando-se em suas viagens astrais com os Feéricos, aprendia a passos largos habilidades fantásticas somente explicáveis aos humanos como sendo magia. Com isso, conseguiu meios para enviar alguns de seus partidários para fora de Verstecktdorf em missões especiais para obter armas e materiais diversos, necessários para a construção de seu grande laboratório.

Forjada sobre o princípio do sofrimento, a doutrina do Dr. G. implicava que as maiores recompensas viriam para aqueles dispostos a realizar os maiores sacrifícios. Esta doutrina conquistou todos os inumanos e a guerra na superfície foi substituída por um jogo teatral, cujo propósito era iludir os Observadores e ao mesmo tempo, treinar valorosos guerreiros que atuariam a vindoura Guerra Santa.

No entanto, sabia que não poderia iludir os observadores por muito tempo. Foi assim que ele, pessoalmente saiu da cidadela para confrontá-los na base que ficava nas imediações.

Alguns anos haviam se passado desde o fim da guerra, mas o velho Loeberheim, movido por persistência e curiosidade ainda era o chefe do comitê de pesquisa. A comunicação com o mundo externo era restrita e feita apenas entre ele e um departamento especial da Stasi. A evolução dos experimentos era de interesse do serviço secreto da RDA e criminosos de guerra como Loeberheim e Gottschalk  foram contratados e juraram fidelidade ao novo regime comunista.

Os quatro cientistas estavam reunidos quando a porta se abriu e Gravilov, claudicando entrou.

– 3401? – murmurou seu criador.

Loeberheim sacou sua antiga pistola Luger P08 e sua mão tremeu ao cruzar os olhos com o Dr. G. Uma gota de suor frio escorreu pela testa e ele guardou-a novamente no coldre. – O que quer aqui? – conseguiu dizer.

– Eu vim assumir o experimento e dar a seus chefes aquilo que vocês, incompententes, tem falhado miseravelmente em conseguir.

– O que é isto, 3401?

– Resultados, Herr Loeberheim. Resultados.

Gottschalk ficou chocado – Você consegue falar nossa língua?

– Oh, sim.

Então Loeberheim sacou sua pistola novamente e atirou contra os dois outros cientistas presentes.

– Não vamos precisar deles, certo? – disse o Dr. G.

Gottschalk começou a tremer.

– Acalme-se! Você virá comigo. Afinal, preciso agradecer-lhe por ter feito do mim o que hoje sou. Vamos meu criador, está na hora de recriá-lo para que um novo ciclo se estabeleça. Vou lhe dar um presente melhor do que a morte: o rensacimento.

– E quanto a mim? – Loeberheim tremia com a arma em mãos, desejando atirar em Gravilov sem sucesso.

– Ah, Herr Loeberheim, irá me prestar serviços junto aos seus superiores. Irá reportar o que eu disser e irá solicitar os recursos que eu determinar. Em troca, daremos a eles resultados. –  o Dr. G. fez um gesto para apresentar os seis elementos que só então entraram na sala. Experimentos bem-sucedidos, supersoldados que certamente seriam de utilidade para a Stasi.

Gottschalk iria sofrer tanto quanto Nicolai e ainda mais. E quando chegasse a hora de substituir Loeberheim, havia punição e retribuição prontas para lhes serem entregues. E assim, iniciou-se uma nova fase no desenvolvimento de Verstecktdorf. Seguiram-se trinta anos de pesquisa até que o Dr. G. e sua equipe conseguissem construir o grande Reator Feérico. Uma peça que mesclava tecnologias mais avançadas do mundo humano, tecnologia Graviloviana e fluxos de energias feéricos. A comunicação com os feéricos se ampliaram. Eles viviam muito abaixo da superfície num lugar que os inumanos denominaram: Terra Oca.

O reator permitiu a cominicação franca com os seres da Terra Oca e a troca de artefatos entre eles. Há séculos, na Terra Oca, persistia uma disputa sangrenta entre dois grupos de aliados de diversas raças. Um liderado pelos elfos e outro pelos trolls.