Experimento 3401
Também é possível relacionar a gênese deste novo mundo, desta nova era, ao experimento 3401. O cobaia, um menino nascido sob o nome de Nicolai Yevgenyevich Gavrilov, caiu nas mãos de cientístas que buscavam desesperadamente por uma vantagem a ser rapidamente aplicável ao esforço de guerra. E naquela guerra, a maior que a humanidade havia visto até então, houve o uso de milhares de cobaias humanas. Naqueles repulsivos laboratórios secretos não havia ninguém para defendê-las.
Nicolai, ou apenas, cobaia 3401, foi considerado um experimento mal sucedido à partir do momento em que sua mente foi tomada pela loucura. Entretanto, sua loucura era apenas aparente considerando-se as limitações de observação do comitê. O jovem enlouquecido compreendia bem mais que o comitê poderia supor.
Sua aparência era grotesca. Seus olhos azuis de safira saltavam para fora das órbitas giravam de modo independente, como os de um camaleão. O crânio inchado e deformado pelo crescimento desordenado de células nervosas era ao menos cinquenta por cento maior que o de uma pessoa normal. Uma pessoa sã que o observasse, sentir-se-ia condoída e crianças ficariam aterrorizadas, em especial pela quantidade de cicatrizes vermelhas e carnudas na careca e no rosto devido a incontáveis cirurgias sofridas por Nicolai.
Em sua loucura, o rapaz falava apenas palavras desarticuladas e ininteligíveis.
– Skag nafta surle pii’k. Hundri murkiin’taak. – seus olhos giravam de modo independente. E voltava a falar, ora calmamente, ora com emoções que variavam entre a tristeza, alegria histérica e rompantes de fúria. A cadeira em estava amarrado com camisa de força e correntes chacoalhava e rangia violentamente.
Dois cientistas trajando uniformes de oficiais médicos, já acostumados com o experimento 3401 discutiam o seu destino.
– Já lhe disse, Herr Loeberheim, estamos disperdiçando tem o recursos com este aí. – disse o cético, mais velho, magro e de expressão pesada.
– Mas senhor, estou certo de que o que ele diz deve ter algum sentido. São quatro línguas.... – Gottschalk, o jovem, de cabelos negros e ensebados. Sua marca era o entusiasmo pois era responsável pelo experimento.
Loeberheim veio com rispidez – Quatro línguas desconhecidas e inúteis! O relatório do doutor Grünewald sugere que esteja apenas tentando falar alemão, mas o que ouvimos é resultado da evidente deformação na região cerebral responsável pela linguagem.
– Dê-me mais algum tempo, Herr Loeberheim.
– Não, Gottschalk. Isto eu já fiz, por duas vezes, não está lembrado? Nada do que ele diz se parece com qualquer palavra ou som de qualquer língua conhecida. Apesar do cérebro inflado, sua inteligência é a mesma que a de um chimpanzé.
Em verdade, a mente do rapaz havia se dividido. Parte dela estava perdida, vagando em outra dimensão desconhecida, ou mesmo, esquecida por todos daquela época. E isto era algo que nenhum dos meios de pesquisa disponíveis a eles sonhava descobrir.
A aquela altura Nicolai conseguiu compreender o que ocorria consigo e que poderia se comunicar com seres daquela outra dimensão. Ele implorava por ajuda. Precisava escapar daquele sofrimento. E num bizarro templo subterrâneo, daquela outra dimensão ele encontrou a ajuda de que precisava. O sumo sacerdote era o compreendia e começou a lhe ensinar as entrincadas disciplinas do controle da mente.
O jovem médico elevou a voz para voltar a apelar, mas seu superior o repreendeu com raiva. – Não, Gottschalk. O experimento deve ser descartado. Ainda hoje!
O homem ficou sozinho com sua criatura antes que o levassem. Acariciou seu rosto. – Adeus 3401. E que deus me perdoe, pois havia pótencial em sua mente, eu e ele sabemos disto!
Nicolai foi levado ao paredão. Ali, frente a seus executores, usou, pela primeira vez, sua capacidade, então rudimentar, para persuasão aprendida com o sacerdote da outra dimensão. Todos os membros do pelotão de fuzilamento se recursaram a atirar.
Loeberheim foi chamado e irado, tomou o fuzil de um dos soldados. – Ora seus malditos! Será que não podem fazer um serviço assim tão simples?
3401 olhou-o nos olhos e Loeberheim soube que havia cometido um erro. – Fizeram bem homens. Agora sei que ele deve ser reconduzido. Era o maldito Gottschalk... incompetente! – Ficou vermelho de tanta raiva, mas esta se dispersou. – Eu irei cuidar pessoalmente de seu progresso, a partir de hoje. Certo, 3401?
Durante o ano seguinte, Loeberheim não conseguiu grandes avanços com o experimento. E ninguém mais cogitou eliminar o 3401. Mas então, a grande guerra acabou. Ordens chegaram para que varrer toda aquela sujeira para de baixo do tapete. 3401 e muitos outros experimentos, foram levados a uma remota ruína que foi murada tornando-se uma cidadela: Verstecktdorf. Foram ali libertados a fim de serem observados por uma reduzida equipe que pretendia seguir com a pesquisa a despeito dos riscos associados.
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