Cap. 3 - A faca de dois gumes
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A faca de dois gumes
Ele era como uma faca de dois gumes para mim, me trazia as coisas boas que precisava e as ruins que nunca imaginei que poderia acontecer
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Não sei como ele fez isso, mas tudo estava calmo e tranquilo na boate quando desci. Sunmi e Minnie me olhavam feio, o que não era uma novidade. Procurei uma pessoa específica ao vagar meus olhos ao redor; sem sinal da Jihyo, o que me deu um alívio bem maior.
Ao me ver, Mu-deok juntou-se a mim e me tirou daquele lugar de ar vazio, sombrio. Sentir o sol do fim da tarde me fez bem e me ajudou a recuperar minhas energias.
— Você tá bem?
— Fora as bochechas doloridas, a humilhação e meu orgulho ferido, sim, estou — Relembrei por cima de quando Jihyo me dominou no chão. Afastei o pensamento e o joguei pra longe, aquilo foi humilhante e traumatizante.
Um carro parou na frente da boate, o motorista saltou e abriu a porta de onde saiu Taehyung e logo atrás dele, Jungkook, eu havia caído no sono depois que ele saiu, não pensei que voltariam tão "cedo".
— Estão prontas? — perguntou Taehyung com um sorriso, seu humor parecia especialmente ótimo naquela hora, depois de todo alvoroço.
— Prontas pra quê? — Mirei confusa para a Mu-deok, não fazia ideia pro que deveríamos estar prontas.
— Ai, como sou esquecida! — Fez cara feia — O Sr. Jeon tinha pedido pra avisar você que viria lhe pegar, acabei esquecendo, sou muito esquecida, desculpe-me.
Coçou a cabeça sem graça.
— Pode ficar tranquila — Tranquilizei pousando minha mão em seu ombro.
— Vamos precisar de você também, então nos acompanhe — disse Jungkook em tom indiferente, olhando para minha amiga.
Minha desconfiança acendeu. A Mu-deok tomou a iniciativa e entrou voluntariamente no carro. Encorajada por ela, entrei também, qualquer coisa era melhor do que voltar pra boate e aturar os olhares e fora os murmúrios, já que com certeza aquele dia tinha dado o que falar.
O carro tinha cinco assentos no banco traseiro, sem falar que os dois que ficavam de frente para onde sentamos tinha algum tipo de tela entre os assentos. Tudo ali dentro era revestido de couro cor de creme na área superior e preto na inferior. Fiquei abestada com o luxo, com certeza Jeon Jungkook não era um "qualquer".
Jungkook sentou de frente para mim e Taehyung, para a Mu-deok. Olhei de soslaio para ela, parecia estar desconfortável. Eu era a única maravilhada ali?
Minha mente deu mais uma outra volta quando olhei para Jungkook, Taehyung e por último, minha amiga ao meu lado. Por que eles precisavam da Mu-deok? Isso me deixou intrigada, porém, se a Mu-deok soubesse o motivo, com certeza teria me contado.
Talvez Jeon Jungkook ia me fazer assinar um contrato cheio de cláusulas com alguma duração... Que pensamento ridículo. Com quem eu achava que estava lidando? Ele não podia ser tão controlador, aquele cara divertido e espontâneo não era tão controlador, apesar de que ali, ele estava tão distante e tão perto ao mesmo tempo.
Sem ter o que fazer, decidi apenas admirar a paisagem para livrar minha mente das possibilidades que sua desconfiança insistia em propor. Mirei a janela como se tudo que visse fosse interessante. Entramos num bairro bem diferente e distante do qual eu conhecia logo depois de passarmos pela linda vista do mar, algo que pra mim, era novo. Só havia casas chiques por onde passávamos, uma mais bonita que a outra, outras em mesmo patamar só que com seu próprio charme. Acho que estava bem claro na minha reação que eu nunca tinha visto nada parecido porque Jungkook soltou um bufar de certo desdém.
— O que foi engraçadinho? — perguntei não gostando nenhum um pouco da sua expressão, ele estava de braços cruzados, uma perna por cima da outra e os olhos fechados.
— Está encantada com tão pouco? — Abriu seus olhos para me ver, devolveu-me com outra pergunta. Tinha algo diferente nele, irreconhecível.
— Nunca nem cheguei perto do mar, mas uma pessoa como você, não entenderia como o diferente pode ser tão belo, não é mesmo? — Mostrei um sorriso falso e logo o tirei, voltando a olhar pela janela.
Senti Mu-deok segurar minha mão e o Taehyung segurar um risinho. Com certeza Jungkook não estava preparado para receber minha resposta, quis ver a cara dele, mas resisti a tentação para manter minha inflexibilidade.
Nos afastamos das outras casas chiques, dando caminho há uma pista única cercada de árvores pelos dois lados da pista, após poucos minutos só vendo mato, vi uma enorme casa à frente, tentei segurar a surpresa.
Ao nos aproximarmos, um portão automático foi aberto, ao lado dele pouco atrás, havia uma cabine de tamanho considerável onde com certeza estava o quarta que abriu o portão.
Uma pista espaçosa limpa da grama verde bem cuidada se deu início e logo se dividiu para dois lados opostos, seguimos pelo lado direito. No meio daquele enorme círculo que separava as pistas, havia uma fonte muito linda com um símbolo no topo que eu desconhecia.
Aquilo não era uma casa e sim uma enorme mansão, não sabia dizer nem chutando quantos quartos deveria ter. Duas empregadas receberam a gente na porta com seus corpos curvados para frente enquanto sabíamos os cinco degraus de uma escada que tinha na frente. Elas abriram a porta logo em seguida.
Um enorme salão vazio foi o primeiro cômodo que eu conheci. Uma escada em forma de U de cabeça pra baixo com as pontas abertas davam acesso para o próximo andar, onde dava pra avistar as varandas internas da galeria acima. O teto tinha um formato oval pontiagudo de vidro que parecia representar o azul escuro da galáxia e os cósmicos que por ela se alastravam.
— É lindo, não é? — Mu-deok juntou-se a mim na admiração do teto.
Senti certa nostalgia nele, era tão bonito como se fosse o verdadeiro universo, mesmo que eu soubesse que não era.
Subimos a enorme escada e seguimos por um corredor esquerdo longo, paramos somente na sétima porta e com certeza aqueles cômodos eram grandes porque a distância de uma porta para outra era grande.
A sala parecia um escritório; mesa principal para trabalho acompanhada de um computador, um porta-papelaria, uma mesa de centro e duas poltronas e um sofá pequeno para três pessoas.
Um homem engravatado esperava sentado em uma das poltronas. Taehyung se posicionou ao lado da poltrona vazia Jungkook sentou e fez um sinal com sua mão para que nos sentássemos no sofazinho, assim fizemos.
— Olá Senhorita Han e Senhorita Kang, meu nome é Kim Namjoon, sou o advogado que ficará responsável pelo contrato da Senhorita Han com o Senhor Jeon que tem como testemunhas o Senhor Kim e a Senhorita Kang — Apresentou-se, Namjoon era um homem jovem, alto e usava um terno, do lado de seu assento estava uma maleta e quatro pastas preta encontravam-se em suas mãos — Aqui está a cópia do contrato com as cláusulas que o Senhor Jeon fez questão de ressaltar, original está em minhas mãos — Entregou a cada um de nós uma daquelas pastas — A Senhorita Han pode estar questionando e solicitando o que deseja para a concretização desse acordo mútuo entre as partes e as testemunhas precisam estar cientes do que está sendo proposto neste contrato.
Agora entendi o porquê dele precisar da Mu-deok, ela era testemunha do nosso contrato junto com o braço direito dele, Kim Taehyung.
A última coisa que imaginei é que ele fosse tão burocrático assim. Não dei nenhuma das minhas informações pessoais a ele, mas no início do contrato, havia os dados das duas partes; do CPF à minha futura moradia, a Mansão Jeon.
Haviam muitas cláusulas obrigações da minha parte, mas também vários privilégios vindo do Jeon. Eu tinha que sempre estar acompanhada de um dos guardas pessoais dele, jamais poderia mencionar a nossa relação ou sequer que morava com ele, poderia continuar trabalhando, mas um motorista dele seria o responsável pela minha locomoção e minha saída de lá. Apesar de não poder falar nada da minha relação com a família Jeon, eu poderia utilizá-la para meus luxos e necessidades com um cartão ilimitado que seria entregue a mim, cujo os gastos não teriam a supervisão de ninguém, dando-me privacidade.
Também era da minha obrigação sempre estar à disposição do Jeon, além disso, uma ginecologista estaria me acompanhando todo mês para garantir o "total" prazer dele sem riscos de uma gracidez indesejada.
Foquei somente no que realmente me interessava, minha ficha caiu um tempo depois e tive que perguntar em voz alta:
— Eu tenho que sempre estar acompanhada do seu pessoal pra sempre informarem onde eu fui ou deixei de estar? — Em voz alta soou mais ridículo do que imaginei na minha mente.
— Senhorita Naui Juin, o mundo dos negócios é muito perigoso, precisamos que esteja sempre segura — Taehyung explicou com muita cautela.
— Mas ninguém vai saber da nossa relação, então porquê eu estaria em perigo? — Senti inocência na minha pergunta e também cinismo não-intencional.
Taehyung abriu a boca, mas a fechou quando Jungkook levantou uma mão.
— Só porque não há a divulgação de dados, não quer dizer que você não esteja em perigo. Vai sair da minha casa, há sempre espiões por todos os lados, isso não os impede de caçar você como isca. Não que eu me importe com você, mas me importo com o que está nas minhas responsabilidades e me beneficia — Encarou-me com os olhos mais sérios e frios que já vi desde que o conheci.
Entendi. Eu e um animal qualquer não fazia a menor diferença, porém, suas atribuições ao que lhe pertence e o que ele negociava eram importantes; meu corpo era importante, não eu.
— Eu não quero você o tempo todo controlando os meus passos — Se ele sempre me seguisse por terceiros, saberia da minha irmã e isso é algo pessoal demais pra mim.
— Não vou abrir mão dessa cláusula, escolha outra coisa. Não sou o tipo de homem que corre riscos — Ele insistiu.
— Então não vamos assinar nada. Quero minha liberdade de sair sem que você fique sabendo de tudo — Determinada, mantive minha escolha.
Ele encarou-me por um tempo, os olhos estavam obviamente infelizes e furiosos. Senti os olhos preocupados da Mu-deok em mim, mantive apenas a certeza que tinha ao manter o contato.
— Por que não mudamos a tática? — Taehyung interrompeu, ficando no espaço entre mim e Jungkook.
— Prossiga — permitiu seu chefe.
— O Jungkook não quer que você saia sozinha, e você não quer que ele saiba pra onde você vai o tempo todo — Explicou ponderando as duas partes — Temos um grupo de guarda pessoal cujo você pode escolher o qual confiar mais e ele deverá assinar um acordo de confidencialidade com você. O Jungkook só precisa que seja um desses guardas e saber a hora que saiu e chegou. O que acham?
Não era uma ideia ruim. Um homem de palavra como aquele não iria quebrar um acordo de confidencialidade. Nós dois estaríamos satisfeitos.
— Parece uma boa opção, desde que seu chefe não escolha falhar com o que prometido — Arqueei uma sobrancelha, desconfiada.
— Não faria algo assim por um motivo qualquer sem justificativa lógica — respondeu Jungkook.
Por que ele tornava uma resposta que poderia ser apenas um "não falharei" numa enorme frase?
— Tanto faz, só não quero você sabendo o que fiz ou deixei de fazer — Dei de ombros e revirei os olhos ainda enojada de sua complexidade.
— Estarei fazendo as alterações solicitadas — Informou Namjoon já tomando para seu colo o notebook.
Não demorou para que ele dissesse que havia terminado de imprimir quatro cópias e as anteriores colocar na picotadora de papel.
Dei uma lida na cláusula alterada e com todos de acordo, assinamos os papéis.
— Por hoje é só, estou me retirando — disse Namjoon e guardou suas coisas, depois se levantou, fez uma leve mesura e se retirou.
— Mais alguma coisa Rei da Exigência? — perguntei sarcástica.
— Arrume suas coisas, amanhã você se mudará para cá. Taehyung, acompanhe-as de volta à boate.
Jungkook se separou de nós quando saímos do escritório. Taehyung nos acompanhou de volta à boate. Logo ela abriria, então tomei banho e me troquei, encontrando Mu-deok novamente no bar.
Não conversamos muito durante a noite devido à movimentação. Pedido pra lá, pedido pra cá... Nosso único contato foi a entrega dos pedidos e eu indo pegar eles.
Na verdade achei que nem funcionaria normalmente, mas funcionou e por incrível que pareça, bombou com uma lotação maior do que nos cabia receber.
Só entendi o motivo do agrupamento de pessoas quando a Jihyo se juntou a nós. Durante sua apresentação nós paramos de atender ou levar pedidos para assistir também.
Jihyo além de uma mulher bonita, bem cuidada e corpo bem chamativo, era a melhor dançarina da boate e se apresentava raramente.
— Por essa ninguém esperava, não é mesmo? — Reconheci a voz de sussurro da Mu-deok atrás de mim, como se alguém fosse nos ouvir com aquele som altíssimo. Ela ficou ao meu lado.
— O que deu nela pra fazer uma apresentação sem nem avisar e convidar os VIPs? — Intrigada, a pergunta parecia mais para mim mesma.
— Bom, deve ser algo do Senhor Jeon.
A olhei curiosa. O que aquele poderoso CEO tinha haver com aquilo tudo?
— O que ele tem haver com isso?
— Não sei exatamente, mas nenhum desses aqui hoje é do VIP ou já foram clientes daqui. É você que sempre reconhece um rosto, viu algum conhecido? — disse olhando para o palco.
Ela tinha total razão. Olhei ao redor e só então me dei conta que não havia um rosto conhecido sequer.
— Para acalmar a Jihyo, o Jungkook deve ter mandado o pessoal dele pra cá e nenhuma estrela daqui brilha mais que nossa chefe, ainda mais em uma ocasião tão especial — disse sarcástica.
Voltei a ver a apresentação. Por um momento que apareceu muito longo, o olhar da Jihyo cruzou com o meu, jurava que o que eles diziam era uma satisfação em ver que eu a via dançando. Seus lábios contorceram num sorriso quando não desviei.
Foram breves dez minutos de apresentação composta por três números musicais diferentes. Ao terminar, Jihyo deixou o palco sob aplausos dos clientes. Seguiu caminho direto em nossa direção, mas parou na mesa no centro da boate. Os cabelos daquele homem sentado eram inconfundíveis. Ela sentou em seu colo colando a frente de seus corpos e o beijou fervorosamente. Assisti de camarote, um pouco surpreendida por não notar a presença dele antes. Jihyo se afastou e novamente, me deu aquele olhar. Afastou-se da mesa e veio diretamente em minha direção e eu esperei parada.
Mu-deok estava tão perdida quanto eu, já que seu olhar ia de mim para Jihyo e vice-versa. Perto do meu ouvido, Jihyo sussurrou:
— Pode ser que você tenha dormido com ele, mas o Jungkook é meu, e sempre será. Você não passa de um brinquedo sexual — falou tão baixo que eu mal ouvi, mas com certeza não havia perdido uma palavra que saiu da sua boca — Você tem muito o que aprender se o quiser, querida.
Acariciou minha bochecha com as costas da mão e foi embora com um olhar e sorriso vencedor, só não sabia o que ela tinha ganhado. Eu estava pouco me lixando para Jeon Jungkook. O que me interessava nele era o dinheiro que salvaria a vida da minha irmã, mais nada além disso.
Tivemos que voltar para servir os clientes logo em seguida, mas vi a Mu-deok inquieta, provavelmente curiosa para saber o que a Jihyo me disse, mas naquela noite, não tivemos tempo pra mais nada e quando a boate fechou, não a encontrei pra conversarmos em lugar nenhum.
[...]
Como havia caído na cama de cansaço e caído no sono, acordei cedo mesmo com o pouco que dormi, tinha que fazer minhas malas já que alguém viria me buscar.
Antes do sol nascer um carro diferente do qual saímos com o Jungkook me esperava, Taehyung me esperava fora dele. Desci com minhas poucas coisas e cheguei no carro.
— Precisa de ajuda com a sua mala? Posso buscar pra você — Ofereceu-se com uma animação demasiada, parecia que a ideia de ser "útil" para mim o alegrava.
— Minhas coisas estão todas aqui — Virei de lado para mostrar a mochila nas minhas costas.
— Ah — Ele murchou por completo e desfez aquela cara feliz.
A real é que eu não tinha mais nada além da roupa oficial de trabalho e umas cinco mudas. Como só usava roupas normais para limpar a tarde e ir ao Hospital, tentava economizar ao máximo meu dinheiro somente com o necessário e ter muita roupa não era necessidade para mim.
Taehyung ficou estático. Coloquei minha mochila no porta-malas e entrei, ele me acompanhou. Seus olhos me observaram o caminho inteiro até a Mansão Jeon e ele não pareceu se incomodar quando o olhei ele realmente não tirava os olhos de mim, no entanto, eu fechei os olhos e respirei fundo pra não o perguntar porque me olhava daquele jeito, mesmo que eu soubesse o motivo. Agradeci à Deus em silêncio por ter me dado a paciência de chegar ao meu destino sem surtar com aquele homem.
— Pode levar as coisas da Senhorita Naui Juin para seus aposentos — Taehyung entregou à uma empregada que parecia esperar por essa ordem e depois ela sumiu escada acima.
Paralisei com a fileira de homens de terno que tinha no meio do salão.
— Esses são os nossos novos seguranças, como prometido, trouxe algumas opções para você escolher quem quiser, vamos à sala de visitas, lá pode conversar com cada um deles ou fazer perguntas em grupo, você que sabe — falou já seguindo uma direção, eu fiz o mesmo.
Os passos deles pareciam todos sincronizados, como se fossem robôs programados para seguir um padrão, sinistro. Decidi entrevistar todos juntos e disse que tinham que responder tudo somente com a verdade e a veracidade com a qual eles disseram "sim, Senhorita Han" me deu um leve susto. Não perguntei nada demais e eles respondiam tudo com muito vazio e direção. Por fim, decidi ficar com o que mais agradou meus olhos.
Taehyung era muito mais perspicaz do que eu imaginava, ele já tinha um contrato com o nome do rapaz com ele, para não haver atrasos, ele tinha mandado aquele coitado do advogado fazer dez contratos com o nome de cada candidato sendo que só um seria escolhido.
O celular do Taehyung tocou e ele balançou o aparelho para mim como um sinal de quem precisava atender já que quem o ligava era "O Poderoso Chefinho". Dei de ombros com um riso, era um apelido bem a cara de Jeon Jungkook. Ele se afastou um pouco, mas não tanto.
— Taehyung falando... Sim... Sério? — Me olhou do nada — Está bem, estarei aí já, já — desligou.
— Trabalho?
Ele revirou os olhos em protesto, fazendo manha.
— Eu achei que ia ter menos trabalho hoje com você. Jeon Jungkook, o cara mais independente que conheço, não vive um dia sequer sem mim — Fez uma imitação e jogou o cabelo, jogando seu charme.
— Eu vou ficar bem, apenas vá — Sorri pra ele.
— Park Jimin, ela é sua responsabilidade agora, mostre a casa pra ela — Dirigiu-se ao rapaz loiro e depois pra mim — Ele a seguirá pelos cômodos da casa para garantir que fique sempre onde podemos te enxergar, é melhor fazerem amizade ou a convivência será difícil.
Seguiu para o encontro de seu chefe, seja lá onde ele estivesse. Os demais candidatos já tinham saído.
— Mal sabe ele como nossa convivência vai ser fácil — Agarrou meu braço, abraçando-o.
Segurei seu punho e tentei o afastar de mim em vão.
— Ei, me solta! — disse irritada.
Ele soltou e levantou as mão em redenção, com um bico de lado na cara.
— Achei que vocês fossem sérios e mantivessem a pose, é estranho agarrar alguém do nada, sabia? — O repreendi, aquele era um movimento do qual eu não estava acostumada a receber, muito menos de um homem.
— O Taehyung é gente boa, mas é muito grudado no chefinho e por isso ninguém ousa ser informal perto deles — Deu uma voltinha na ponta dos pés — Você escolheu justamente a única pessoa que não segue esses padrões.
Juntou as pontas dos anelares abaixo do queixo e piscou os olhos repetidas vezes.
— Deve dar tempo de voltar atrás — resmunguei de lado.
— Eu não tenho tanto temor a quem tá acima de mim, evito os deixar bravos ou ser informal com eles porque do meu contrato, também cresci com eles. Se acha que aqueles cachorrinhos de rabo entre as pernas que vivem sentindo a presença de espírito do Jungkook é mais confiável que eu, eu mesmo vou solicitar outro segurança pra você — disse chateado, já pronto para sair.
— Senhor Park, espera — Ele virou — Não precisa disso, mas você não contaria nada mesmo pra ele?
— Gosto de uma boa aventura e posso usar meu contrato contra ele e não o temo. Sou capaz até de esconder um cadáver com você escondido do Jungkook.
Aquele pensamento foi bem macabro — Me chame de Jimin, eu vou chamá-la apenas de Naui Juin.
Park Jimin era um rapaz realmente peculiar. Ele não tinha todo porte de rato de academia dos outros seguranças, mas seu corpo era bem atlético. Seu jeito de falar, andar e gesticular o fazia parecer bem frágil, tão frágil quanto eu, no entanto, depois de tentar sair da sua pegada e falhar miseravelmente, com certeza é apenas aparência; ou eu rezava pra ser, se tivéssemos problemas com os inimigos do Jungkook nós dois estaríamos em apuros.
Os cômodos eram tantos que estavam me deixando zonza. Um corredor para os quartos de hóspedes tinha cerca de quinze portas, entrei no primeiro e o segundo por curiosidade e todos pareciam ter o mesmo espaço longo e decoração padrão de tudo preto e paredes cinzas.
No andar de baixo ficava a cozinha, a sala de jantar e a sala de estar e de acordo com Jimin, havia uma cozinha isolada em outro pavilhão e duas no qual eu estava, uma para festas e outra de rotina diária. Cada quarto tinha seu próprio banheiro, mas no andar de baixo havia cinco. Um spa ficava no fundo, mas também tinha uma enorme piscina há alguns metros da casa.
Na direção do andar onde eu dormia ficava o escritório pessoal do Jungkook, uma sala de música com muitos instrumentos diferentes e modelos diferentes dele, uma sala de gravação que eu não fazia ideia se ele realmente usava, mas os equipamentos eram bem profissionais e outros cômodos que acabei esquecendo. Meu quarto ficava quase no final do corredor, diferença de só um quarto que ficava trancado e a última porta da ponta era o quarto dele.
— O quarto do Jungkook não podemos entrar, a porta de frente pra essa que separa seu quarto é chamado de quarto da noiva, arte do Taehyung, aqui é onde vocês vão... Bem, você sabe o quê — Ele disse simplista, mas senti um calor anormal no rosto — Você fica uma fofa assim.
Evitei olhar para ele dando uma rápida entrada no Quarto da Noiva. Tentei abrir a porta da frente e ela estava trancada.
— Por que essa está trancada?
— Bom, isso ninguém sabe, uma empregada específica limpa esse quarto, mas ela nunca disse o que tinha nele. Acredito que em breve você vai descobrir — Entrou no meu quarto.
Olhei para a maçaneta curiosa. Não sabia se ia conhecer tal cômodo e muito menos sabia se queria descobrir.
Meu quarto era cinza e preto, o mesmo padrão dos outros. O banheiro era bem espaçoso e havia partes separadas, um canto para chuveiro e outro para banheira. Nunca vi uma pia tão grande como aquela e um estoque de produtos de higiene estava ali. Em quanto tempo eles fizeram tudo? Tinha mais outra porta no quarto, essa se correr. Quando a abri, havia um closet não de grande tamanho com várias roupas para uso diário, peças íntimas, calçados básicos e não-comuns.
— Vocês vão se divertir bastante, hein? — Jimin disse parado na frente de uma parte onde só havia lingeries e acessórios do tipo.
Decidi não responder e o ignorar. Voltei pra cama e me joguei nela, estava morrendo de sono. O dossel em cima dela era maravilhosamente lindo, toquei admirada e era tão macia e leve.
— Não vai arrumar suas coisas? — Jimin perguntou perto da minha mochila que estava numa poltrona no canto do quarto entre duas paredes, perto de uma das janelas.
— Eu passo, prefiro dormir — Mantive-me na cama.
O silêncio tomou as paredes do meu quarto, só ouvi o som do zíper da minha mochila. Se ele arrumasse me pouparia um trabalho e como andaria comigo, não tinha problema ver a foto da minha irmã, já que eu teria que a visitar com a intrusão dele.
Acabou que fiquei muito tempo deitada e não consegui dormir, somente relaxar o corpo naquela cama extremamente confortável. Perdi a noção do tempo ali. Sentei rapidamente na cama quando lembrei de um ponto fundamental do contrato. Jimin cochilava na poltrona. Levantei e comecei a nadar de um lado pro outro enquanto acabava com minhas unhas roendo.
— O que foi? Por que tá andando de um lado pro outro? — Ele acordou. Levantou e se espreguiçou, se aproximou de mim e sentou no baú no pé da minha cama.
Falar em voz alta o que estava pensando era muito vergonhoso, mas eu estava surtando. Eu teria que estar disposta pra ele quando ele quisesse e não fazia a menor ideia do que devia fazer quando essa hora chegasse.
— Pelo jeito você não vai falar o que é — Apoiou-se nas mãos pouco mais para trás de si e levou uma de suas pernas por cima da outra — O Jungkook deve ter encomendado você, não é possível. Não acha melhor falar comigo? Sou muito mais experiente que você.
Parei na mesma hora. Sentei ao seu lado e puxei sua mão, fazendo olhos de gato e bico pidão.
— Como sabia? Já que é mais experiente que eu nesses assuntos sexuais, pode me dar algumas aulinhas? — Pedi carinhosamente.
Ele arqueou uma sobrancelha e endireitou-se.
— Assuntos sexuais? Do que está falando? — Pareceu mesmo que ele não fazia ideia do que eu falava — Eu falei em relação à lidar com o Taehyung e o Jungkook. Espera, você era virgem? Perdeu a virgindade com o Jungkook?
O larguei e virei pro outro lado. Com os calcanhares no baú abracei minha perna batendo a minha testa com minha mão livre.
— Me diga ao menos que não estava bêbada — Não o respondi.
— Menina burra, burra, burra, óbvio que ele estava falando sobre lidar com eles! — disse pra mim como se mudasse algo.
— Uau, você é mais interessante do que pensei. O Jungkook nunca transa com mulheres virgens, somente as rainhas da experiência e agora, ele é o primeiro homem do seu brinquedinho pessoal — Sua mente parecia vagar.
— O que sabe sobre seu corpo? — perguntou cutucando meu ombro.
— Como assim? — Me virei timidamente.
— Sobre o que você gosta no sexo. É importante saber o que te dá prazer, o Jungkook tem seus problemas sexuais, mas ele fica satisfeito com o prazer da outra pessoa — Ele parece um homem totalmente sério, pareceu aquele que conheci na fala. Esse era o jeito dele quando ficava sério.
— Eu não faço a menor ideia — Me mexi inquieta, desconfortável.
— Já se tocou alguma vez? — O olhei confusa — Já se masturbou?
— Não! — Neguei de cara eu sabia o que era e era contra meu respeito pessoa violar meu corpo.
Eu não era tão religiosa, porém, se dissesse que não esperava perder a virgindade com meu marido segundo a bíblia, seria uma completa mentira.
— Ah, não, você é complicada demais — Reclamou voltando a ser o Jimin aberto — O que você fez na sua adolescência? É muito normal os jovens se tocarem, conhecer seu próprio corpo, saber o gosto que tem, conhecer-se. O que você tava fazendo nesse tempo?
Não podia simplesmente dizer que estava lutando para terminar os estudos e trabalhando para cobrir as despesas médicas da minha irmã. Enrubesci.
— Falar não adianta muita coisa, você precisa fazer, isso sim — Estalou a língua no céu da boca como se tivesse tido uma ideia inteligente — Se masturbe.
Juntou as palmas das mãos de um lado do rosto fazendo cara fofa. Como ele conseguia falar essas coisas de forma tão leve?
— Eu não faço ideia do que fazer!
— Se toque. Massageei seus peitos, toque seus mamilos, esfregue seus dedos da sua entrada ao seus clitóris... Coisas desse tipo. Se lembre da noite em que passou com o Jungkook, os mínimos detalhes, isso pode te dar prazer. Se estiver mesmo concentrada — Inclinou-se para frente ficando com seu rosto próximo do meu — Apenas tocar seu corpo suavemente já vai te fazer viajar. Mantenha seus olhos fechados para que a mente flutue e esqueça do mundo.
Prestei atenção em cada uma de suas palavras. Após manter o olhar e o sorriso sacana por alguns segundos, ele se afastou e levantou animado.
— Vamos almoçar. Você pode fazer isso durante a tarde, te darei privacidade também.
Foi até a porta. O segui quando saí do transe. Eu precisava saber o que meu corpo gostava e o que me dava prazer.
A ideia do Jimin não era tão absurda, absurdo era se eu realmente conseguiria fazer.
Fomos para sala de jantar e uma mesa foi servida, não esperei que Jimin fosse se sentar comigo, já que tinha tanta formalização na casa.
Como prometeu, Jimin me deixou sozinha pela tarde. Adiei o máximo possível fazer aquilo, mas por fim, tomei um banho e fui pra cama.
Eu não me lembrava com clareza de nada da noite em que dormi com Jungkook e isso era um empecilho. Tentei várias e várias vezes tocar meu corpo de forma indecente, mas quando meus dedos se aproximavam de alguma parte eu endurecia e travava.
Se não fosse pela minha irmã, jamais me sujeitaria a assinar um contrato como esse. Jeon Jungkook era uma faca de dois gumes que me beneficiava no que eu precisava e o outro me trazia situações que nunca pensei em passar.
No final das contas eu não conseguia me violar, e por mais ilusório que parecesse, decidi que se eu não podia, outra pessoa podia fazer por mim.
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