Prólogo
Não havia uma pessoa em Verdes Prados (uma pequena cidade com pouco mais de 20 mil habitantes no interior de Minas Gerais) que não sabia da rivalidade das famílias Moura e Bragança. Dizem que a rixa começou com uma disputa por terras antes mesmo da cidade ser emancipada a quase 100 anos atrás. A cidade foi praticamente fundada pelas duas famílias.
João Bragança e Antônio Moura eram amigos e saíram da terra natal, na Bahia, para tentar a vida num arraial de que haviam ouvido falar, que ficava no interior de Minas. A princípio, eram só dois garimpeiros que foram à região em busca de uma pedra azul preciosa, chamada Águas Marinhas.
Quando finalmente encontraram, começaram a fazer fortuna no pequeno arraial e o progresso começou. Em poucas décadas, a cidade já era considerada um polo na região. João Bragança entrou no ramo do café e logo sua fazenda tornou-se uma das maiores que a cada vez aumentava mais. Antônio Moura entrou no ramo do leite e também se destacou na pequena cidade.
Alguns anos depois, os dois se desentenderam num bar. O motivo da briga nunca foi revelado, apenas boatos de que existiam terras envolvidas e desde então, a rixa começou. Para piorar, as fazendas eram vizinhas. A fazenda dos Moura se chamava Carcará; a fazenda dos Bragança se chamava Cascaveis. Uma ironia diante da rusga eterna das famílias.
Os Bragança ficaram conhecidos como "os barões do café". Tinham tantos pés de café, que sumiam de vista. O café, de excelente qualidade, ganhou o Brasil e depois o mundo. A exportadora criada por eles era a Braprado Export, e o principal café vendido era o Dom João, 100% arábica, apreciado no mundo inteiro. Em pouco tempo, tornou- se a segunda maior exportadora de café do mundo.
O líder da família e presidente da Braprado era Emanoel Bragança. Ele era casado com Regina Bragança, uma socialite que estava sempre participando de eventos sociais. Vinha de uma família também importante, dona de uma rede de supermercados, a maior de Verdes Prados. Desta união, nasceram dois filhos: João Emanoel e Valéria
Já os Moura ficaram conhecidos como "os barões do leite". Os reis do gado de Verdes Prados. A empresa de lacticínios dos Moura era a Laticínios Tia Ana, que fabricava queijos de todos os tipos, além de outros derivados, como requeijão, iogurte, manteiga e muito mais.
O atual líder da família e presidente da empresa era Valter Moura, que também estava tentando carreira política. Ele era casado com Inês, uma mulher deprimida e que estava sempre triste devido às constantes infidelidades do marido. Da união, eles tiveram um filho: Romero.
O barão do café e o barão do leite, inimigos desde sempre e para toda a vida! Era este o lema. Os seus descendentes não podiam nem ser amigos, conversar e/ou interagir. Estudavam em escolas diferentes, pois onde um Moura estivesse, um Bragança jamais pisaria, e vice-versa.
Pelo menos era assim que achavam.
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