𓏲 ࣪ ( 001 ) ˖ mommy knows best.

━━━ 𖦹 ━━━

Hyeon desligou o motor do carro na frente da mansão LaRusso, batucando levemente os dedos no volante enquanto esperava sua mulher terminar de retocar a maquiagem para que pudessem tocar a campainha. O silêncio no carro era constrangedor, o clima um tanto pesado pela pequena briga de mais cedo.

──── Vocês ficaram o dia inteiro fora. ──── Alexia comentou. ──── Quase não chegam a tempo para o jantar.

──── Mas nós chegamos. ──── Brian disse despreocupadamente enquanto mexia em seu celular. ──── Não é o que importa?

──── Onde estavam? ──── ela perguntou, olhando para eles através do retrovisor, embora nenhum dos dois a olhassem.

Silêncio.

──── Crianças, onde vocês estavam? ──── Hyeon perguntou.

──── Fomos conhecer a cidade. ──── Maya respondeu olhando de canto para seu pai. ──── Se vamos passar um tempo aqui, deveríamos pelo menos conhecer o local.

Alexia revirou os olhos por ser ignorada.

──── Tanto faz. Com tanto que a rebeldia adolescente de vocês não atrapalhem meus negócios. ──── ela disse e Brian bufou, descendo do carro antes que começasse a discutir com ela novamente.

──── Vão na frente, eu vou fazer uma ligação e já alcanço vocês. ──── Hyeon disse enquanto pegava seu celular, Alexia concordou e desceu do carro, Maya indo logo atrás. A morena ajeitou seu vestido longo antes deles andarem até a porta, tocando campainha. Não demorou para que uma adolescente abrisse com um sorriso simpático.

──── Oi, sejam bem-vindos! ──── a de cabelos cacheados sorriu. ──── Sou Samantha, entrem por favor.

──── Olá, querida. É um prazer. ──── Alexia sorriu gentilmente para a menina, logo apertando sua mão. ──── Eu sou Alexia.

──── Alexia, querida! ──── a voz animada de Amanda LaRusso ressoou pelo local, enquanto ela ia até a Hammond, a cumprimentando com um abraço. ──── Quanto tempo!

──── Nem me fale! ──── Alexia sorriu, elas logo se separaram do abraços.

──── Oh Meu Deus. ──── Amanda disse meio chocada enquanto encarava os filhos de Alexia, que a encaravam de volta sem saber o que fazer ou dizer. ──── São eles? ──── perguntou, olhando para a outra mulher.

──── Os próprios. ──── Alexia soltou uma risada. ──── Brian e Maya. Os mesmos bebês que você pegou no colo há alguns anos.

Amanda abriu a boca e a fechou, surpresa. ──── Estou ficando velha. ──── ela disse, indo até os gêmeos, os abraçando juntos. ──── Lembro de vocês quando eram duas bolotas que só choravam e faziam cocô sem parar.

──── Tá', tá. ──── Brian resmungou enquanto se soltava do abraço. ──── Sem melação. ──── Alexia lhe lançou um olhar de repreensão, mas ele não se importou.

──── Vejo que já conheceram minha filha, Samantha. ──── Amanda disse, chamando a garota com a mão. Assim a mais nova fez. ──── Sam, esses são Alexia, minha melhor amiga na época da escola, e os filhos dela, Brian e Maya.

──── É um prazer. ──── a LaRusso sorriu tímida, estendendo a mão.

──── O prazer é nosso. ──── Maya fez o seu melhor para sorrir simpática, pegando a mão da garota, enquanto Brian se limitou em apenas acenar com a cabeça.

──── Venham, vamos para a sala de jantar. ──── Amanda chamou, guiando o caminho, e os outros a seguiram, parando no cômodo no qual havia uma mesa muito bem organizada. ──── Sintam-se à vontade. O Daniel deve aparecer daqui a pouco.

──── E o Anthony, como está? ──── Alexia perguntou enquanto se sentava à mesa, juntamente com seus filhos.

──── Ah, está ótimo. Foi passar uns dias com a avó. ──── Amanda respondeu. ──── E você, Alexia? O que achou da Coréia?

──── Lá é muito bom. ──── a Hammond disse. ──── Muito lindo também. Mas não há nada como estar em casa, não acha?

──── Lembro da época em que conheceu Hyeon e estava ansiosa para se mudar para a Coréia pro casamento de vocês. ──── as duas riram, nostálgicas. ──── Faz tanto tempo.

──── Ouvi dizer que o ensino de caratê na Coréia do Sul é ótimo. ──── Samantha comentou, dando de ombros.

──── É muito bom. ──── Maya concordou. ──── Lá têm golpes bem únicos. ──── ela olhava para Samantha, sabendo que os outros ouviam também. ──── Técnicas avançadas que não ensinam por aqui.

──── Legal. ──── Sam sorriu. ──── E você conhece essas técnicas?

──── Nem todas. ──── Brian respondeu por Maya. ──── Mas nosso pai sabe. Todas elas.

──── Ele era um sensei. ──── Maya sorriu pequeno, porém orgulhosa.

──── O meu é um sensei. ──── Samantha disse, já empolgada com o assunto. ──── Tem até o próprio dojô.

──── Isso é muito legal, Sam. ──── Alexia disse rapidamente, impedindo que Maya levasse aquele assunto para frente. A mais nova voltou a sua expressão entediada, enquanto Alexia olhou para Amanda. ──── Sinto muito, parece que eles realmente não sabem viver sem falar sobre caratê.

──── Ah, está tudo bem. ──── Amanda soltou uma risada, despreocupada com aquilo. ──── Aqui em casa é a mesma coisa. Desde que Daniel abriu o dojô dele, não se fala mais sobre outra coisa.

──── Ouvi meu nome aqui. ──── Daniel disse enquanto entrava na sala de jantar com uma expressão suave, ao seu lado estava Hyeon. ──── Falando sobre mim, amor? ──── ele perguntou enquanto os dois homens de aproximavam da mesa.

──── Só coisas boas, garanto. ──── Amanda assegurou.

──── Vejo que já se conheceram. ──── Alexia comentou, vendo seu marido juntamente a Daniel LaRusso.

──── Na verdade, Daniel e eu éramos bons colegas na adolescência. ──── Hyeon comentou, dando dois tapinhas nas costas do homem ao seu lado, que riu. ──── É uma história bem conturbada.

──── Meio que éramos inimigos no caratê. ──── Daniel deu de ombros enquanto explicava, um sorriso pequeno em seu rosto. ──── Mas hoje em dia vemos que não precisávamos de tudo aquilo.

──── Que bom que se entenderam. ──── Amanda disse em um tom de alívio. ──── Estava com medo de ter que limpar sangue do meu tapete.


Em questão de trinta minutos, o prato de Maya já estava na metade. Ela não estava com fome e o assunto sobre as empresas estava a deixando tonta. Foi quando sentiu um leve chute em sua canela, uma maneira de Samantha de chamar sua atenção. A LaRusso apontou com a cabeça para a porta da sala de jantar, e a Hammond rapidamente foi capaz de entender o que ela queria dizer.

──── Eu preciso ir ao banheiro. ──── Maya disse enquanto se levantava. Hyeon segurou uma risada, já havia percebido o truque. Ele era capaz de se ver em sua própria filha.

──── Ah, claro querida. No corredor-

──── Eu levo ela. ──── Sam se levantou, interrompendo sua mãe, que concordou. Foi então que Brian pôde entender o plano delas.

──── Traidora desgraçada. ──── ele sussurrou para Maya por o deixar praticamente sozinho na mesa com os adultos. Maya sorriu e bagunçou levemente seus cabelos, antes de seguir Samantha para fora da cozinha.

──── Finalmente, paz. ──── a de cabelos cacheados sorriu. ──── Eu não aguentava mais toda aquela baboseira de empresas, trabalhos, passado e blá blá blá.

──── Nem me fale. ──── Maya soltou uma risada enquanto se esticava, após o tempo que passou sentada na cadeira.

──── Então você é fã de caratê? ──── Sam perguntou. Era esse o motivo pelo qual havia se sentido intrigada em relação à morena.

──── Meu irmão e eu treinamos desde pequenos. ──── Maya disse enquanto observava os porta-retratos na sala de estar. ──── Minha família por parte de pai tem um longo histórico com caratê, isso nos influenciou bastante.

──── Isso é muito legal. ──── ela sorriu animada. ──── Eu queria ter uma companhia assim no caratê. Mas meu irmão não curte essas coisas. ──── ela comentou, ficando em silêncio logo em seguida enquanto observava fixamente um quadro no qual a foto continha a família LaRusso completa. A de cabelos cacheados piscou algumas vezes, voltando a olhar para a Hammond. ──── Maya, não é? Vem comigo. Não é seguro ficar na sala. Qualquer um deles pode nos encontrar aqui.

Maya então foi atrás da garota até o quintal dos fundos, onde havia uma grande piscina bastante iluminada. Ela foi até lá e tirou a sandália que usava, se sentando na borda e colocando os pés na água. A Hammond decidiu seguir o mesmo exemplo, tirando o salto - que foi obrigada por sua mãe a usar - e se sentando ali também, levantando levemente o vestido para que ele não se molhasse.

──── Então. ──── Maya começou, balançando seus pés na água. ──── Você treina no Cobra Kai?

Sua pergunta foi como uma piada para Samantha, que gargalhou. Maya a olhou confusa.

──── Não! Nem pensar! ──── respondeu quase imediatamente. ──── Quase me sinto ofendida por pensar que eu treinaria lá.

──── Não entendi. ──── a morena fez uma expressão confusa. ──── O dojô é ruim?

──── Não só o dojo, mas como o sensei, os alunos, o ensinamento, tudo! ──── a morena explicava enquanto gesticulava com as mãos. ──── Eles são agressivos. São ensinados a não terem compaixão. São trapaceiros que só venceram o último torneio regional porque roubaram. O Cobra Kai faz lavagem cerebral em todos que entram lá. Você e seu irmão deveriam ficar o mais longe possível.

──── Uau. ──── arqueou as sobrancelhas em surpresa com todas as coisas ruins que ouviu sobre o Cobra Kai. ──── Por essa eu não esperava.

──── Vai por mim, é um lugar que você vai querer distância. ──── Sam comentou. Embora tenha ficado um pouco surpresa, para Maya, aquilo era uma coisa comum. Os ensinamentos de sua tia não era muito diferente do que ela havia dito ali. ──── Se quer entrar em um dojô, deveria ir para o Miyagi-Do.

──── Ei, eu conheço isso. Não é aquele caratê que vem de Okinawa? ──── não conhecia o estilo de luta e nem seu sensei, mas já ouviu falar quando viajou para Okinawa com seus doze anos.

──── É! É isso. ──── ela confirmou. ──── Você deveria treinar comigo qualquer dia. Vai amar o Miyagi-do.

Maya então puxou o celular de sua bolsa, o desbloqueando e o entregando na mão de Samantha.

──── Me passa o seu contato. Assim podemos nos comunicar com mais facilidade. ──── a morena sorriu e observou a LaRusso anotar seu número no aparelho. ──── O Miyagi-do tem em torno de quantos alunos?

Samantha devolveu o celular dele com seu número já salvou e soltou uma pequena risada sem graça com a pergunta.

──── No total, dois. ──── disse enquanto balançava os pés distraidamente. ──── Somos eu e o Robby, um amigo meu.

──── Me parece um dojô bem caidinho... ──── Maya disse em um tom de brincadeira. A LaRusso riu e revirou os olhos.

──── Você precisa ter mente aberta para aprender o caratê do Miyagi-do. Muita gente acaba perdendo a paciência e não entende. ──── ela explicou e Maya deu de ombros. ──── Onde você estuda?

──── Até agora, lugar nenhum. ──── disse despreocupadamente. ──── Chegamos há pouco tempo e ainda não deu tempo de fazermos as matrículas em alguma escola.

──── West Valley High School é uma ótima opção, garanto. ──── ela disse de forma amigável. ──── Mas você deve aproveitar, porque ainda temos um mês antes das férias de verão acabarem.

──── Eu só queria dizer que a mãe está muito puta com você. ──── uma voz masculina foi ouvida e elas rapidamente olharam para trás, vendo ali Brian escorado no batente da porta de vidro. ──── Oi, LaRusso. ──── ele sorriu de forma maliciosa e acenou para ela.

Samantha fez uma expressão um pouco confusa e acenou de volta, logo desviando o olhar. Maya logo olhou seu celular, vendo que já passavam das dez da noite, sendo que ela havia saído da mesa às nove. Haviam conversado tanto que nem viram a hora passar.

──── Merda. ──── Maya rapidamente se levantou, com os saltos na mão e indo até Brian, não se importando de estar descalça. Sam veio logo atrás, do mesmo estado que ela.

──── Anda logo, pirralha. ──── Brian disse dando um leve tapa na nuca dela quando ela passou por ele, e o garoto riu quando ela lhe lançou um olhar mortal.

Chegando na sala de estar novamente, viu seus pais se despedindo dos pais de Samantha. Sua mãe lhe lançou um olhar irritado, mas tentou manter a voz pacífica pois sabia que não estavam em casa pra isso.

──── Querida, onde você estava? ──── perguntou a olhando de cima a baixo, um olhar de desgosto a vendo descalço a molhando levemente o chão da sala, igualmente Sam, que soltou uma risada.

──── Banheiro. ──── respondeu simples, embora ninguém tenha caído em sua mentira descarada.

Eles decidiram então se despedir ali, e logo foram para o carro, onde Maya levou bronca durante o caminho inteiro pela irresponsabilidade dela. Ela não rebateu, preferindo ficar calada durante o trajeto. Chegando em casa, foi direto para o seu quarto, já de mau humor. Estava cansada de todo dia uma reclamação diferente de sua mãe. Era desgastante e frustrante.

Fechando a porta, ela se preocupou apenas em ir até o banheiro para tomar um rápido banho e colocar seu pijama, logo se jogando na cama e olhando para o teto.

Ouviu duas batidas na porta e logo a mesma foi aberta, vendo ali seu pai. O mesmo sorriu pequeno para a filha e se sentou ao lado dela na cama.

──── Está irritada?

──── Por que ela não consegue compreender que ninguém aqui quer ser como ela ou como ela quer que nós sejamos? ──── ela perguntou e bufou, se sentando e olhando para o mais velho.

──── Ela só quer o que acha que é o melhor para você e seu irmão, pequena. ──── ele disse, tentando amenizar a situação.

──── O melhor para nós é que ela apenas escute o que nós queremos fazer e nos apoie nisso. ──── ela cruzou os braços e fez uma expressão emburrada. ──── Não é difícil.

Hyeon observou sua expressão emburrada, não aguentando segurar a risada e gargalhando. Maya o olhou com uma expressão confusa, não entendendo o motivo da risada.

──── Não, me desculpa... ──── ele dizia tentando recuperar o fôlego. ──── É que agora você fez a mesma cara que você fazia quando era criança e ficava irritada com algo.

Maya soltou uma risada com isso, o som da risada de seu pai sendo o suficiente para que seu mau humor se esvaísse.

──── Palhaço. ──── ela murmurou com um sorriso pequeno e ele bagunçou de leve seu cabelo, se levantando da cama.

──── Deita. ──── ele mandou e ela o olhou confusa, mas ainda sim, obedeceu, deitando com sua cabeça no travesseiro. ──── A sua mãe pode não apoiar o que você e seu irmão querem fazer. ──── ele disse enquanto desdobrava o cobertor de Maya. A garota não pode deixar de sorrir ao ver ele a cobrindo. ──── Mas eu vou estar sempre aqui pra vocês. Apoiando, ajudando, fazendo cartaz colorido para incentivar e comprando o champanhe para comemorar. ──── ele ajeitou o cobertor sobre o corpo da filha, que podia sentir seus olhos começarem a marejar com as falas do mais velho. ──── Porque eu amo vocês. Mais do que minha própria vida. E no fim, é isso o que importa. ──── ele se aproximou para deixar um beijo na testa da morena.

Maya tinha dezesseis anos. Claro, estava um pouco velha para que seu pai precisasse a colocar para dormir e normalmente reclamaria e o chamaria de brega, mas naquele momento, ela só achou que precisava daquilo.

──── Eu te amo, pai. ──── ela sorriu.

──── Eu também te amo, pequena. ──── ele disse virando as costas e apagando a luz, a olhando uma última vez naquele dia antes de fechar a porta do quarto.

No entanto, Maya não conseguia dormir. Ela pegou seu celular no criado-mudo e o olhou para ver se havia alguma mensagem nova, e haviam apenas algumas de alguns amigos que tinha na Coréia. Mas nenhuma mensagem de quem ela realmente gostaria de receber.

Seu namorado sempre foi um garoto difícil de lidar, era um dos motivos pelo qual Brian o odiava. Mas Maya era cega por ele, e o fato de ele não responder suas mensagens desde que ela havia chego nos Estados Unidos, doía na garota. Se perguntava se havia acontecido alguma coisa com ele, se ele estava irritado com algo. Apenas queria que ele dissesse o que estava acontecendo, já que eles costumavam conversar com bastante frequência todos os dias.

Abrindo o chat dele mais uma vez, vendo todas as mensagens anteriores que ela havia mandado, percebeu que ele havia visualizado há oito horas, mas sem se preocupar em responder. Se sentindo levemente irritada pela falta de comunicação do garoto, ela decidiu tentar mais uma vez.

"Ei, K. Está tudo bem?"

Enviado.

Bufando e desligando o celular, ela voltou a pensar. Ela precisava de algo para se desestressar. Ela precisava de terapia. E ela sabia exatamente o que era a terapia dela.

Maya se levantou da cama rapidamente e foi até a escrivaninha buscar seu laptop, voltando para a cama e o abrindo em seu colo. Assim que o aparelho ligou, ela decidiu pesquisar por "Cobra Kai" no navegador.

Apareceram algumas informações sobre o dojo durante o período que foi criado, mas isso não a interessou, ela decidiu apenas entrar no site que havia encontrado, justamente o site da matrícula. Ela sorriu com isso.

Havia sido muito bem alertada por Samantha sobre o Cobra Kai, mas Maya havia crescido daquele jeito. O jeito que ela especificou o Cobra Kai, era justamente a praia dela. E ela não poderia deixar de aproveitar.

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