Capítulo 89
DARYL
Ezequiel era um maluco. O cara mantinha um tigre como animal de estimação, o que foi além do ridículo na mente de Daryl; era obsceno.
Animais que não podiam ser domados. Em algum momento, Shiva ia lembrar que não era uma gatinha e Ezequiel teria a rara honra de ser despedaçado por algo que não fosse um andador. E boa viagem.
Daryl estava no Reino a pedido de Rick e passaria a noite, já que o pessoal dali se atrapalhou com a colheita e iriam fazê-la pela manhã. Eles não tinham o luxo de gastar combustível duas vezes, então passar a noite era uma ótima alternativa para todos - exceto para Daryl.
Ele tombou com Sherry - era a primeira vez que ele via a mulher desde a fuga do Santuário. Ela tentou puxar conversa, mas Daryl não deu muita atenção, principalmente quando ela perguntou sobre Ellie.
Por mais que ele tentasse, era impossível não lembrar dela e da forma como ela simplesmente terminou tudo e foi embora. Ele sabia que Rick havia ido atrás dela, mas Daryl era orgulhoso demais para isso. Se Rick, que era o irmão dela não conseguiu fazê-la voltar, porque ele tentaria?
Ele estava magoado, mas também com raiva. Como ela podia apenas dizer que o que tinham não ia mais funcionar? Ele não entendia, ele não queria entender, porque se ele entendesse, teria que aceitar.
O chamado Rei insistiu para que todos jantassem juntos. Daryl sentou-se emburrado em um canto, revirando os olhos para o sotaque chato de Ezekiel e imaginando como diabos Carol tinha sido enrolada por um vigarista desse tipo.
A comida era abundante, mas Daryl não conseguiu comer muito, principalmente ele se encheu de sidra de maçã caseira.
- Filho da puta - Sherry amaldiçoou quando ele bateu sua canela em uma mesa. O jantar estava terminando, Rosita e os homens que vieram com eles de Alexandria já se estendendo para dormir nos sofás da sala de estar, e Sherry estava claramente tentando tropeçar em direção à porta onde quer que ela dormisse a noite.
Daryl sorriu, observando-a, sem saber por que ele estava sorrindo. Algo sobre ver outra pessoa bêbada era divertido.
Daryl trocou um sorriso com Rosita e bebeu a última sidra em seu copo antes de começar a subir as escadas, apenas para ser parado novamente quando ouviu um pequeno estrondo atrás dele. Sherry.
- Ok, eu levo ela de volta - disse Rosita, começando a se levantar.
- Eu faço isso - Daryl interrompeu rapidamente, mesmo que ele não fosse muito resistente em seus próprios pés.
Ele não queria que Rosita andasse sozinha tão tarde da noite, quando essa nova comunidade ainda era uma quantidade desconhecida para eles.
- Vamos levar seu traseiro bêbado de volta ao seu quarto.
Daryl agarrou a última garrafa de sidra impulsivamente, depois pegou o cotovelo de Sherry e levou-o até a porta.
Na mente de Daryl, o resto da noite só existia em flashes obscuros. Sherry o beijou primeiro - pelo menos Daryl tinha certeza de que foi assim. Ele definitivamente se lembrou de ter sido empurrado contra uma porta com uma língua ansiosa procurando sua garganta e uma mão levantando sua camisa, enquanto seus lábios colidiam de novo e de novo.
Daryl rosnou baixo e empurrou os quadris de Sherry contra os seus, suas grandes mãos envolvendo os quadris estreitos da mulher.
Cristo, eles ainda estavam no corredor naquele momento. Qualquer um poderia tê-los visto - não era tão tarde e eles não eram exatamente quietos.
Em algum momento depois, eles entraram na sala de aula transformada em quarto e se despiram em segundos. Daryl não tinha sequer poupado um pensamento para suas costas cicatrizadas. Não, ele estava muito ocupado vendo Sherry caindo imediatamente de joelhos a sua frente.
Seu cérebro fez-lhe o favor duvidoso de lembrar a maior parte do boquete confuso e frenético que se seguiu. Ele se lembrava vividamente de como se sentira completamente em paz com seu pênis batendo na garganta dela, de uma maneira que o perturbou em retrospecto.
Ele fez tudo isso com uma mulher, mas pensando em outra.
O orgasmo era um borrão, mas Daryl definitivamente recordou a sensação de Sherry lamber a gozada de onde ele havia escorrido pelo queixo dela.
E então Sherry o empurrou para a cama, beijando-o até que Daryl recuperasse a ereção para que ela o montasse antes de cair ao lado do homem no colchão gasto.
*
A princípio, dor e sede são tudo o que ele registra, e por um momento antes de abrir os olhos, Daryl acredita estar de volta à cela no Santuário, talvez dormindo em outro intervalo nos curtos momentos entre as estridentes versões da Easy Street.
O próximo som que ele ouve não é tão indesejado quanto aquela música de merda, mas o deixa acordado e envia seu coração desagradavelmente pela sua traqueia da mesma maneira.
- Daryl? Está acordado?
Com os olhos abertos, Daryl empurra a cabeça para o som antes que ele considere sua dor de cabeça. Nadando de dor, ele aperta os olhos para a mulher ao lado dele em total incompreensão.
Sherry.
Sherry está na cama com ele.
Ou, mais precisamente, ele está na cama com Sherry, porque onde quer que eles estejam, definitivamente não é o quarto que Daryl deveria estar compartilhando.
- Oi - ela sussurra, parecendo cautelosa. Ela parece ainda um pouco bêbada tanto quanto Daryl se sente, olhos manchados de vermelho e cabelos selvagens no travesseiro.
Daryl percebe impassível que ela não parece estar vestindo nada - o cobertor que eles estão compartilhando descansa logo acima de seus seios.
Daryl então percebe, muito menos impassível, que ele não está usando roupas também. Os dois olham um para o outro por um longo e estranho momento antes de Sherry quebrar o silêncio.
- Então... o quanto você se lembra?
- Lembro de jantar... - Daryl responde lentamente, já sabendo que Sherry não dá a mínima para aquela parte da noite e o responde com um suspiro.
- Sim, eu também. Principalmente a bebida. Essa sidra era bem forte, certo?
Os olhos de Daryl pegam por um momento a garrafa vazia de sidra, sentada ao lado da cama. Ele bebeu tudo sozinho, usando a desculpa de que Sherry já estava bêbada demais para compartilhá-la.
- Sim, estou nua aqui embaixo - Sherry diz de repente, seu rosto vermelho escarlate.
Sim. Daryl já havia notado isso.
De repente, ela se levanta e anda completamente nua em direção a uma pilha de roupas descartadas no chão.
- Eu acho que... - Daryl balbucia, desviando os olhos quando ele sai de suas memórias.
- Sem ofensa, mas pelo que me lembro, você se aproximou e se envolveu com tudo isso - Sherry acena com a mão vagamente sobre o corpo - Não banque o tímido agora.
Daryl grunhe, ele nem consegue olhar na direção de Sherry enquanto ela está exposta abertamente, encostada a uma mesa velha perto da porta.
A única coisa que ele consegue pensar é em Ellie.
- Eu não devia estar aqui - ele diz timidamente, como se essa fosse a parte infeliz de sua devassidão bêbada.
Daryl se afasta, porque o que ele pode dizer? Um momento depois, a noite embaraçosa fica ainda pior. Há uma batida forte na porta.
- Sherry, você está aí?
Puta merda, é a Carol.
- Carol? - Sherry diz bruscamente, correndo para vestir um par de roupas.
Daryl começa a caçar suas roupas, esquecendo de se preocupar com os olhos de Sherry em seu corpo nu.
Carol parece assustada. Ela pode precisar de ajuda.
- Daryl não voltou depois do jantar. Rosita está perguntando sobre ele, todo mundo está andando em uma área diferente dentro das cercas a sua procura. Você sabe em algum outro lugar que ele poderia ter ido? Achamos que você foi a última a vê-lo.
Daryl enterra o rosto na mão por um momento antes de olhar para Sherry, que o olha para ele impotente, braços abertos em uma pergunta: o que eu digo?
Fechando os olhos em derrota, Daryl termina de puxar o jeans sobre a pele nua e caminha até a porta fechada, tropeçando, tonto pela bebida.
- Diga a eles que eles podem parar, Carol. Eu só cai no sono aqui, estava muito bêbado para voltar.
- Daryl - sua amiga respira aliviada - Deus, Daryl, nós estamos te procurando há meia hora e Rosita já estava ficando louca. Você está bem?
Palmas pressionando as órbitas oculares, Daryl tenta não pensar exatamente no que aconteceu entre ele e Sherry.
- Sim, sim, eu já vou te encontrar - ele avisa. Ele ouve os passos longe, então se vira para a mulher com quem passou a noite - Eu não sei o que aconteceu, mas não devia ter acontecido.
- Daryl... - ela tenta, mas só para ser cortada por ele de novo.
- Você devia voltar para o seu marido - ele dispara rapidamente antes de sair porta a fora.
*
- Você devia se sentar - Carol diz quando equilibra Daryl um pouco. Ele faz uma cara feia para ela e se desprende quando vê uma garrafa de gim.
Por um momento ela pensa em não deixá-lo beber mais, mas desiste. Daryl estava uma merda desde que Ellie se mudou para Hilltop. Carol lembra bem de como Daryl ficou quando soube da suposta morte de Ellie e faltou pouco para que ele não desse um tiro na própria cabeça. Quando ela voltou, Carol viu o brilho em seu olhar voltar, mas então ela se foi novamente, deixando-o na escuridão mais uma vez.
- É bom ver que você está seguindo em frente - Carol começa e Daryl grune, franzido a testa, sem olhá-la - Sherry é uma mulher legal.
- Não tenho nada com ela.
Daryl engole um pouco de gim - não é sua bebida favorita, mas, dadas as circunstâncias, ele aceita - enquanto escuta a mulher continuar a conversa que ele não está nem um pouco afim de ter.
- Você foi procurá-la? - Carol pergunta. Encolhendo os ombros tristemente, e tenta se esquivar do assunto.
- Porque iria?
- Porque você a ama.
- Isso não é assunto seu.
Daryl se levanta abruptamente e leva o gim com ele. Ele vagueia pelo terreno por alguns minutos, sentando por muito tempo no palheiro e bebendo mais gim do que deveria, em um esforço para não pensar no que Carol falou.
Ele a amava. Ele a ama. Ele não pode deixá-la ficar longe só porque ela está confusa, não. Ele ia dar um jeito nisso, e seria agora.
Daryl pensa, e o desânimo se instala sobre ele mais espesso do que o manto de feno no chão. Finalizando o gim, ele arremessa a garrafa sobre a parede do assentamento e contorna a esquina do celeiro perto do trailer, só para dar de cara com Carol novamente.
- Onde você pensa que vai? - ela pergunta enquanto o observa cambalear até sua moto.
- Hilltop - Daryl grunhe, lutando desajeitadamente para por a besta nas costas. Ele está bêbado demais para lidar com Carol agora.
- Você está bêbado demais para dirigir. Durma essa noite e vá pela manhã - Carol tenta argumentar, mas Daryl já está montado em sua moto, dando a partida - Daryl, eu não vou deixar abrirem o portão pra você sair nesse estado.
Daryl acelera até a ficar na frente do portão, mas Carol sinaliza para que não o abram. Rosita aparece e Carol explica o que está acontecendo.
- Vamos de carro, eu dirijo - Rosita tenta, mas Daryl pega sua besta e aponta para o lugar onde há um vigia na torre.
Ele mira onde há a corda que segura o portão fechado e atira. O portão agora sem restrições, se abre, permitindo que Daryl passe acelerando com a moto. O ato não dura nem cinco segundos e nem Carol nem Rosita tem tempo se intervir.
- Eu vou atrás dele - Rosita diz - Pelo menos se ele bater ou qualquer merda, eu consigo ajudar.
Acelerando na estrada escura e vazia, Daryl só vê um rosto em sua mente. Na última vez, Ellie não deu chance dele sequer poder argumentar direito, mas agora ela iria ouvi-lo. Nem que para isso ele tivesse que derrubar Hilltop.
Fogo no parquinhooooooo. O que vcs acham que vai rolar no próximo capítulo?
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