Capítulo 76
Eu corri.
Corri tão rápido quanto pude, e quando cheguei onde queria, entrei na mata e encontrei a moto que Dwight havia me dito que tinha escondido.
O vento no meu rosto secava as lágrimas que meus olhos derramavam. Eu não conseguia parar de pensar no rosto de Negan quando eu o deixei.
Mas eu fiz o certo, não fiz?
No horizonte vi um carro vindo, um dos nossos, e Glenn estava sentado na janela com metade do corpo para fora.
Ele acenou e eu puxei para o acostamento, descendo da moto. Daryl pulou do banco do motorista, correndo na minha direção. Ele me abraçou, sem se importar com o sangue que me cobria.
- Eu achei que estivesse no carro à nossa frente quando saímos... - ele começou a falar, segurando meu rosto. Eu pisquei, tentando focar nele, minha cabeça dando voltas.
Eu sacudi um pouco a cabeça e assenti. Daryl era a imagem da desolação, com os cabelos molhados e as roupas ensopadas de suor.
- Eu acabei me distanciando e não consegui sair, mas está tudo bem agora.
Eu me sentia suja. Uma traidora que estava se esquivando da verdade. E tudo piorou quando ele me beijou. Não era o beijo, era eu. Como eu podia beijá-lo quando acabei de fazer o mesmo com outro homem? Mas eu estava aqui, eu voltei por ele.
- Achei que tivesse te perdido de novo - ele sussurrou. Lágrimas escorriam de seus olhos azuis. Nunca me senti tão mal na vida.
- Não chora - eu implorei enquanto secava seus olhos - Estamos aqui... estamos bem.
O rádio chiou e ouvi a voz de Rick. Glenn disse que eu estava com eles e Rick nos disse para voltar para Alexandria.
- Vão nessa, eu levo a moto - Glenn disse. Ele tirou a blusa de flanela que usava por cima de uma regata e jogou para mim.
Eu sorri, agradecida por poder tirar essa roupa ensanguentada de mim e Glenn partiu com a moto na nossa frente.
Eu troquei de roupa antes de entrar no carro, com Daryl no volante. Seus olhos azuis olham para os meus, e ele estendeu a mão para apertar a minha. Olhei para as escoriações em seu braço, os arranhões ao redor da mandíbula. Ele parecia tão cansado, tão esgotado. Mas estava vivo. Eu o puxei para mim e o beijei.
Eu só queria esquecer que esse dia aconteceu.
O balanço suave do carro me acordou com tudo ainda na escuridão, apenas a luz da lua e os faróis do carro iluminando a estrada e a floresta ao meu lado.
- Teve uma boa soneca? - ouvi a voz de Daryl perguntar, fazendo que eu virasse a cabeça para ele antes que meus olhos encontrassem seu olhar suavizado enquanto um pequeno sorriso aparecia em seus lábios.
Eu assenti com a cabeça enquanto um pequeno bocejo saía de meus lábios, minha mente ainda um pouco presa no sono quando senti a mão de Daryl acariciando minha coxa lentamente, a outra agarrando com segurança o volante.
- Nós não estamos muito longe, não deve demorar muito até chegarmos em casa - Daryl falou, olhando de volta para a estrada enquanto eu me mexia no assento.
Parecia que eu havia dormido por dias. Eu me sentia fisicamente mais descansada, mas minha mente não parava de correr a mil por hora, lembrando de tudo o que havia acontecido, especialmente me perguntando se Negan estava a salvo.
Quando chegamos a Alexandria, o clima estava agitado ainda. Rick disse que em meia hora faria uma reunião e eu aproveitei esse tempo vago para tomar um banho e comer, enquanto Daryl ainda estava com Rick.
O discurso foi para dizer que os próximos dias seriam mais calmos porque os Salvadores estavam presos na fábrica e que daria tempo para preparar o próximo passo.
Eu me esquivei por entre as pessoas antes que Rick me chamasse para conversar, eu já tive minha cota de conversa e só queria ir para casa, e olhei ao redor para achar Daryl.
Ele estava com Aaron e eu não precisei acenar para ele, porque quando me viu, veio na minha direção.
- Oi - eu sorri e ele pegou minha mão, me puxando para o lado de uma das casas, afastado dos demais.
- Eu quero pedir desculpas pelo que eu falei ontem - ele começou, daquele jeito esquisito dele pedir desculpas - Eu não devia ter agido assim.
Eu o entendia. Ele só estava magoado e eu teria a mesma atitude, mesmo que fosse uma atitude idiota, porque é assim que as pessoas magoadas agem. Como eu poderia não perdoá-lo?
- Está tudo bem - eu toquei seu rosto com cuidado, meus dedos correndo por sua barba, cuidando para não tocar em seus machucados.
- Eu sei que falo sem pensar, mas...
Eu não o permiti continuar. Minhas mãos foram para seu colete, e o puxei para mais perto e nossos narizes se tocaram. Então eu estava beijando ele, como se fosse a primeira vez.
Daryl me empurrou até que minhas costas encontraram com a parede, atrás de uma pilha de lixo que junto com a escuridão, nos protegia.
Eu passei minhas mãos por baixo da camisa dele para sentir sua pele, suave e quente sob meus dedos. Eu o puxei para mais perto ainda para poder sentir tudo dele. Ele beliscou meu lábio inferior e depois deslizou sua língua sobre ele.
- Eu quero você - eu ofeguei entre beijos.
- Antes preciso de um banho - ele me beijou novamente, de boca aberta e molhada e eu ri.
Eu puxei pela mão e nós praticamente corremos para casa, fingindo não ouvir quando alguém chamou seu nome. Eles poderiam esperar até amanhã.
- Vai lá, vou estar te esperando aqui - eu pisquei para ele enquanto rastejava pelo colchão.
Eu contive a risada quando Daryl deixou o arco e voou para o banheiro. Eu deitei na cama com os pés pendurados na borda e chutei os sapatos. Minha mente vagou para onde não devia enquanto eu tirava todas as minhas roupas e deitava debaixo do edredom.
O que Negan estaria fazendo agora - além de estar me odiando?
Ele provavelmente estaria com Rachel ou com alguma outra mulher que colocou no meu lugar quando eu fugi.
Será que eu conseguiria mudar algo se tivesse arriscado a ficar com ele?
Não.
Ele provavelmente estaria rindo da minha cara enquanto comemorava com uma de suas esposas.
Daryl saiu do banheiro com uma toalha ao redor da cintura enquanto enxugava o cabelo com outra. Uma corrente de tensão e virilidade emanava dos seus ombros largos e eu senti um estremecimento no meu ventre. Sua pele brilhava tão gloriosamente que meus dedos queimaram de vontade de tocá-lo.
- Algo me dizia que você ia estar encolhida debaixo das cobertas quando eu saísse.
Daryl estava descontraído, mais leve e eu sorri.
- Tá quentinho aqui em baixo.
Ele tirou a toalha da cintura e virou de costas, mexendo na gaveta. Eu passei os olhos por cada cicatriz que eu já havia memorizado, cada forma e elevação.
Eu não havia nem mesmo notado que estava fazendo uma inspeção detalhada de suas costas largas, que acabavam em quadris estreitos e nádegas firmes até que o vi pegar uma cueca.
- Não veste nada, vem cá - eu me ajoelhei no colchão, deixando o ar frio beijar minha pele nua.
Daryl respirou fundo, o peito se enchendo e ficando ainda maior enquanto seus olhos vagavam pelo meu corpo. Ele largou a cueca e veio caminhando até a beira da cama em passos de gato, e quando chegou até mim, e cheiro quente e sensual de sabonete e a pele de Daryl me envolveram.
Um braço longo enganchou em minha cintura, puxando contra seu corpo duro e eu coloquei as mãos em seu peito, me afastando um pouquinho.
- Espera, me deixa te admirar um pouco - eu corri as unhas por sua barriga, e seu membro já estava meio duro, o desejo espesso entre nós.
- Me admirar? - ele perguntou, um pouco tímido, desviando o olhar para meus ombros.
- Sim. Você é lindo.
O sorriso tímido que ele me deu encheu meu coração. Desci minhas mãos por seu peito musculoso e sua barriga dura, e seus músculos se contraíram debaixo da pele. Eu me acomodei e segurei seu pau já meio duro, movimentando para cima e para baixo. Ele soltou um gemido rouco, um ronronar de excitação que arrepiou meu corpo todo.
Daryl deslizou as mãos ao longo dos meus braços e segurou meu rosto entre as mãos, tomando meus lábios num beijo quente e erótico. Sua boca desceu pelo meu pescoço, mais e mais até capturar um mamilo meu, massageando o outro com a mão. Eu joguei a cabeça para trás, sentindo no meio das pernas o reflexo daquela sucção enquanto eu o acariciava lenta e languidamente.
Eu trouxe seu rosto para mim novamente e dei um beijo em seus lábios.
- Quero você na minha boca - eu disse, já me acomodando para colocá-lo entre meus lábios.
Minha mão percorreu todo o seu pau enquanto Daryl mantinha seu olhar travado no meu. Eu adorava a forma como seu abdômen se contraia em antecipação, como ansiava por isso.
Ele me observou com expectativa enquanto abaixava a cabeça em sua direção. Bem lentamente, inclinei-me, arrastando a língua sobre a cabeça grossa do seu pau.
- Porra... - ele sibilou, seu quadril se movendo para que eu o abocanhasse, e eu o fiz, chupando a cabeça entre meus lábios, seu gosto salgado inundando minha boca.
Sinto a umidade escorrer por entre minhas coxas quando Daryl mergulha suas mãos entre meus cabelos e eu deixo que tome controle. Ele mergulha fundo na minha boca, até que esteja na minha garganta.
Deixo seu pau cair dos meus lábios com um suspiro quando sinto seu orgasmo próximo.
- Quer que eu... - isso é tudo o que eu consigo perguntar antes que ele choque seus lábios nos meus.
Eu dou um longo e baixo gemido quando ele desliza um dedo escorregadio dentro de mim, acariciando por alguns momentos antes de sair quase todo o caminho e empurrar de volta. Ao mesmo tempo, ele usa o polegar no meu clitóris inchado, e eu choramingo de novo, meus olhos praticamente rolam para trás na minha cabeça.
Minha voz engata um pouco e eu tomo alguns goles de ar, tentando desesperadamente ter alguma aparência de controle.
- Diga-me o que você quer que eu faça por você - ele pede, tão selvagem e erótico.
Eu quero dizer 'me abrace, faça amor comigo', mas eu fracasso quando me sinto muito ofegante para dizer em voz alta, então eu simplesmente abro minhas pernas mais distantes, em vez disso, na vaga esperança de que ele entenda a ideia. O que ele faz, porque ergue a sobrancelha de um jeito bastante provocador e então se posiciona para que possa pressionar beijos suaves e de boca aberta pela minha clavícula enquanto continua a deslizar seus dedos dentro de mim.
- Suba no meu colo - o tom sensual da sua voz está me deixando um pouco selvagem. É bom, eu gosto disso. Eu amo isso. Eu quero ser selvagem para ele.
Eu aceno e ele beija meu ombro novamente. Em breve, ele está de costas para a cabeceira da cama e eu estou indo para o colo dele. Ele me olha enquanto coloco um joelho em cada lado de seus quadris. Eu conheço esse olhar. Com sede de mim. Com amor.
Eu coloco minhas mãos em seu ombro e Daryl coloca as palmas das mãos nas minhas coxas, e move o polegares devagar sobre minha pele. Uma onda de calor me queima quando ele desliza para dentro de mim num impulso só.
Seus olhos se concentram em mim, suas palmas só vão comigo, sem tentar controlar o meu ritmo. Eu seguro seu rosto para beijá-lo, Daryl desliza suas mãos para minha bunda, agarrando com força e gemendo baixo quando eu afundo meus dentes em seu pescoço.
É quase demais. Eu vou ter vergonha de precisar praticamente de nenhum estímulo para gozar. Ele me segura apertado, me olha com aquela expressão intensa de olhos brilhantes que eu só vi algumas vezes. Sua respiração acelerou novamente - irregular e áspera - e eu posso dizer pelos músculos tensos em sua mandíbula que ele está realmente lutando contra o desejo de simplesmente me jogar no colchão e me foder.
Há algo em seu rosto que é profundamente desconhecido - aberto e quase vulnerável - algo que fala de um desejo que é ao mesmo tempo doloroso e esperançoso. Eu nunca imaginei que poderia ser assim tão profundo.
Minha respiração fica presa na minha garganta e eu murmuro seu nome enquanto enrolo minhas pernas em volta de suas costas, febril e frenética, tentando puxá-lo o mais fundo possível dentro de mim.
Estou tão perto agora. Todo o meu corpo está apertando em antecipação e isso faz ele se sentir enorme dentro de mim, quase demais para tomar; mas mesmo quando estou correndo em direção ao orgasmo, também não quero gozar - ainda não, ainda não - porque não quero que isso acabe.
- Você vai gozar pra mim - Daryl grunhiu, seus quadris subindo no mesmo ritmo que eu estou cavalgando-o.
Eu continuo a montá-lo e ele endurece, suas mãos apertando meus quadris, me guiando para levá-lo ao clímax até que ele vem dentro de mim, me preenchendo. Minhas pernas tremem quando gozo, esfregando meu clitóris contra sua pélvis, sentindo-o profundamente dentro de mim.
Suas mãos acariciam minhas costas por um longo tempo, em silêncio, até que eu deslize para deitar em seu peito.
Há uma pausa enquanto observo a forma como a luz do fogo passa sobre suas feições, dançando como se estivesse tentando acariciar seu rosto.
- Eu te amo - eu me ouço dizendo - Eu te amo tanto.
Eu sinto seus lábios roçando no topo da minha cabeça e eu sorrio, aquele sentimento de estar em casa agora voltou com força total.
Mas ele não disse uma palavra e não tirou os olhos de mim uma vez - muito focado, muito intenso - e de repente me ocorre que talvez ele esteja simplesmente sentindo tanto que não precisa mais falar. São apenas palavras.
"Palavras, palavras, palavras", como Shakespeare escreveu, e no final todas elas são supérfluas - são os sentimentos que importam. Ele tem aquela expressão de olhos brilhantes novamente, seus olhos me seguindo, e nesse momento eu sei que estou certa que fiz a escolha certa.
Dizem que o amor não pode consertar tudo - que o amor é feito por pessoas imperfeitas e, portanto, é imperfeito em si, e talvez fosse verdade. Mas se isso, com Daryl, fosse a versão do amor imperfeito, eu estava feliz por tê-lo.
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