Capítulo 64

WOLVES - SELENA GOMEZ


O cheio no esgoto era terrível e já esperado. Eu estava andando com Paul - ou Jesus - e estávamos em silêncio enquanto seguimos com ele de posse da lanterna, iluminando o caminho. Eu não sabia se era o cheiro ou a ansiedade extrema que estava me deixando enjoada e tonta, mas eu engoli o enjoo e continuei seguindo.

Eu tinha tanto o que perguntar mas também não queria ser desesperada e não parar de falar com uma pessoa que eu não conhecia.

- Então... Rick sabe que eu estou aqui? - eu não consegui me controlar.

- Ainda não - ele disse quando me olhou por cima do ombro - Podemos avisar quando chegarmos lá em cima.

Eu assenti, sentindo meus pés se molharem quando passamos em uma parte alagada, e ele me escorou quando eu tropecei num desnível.

- Estou pensando no seu irmão, em qual vai ser a reação dele quando te ver - ele mencionou com uma peculiaridade de seus lábios. Rick e ele deviam se dar bem.

Do meu irmão, meu pensamento pulou para outro homem que eu ansiava ver.

- Você conhece Daryl?

- É claro - ele deu um meio sorriso - Espero que ele não tenha ateado fogo em ninguém por enquanto. Rick disse para ninguém contar, mas ele já deve estar sabendo que você está por aqui.

Eu fraquejei quando ele disse isso.

- Daryl está aqui também? - minha voz saiu num fio, minha garganta secou de repente.

- Sim, ele veio para cá depois que conseguiu fugir - Paul disse e um rato cruzou a água baixa a nossa frente. Eu senti o embargo em minha garganta, um milhão de emoções fluindo de repente.

- Sherry também? - eu perguntei e ele franziu a testa quando me olhou.

- Eu não sei de quem está falando.

O que será que havia acontecido? Ela decidiu ir embora por conta própria e se esconder sozinha? Porque ela não estava escondida aqui também?

- Quem é essa mulher? - ele questionou, curioso e desconfiado.

- É uma amiga. Ela me ajudou a tirar Daryl de lá - eu disse e suas feições mudaram para surpresa.

- Você o tirou de lá antes de você mesmo conseguir fugir? - ele disse, seus olhos mais abertos - Isso é...

- Idiota? - eu meio que ri, nervosa, mas ele negou.

- Louvável.

Eu achei que ele fosse esticar a conversa, mas ele só continuou andando. Todo o tempo meu coração tamborilou com uma batida rápida e meus pensamentos se aproximaram e sumiram da minha mente, correndo muito rápido para eu compreender.

Agora, não tínhamos nada a fazer senão andar, e o suspense estava me deixando doente. Minutos depois avistamos o fim de um dos túneis e uma escada de ferro.

- É aqui - Paul apontou com a luz da lanterna - Eu vou primeiro.

Ele me deu a lanterna e eu iluminei onde ele subiu acima de mim. Ele empurrou a tampa de metal quando chegou ao topo e fez sinal para que eu subisse. Minha barriga deu um nó e desatou a si mesma enquanto eu agarrava a escada de ferro com força suficiente para deixar meus dedos brancos e subi o primeiro degrau.

Já lá em cima, Paul me ajudou a sair e eu sentei no asfalto antes de ficar de pé, olhar ao redor e respirar o ar puro.

- Vamos - Paul disse de pronto - É melhor não ficarmos do lado de fora das casas.

Nós começamos a andar para uma parte coberta enquanto eu olhava tudo ao redor, mas não absorvia nada, meus olhos procurando por apenas uma pessoa. Antes que eu pudesse abrir a boca para perguntar a Paul, um burburinho de vozes nos fez virar o pescoço quando estávamos quebrando a primeira esquina, próximo ao que parecia ser uma horta gigantesca.

Um grupo de três pessoas estava se movendo na parte mais escura e discutindo baixo - ou pelo menos tentavam - e pareciam estar tentando impedir alguém e quando minha mente e olhos cansados focaram em uma pessoa em específico, meu coração falhou uma batida.

Daryl.

Ele estava de costas, na parte mais escura, mas eu reconheceria aquela silhueta forte e larga em qualquer lugar.

- Há Salvadores guardando o entorno, você não pode simplesmente sair... - o homem alto e de armadura tocou seu braço, mas Daryl se esquivou como um animal selvagem.

Foi quando ele virou e me viu. Seus olhos estavam cheios de tristeza, ele parecia dez anos mais velho, e meu coração se agitou quando eu tremi, cambaleando em direção a ele, parecendo nunca ter usado meus pés antes.

Tudo pareceu acontecer em câmera lenta enquanto ambos tropeçávamos na direção do outro até que nos chocamos em um abraço.

- Ellie - Daryl sussurrou enquanto enrolava os braços em volta de mim e me abraçava forte, e eu podia sentir que ele estava tremendo, ou talvez seja eu... ambos.

A sensação era que eu havia seguido para cá como um gps; eu não pensei em nada mais complexo do que chegar até aqui. Mas agora tudo caiu como um castelo derrubado pela água do mar. Daryl estava aqui e estava bem; isso era tudo o que importava no momento.

Então, quando ouço sua voz dizendo meu nome, não consigo acreditar. Sua voz soa mais velha, mais quebrada, mas é ele, ainda é ele; eu mal podia falar pelas minhas lágrimas. Eu queria dizer muitas coisas para ele, mas não conseguia.

Com as mãos ásperas e calejadas Daryl agarrou meu rosto, tirando o cabelo empapado de lágrimas e suor do meu rosto.

- Ellie - ele disse com a voz grave, entendendo isso, me chamando de volta para mim.

Ellie ainda está longe, exatamente como estivera quando no Santuário, observando tudo do lado de fora de seu corpo, de algum lugar bem acima. Mas agora, eu levantei a cabeça e ouvi. Meu corpo estava frio, cheio de dor, mas eu forço a me movimentar, forçando-me a responder.

Quando meu cérebro conseguiu recuperar o controle, foi como se tudo tivesse desaparecido, deixando só nós dois.

- Eu estou aqui... eu consegui - eu sussurrei.

Ofegante, eu o observei; o azul de seus olhos quebrando o cinza quando seu sorriso finalmente alcançou seus olhos. Seu riso foi quebrado, mas havia um pouco de calor debaixo dele, sim, o calor do Daryl que eu conhecia.

E se Negan nos descobrisse aqui?

Eu me senti estilhaçando mais uma vez, um pensamento esquizofrênico de que apenas a Ellie do Santuário teria medo disso, desse desseturbilhão em minha mente.

Ele segurou meu rosto em suas mãos, tremendo, todos os músculos em seu rosto ondulando quando ele secou minhas lágrimas.

- Você está aqui - ele lamentou, pesadas lágrimas pendendo de seus cílios - Eu sabia que ia conseguir, eu sabia... - ele soluçou como uma criança, o som interrompendo o tom sufocante de sua voz, como se estivesse narrando um filme sobre outra pessoa.

Eu assenti, estrangulando um soluço que tentou escapar da minha garganta. Eu me afastei um pouco dele quando alguém se aproximou de nós, e eu olhei para ver o homem que estava tentando impedir Daryl quando cheguei.

- Sou Richard - ele se apresentou para mim - O Rei está no seu descanso e só irá vê-la amanhã. Há um quarto pronto para que passe a noite.

- Obrigado - eu disse e ele fez sinal para que eu o seguisse, mas Daryl tocou minhas costas.

- Ela está comigo - Daryl avisou, uma carranca em seu rosto enquanto olhava para o homem. Não faço ideia do que aconteceu antes, mas não foi nada bom.

O homem apenas assentiu e saiu, e logo meu companheiro de esgoto apareceu ao meu lado.

- Vejo que está em boas mãos - Paul deu um meio sorriso e a mão de Daryl nunca me deixou - Mas suponho que ainda temos que avisar Rick?

- Por favor - eu implorei e ele enfiou a mão no bolso do casaco, voltando com um rádio.

- Você vai querer fazer isso sem platéia - ele me entregou o rádio - Pode ficar com esse, temos outros em Hilltop.

- Obrigado - Daryl murmurou e esticou o braço e apertou a mão dele, olhando-o com gratidão e Paul respondeu da mesma forma.

- Tomem cuidado - ele avisou antes de eu agradecer e ele desaparecer na escuridão.

Rapidamente, Daryl me guiou para um prédio e nós entramos no primeiro corredor à direita. Eu não consegui prestar atenção em nada no caminho a mão ser a mão quente de Daryl nas minhas costas. Ele abriu uma das portas para mim, permitindo-me entrar no espaço escuro antes que ele acendesse a luz.

Eu entrei e estudei, vendo uma mochila sentada no canto, e em cima de uma pequena mesa havia uma besta, mas não era a dele, já que estava com Dwight.

Daryl não seguiu e o vi parado na porta aberta, com as mãos nos bolsos enquanto ele olhava para mim. Eu deixei minha mochila cair no chão, mas mantive o rádio que Paul me entregou nas mãos. Silenciosamente, ele fechou a porta, nos trancando no silêncio.

- Você vai... acho que vai querer tomar um banho antes - ele disse, a voz tão rouca quanto jamais ouvi.

Eu enrolei meus dedos em minhas botas molhadas enquanto olhava o rosto de Daryl, seus olhos claros agora vermelhos pelo choro. Ele estava tão quebrado, mesmo tentando esconder. Mas a dor era visível. Cada centímetro de seu rosto estava manchado com ela.

Haveria uma conversa, aquela conversa que eu já temia. Tínhamos que colocar tudo em pratos limpos, mas eu não queria remexer no passado. Ele me perguntaria de Negan e isso era a última coisa que eu queria falar.

- Você pode dizer a Rick que estou aqui? Eu não vou conseguir - eu estendi o rádio. E ela estava eu de novo, me segurando para não chorar. Daryl pegou o rádio e seus dedos rasparam nos meus.

Tirei a jaqueta e joguei em uma cadeira antes de tirar minhas botas e meias.

- Eu vou conseguir roupas limpas pra você - ele avisou antes de sair e fechar a porta atrás de si, rápido como um furacão.

Eu abri a outra única porta que só podia ser o banheiro e entrei, tirando o restante das roupas. A água era morna, quase fria, mas bastava para tirar o cheiro de esgoto impregnado no meu corpo. Assim que desliguei o chuveiro Daryl bateu e sua mão se enfiou pela fresta da porta com uma toalha e um par de roupas. Quando sai já vestida, o quarto estava vazio, mas quando sentei na cama para secar os cabelos, Daryl entrou.

Naqueles momentos em que seus olhos se encontravam com os meus, o mundo parecia se confundir com o nada; um vazio que servia apenas para mostrar sua tristeza paralisante.

Com olhos treinados, ele sentou-se na beira da cama, a mão lentamente rastejando para descansar na minha. Meu coração estava tremulante quando eu entrelaçava meus dedos ansiosamente com os dele.

Fechei meus olhos, impedindo que as lágrimas caíssem. Eu não podia chorar. Eu não tinha que chorar. Eu queria saber o que fazer. Ou o que dizer. Ou como me sentir. A única coisa que eu sabia era que eu amava Daryl e vê-lo em tanta dor me machucava.

- Falei com Rick - ele sussurrou, os olhos cheios de carinho. Eu agradeci, não conseguiria lidar com tudo de uma vez.

Ele assentiu, a mão se movendo para tocar meu rosto. Virei a cabeça no último segundo, não permitindo que seus dedos roçassem minha bochecha da maneira que eu precisava desesperadamente que ele fizesse.

- Ellie - ele chamou em tão inocente confusão que me doeu - Tá tudo bem agora.

A tristeza provou amargo na minha língua enquanto eu enjaulava minhas lágrimas com os dentes cerrados. Eu sabia que não conseguiria encará-lo, por mais que ansiava por vê-lo, temendo o julgamento que viria. Um do qual eu não precisava uma vez que eu já fazia isso sozinha.

Negan.

Ele estava aqui mesmo não estando fisicamente. Ele conseguia me machucar mesmo longe. Imaginei seus olhos frios se estreitando de raiva e meu estômago se contorceu em um sentimento que eu não sabia por em palavras.

Não respondi Daryl, obrigando-me a concentrar-me nos intricados padrões florais tecidos na toalha de banho que estava no meu colo.

Porque tinha que ser tão difícil?

- Olhe para mim - ele falou calmamente, embora eu me mantesse em silêncio, com medo da conversa iminente que eu estava ciente de que seria trazida sobre mim - Olhe para mim - ele sibilou através dos dentes desta vez, agarrando suavemente meu queixo para encará-lo.

Encontrei-me com orbes flamejantes que serviam como uma fornalha na qual dançavam os fogos de ouro da raiva, da tristeza e da traição. O azul do oceano mais profundo girando em padrões estranhos e bonitos ao longo de suas feições.

Então ele me beijou. Lábios firmes e quentes contra os meus, aplacando um pouco da dor da realidade que pairava entre nós. A umidade quente da minha língua contra os seus lábios secos acalmava as rachaduras e consistência lascada. Mas isso não era o bastante.

- Eu não posso - eu me afastei antes que ele pudesse me empurrar de costas na cama.

- Por quê? - ele sussurrou, os punhos cerrados até os nós dos dedos ficassem brancos. Era mais um suspiro agonizante; um produto da dor que eu estava causando a ele.

Seu olhar ficou entorpecido quando os momentos passaram, perigosamente. Eu não sabia o porque, apenas que minha mente estava bagunçada demais.

Pálpebras tremulantes substituíram o ardente azul quando Daryl fechou os olhos, respirando pesadamente. Sua respiração se tornou irregular, as lágrimas ardendo debaixo de seus olhos, que estavam envoltos em desespero. Em um sussurro rouco e quebrado, ele me fez uma pergunta que fez meu coração ficar preso na minha garganta.

- Você o ama?

Todos os pensamentos em minha mente cessaram enquanto eu olhava seus olhos brilhando com tristeza ardente. Toda a preocupação em minha mente foi substituída pela dor que senti com essas palavras. Dor, como mil punhais perfurando a fragilidade da minha alma.

Tudo o que restou de mim foi a casca de uma pessoa que eu estava cansada de ser.

- Para com isso! - eu chorei, empurrando-o para fora da cama com toda a força restante que possuía. Ele caiu para trás, chocado demais para resistir ao fraco ataque - Você não pode só... não consegue apenas me dar um tempo? Eu acabei de chegar e você simplesmente...

Eu não consegui terminar. Eu o entendia porque me sentia do mesmo jeito. Não sabíamos por onde começar, mas eu tinha certeza que não seria de onde terminamos pela última vez. Havia muita dor, saudade, rancor e aquele sentimento de abandono que vinha de ambas as partes.

- Sei que você passou pelo inferno, mas eu também passei. Eu vivi um pesadelo sem fim desde que te vi e tudo o que eu fiz foi para te tirar de lá - eu passei as mãos em meu rosto, tentando recuperar o controle de mim mesma.

O olhar de Daryl ardeu na minha testa; eu podia sentir as íris irregulares de seu olhar cortando a pele, procurando refúgio em minha mente. Seus ombros estremeceram quando ele respirou. Seu cabelo caiu em torno de seu rosto bonito e seus olhos refletiam uma tempestade perfeita. Eu finalmente percebi por que os tornados tinham nomes de pessoas. Seu olhar me deixou incapaz de fazer qualquer coisa além de devolvê-lo. Todo o ar tinha deixado meus pulmões.

- E quanto a Negan - eu disse e o ouvi sugar uma respiração dura, o som perfurando meus ouvidos abruptamente. Eu amaldiçoei interiormente. Seu nome na minha língua causou emoções em mim;
emoções que não deviam estar ali - Foi ele quem me ajudou e não há nada que nenhum de nós podemos fazer para mudar isso. Ele cuidou de mim e me deu tudo, mas entre ele e minha família, minha escolha sempre será vocês.

Seus olhos estavam fundos, como se ele tivesse acabado de passar por uma guerra. E ele tinha. Uma parte de mim pensou que podemos não sobreviver a esta noite se continuarmos nesse caminho. Mas tinha que ser feito. Esse ciclo tinha que ser rompido agora.

- Eu voltei por vocês - eu atei meus dedos aos seus e quebrei o punho cerrado. Ele estava quente como sempre - Eu voltei por você, Daryl.

- Eu te amo.

As palavras vieram rapidamente, a declaração curta. No entanto, elas queimaram em meu coração mesmo assim. Eu sempre sonhei em ouvir essas palavras deixando seus lábios e agora estávamos aqui, juntos, mas algo parecia não se encaixar. Eu amava Daryl e não havia uma gota de dúvidas em meu sangue, mas havia algo, uma rasura manchando.

Eu só podia olhar através das minhas lágrimas quando ele pressionou seus lábios firmemente nos meus. Foi breve e nenhum som escapou dos meus lábios, pois todos estavam alojados na minha garganta e eu não conseguia falar. 

Daryl descansou a testa contra a minha. O calor de sua respiração caiu no meu rosto e eu fiquei tensa.

- Eu te amo. No dia em que eu te deixei... eu juro, Ellie... - ele se atrapalhou, tão nervoso e culpado - Se eu soubesse que eu fosse te perder... - seus braços me varreram em um abraço feroz. Sussurrei seu nome, desejando com cada fibra do meu ser que eu também pudesse voltar e mudar tudo.

Eu comecei a choramingar, envolvendo meus braços ao redor dele até onde eles podiam ir. Ele respirou fundo e eu me afastei.

- Eu sinto muito - eu disse entre lágrimas. Eu tinha me esquecido do ombro ferido dele e da possibilidade de ele ter outros ferimentos que eu não conseguisse ver.

- Volte aqui - foi sua resposta e ele me puxou de volta para ele. Ele me segurou ferozmente e me calou, empurrando-me para que eu sentasse na beira da cama com ele de joelhos no chão.

Com as mãos no meu cabelo ele procurou meu rosto. Eu não conseguia parar de chorar, eu estava tão aliviada em saber que ele estava realmente bem e vivo na minha frente.

- Escute - ele sussurrou finalmente, seus olhos procurando os meus - Nada mais vai te machucar. Eu não vou deixar isso acontecer mais, não vou fazer isso de novo.

Eu balancei a cabeça, cobrindo suas mãos que estavam segurando meu rosto com as minhas.

- O que aconteceu não foi sua culpa. Nenhum de nós estava seguro, não importava o que disséssemos ou fizéssemos. Você tem que saber disso.

- Não - ele soou derrotado - Eu tive muito tempo pra pensar sobre o que aconteceu naquela noite, sozinho naquela cela.

- Não. Você não pode fazer isso para si mesmo, não é justo.

- Nada disso é - seus olhos procuraram os meus - Sinto muito pelo que fiz.

- Você estava tentando sobreviver. Eu sei que você tinha um plano; que você e os outros teriam voltado para mim.

A expressão facial de Daryl passou de culpado a remorso. Suas mãos saíram do meu cabelo e caíram em seu colo.

- Eu pensei que poderia fazer isso - ele lamentou baixinho - Eu tentei te procurar, mas eu não consegui te encontrar. Não havia rastro, não havia nada... - ele disse, com uma expressão de certeza no rosto, mas eu não tinha certeza se tinha sido desse jeito. Pare com isso, eu me ordenei - Eu achei que tivesse salvando a vida de duas pessoas, mas eu só acabei com elas.

Oh, e lá estava ela. Beth. Anos depois, ela ainda pairava entre nós. Eu sabia que Beth estava morta porque ela não aparecia nos vídeos da câmera que Negan tomou de Rick. Eu não ia entrar nesse assunto agora, talvez um dia, mas não hoje.

- Não importa agora. Você fez o que tinha que fazer e tentou. Isso é o que conta. Nós dois ainda estamos aqui - eu me levantei, sem saber como me sentir. Daryl pegou minha mão e me puxou de volta.

- Por favor - ele implorou, olhando para mim - Eu sei que fui imprudente e você pode ficar com raiva de mim. Me odeie, mas não pense nem por um segundo que eu não me importo com você.

Sua mão esmagou a minha desesperadamente. Eu balancei a cabeça, querendo acreditar no que ele estava dizendo, mas aquela pontada persistente de abandono entalhou em minhas entranhas como uma faca.

- Me desculpe - ele pediu com voz rouca, escura, como se saísse de um poço. Do poço sem fundo do horror revivido.

Daryl beijou meu lábio trêmulo, acalmando-o entre os seus.
Acariciando meu ombro, ele empurrou uma mecha de cabelo do meu rosto e olhou profundamente nos meus olhos, querendo que eu visse a verdade neles. Fazia um tempo desde que eu realmente o vi tão vulnerável, tão nu para mim quanto agora.

Eu joguei meus braços em torno de seu corpo largo e o segurei como se fosse minha vida. Eu não poderia estar sozinha agora. Nunca.

Só quando ele me me abraçou de volta em seus braços eu ouvi meus próprios soluços a tremer contra seu peito. Ficamos de pé, trancados em um abraço que parecia sem final.

Seríamos capazes de salvar um ao outro desta vez? De curar um ao outro desta vez? Algumas cicatrizes são para sempre; algumas coisas não podem ser consertadas depois de quebradas - quanto de nós há para salvar agora?

Negan disse que o amor nos deixa fracos. Então eu olhei para Daryl. E eu estava pronta para a guerra.




_________________________

MY LORD.

Finalmente o reencontro ❤

O que acharam? Tem alguém que é team Negan ou esse shipp acabou? HAHAHHA. Adoro ler os comentário de vcssss

_______________________
Me sigam no twitter
@ secretbabyyy .





Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top