Capítulo 36
ELLIE - FLASHBACK
- Não acredito que vai me deixar pilotar sua moto - eu saltitei, sentadas sobre a moto - Você é o melhor namorado do mundo.
Daryl revirou os olhos.
- É, tô vendo - ele murmurou do jeito Daryl - Pronta?
- Vamos nessa - disse com entusiasmo por nós dois. O campo da prisão era reto e enorme, próprio para isso e se eu caísse, a grama meio que amorteceria a queda.
Vi Rick olhando de longe e rindo e eu disfarçadamente mostrei o dedo do meio para ele. Daryl riu e balançou a cabeça, e eu o puxei pelo colete.
- Um beijo de boa sorte? - pedi e ele me deu aquele olhar que me deixava doente de vontade de dizer o quanto o amava. Ele me puxou e me deu um beijinho carinhoso na boca.
- Vamos ver se pegou tudo. Embreagem? - ele perguntou e eu apertei de leve a alavanca da minha mão esquerda, mantendo o aperto firme porque quando soltei sem querer há minutos atrás, a moto balançou e eu quase cai.
- Tô com medo de cair - confessei quando a moto bambeou novamente. Eu sequer tinha saído do lugar.
- Vai ser mais fácil quando estiver em movimento - Daryl prometeu - Agora onde fica o freio? - perguntou, já envolvendo meus dedos em cima da alavanca do acelerador - É esse que você vai usar de primeira. Não use o traseiro - ele apertou minha mão com a dele, fazendo-me pressionar o freio - É assim que se freia. De leve ou vai ser jogada longe - ele apertou minha mão mais uma vez - Não esqueça.
- Tudo bem - disse, sentindo um frio na barriga.
- Puxe a embreagem para baixo - ele instruiu e eu fiz - Não a solte. Se soltar, a moto vai dar um tranco para frente e você vai voar.
Definitivamente Daryl não sabia como deixar alguém relaxado nessa situação.
- Agora dê a partida - instruiu e eu bati o pé no pedal, como se já tivesse feito isso mil vezes e a moto rugiu em baixo de mim como um animal furioso - Muito bom. Agora solta o acelerador de leve, mas não a embreagem.
Eu fiz e a moto rugiu forte e Daryl assentiu.
- Agora engrene a primeira - ele disse e eu demorei um pouco - Pé direito, Ellie, acabei de te ensinar - reclamou e eu respirei fundo.
- Eu sei - resmunguei e fiz o que falou.
- É isso. Agora, devagar, solte a embreagem.
Relaxei a mão aos poucos e a moto andou rapidamente. O vento em meu rosto fazia meus cabelos voarem enquanto eu sorria, feliz de ter conseguido e tentando lembrar de tudo que Daryl me ensinou.
Consegui freiar metros depois sem ser arremessada e vi Daryl vindo na minha direção.
- Fui bem? - perguntei e ele concordou.
- Nada mal para a primeira vez.
Daryl me ensinou por algumas horas nos próximos dias e eu aprendi. Aquela moto era o amor da vida de Daryl e eu não entendi porque ele havia me ensinado uma vez que eu poderia bater ela, mas era importante eu saber dirigir qualquer coisa hoje em dia.
Nunca vi um céu tão estrelado como o de hoje. Estávamos deitados no gramado nos fundos da prisão, a grama fresca era agradável demais embaixo de mim. Eu estava com a cabeça encostada no ombro de Daryl e o único som era o das cigarras e e alguns caminhantes ao longe.
- Aquela estrela é você e essa sou eu - eu apontei para o céu. Eu olhei para Daryl e ele estava com as sobrancelhas franzidas.
- Não, aquela é você - Daryl apontou para a estrela que eu disse ser ele - A maior e mais brilhante. Meu coração se derreteu.
- Você está flertando comigo? - provoquei e mais uma vez suas sobrancelhas se uniram, como se ele não tivesse entendido.
- Eu não flerto.
- Acho bom, porque meu namorado é muito ciumento - eu fiz uma cara séria e ele fez um murmúrio de deboche, se apoiando no cotovelo para me olhar.
- Seria louco se não fosse - sua mão livre seguiu a curva da minha cintura até a curva do meu seio, onde ele acariciou com o polegar - E o que acha que ele faria agora?
- Empalharia sua cabeça e colocaria de enfeite na parede.
Ele riu e Deus, esse era meu som favorito. Numa questão de segundos, estava deitado em cima de mim, me olhando. Eu me perdia cada vez que olhava naquele mar azul.
Passei os braços por seu pescoço e beijei a ponta de seu nariz.
- E o que você está sugerindo com essa mão aí?
- Eu estou mais que sugerindo - ele me beijou, lábios quentes e firmes contra os meus. Sua mão entrou por debaixo da minha blusa e eu ri contra sua boca.
- Não mesmo. Não vou ficar com a bunda coçando por transar na grama.
Daryl riu e concordou, logo deitando a cabeça na minha barriga. Minhas duas mãos foram para seus cabelos e eu enrolei seus fios em meus dedos. Logo percebi que ele tinha dormido, sua respiração estava ritmada e ele estava pesado sobre mim. Ele ficou um tempo dormindo e quando eu estava desconfortável demais, decidi acordá-lo.
- Daryl - eu chamei, passando os dedos em seu rosto. Ele ficou sentado num pulo, seus olhos cansados me olharam por um momento, selvagem e alerta, e então ele percebeu que era eu e relaxou instantaneamente. Ele suspirou profundamente, me puxando para mais perto dele e me esmagou contra o peito em um abraço apertado.
- Ei, tudo bem? - eu perguntei sem entender.
- Não devia ter dormido e te deixado sozinha - ele resmungou roucamente e eu me afastei para olhá-lo.
- Porque? Não há perigo aqui.
Ele não disse nada, mas seus olhos seguraram os meus em um olhar intenso e eu o li perfeitamente. Estávamos seguros por enquanto, mas a nuvem de incerteza sobre o amanhã jamais deixaria de existir.
FLASHBACK OFF
Mais um dia.
Ou talvez fosse menos um dia.
Negan estava por algum lugar da fábrica e eu também, mais especificamente no térreo, dando uma olhada na posição dos guardas do lado de fora, fazendo cara de desdém afim de não chamar atenção.
Virei-me para a esquerda, os olhos procurando algo interessante quando o vi olhando para mim das sombras.
Ele usava sua jaqueta de couro preta de sempre, seu amado bastão encostado no corrimão ao lado dele. Ninguém lhe deu atenção, sem saber que ele estava lá, e continuaram a fazer suas coisas.
Ele estava sorrindo como quando eu o vi pela primeira vez, como ele geralmente fazia, mas seu sorriso ficou mais largo quando viu que eu olhava para ele. Ele colocou as mãos no corrimão em frente a ele, trazendo os cotovelos para baixo para se inclinar contra ele, um pé cruzando na frente do outro.
Eu sabia que estava olhando, mas não pude evitar. Eu não consegui desviar o olhar. Eu fiquei ali, as emoções fervendo dentro de mim. Eu não queria nada mais do que cavar minhas unhas em sua pele e rasgar aquele maldito sorriso do rosto dele.
Eu precisava aprender a me controlar, especialmente agora que logo teria minha chance de sair daqui. Mas foi difícil quando ele veio até mim e com a mão na base da minha coluna, me guiou para entrar em uma das salas do primeiro corredor.
- Porque está aqui em baixo? - ele perguntou quando fechou a porta. O lugar parecia uma sala de triagem do que chegava, caixas e caixas por todo lado e uma mesa enorme com coisas em cima.
- Você não estava na cama quando acordei, não vi Dwight ou Simon para perguntar onde estava, então desci - disse, a mentira já se tornando um gosto familiar na minha boca - Algum problema?
- Nenhum - ele respondeu depois de me observar tempo demais. Eu me virei e comecei a mexer na primeira caixa que estava próxima a mim, a fim de acalentar o nervosismo de minhas mãos.
Logo Negan estava trás de mim e senti mãos quentes segurarem a minha cintura. Meu corpo reagiu na hora, ficando tenso. Minhas mãos
pararam na borda da caixa quando ele afastou os cabelos do meu pescoço, dando um beijo ali.
- Vou ficar fora alguns dias - ele avisou e essas palavras fazeram minha tensão se esvair. Eu suspirei e relaxei minha cabeça em seu ombro - Vamos ter uma conversa quando eu voltar, tem algumas coisas que quero que saiba - avisa, passando os dedos sobre as minhas costelas, em um caminho lânguido e rastejante.
- Tudo bem - eu concordei e ele me virou de frente para encará-lo. Facilmente ele me me colocou sentada na mesa, e fiquei com as pernas penduradas.
- Você fica bem de azul - ele passou o dedo na alça do vestido de malha que eu estava usando - Combina com essas duas pedras brilhantes que são seus olhos.
Sua boca veio até a minha, quente e cheia de vontade como sempre enquanto suas mãos se pressionavam sobre minhas coxas e as afastavam.
- Estou com cólica - avisei, afastando as boca da sua.
- Tudo bem. Só queria um beijo de boa sorte - ele sorriu e roçou o nariz no meu antes de me beijar mais uma vez, levemente. Eu segurei seu rosto entre as mãos e sorri gentilmente, ansiedade queimando dentro de mim.
- Volte logo. Estarei bem aqui, te esperando.
.
.
Depois de ter certeza que vi Negan saindo pelos portões, continuei minha busca silenciosa por possíveis maneiras de escapar, observando a rotinas de todos ao redor e pensando em logística. Seria um tanto fácil sair da fábrica, mas seria complicado sair da propriedade do Santuário; ainda mais complicado fazer isso a pé sem ser capturada. Eu tinha certeza de que minha ausência seria notada rapidamente assim que saísse e teria de me esconder em algum lugar por algum tempo.
Estava do lado de fora, na cerca que rodeava a fábrica, que seria a parte mais difícil na minha opinião. Havia apenas uma saída para o mundo além da qual era tão fortemente vigiada que não teria chance de passar por lá, então eu teria que fazer o meu próprio caminho e abrir um buraco na cerca em algum lugar.
Também não ajudava que toda a fábrica estivesse cercada por caminhantes acorrentados. Negan poderia ser uma merda psicótica, mas ele era esperto o suficiente para fortalecer sua morada com a melhor segurança possível que ele tinha em mãos. Não apenas certificava que qualquer invasor teria dificuldades em invadir, como também assegurava que os mortos-vivos, solitários ou um rebanho, não farejassem nós humanos aqui dentro.
Também funcionava de alarme; tudo que os caminhantes tinham que fazer era rosnar e silvar como um maldito sino para alertar os guardas que alguém estava por perto. Negan realmente construiu um império aqui. Eu só podia imaginar qual seria o catalisador para ajudar a derrubá-lo; se poderia ser derrubado.
Você pode fazer isso, eu entoei na minha cabeça, você tem que fazer isso.
Logo eu estaria fora daqui. Meu coração pulou em inquietação cada vez que eu pensava sobre isso. Seria perigoso, mas senti uma forte sensação de... capacidade. Era como se eu finalmente tivesse controle sobre o que estava acontecendo na minha vida depois de tanto tempo com Negan tomando decisões por mim e me dizendo o que fazer. Eu estava tomando minha vida de volta e nada mais me impediria disso.
Como acham que a Ellie vai conseguir fugir?? Façam suas apostassss
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