Capítulo 30 | PARTE 2 | FINAL

3 ANOS DEPOIS — FINAL

Hoje era mais um dia normal — nós contra os mortos.

Seria feito um redirecionamento de uma horda grande de caminhantes que foi vista há algumas milhas daqui e todos já estavam prontos para partir. Quem iria liderar um dos grupos dessa vez era Negan e eu o vi próximo ao portão, do lado do meu irmão.

Isso era algo que havíamos combinado há anos atrás, nós dois nunca íamos juntos para as missões. Caso algo desse errado, Thomas não ficaria sozinho, mas só de pensar nisso eu já me sentia ainda mais ansiosa.

Eu abracei Negan com força, e eu sempre sentia que poderia ser a última vez. Ele tinha aquela máscara dura e impenetrável, como se mostrasse ao mundo que ele era invencível e que voltaria para nós. Ele sempre voltava.

— Voltaremos em breve — disse Rick, beijando Michonne. Negan abraçou Thomas antes de piscar para mim. Nós já tínhamos nos despedido em casa e ele caminhou em direção ao caminhão vermelho de Daryl, subindo no lado do passageiro.

Voltaremos em breve.

A realidade da situação era que não havia cronograma. Eles iriam ficar fora o tempo que levasse para fazê-lo, e senti um nó na garganta enquanto os observava partir, sentindo-me inquieta. Lá fora, eles estavam em perigo, todos eles, independentemente das precauções que tomavam. Os caminhantes eram iprevisíveis e instáveis, e a situação poderia mudar rapidamente. Tudo o que eu podia fazer agora era orar e manter Thomas seguro, e foi o que prometi fazer.

O dia transcorreu sem intercorrências, e eu coloquei Thomas na cama mais tarde do que o normal, pois tive a oportunidade de conversar com Negan no rádio. Ele parecia exausto, embora tentasse permanecer otimista.

O quinto dia começou comigo sentindo uma sensação de pavor assim que abri os olhos. Eu estava inquieta, e Thomas estava do mesmo jeito. Fiz o melhor que pude, mas o peso na boca do meu estômago crescia a cada minuto, a cada hora que passava até que eu não conseguia mais sentar na minha casa. Eu precisava sair e fazer alguma coisa.

Thomas tinha ido se encontrar com Eugene — que agora dava aulas de eletrônica para as crianças e adultos também. Eu estava indo para selar um dos cavalos para verificar o perímetro quando Michonne apareceu.

— Eu vou com você — Michonne ofereceu, esticando-se com um gemido — Eu também não aguento ficar sentada por aí.

Fomos interrompidas pelo som do portão se abrindo e fomos em direção da entrada. Eu suspirei com alegria quando via o portão se abrir e os veículos entrarem... isso até gritos começarem junto com pessoas saindo apressadas dos carros.

Eu corri, vendo que Rick estava sendo carregado desacordado por Negan e Daryl e havia sangue por todo seu corpo, mas eu não sabia identificar de onde partia... isso foi no primeiro segundo de pânico. Quando tentei assimilar tudo, vi que ele estava com um pedaço de pano enrolado na mão esquerda... onde devia estar sua mão esquerda.

— O que aconteceu!? — eu gritei para Negan quando Siddiq e outro homem pegaram Rick e o levaram para a enfermaria.

— Sinto muito — Negan disse, passando as mãos ensanguentadas nos cabelos, e eu nunca o vi tão desnorteado, e Daryl estava igual.

O plano era levar os caminhantes até uma pedreira, mas algo deu errado no caminho. Rick teve sua mão mordida e foi Negan quem a amputou. Dwight havia morrido, junto com alguns Salvadores, pessoas do Reino e Hilltop. Todas as comunidades tiveram perdas.

A recuperação de Rick foi difícil, mas mesmo não estando cem por cento, ele convocou uma reunião. Meu coração sangrava cada vez que eu o via ainda debilitado, mas ele nunca desanimou.

— Como sabem, enviei Daryl para supervisionar o Santuário depois da morte de Dwight — Rick começou.

Estavam na sala apenas Negan, Michonne, Rick e eu. Haviam se passado duas semanas desde o acontecido e Daryl estava no comando do Santuário.

— Precisamos de alguém que lidere o Santuário. Daryl já deixou claro que não tem a intenção de permanecer lá por mais tempo — Rick disse e olhou para Negan — E eu quero que você faça isso, Negan. Quero que volte a liderar o Santuário.

Agora, isso definitivamente me pegou de surpresa. Eu olhei para Negan e vi a reação embasbacada dele, mas logo foi substituída por um rosto contido. No controle.

— Porque? — ele indagou e sua voz não mentiu o quão surpreso ele ficou com esse pedido.

— Porque eu não vejo ninguém mais apto para isso — Rick respondeu simplesmente — Acho que depois de todos esses anos você sabe como as coisas funcionam e os erros do passado ficaram para trás e não serão repetidos.

— E as pessoas estão de acordo com isso? — Negan perguntou.

Essa também era minha dúvida, porque apesar de depois de todos esses anos a população do Santuário não fosse mais formada das mesmas pessoas de quando Negan era o líder, ainda havia algumas pessoas daquela época, especialmente salvadores. Eu não sabia como eles receberiam essa notícia.

— A maioria dos moradores de lá não são mais os mesmos, então não vejo porque haver uma revolta.

Houve um silêncio prolongado enquanto os dois se olhavam. Eu estava esperando o primeiro dos dois que quebraria o momento, e foi Rick quem fez.

— Posso contar com você? — ele perguntou a Negan.

Eu olhei para Negan ao meu lado e ele também me olhou, mas logo voltou para Rick.

— Eu e Ellie precisamos conversar antes, pode nos dar um minuto?

Quando os dois saíram eu me encostei na mesa de madeira. Negan passou a mão nos cabelos, e eu esperei que ele começasse a falar.

— Eu sei que aquele lugar não te traz boas lembranças — ele começou e eu o deixei falar — Eu não quero fazer nada que te faça se sentir desconfortável.

Aqueceu meu coração ouvir essas palavras. O homem de antes não se importaria em eu estar desconfortável com a situação — estaria focando apenas no poder. O Santuário era um lugar de boas e más lembranças para mim, mas não poderíamos negar o pedido de Rick, principalmente porque agora ele estava mostrando sua confiança em Negan.

— Você quer fazer isso?

— Acha que podemos? — ele me devolveu a pergunta.

— Sim, eu acho — eu disse.

— Vai ser uma mudança e tanto para Thomas — Negan pontuou e eu concordei.

Thomas estava com treze anos tudo agora para ele era voltado no que e no quanto ele poderia ajudar em Alexandria. Seu lado criança se foi, e por mais que doesse em mim vê-lo amadurecer assim, eu sabia que era melhor. Ele tinha que criar uma casca forte e saber como se defender e sobreviver. Mas assim como Negan, ele era um camaleão que se adaptava fácil. Mudar para o Santuário não seria um problema para ele.

— Vamos fazer funcionar — eu disse e estendi a mão para segurar a sua.

— Eu quero você do meu lado — disse Negan quando me puxou para perto — Junto comigo. Não vou fazer isso sem você.

Eu deixei que me abracasse pela cintura e passei meus braços ao redor de seu pescoço, sentindo o quão tenso ele estava.

— Vou estar. Vamos fazer isso juntos — eu garanti.

Concordamos que Thomas iria ficar em Alexandria até que tivéssemos certeza que ninguém iria se revoltar no Santuário. Esse era um risco que estaríamos correndo, apesar de pequeno, então Thomas estaria longe disso até que tudo estivesse correndo sem desconfiança.



SANTUÁRIO

O refeitório do Santuário ecoou com o barulho de vozes saltando das paredes de concreto e repercutindo sobre as cabeças dos habitantes do edifício, enquanto esperavam ansiosamente o início do anúncio. Como Rick havia dito, a participação na reunião era obrigatória para o anúncio do que aconteceria depois da morte de Dwight.

Ellie viu muitos rostos conhecidos e olhou para Negan. O casal ficou nas sombras, na extrema esquerda da grande passarela de metal que dava para a cafeteria. A grade de metal estreita, que pendia vários metros acima do chão, servia de palco para anúncios. Do esconderijo, Ellie viu que a sala estava completamente cheia e falou com Rick, que também estava ali, assim como Daryl e alguns outros homens de Alexandria.

— Sua cara está me fazendo ficar ansioso, querida— Negan murmurou baixo, pegando a mão dela na dele para apertá-la.

— Te ter aqui ajudará as notícias a serem melhores do que se ele fizesse isso sozinho — Rick disse e Ellie sabia que era verdade.

— Tudo bem — ela suspirou — Vamos acabar logo com isso, não é?

— Tudo o que você quiser, querida — Negan respondeu, levando-a para fora das sombras pela mão e para o centro da passarela.

Enquanto a multidão ficava quieta ao ver seu ex-líder, Ellie sentiu os joelhos enfraquecerem diante do mar de rostos olhando para eles. Ela respirou trêmula por um momento para se recompor, quando Negan começou seu discurso.

— Muitos de vocês provavelmente me conhecem desde os maus e velhos tempos — ele começou, a voz tão firme quando ela sabia que ele era capaz — Na primeira vez em que administrei este lugar, estava errado sobre muitas coisas.

Sua voz era atipicamente calma e ela podia ouvir um alfinete cair enquanto os reunidos abaixo olhavam. Ellie deixou as mãos descansarem contra o metal frio da grade à sua frente, a sensação a levando de volta à realidade e enraizando-a no momento.

— Eu usei o medo para controlá-los, porque pensei que iria mantê-los seguros. Não respeitei sua inteligência, não pensei que você, o coletivo 'você', tivesse cérebro para se manter vivo sem algum tipo de reforço negativo que o mantivesse alinhado. Me desculpe por isso. Todos vocês provaram que eu estava errado.

A multidão rugiu para eles como uma onda do mar batendo nas rochas. Perguntas irritadas foram lançadas sobre eles e suas palavras atingiram Ellie como mil facas minúsculas, nenhuma delas causando muito dano sozinha, mas o efeito cumulativo fazendo com que seu estômago se revirasse e a bile subisse na garganta. Ela deu um passo à frente e berrou acima do barulho:

— Ei! Ei! Todo mundo cala a boca por um minuto!

A multidão se acalmou de má vontade, suas vozes descendo a um murmúrio sem graça mais uma vez.

— Muitos de vocês não me conhecem, eu me chamo Ellie. Nós estamos aqui porque Dwight morreu e agora, Negan quem vai voltar a comandar esse lugar.

As vozes ficaram inquietas e com raiva novamente, fazendo o coração de Ellie bater no peito até que ela pensou que iria explodir. Mas ela persistiu e continuou.

— Sei que muitos de vocês temem que as coisas possam voltar a ser como anos atrás, mas eu quero que saibam que não há o que temer. Vamos trabalhar juntos, fazer esse lugar crescer ainda mais, ser cada vez mais seguro para todos. Para nossas crianças.

Ela viu que Rick apareceu na passarela, e ele deu um mínimo aceno de cabeça para que ela continuasse.

— Negan cometeu alguns erros muito ruins no passado. Vocês sabem disso e ele também. Mas qualquer um de nós pode mudar. Ele pagou por seus erros e mudou porque queria mudar.

Quando ela se afastou do parapeito, Ellie notou que a sala ficou silenciosa mais uma vez.

— Então é isso. Estamos aqui para que junto com vocês, façamos esse lugar crescer. Se faremos ou não, isso só vai depender de vocês, e eu espero muito que todos possam passar por cima do que um dia aconteceu e seguir em frente, porque a revolta de vocês só vai atrapalhar o que estamos tentando construir. Espero que vocês acredite em mim quando digo que essa decisão não foi tomada em vão, Negan vai fazer um ótimo trabalho aqui e nada será como antes, mas sim um lugar de amor e respeito por todos que vivem nessa comunidade.

Ela olhou pra Negan para encontrá-lo olhando para ela de uma maneira que nunca tinha visto antes, olhos arregalados com uma expressão que ela não conseguia identificar.

Olhando para a multidão, ela viu um dos ex-salvadores de Negan, um que nunca lhe havia faltado com respeito, bem a tempo de ver seu rosto se abrir em um sorriso quando ele começou a bater palmas. Eventualmente, outros se juntaram a ele aplaudindo seu discurso, para sua surpresa. Nem todo mundo aplaudiu. Algumas pessoas simplesmente se afastaram balançando a cabeça em consternação. Mas a onda de ódio abrasador parecia ter diminuído, dissolvida por suas palavras. Pelo menos por enquanto.

Virando-se para sair, Ellie sentiu a mão de Negan envolver a dela novamente quando eles caminharam do centro da passarela e voltaram para as sombras.

— Jesus Cristo, Ellie. Por que você não me disse que sabia como fazer isso? — ele perguntou, os olhos ainda arregalados.

— Fazer o que? — ela disse com confusão.

— Fazer discursos. Acalmar as pessoas, porra, desse jeito. Tem certeza de que não era negociador de reféns antes?

— Apenas... saiu. Era o que estava no meu coração, eu acho, tão bobo quanto isso soa — ela disse, ainda um pouco nervosa.

— Não é nada bobo. Nem um pouquinho — ele se inclinou e beijou sua testa antes de puxá-la para um abraço.

— Vou deixá-los aqui por uns dias, eles vão ficar de olho para ver se ninguém vai querer fazer alguma besteira — Rick disse a eles, gesticulando para os homens de Alexandria — Mas acho que depois do seu discurso, não temos nada a temer — ele disse a Ellie com um olhar orgulhoso.


Rick partiu e assim como o prometido, Ellie e Negan começaram a planejar. O Santuário tinha evoluído ao longo dos anos — haviam sido construídos galpões para armazenamento de etanol, casas para acomodar os moradores novos e quase tudo que se relacionava a concerto de carros e caminhões era feito aqui.

Mas assim como quando Ellie pois os pés aqui, ainda era um lugar vazio e frio. Em si era um lugar seguro — cercado e bem vigiado — mas por mais fútil que isso parecesse, Ellie queria que fosse um lugar mais bonito, que fosse um lar onde as pessoas se sentissem bem em pertencer.

Fat Joe, o antigo e fiel salvador de Negan estava com eles, mostrando como tudo funcionava agora e eles levaram o dia tomando nota de tudo o que seria necessário para alavancar o Santuário. Assim como em Alexandria, havia uma sala de reuniões ali, e era onde ele levou Negan e Ellie no fim do dia.

— Quero que chame para mim a pessoa que construiu as expansões, os galpões e as casas — Ellie pediu — Quero também saber se fizeram algum tipo de planta e quanto de área disponível para construção ainda temos.

Joe estava com uma prancheta com papel e caneta em mãos, anotando tudo que Ellie falava.

— Depois quero que chamem quem entende algo sobre agricultura ou que simplesmente queira ajudar na construção de hortas — Ellie continuou — Porque ninguém planta aqui?

— Nosso abastecimento vem das outras comunidades, trocamos o etanol e os concertos mecânicos por mantimentos — Joe disse e ela assentiu.

— Por enquanto é isso, marque uma reunião com eles amanhã cedo — Ellie instruiu.

— O último andar ainda está livre, vocês vão ficar lá em cima? — ele perguntou, olhando entre Negan e Ellie.

Os dois se olharam e Negan deixou para Ellie a decisão.

— Ainda há uma cama lá em cima e o banheiro funciona. Posso pedir para alguém levar lençóis e cobertas — Joe sugeriu quando ninguém falou nada.

— Faça isso e acomode os outros — Ellie disse e o homem foi rápido em sair dali.

— É muito sexy te ver dando ordens assim — Negan disse quando a abraçou pela cintura e Ellie suspirou, olhando nos olhos dele.

— Prometa pra mim que vamos fazer desse lugar um lar de verdade — ela pediu e ele pode ver o quão vulnerável ela parecia agora, mas também determinada.

Negan sabia o quanto ela tinha sido forte ao aceitar o pedido de Rick. O Santuário tinha sido palco de momentos horríveis para ela, e a morioria deles ele quem tinha sido o autor. Não havia sentimentos ou palavras que ele pudesse usar para mostrar o quanto se arrependia, e o mínimo que ele podia era fazer memórias melhores.

— Eu prometo — ele jurou, beijando sua cabeça.

***

A banheira ainda estava no banheiro do último andar, e depois de uma limpeza, Ellie preparou o banho, a água um pouco mais quente do que de costume. Instalando-se na água uma vez que a banheira estava cheia, ela suspirou contentemente. A água tremeu um pouco quando Negan se juntou a ela, encostando-se ao lado oposto da banheira. Ela fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás, os cabelos já empilhados em um coque para mantê-los secos.

Eles ficaram calados enquanto a água quente relaxava seus músculos. Um sorriso se espalhou por seus lábios quando Negan alcançou abaixo da água, trazendo o pé dela para descansar em seu peito. Ela o olhou com curiosidade, seus olhos mal se abriram em pequenas fendas enquanto o observava apertar os polegares na planta do pé.

Ela sorriu com carinho, os dedos dos pés se espalhando quando o prazer floresceu por seus pés. Ela já tinha recebido massagens nos pés antes, mas ter as mãos de Negan nela, em vez de um estranho, tornava as sensações muito mais intensas.

Ela fechou os olhos novamente e cantarolou em aprovação. 

— Você gosta disso? — ele perguntou, e ela podia ouvir a presunção em sua voz. Não era como se ele não soubesse como a afetava, mas ele gostava de ouvir isso.

— Mhmm... — ela cantarolou em resposta, afundando um pouco mais na água. Os olhos dela se abriram quando ele riu baixo em sua garganta e observou enquanto ele pressionava um beijo na almofada macia de seu pé. Ela corou, o movimento inesperado.

— Você tem pezinhos fofos, sabia? — Negan murmurou, beijando o pé dela novamente. Seus dedos continuaram trabalhando por um momento antes de se mudar para o outro, dando o mesmo tratamento, beijos e tudo.

Ela se perguntou se ele estava sentindo prazer nisso. Com preguiça de se inclinar para a frente para descobrir com as mãos, ela usou o pé para deslizar entre as pernas dele e esfregou-o contra seu pau duro. Ele soltou um gemido baixo, seus olhos tremulando um pouco.

— Você gosta disso? — ela o imitou, sorrindo com a expressão em seu rosto.

— Sim... — ele sussurrou quando o outro pé dela se juntou à mistura. Ela os alternou para cima e para baixo em ambos os lados do eixo dele, observando o modo como seu rosto se contorcia de prazer.

Ela se perguntou o que era que ele gostava tanto, mas não parou. Ela estava muito encantada com a expressão feliz para pensar em suas próprias necessidades.

Ela mexeu os pés, aplicando mais pressão até que o pênis dele deslizasse uniformemente entre os arcos deles. Ele gemeu novamente, seus quadris balançando em seu toque quando suas mãos se fecharam em punhos, descansando na beira da banheira.

— Porra, baby... mais — ele gemeu, quase implorando. Ela percebeu que não se importaria de ver isso.

— Diga por favor.

— O quê? — seus olhos se abriram quando ele olhou para ela.

— Me implore por isso — ela reiterou, observando seus olhos escurecerem.

— Não — ele disse roucamente. Ellie revirou os olhos com sua teimosia. Ela deslizou os pés pelo corpo dele, ignorando o pênis latejante em favor de provocar os mamilos com os dedos dos pés — Porra…

— Vamos... não é tão difícil — ela mordeu o lábio para não rir, mas estava se divertindo muito com isso. Ele, por outro lado, não parecia divertido.

Negan agarrou seu tornozelo e puxou o pé de volta para a boca dele. Ele mordiscou e beijou a ponta do pé direito, os olhos nela o tempo todo.

Por um momento, quando notou uma breve hesitação nos olhos dele, ela se perguntou se tinha encontrado algo que ele estava envergonhado pela primeira vez. Talvez fosse um fetiche que ele nunca tivesse compartilhado com ela, mas Ellie estava feliz em lhe dar isso.

Ele não fez nenhum movimento, obviamente sem saber se ela estava bem com o novo jogo dele. Em vez de lhe dar qualquer confirmação verbal, ela mergulhou os pés na água e acariciou seu pênis duro novamente até que seus olhos se fecharam.

Ele gemeu quando a pressão aumentou, a cabeça caindo para trás contra a borda da banheira. Seu pé escorregou um pouco mais por engano, seu calcanhar cavando um pouco mais fundo contra suas bolas. Embora antes que ela pudesse se desculpar, ele estava gemendo mais alto, com a cabeça jogada para trás e ela se perguntou se isso significava que ele estava atingindo seu limite.

Ela usou um pé nas bolas e o outro no eixo dele, esfregando com força até as sensações se tornarem muito e ele estar gozando com um gemido alto e longo.

Quando ele a puxou para seu colo para lhe dar o mesmo tratamento prazeroso, Ellie apenas lhe deu um beijo nos lábios.

— Não precisa. Tudo o que eu quero é dormir agora — ela disse, cansada.

— Tem certeza? — ele perguntou, se sentindo desconfortável por não fazê-la gozar também, mas ela disse que estava tudo bem.

Negan a ajudou a sair da banheira, fazendo alguns comentários sobre a água estar mais suja do que eles naquele momento, mas ela estava relaxada demais para se importar.

Eles se secaram e subiram na cama juntos, deitados um de frente para o outro.

— Você sabe o que eu percebi? — Negan murmurou, os dedos entrelaçados nos dela.

— Hmm? — ela respondeu, olhando para seu rosto. O sorriso quase tímido que ele deu a ela levantou a sobrancelha de Ellie, curiosa.

— Nós nunca nos casamos — ele respondeu, acariciando seu pulso gentilmente — Todos os outros fizeram uma cerimônia. Nós não.

Bufando desdenhosamente, Ellie brincou.

Oh, coitada de mim, nunca consegui meu casamento de véu e grinalda. O que eu farei para sobreviver a essa merda de atrocidade? Nada nunca me desapontou mais.

Negan soltou uma risada, os dedos dele segurando os dela com mais força. 

— Jesus, você não me dá a mínima.

— Eu só não acho que precisamos de uma cerimônia para reforçar o que temos — ela disse com sinceridade.

— Você tem razão — Negan suspirou e beijou a ponta de seu nariz.

— Sempre tenho.

*


Semanas se passaram e tudo parecia ir de vento em popa. Ninguém questionava a autoridade de Ellie e Negan e ela tinha ido uma vez por semana ver Thomas em Alexandria.

Mas Negan estava estressado. Ele tinha entrado novamente no modo líder e mesmo que Ellie dividisse as responsabilidades com ele, ela não conseguia diminuir o ritmo dele. Ellie sabia que parte disso era porque Thomas não estava aqui, e Negan estava com a cabeça em Alexandria. Ele sabia que Rick estava cuidando de Thomas como se fosse dele, mas ele queria Thomas aqui, debaixo de seus olhos, mas achava que ainda não era a hora.

Foi mais um dia intenso de trabalho quando eles finalmente caíram na cama depois de um banho. Negan estava deitado com um braço sobre os olhos e Ellie o olhou com pena. Ele estava extremamente cansado e ela estava evitando falar com ele porque sabia que ele era exatamente como ela quando ficava estressada: não tinha paciência pra conversas.

— Amor — ela o chamou, passando a mão em seu peito. Ele suspirou e tirou o braço de sobre os olhos, olhando-a com os olhos baixos.

— Você percebeu como Thomas estava triste quando falou comigo? — ele perguntou, lembrando da voz triste do filho quando falou com ele no rádio pela manhã.

Ellie não disse, mas a primeira coisa que ela faria assim que acordasse amanhã, era ir até Alexandria e trazer Thomas. Negan provavelmente diria que não era a hora e eles discutiriam, então ela apenas beijou seu rosto e acariciou sua barba.

— Ele só está com saudades de você. Vem cá — Ellie o fez se mover para que ele deitasse a cabeça em seu peito.

Negan suspirou quando pousou a cabeça ali e Ellie passou a mão por entre seus cabelos. Assim, quieto e sem a forma que ela o viu praguejar durante todo o dia, ela tentou uma conversa sobre isso.

— Você não pode ficar estressado assim sempre que algo não sai do jeito que queremos — ela disse suavemente, sua outra mão subindo e descendo por suas costas — Por mais que as pessoas tenham nos aceito aqui, não vai adiantar nada se você não ter paciência.

— Eu tenho paciência — ele murmurou, a voz rouca e sem paciência, e Ellie riu.

— Estou vendo.

— Eu tenho você — Negan disse e beijou logo acima de seu seio, voltando a deitar a cabeça no peito dela — Você é minha voz da consciência. Eu escuto você me acalmar toda vez que eu quero cortar a cabeça de alguém.

— Essa provavelmente foi a coisa mais romântica que você já me disse — ela brincou e beijou a cabeça dele.

— Está decepcionada comigo? — ele perguntou depois de alguns segundos em silêncio.

— Porque estaria?

— Porque a gente não transa há muito tempo — ele disse isso mais baixo, e Ellie sentiu a vergonha em sua voz.

Eles não tinham feito sexo desde que se mudaram para cá, e era simplesmente algo do qual eles não tinham tempo ou estavam cansados e com a cabeça cheia demais para iniciar.

— Claro que não — ela garantiu. Isso era algo temporário até que as coisas se encaixassem e eles tivessem uma rotina mais calma.

— Não sente minha falta? — Negan perguntou, dessa vez olhando para ela — Hein? Não sente falta de como eu te faço gritar?

Ellie riu e roçou seu nariz no dele. Negan moveu a cabeça em seu peito para beijar seu maxilar.

— Sinto, mas sei que você não está com cabeça para isso.

— Tão compreensiva — ele ronronou e Ellie sentiu sua pele se arrepiar quando ele deu uma leve mordida em seu pescoço — Você vai me achar um filho da puta egoísta se eu pedir pra você fazer o trabalho essa noite?

— Vou — ela sorriu de olhos fechados quando Negan começou a chupar seu pescoço.

— Vamos lá, baby — ele pediu, apertando um de seus seios por cima do sutiã — Faça o papai ficar duro e gozar.

Papai? — ela perguntou com diversão, porque ela não lembrava de tê-lo ouvido dizer isso antes — Isso é um novo fetiche?

— Talvez.

Seu rosto se abriu em um sorriso quando Ellie bateu em seu peito.

— Meu Deus. Você é um idiota.

Ele pegou sua mão e a colocou sobre a cueca.

— Eu não mereço um pouco de atenção? — ele mendigou, apertando a mão dela contra seu membro. Ela adorava ouvi-lo pedir com essa voz.

— Estou cansada demais pra isso — Ellie mentiu, mas não se afastou nem um centímetro de seus carinhos.

— Vamos, é seu dever como minha esposa. Você tem que estar sempre disposta — ele ronronou com a voz grossa de desejo.

Ele adorava provocá-la, apertar seus botões porque sabia que ela odiava quando ele agia assim, tão convencido e canalha. E funcionou, porque Ellie se afastou dele com uma cara brava.

— Vai sonhando — ela murmurou, mas Negan passou o braço pela cintura dela antes que Ellie saísse da cama.

Num movimento rápido ele ficou por cima dela e Ellie apenas suspirou.

— Você vai ter que se contentar com a sua mão — ela disse com desdém e ele sorriu aquele sorriso irritante.

— Porque eu faria isso quando tenho esse seu lindo corpinho pra usar? — ele continuou provocando, e quando Ellie foi empurrá-lo de cima dela, ele segurou seus pulsos contra o colchão.

— É melhor me soltar se não quiser que seu pênis fique inutilizado pra sempre — ela disse calmamente, mas seus olhos não mascaravam sua irritação, e Negan estava adorando isso.

— Eu duvido muito que faria isso com algo que você se diverte tanto — ele se pressionou contra ela ainda mais, seu corpo quente e duro era uma coisa difícil de ignorar.

— Eu não vou transar com você tão cedo — Ellie disse, ainda tentando se mover debaixo dele. Ela não faria nada para machucá-lo, mesmo tendo certeza que conseguiria se quisesse.

— Então vou ter que procurar outra — ele alfinetou e Ellie fez o rosto mais indiferente que pôde, mesmo fervendo por dentro.

— Vá em frente. A porta está bem ali.

Eles se encararam por alguns segundos orgulhoso, até que Ellie falou.

— O que faria se eu te traísse?

Ela sabia qual seria a sua reação se Negan um dia fizesse isso, mas não sabia a dele. Ele levantou as sobrancelhas, surpreso com a pergunta.

— Porque está perguntando isso? Está planejando me trair? — ele brincou.

— É só uma pergunta.

A expressão divertida de Negan passou a concentrada em segundos, e ele demorou uns segundos para falar.

— Provavelmente nada — a resposta dele a surpreendeu. Ellie imaginou que ele diria algo como quebraria o filho da puta que tocasse em você ou algo similar.

— Porque?

— Porque eu te amo, Ellie. Eu te amo tanto que às vezes penso que não é saudável — ele disse isso tão seriamente que ela cedeu completamente embaixo dele, presa na forma que ele a olhava — Eu engoliria meu orgulho e qualquer merda pra você não me deixar, por que eu não sou nada sem você.

Eles já haviam trocado declarações ao longo de todos esses anos juntos, mas nada como o que ele acabou de dizer. Negan era um homem orgulhoso e ouvi-lo dizer isso a chocou um pouco a princípio, mas depois a encheu de desconforto por fazê-lo pensar em algo assim. Ellie nunca o faria passar por uma situação dessas, nem em seus piores pesadelos.

Ela não conseguiu formar uma frase, então apenas pressionou os lábios contra os dele. Mas isso durou apenas alguns segundos, pois duas batidas na porta soaram e em seguida a voz de alguém chamando-os.

Negan vestiu uma calça e Ellie só teve tempo de por um robe antes que ele abrisse a porta.

Thomas!? — ela ouviu Negan dizer e se assustou. Ela foi em direção à porta e viu o garoto parado ali, com uma mochila — Quem trouxe você? — Negan perguntou quando o puxou para um abraço.

Ellie agradeceu Joe e fechou a porta.

— Ninguém — Thomas disse enquanto Negan colocava a mochila no chão — Vocês estavam demorando demais para me buscar, então vim eu mesmo.

— Você está bem? — Ellie o abraçou e o checou rapidamente para ver se ele não estava machucado — O que eu te disse sobre sair sozinho? Principalmente a noite. Onde estava com a cabeça?

— Eu sei me defender — ele disse a mãe. Thomas lembrava Carl nessa idade, imparável e inconsequente — E eu não queria ficar lá sem vocês.

Isso amoleceu o coração dos dois.

— Está tudo bem. Você chegou aqui em segurança, e isso é o que importa — Negan disse a fim de não levar a bronca ainda mais longe.

Eles não precisaram perguntar como ele escapou e chegou até aqui, porque Thomas sabia exatamente como ler um mapa e ele já tinha saído para se aventurar nos arredores de Alexandria junto com Judith, mas nunca sozinho e principalmente a noite. Ellie empurrou isso para debaixo do tapete, afinal ele estava bem e teve sorte de não encontrar nada pelo caminho.

— Posso dormir no sofá lá fora — Thomas disse quando saiu do banheiro. Ele havia mudado para o par de roupas que Ellie havia buscado para ele dormir.

— Não, não — Ellie o puxou e o abraçou antes dos dois caírem na cama ao lado de Negan — Você vai dormir com a gente hoje.

— Eu não sou mais criança pra dormir entre vocês — ele disse, rindo um pouco. Ele estava a centímetros da altura de Ellie, muito mais alto que um garoto da sua idade devia ser.

— Mas hoje você vai ser — ela disse enquanto salpicava seu rosto com beijinhos e Thomas fazia uma careta — Vamos dormir bem agarradinhos, igual quando você era um bebê.

Negan estava sorrindo enquanto via os dois, e se alguém o perguntasse qual era o momento preferido de sua vida até hoje, ele não hesitaria em dizer que era esse.

— Tem lugar pra mim também nesse abraço? — Negan disse com um sorriso enquanto deslizava pela cama até eles.

— Claro que tem, papai — Ellie piscou para ele e os dois abraçaram Thomas.

O mundo estava em ruínas, os mortos possuíam a terra, lugares como este, o Reino, Hilltop e Alexandria eram pequenos faróis frágeis da humanidade, para o bem ou para o mal, e aqui estavam eles. Ela e Negan, de alguma maneira, haviam encontrado seu próprio local de felicidade, contra todas as probabilidades e claramente desafiando o karma.

Alguns podem pensar que não merecem, outros podem argumentar que muitas pessoas tiveram que sofrer e morrer para que pudessem estar onde estavam agora e não estariam errados. Mas tudo que Ellie tinha feito desde o início do fim era lutar. E ela continuaria a fazê-lo. Mas desta vez não seria apenas para sobreviver, seria a boa luta. Uma luta pelo povo do Santuário, pelas outras comunidades, por sua família. O futuro estava bem na frente dela, nos seus braços.


F I M




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