Capítulo 22

- Eu quero o plano, tudo o que tem em mente. Nada disso de na hora certa você vai saber - eu disse para Sherry.

- Eu achei o lugar onde Daryl está trancado - quando ela disse isso, achei que fosse despencar escada abaixo, mas não tive tempo de interrompê-la - Apenas escute. Não temos muito tempo.

Eu assenti repetidas vezes para que ela continuasse.

- Daryl está trancado. Só duas pessoas aqui tem a chave mestra da fábrica, e uma delas é Dwight. Ele não a usa e a guarda no pote de cerâmica ao lado da cama. Você tem que pegá-la.

Isso era o plano?

- Como você acha que eu vou conseguir entrar no quarto dele? Dwight me odeia. Ele não vai parar para um café da tarde comigo.

Isso era inviável. Ele mal trocava meia dúzia de palavras comigo desde que cheguei aqui. Sherry passou a mão no cabelo, nervosa.

- É só conversar com ele, ok? Ele não é um cara ruim.

- Eu vou chegar em falar: oi, me dá sua chave para eu resgatar Daryl? - eu revirei os olhos - Ele não é o tipo de cara que conversa. Eu não gosto dele e ele não gosta de mim.

Isso não daria certo. Ela ficou em silêncio, com os braços cruzados e quando olhava para seus pés. Ela parecia que estava em conflito com si mesma, assim como eu.

- Ele sente algo por você - ela disparou quando levantou os olhos para mim - Vai ser fácil, é só demonstrar interesse.

Minha boca se abriu, mas eu não consegui falar. Isso estava fora dos limites, eu não faria nada disso com Dwight. Sherry estava com um olhar de desgosto no rosto ainda maior depois de falar isso.

- Eu não vou fazer isso, pode esquecer. Eu não vou fazer isso - eu me movi desconfortavelmente, só a ideia me arrepiando - Porque você mesma não pega?

- Sabe o que vai acontecer se Negan me ver com Dwight? Eu não quero que ele se machuque - o temor em sua voz era gritante - Você não está mais com Negan, não faz parte das regras regular com quem as pessoas conversam e mesmo se acontecer algo, ele não poderá fazer nada. Se há uma coisa que ele respeita, são as regras.

Se acontecer algo? Meu estômago embrulhou com a possibilidade. Eu não iria fazer nada com Dwight.

- Com quem está a outra chave?

- Negan - Sherry disparou, negando com a cabeça em seguida - Não faço ideia de onde esteja, mas ele a usa sempre e vai sentir falta na hora se ela desaparecer.

Eu queria acordar desse pesadelo. Cada dia era pior que o outro.

- Tem que ser feito assim, Ellie, ou não vai funcionar. Você tem que conseguir a chave de Dwight e se acertar com Negan para que ele não desconfie. Nós vamos no dia que ele sair para fora do Santuário. Essa é nossa hora.

Seria arriscado, mas se Daryl conseguisse sair daqui... se ele conseguisse ir embora, tudo valeria a pena.

- Ok... ok. Eu vou dar um jeito - eu concordei, não havia outra escolha.

- Essa é a primeira parte. Depois disso, você vai ter que falar com Negan.

Eu ri pelo nariz. Essa era a pior parte.

- Ele não vai cair - eu não consegui esconder o amargor na minha voz - Ele não liga se eu estou com ele ou não, caso contrário teria me pedido para ficar.

- Você é mais inteligente que isso... não está vendo as coisas como um todo. Você tem a oportunidade nas mãos, basta saber usar.

Eu odiava Sherry por que ela falava em código e quando eu fazia a coisa errada, ela queria reclamar. E Negan... eu ficava revivendo o último dia que estava com ele, procurando alguma brecha ou algo que dissesse que ele gostava pelo menos um pouco de mim, mas não havia nada.

- Se isso muda alguma coisa, ele não dormiu comigo nem com nenhuma outra de nós desde que você foi embora - eu mordi o lado de dentro da boca quando ela disse isso. Eu tinha quase certeza que ela estava jogando comigo, dizendo isso para me dar um gás. Negan não pararia nada de sua rotina porque eu fui embora. Ele provavelmente não trepou com nenhuma delas porque estava ocupado.

- Não importa. Eu vou conseguir essa chave - avisei, mesmo que minha certeza estivesse esmagada em baixo de meus pés. Era agora ou nunca.

_

Meu braço ardia como o inferno. Eu estava ajudando na cozinha e me queimei com água quente. Minha mente estava em outro lugar enquanto eu tentava fazer o que tinha que ser feito para não chamar atenção. Minha mente oscilava em pensar em Daryl e Negan e eu fazia esforço para mantê-los fora da minha mente. Eu não tinha visto Dwight e ele era o primeiro da lista para começar o processo, e eu sabia que não o via porque estava com Daryl. Eu já pensei em entrar escondida no quarto dele, mas o resultado disso seria catastrófico se eu fosse pega.

- Tudo bem. É só manter coberto. Não tenho nada para queimaduras, então você vai ter que aguentar a ardência por algum tempo - Dr. Carson falou. A queimadura cobria parte do pulso, mas não havia ficado enrugado nem nada, mas ardia muito.

- Obrigado - falei antes de descer da maca e sair da sala. Esbarrei um alguém quando virei o corredor e xinguei, mas era Dwight. Finalmente.

- O que aconteceu com seu braço? - perguntou olhando para a atadura.

- Eu queimei - disse o óbvio, mas me contive para não ser mal educada. Eu precisava dele.

- Você não pegou nada pra passar? - ele perguntou. Eu neguei, não sabendo se me fingir de frágil ia funcionar com ele depois de eu tê-lo chutado na bunda, mas eu tinha que tentar, apostar em alguma deixa para me aproximar dele.

- Eu não tenho pontos o bastante. Ou eu jantava ou pagava pela pomada - joguei, cruzando os dedos para que ele não falasse com Carson sobre isso ou checasse minha folha de pontos e me desmascarasse.

Vi que ele se indereitou quando eu disse isso, talvez porque também fosse uma queimadura, mas não chegava nem perto da que ele tinha no rosto. Me arrepiava só de pensar na dor que ele sentiu, e mesmo eu o detestando, eu sentia pena.

Ele sente algo por você. É só mostrar interesse.

O problema era que eu não tinha interesse e não conseguia fingir. Agora que eu sabia, eu entendia porque ele me olhava assim. Dwight nunca tentou nada e eu sempre achei que era um ódio mútuo, mas era o contrário. Eu percebi que estava tendo essa reflexão enquanto o encarava e ele estava claramente desconfortável.

- É só manter coberto, logo a dor passa - ele disse antes de sair rapidamente, fugindo do meu olhar.

Merda. Pense em algo, pense em algo...

Eu o vi sumir pelo corredor e eu não consegui fazer ele esperar. Eu não ia conseguir fazer isso, eu mal mantinha um diálogo com ele, como conseguiria entrar em seu quarto?

_

O toque de recolher seria daqui uma hora e eu estava esperando que Sherry aparecesse, mas ela não veio. Eu jantei na cozinha, longe dos olhos de todos o que consegui empurrar goela a dentro, não tirando Daryl da minha cabeça sempre que comia. Ele estava sendo tratado como um animal, preso e sabe-se lá se davam comida a ele. Cada segundo era tempo perdido enquanto eu estava aqui, tentando cumprir o planejamento. Rick devia estar mil vezes mais pilhado, e eu tinha certeza que assim como eu, ele estava planejando algo.

Tudo estava silencioso mesmo não sendo hora de estar nos quartos e o único som no corredor que eu estava era dos meus próprios passos. Eu entrei no meu quarto e peguei roupas limpas e uma tolha para ir ao quarto de Marie tomar banho.

Eu tirei a atadura do meu braço e a queimadura estava vermelha, e logo ia começar a criar uma bolha. Não era aquela dor insistente de mais cedo, mas ainda ardia. Eu abracei as roupas e a toalha com meu braço bom e com a outra abri a porta do quarto, dando um salto para trás quando vi Dwight parado do outro lado.

- Que droga! - eu praguejei com a mão no peito, meu corpo espinhando pelo susto - Você me assustou.

- Eu ia bater - ele começou, mas logo me estendeu alguma coisa. Eu não peguei e ele continuou segurando, e eu vi ser um tubo de pomada - Eu tinha isso no meu quarto, sobrou da vez que... - ele fez um gesto para o lado queimado do seu rosto - Vai ajudar no seu braço.

Eu peguei o tubo da mão dele, meio hesitante. Ele trouxe para mim. Ele lembrou disso durante o dia para estar aqui a essa hora da noite me trazendo isso.

Isso, Ellie.

- Obrigado - eu sorri para ele, minimamente para não delatar minha falsidade - Eu estou indo tomar banho, então... - falei e ele assentiu rápido, limpando as mãos na calça e dando espaço para que eu saísse.

Eu fui até a porta de Marie, colocando a chave na fechadura, sentindo que ele ainda estava ali.

- Você não vai descer para jantar? - ele perguntou assim que eu abri. Eu olhei para ele, ainda com a mão na fechadura.

Merda, ele acha que é minha mãe?

- Eu devo ter algo para comer no meu quarto - eu disse, dando os ombros, esperando um olhar preocupado e ele veio. Como eu nunca percebi isso antes?

Eu não sabia como transformar essa conversa em uma ida para o quarto dele e para ser sincera isso me deixava nervosa.

A chave fica no pote de cerâmica ao lado da cama.

- Na verdade acho que meus pontos não iam dar para uma refeição completa, mas eu tenho alguns enlatados no meu quarto - menti, mais uma vez esperando ter sido convincente para que ele não fosse checar minha lista de pontos.

Eu não sei o que estava esperando com essa mentira, um convite para jantar? Isso não aconteceria, ele tinha medo de Negan. Mas eu tendo a empatia dele, ou pena que fosse, faria com que eu me aproximasse dele mais rápido.

Ele balançou a cabeça, desviando o olhar para baixo como sempre fazia antes se sair andando sem dizer nada.

Eu entrei no quarto de Marie e fechei a porta, me encostando na madeira e fechei os olhos. Eu precisava daquela chave.

_

Eu fiquei olhando para aquele tubo de pomada pela próxima meia hora seguinte depois que sai do banho e a usei. Minha ideia era ir até Dwight com a desculpa de entregar a pomada, mas isso era só metade do caminho. Eu tinha que entrar no quarto dele. Eu caminhei pelo corredor como se estivesse indo para a forca, e de certo modo estava. Eu não sabia se ia dar certo, mas tinha que dar.

Eu bati de leve na porta, não querendo chamar a atenção de ninguém e graças a Deus não passou ninguém perto para me ver a parada na frente da porta de Dwight.

Assim que a porta se abriu me mostrando Dwight, eu vesti minha máscara de serenidade e tentei falar sem gaguejar ou parecer apavorada.

- Eu vim te devolver - eu levantei o tubo em minhas mãos. Ele estava parado do mesmo jeito, os olhos arregalados. Ele limpou a garganta, desviando o olhar por alguns segundos antes de falar.

- Pode ficar, eu não uso mais.

Droga.

Ele ficou ali, me olhando, as luzes do corredor oscilando. Em que momento eu fui idiota para pensar que isso iria funcionar? Dwight não era estúpido, ele não ia cair no meu jogo, ele já tinha literalmente sofrido na pele e nenhum charme feminino o faria arriscar, ainda mais eu.

- Ah, eu achei que fosse querer de volta - sorri sem graça, mas por dentro estava o amaldiçoando - Então... obrigado.

Eu virei e comecei a caminhar, quando ele me chamou. Eu sorri para mim mesma antes de virar com o rosto mais sóbrio possível. Dwight estava parado fora do quarto. Ele olhou por cima do ombro, como se checasse alguma coisa antes de falar.

- Você... eu tô fazendo algo pra comer, se você quiser - ofereceu e na mesma hora vi seu arrependimento.

Ele olhou de um lado para o outro de novo, o temor em seu rosto. Antes de ele poder voltar atrás, eu acenei com a cabeça.

- Pode ser.

Ele fez um gesto e eu entrei no quarto, olhando diretamente para a cama, procurando pelo maldito pote, e ele estava lá, ao lado da cama, como Sherry disse.

- Você pode sentar aí enquanto eu termino - ele me apontou o sofá pequeno e desgastado que estava de frente para a tv ligada.

Eu sentei e sequei as palmas das mãos suadas na calça. Eu estava aqui, a um passo e não podia falhar.

Eu não ligava se Dwight morresse por isso ou que Negan queimasse o outro lado do rosto dele. Eu só queria que Daryl conseguisse fugir. Tentei me distrair olhando o quarto.

Ele tinha uma pilha de dvds no chão, que estavam encostados contra a lateral do sofá para que não caíssem. O quarto no tinha nada de luxuoso, mas tinha tudo.

- Como isso aconteceu? - Dwight perguntou. Ele estava na frente de um fogão improvisado, fazendo algo que pelo cheiro era ovo.

- Água quente. Na cozinha - falei. Ele Não olhou para mim, concentrado no omelete. O filme com volume baixo piscava na tv no mesmo ritmo rápido dos meus pensamentos.

O silêncio se instalou novamente enquanto eu o observava. É só demonstrar interesse. Eu sempre fui alguém muito confiante, mas agora a cada passo que eu dava era como se estivesse pisando em ovos. Eu não sabia usar o artifício mulher-sexy-fatal quando eu não tinha interesse na pessoa - quando eu tinha ódio da pessoa. Mas eu tinha que fazer. Por Daryl.

- Você precisa de ajuda? - eu fiquei de pé, indo para perto da pia.

- Já tô terminando - ele disse, virando a omelete na frigideira.

Ele estava nervoso, eu vi pela sua mão tremendo quando ele terminou, desligou o fogo e colocou o omelete em cima do pão. Eu fiquei encostada ali, vendo ele montar dois sanduíches com salada.

- Pode pegar algo pra beber, se quiser - ele apontou para um pequeno frigobar perto da janela e eu o abri, pegando duas cervejas. Eu olhei de relance para o pote ao lado da cama, querendo trazer aquela chave até mim com a força da mente.

O silêncio fúnebre pairava enquanto estávamos sentados na frente da tv, comendo o maldito sanduíche. Sentia que ele estava arrependido até o último fio de cabelo de ter me chamado para entrar e quase ri disso.

Ao mesmo tempo que eu queria matá-lo pelo que ele está fazendo com Daryl, estar aqui me mostravam o quão infeliz ele era. Sua vida se resumia em trabalhar para Negan e voltar para esse quarto e ficar enterrado com a cara na televisão. Sozinho. Eu afastei esses pensamentos. Eu não queria ter empatia por ele, mas eu era idiota. Já estava terminando o sanduíche quando decidi falar.

- Você tem uma coleção aqui - comentei fazendo sinal para a pilha de dvds antes de dar outra mordida no sanduíche. Dwight deu os ombros, bebendo um gole de cerveja antes de responder.

- Não tem muita coisa pra fazer depois que o turno termina.

- Eu nunca tive paciência pra tv. Sempre fui agitada demais pra isso - falei - disse casualmente, bebendo um gole da cerveja. Eu precisava esticar o assusto.

- É isso ou ficar olhando para a parede.

Eu balancei a cabeça, pensando em qualquer merda aleatória para dizer, mas Dwight foi mais rápido.

- Achei que você nunca fosse deixar Negan... principalmente por causa do caipira.

Eu tive vontade de esmurrar a cara dele só por falar de Daryl. A tristeza tomou meu coração, mas eu não tinha tempo para isso agora.

- Eu não me importo com isso, pra falar a verdade - menti e ele riu.

- Você mente muito mal.

- Você não sabe o que Daryl fez comigo. Todo de ruim que aconteceu comigo foi culpa dele. Eu estava lutando por ele porque achei que devesse algo, mas quem me deve é ele - eu cuspi com raiva, mas não de Daryl, mas da situação.

Dwight me observou, os olhos treinados em busca de uma brecha.

- Isso não explica você ter deixado Negan.

- Talvez eu cansei de ser tratada como lixo - essa foi a primeira verdade que eu disse desde entrei aqui. Pareceu convencê-lo e eu coloquei meu prato ao lado da tv - Posso usar o banheiro?

Eu precisava de ar, ou pelo menos ficar sozinha para reunir os pensamentos. Ele apontou para a porta adjacente e eu sai dali.

Eu apoiei minhas duas mãos na pia, respirando fundo. Abri o armário do banheiro, vendo remédios e produtos de banho, nada diferente. Havia um frasco de tranquilizantes escondido atrás de um pacote de camisinhas. Ok.

Lavei as mãos, jogando água fria no rosto para focar no que precisava ser feito. Eu olhei para o pacote de camisinhas e rezei para não precisar usar nenhuma delas. Fechei o armário e passei os dedos para arrumar os cabelos antes de abrir a porta.

Dwight estava de costas, colocando os pratos na pia, e ele olhou por cima do ombro para mim.

- Foi você quem fez? - perguntei quando vi um tabuleiro de xadrez, que parecia ser artesanal, as peças esculpidas.

- Sim - ele afirmou e eu peguei um deles na mão antes de ele me advertir - Cuidado, ainda está um pouco úmido.

Eu voltei a peça de volta ao tabuleiro e vi que meus dedos ficaram manchados de tinta e esfreguei um no outro para que a tinta se dissolvesse. Quando olhei para Dwight, ele estava me observando. Ele limpou a garganta e passou a mão na barba, desviando o olhar pela milésima vez, mas antes de ele me pedir cordialmente para ir, eu arrisquei.

- Porque você me chamou para entrar? - eu empurrei todo meu cabelo para trás, fazendo ele manter o olhar em mim. Ele engoliu em seco, a garganta se movendo.

- Você disse que não tinha jantado, eu...

- Você sabe que não é esse o motivo - eu dei dois passos lentos para perto dele, cortando sua fala.

- Você devia ir - ele disse, mas não havia firmeza nenhuma no seu pedido.

- Eu não quero voltar pra lá... eu não quero ficar sozinha. Você sabe como é se sentir sozinho - chego bem perto dele, eliminando o espaço entre nós.

O tempo congelou naquele segundo. Eu senti sua respiração mais próxima do meu rosto, meu coração pulsou tão forte que achei que morreria. Mas não era desejo, muito menos atração. Eu sentia um misto de pena e ódio. A cicatriz em seu rosto era brutal, mais uma vez me lembrando de Negan.

Dwight era mais alto que eu e tive que levantar o rosto para que ele não desviasse o olhar. Eu nunca havia reparado em nada nele que não fosse sua cicatriz, mas agora, com o rosto colado no dele, percebi que ele tinha olhos verdes escuros.

- Foi por isso que você entrou aqui? - ele sussurrou, seus lábios pairavam quase sobre os meus, vibrando com sua respiração agitada. Ele estava nervoso. Ainda mais, e isso me acalmou. Talvez eu seja um pouco como Negan, o desconforto das outras pessoas me fazia sentir confiante.

- Não. Eu entrei porque você pediu - deixei meus olhos brilharem de prazer ao em vez de demonstrar o desespero instalado dentro de mim. Deus me ajude se eu precisar levar isso até o fim.

Suas mãos escorregaram para minha cintura e eu disfarcei o impulso de pular para longe colando meu corpo no dele e ele se inclinou tomando meus lábios. Meus lábios formigavam em contato com os dele, mas não era ruim, só não tinha significado.

Eu precisava me concentrar, fazer tudo certo; deixei meu corpo relaxar contra o dele e enterrei as mãos no cabelo de sua nuca, abrindo os lábios para permitir que sua língua tocasse a minha, sentindo o gosto de cerveja se misturando ao meu.

Ele tinha cheiro de cigarro e terra, não era ruim, mas eu quis me afastar no mesmo momento porque me lembrava Daryl. Mas o cheiro do couro do colete era tão familiar que eu não consegui. Mesmo sabendo que não era ele, mesmo sabendo que esse corpo magro, esses braços me envolvendo sem firmeza alguma não eram dele. Ele parou o beijo, roçando os lábios nos meus.

- Você quer isso? - sua voz tinha se tornando ainda mais rouca.

- Sim - eu ronronei conta seus lábios. Então me beijou de novo mais forte, enquanto segurava firmemente minha cintura, caminhando comigo de costas até que minhas pernas se chocassem com a borda do colchão.

Me lembro de Rick dizer que sempre sabia quando eu mentia, porque meus olhos eram verdadeiros demais e me denunciavam. Talvez algo tenha mudado dentro de mim e eu não seja mais como era. Talvez a verdade em meus olhos tenha morrido.

Dwight se deitou sobre mim, sem deixar de me beijar e o desespero me tomou quando seu peso caiu sobre mim. Eu sentia ele duro contra minha pelve, isso tudo estava indo rápido demais.

Ele percebeu que eu tremi quando sua mão entrou debaixo da minha blusa, apertando minha cintura. Ele parou, seu rosto pairando sobre o me enquanto me observava. Merda. Eu sorri para ele, separando minhas pernas para que seu quadril se acomodasse entre elas.

- Porque parou? - eu sussurrei, acariciando o lado bom de seu rosto, o forçando a me beijar de novo. Eu não gostava desse olhar, era aquele tipo que a pessoa te dava quando queria ler você.

Ele não me beijou, ficou me olhando enquanto sua mão subia pela minha cintura, chegando ao meu seio. Ele estava observando minha reação. Ele estava desconfiado.

Droga.

Eu me ergui o suficiente para tirar minha blusa, a jogando de lado, ficando de sutiã. Meu peito subia e descia com a respiração desigual, e eu tentei me manter firme.

- Tira isso - eu empurrei o colete para fora de seus ombros e ele o tirou, ficando de joelhos entre minhas pernas. O volume da sua ereção estava esticando o tecido da calça e eu levei minha mão, apertando.

Ele deu um gemido rouco e me beijou de novo, suas mãos subindo pela pele da minha cintura até apertar meus seios cobertos pelo sutiã. Eu fechei os olhos, imaginando que fosse qualquer outra pessoa. Eu não estava nem um pouco excitada e se eu tivesse que ir até o fim, eu não queria me machucar.

Ele beijou meu ombro, baixando a alça do meu sutiã e eu deitei a cabeça para o lado direito, lhe dando mais acesso, olhando o pote próximo do meu rosto. A chave estava há polegadas de mim e eu não conseguiria pegá-la facilmente. Ele se atrapalhou com isso cinto e eu cobri suas mãos com as minhas.

- Deixa que eu faço isso.

Dwight se ajoelhou na cama entre minhas pernas e eu desfiz seu cinto rapidamente enquanto ele puxava a camisa para fora do corpo. Ele tinha uma tatuagem aqui e ali, nada que se destacasse no corpo magro. Ele se livrou da calça e tocou meu rosto, me beijou, começando a apalpar minha intimidade por cima do jeans. Ele abriu meu zíper e tirou minha calça, e eu estava só com minhas roupas íntimas agora, deitada enquanto ele me olhava de cima.

- Você é tão bonita - ele elogiou, correndo as mãos pelas minhas coxas e meu quadril - Porra...

Eu me entreguei a isso, o beijando e puxando para mim, empurrando meu quadril para cima, gemendo quando senti meu corpo começar a me trair e eu senti prazer nisso. Eu só podia estar ficando louca. Ele colocou as mãos por debaixo de mim mas antes de ele conseguir abrir fecho do meu sutiã, eu o afastei.

- Você tem camisinha? - as palavras tropeçaram para fora da minha boca no momento certo.

Eu sabia que ele tinha e estavam no banheiro. Eu teria segundos até ele entrar lá, abrir o armário, pegá-las e voltar para cá. Eu tinha que pegar a chave no meio disso.

Ele se esticou e abriu a gaveta da cômoda ao lado, sem sair de cima de mim. Merda. Merda. Merda. Ele tinha aqui também.

Ele procurou um pouco mas desistiu, olhando para mim meio sem jeito.

- Espera um pouco - ele disse antes de sair de cima de mim. Eu concordei, relaxando nos travesseiros o melhor que podia. Ele me deu uma olhada de cima a baixo antes sair. Babaca.

Esperei ele sumir dentro do banheiro e me esgueirei para o lado da cama, abrindo tirando a tampa do pote sem fazer barulho, o tempo todo olhando para a porta. Só tive tempo de enfiar a mão ali e pegar a chave. Eu a enfiei dentro do sutiã e fechei a tampa do pote sem fazer barulho e quando Dwight saiu de dentro do banheiro eu já estava com meu jeans na mão.

- O que você tá fazendo? - ele olhou para meu jeans e depois para mim. Ele estava com uma embalagem de camisinha na mão e eu quis socar a cara dele por achar que eu ia fazer qualquer coisa com ele quando ele era o torturador de Daryl.

- Olha só, eu... eu não consigo fazer isso - eu me enfiei na calça o mais agilmente que pude, pegando minha blusa em cima da cama.

Dwight estava parado do mesmo jeito, só de cueca enquanto me olhava.

- Você tá brincando comigo? - ele veio até mim, mas eu me afastei para que não me tocasse e vesti minha blusa - A gente... - ele não terminou.

- Sinto muito - eu disse enquanto calçava os sapatos. Eu não olhei para trás quando destranquei a porta e sai, tomando uma respiração profunda enquanto caminhava o mais rápido possível para meu quarto.

Eu entrei e tranquei a porta atrás de mim. Sentei no chão e tirei a chave de dentro do sutiã, a apertando em minhas mãos, as lágrimas correndo pelo meu rosto, mas dessa vez não era de tristeza.

Eu consegui. Logo Daryl estaria livre.

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Não foi dessa vez, Dwight! 😂

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