Capítulo 21
capítulo anterior...
Agora, sozinha e soluçando, eu vi que tudo estava perdido. Eu estava longe de ver meu irmão mais uma vez, longe de ter a chance de negociar por Daryl, com as mãos atadas, sem saber como seria o dia de amanhã. Na verdade eu sabia; seria doloroso.
Eu estava arfando quando me levantei de chão, a adrenalina dançando em minhas veias. Eu havia dado um salto no escuro e estava esperando a queda, sabendo que ela viria e seria dolorosa.
O rosto de Daryl não saia da minha mente, junto com o de Negan, os dois misturados me fazendo tontear. Empurrei o que havia em cima da escrivaninha com toda força que tinha, derrubando tudo no chão. Fraca. Impotente. É isso que eu sou.
A porta do meu quarto se abriu silenciosamente, sem nenhum aviso. Sherry. De novo.
- O que você quer? - rosnei, chutando os livros que estavam no chão e me impediam de chegar até a cama.
- O que houve? - ela olhou para a bagunça de coisas quebradas e depois para mim.
- Eu coloquei um fim nisso - disse ríspida, empurrando todas as roupas da cama para o chão.
- Você o quê? - perguntou e eu vi o desespero em seus olhos quando a olhei.
- Você disse que eu sabia o que fazer, e eu fiz. Coloquei um fim, pedi o divórcio - eu ri com escárnio. Eu estava com tanta raiva, tanto ódio. Seus olhos se arregalaram ainda mais.
- Não era isso que eu estava falando... Meu Deus, você tem ideia do que fez?
Ela passou a mão no rosto, esperando que eu respondesse. Eu não entendi o chilique, qual era a dela com isso?
- Ele vai descontar no Daryl - ela disse como se eu não soubesse.
- Acha que eu não sei?
- O que eu disse... o que eu quis dizer era para você usar a vantagem que tem para tirar Daryl daqui antes de qualquer outra coisa - ela sussurrou, quase inaudível.
- Eu não tenho nenhuma vantagem - eu neguei. A não ser a vantagem de ser uma idiota.
- Você tem. Negan estava jogando um jogo, deixando você tentar negociar... mas agora - ela não terminou. Eu sabia que ela estava certa, mas não ia voltar, como poderia?
- Eu não vou voltar, já passei muito tempo seguindo ordens dos outros. Eu vou tirar Daryl daqui do meu jeito.
- Isso não vai funcionar - ela falava como se eu fosse louca.
- E o que você entende disso? - eu já estava perdendo a paciência. Eu sabia que tinha fodido com tudo, que Daryl estava ainda mais em perigo, não precisava de Sherry falando na minha orelha.
- Entendo que quando você estava com ele, a chance de Daryl não se ferrar tanto era maior. Negan gosta de você e você devia jogar com isso.
Eu ri. Ri com ódio e dor. Aquele bastardo não gostava nem dele mesmo, quem dirá de outra pessoa.
- Sabe o que ele fez quando eu disse que estava o deixando? - eu perguntei, não me importando em estar praticamente gritando - Ele me apontou a porta. Ele realmente gosta de mim, não é?
Eu sentia mais ódio de mim porque hoje fundo, eu queria que ele me pedisse para ficar, que ele falasse que ia deixar Daryl ir por mim, porque eu estava pedindo.
De repente, ela foi até a porta e pressionou o ouvido na madeira. Eu queria chutá-la para fora daqui, mas ela voltou até mim.
- Eu quero fugir daqui. Você pode vir comigo, podemos tirar Daryl também... mas você vai ter que contornar a merda que fez.
Eu não conseguia responder, só fiquei olhando para ela como se fosse louca. Fugir?
- Do que você tá falando? - perguntei, mas não a deixei responder - Você enlouqueceu.
- Eu sei que parece loucura, mas vai dar certo - ela garantiu. E se realmente desse certo? E se eu e Daryl conseguíssemos fugir daqui? Ou pelo menos só ele fugisse?
- Qual é seu plano? - finalmente me rendi e perguntei.
- Você tem que pedir desculpas... tem que fazê-lo acreditar que se arrependeu ou ele vai ficar como uma águia em cima de você e nunca vai conseguir por os olhos em Daryl de novo, quem dirá tirar ele daqui.
Fazia sentido, eu sabia, mas na hora da raiva eu não lembrei disso. Tudo o que eu queria era feri-lo como ele me feria. Mas eu não ia confiar nela assim, eu precisava saber qual era o plano real.
- Qual é seu plano? - repeti a pergunta - Eu não vou fazer isso de olhos vendados. Preciso que me fale o plano. Como acha que vai conseguir sair daqui? Fugir, comigo e Daryl?
Não era necessário prestar muita atenção para ver que a segurança daqui era pesada. Ninguém entrava ou saia sem ser autorizado, eu não sabia nem onde Daryl estava preso, não seria da noite para o dia, não faríamos isso sem planejamento.
- Deixa isso comigo, quando for a hora você vai saber - ela estava nervosa quando respondeu. Eu e Sherry nunca fomos uma com a cara da outra, mas algo a fez confiar em mim para vir falar isso sem ter medo que eu contasse a Negan.
- Porque se importa? Por que quer tanto tirar Daryl daqui?
Sua expressão mudou, algo como nostalgia e vazio.
- Porque ele me lembra alguém... alguém que não é mais o mesmo hoje.
Eu senti um aperto estranho no peito. Essa era a primeira vez que eu me colocava no lugar de outra pessoa - no lugar de alguém que teve alguém que gosta nas mãos de Negan. Ela estava falando de Dwight. Dwight, que hoje não passava de um soldado de Negan, assim como ele queria que Daryl fosse.
- Eu não posso fazer isso. Se quiser fugir, vá, ninguém nunca vai saber que essa conversa aconteceu. Mas eu não vou fazer isso.
Eu não arriscaria Daryl, não quando Sherry faria tudo para Dwight - que era o algoz de Daryl. Ela poderia estar agindo com uma boa intenção, mas eu não arriscaria. Eu tiraria Daryl daqui sem colocar mais ninguém no meio disso.
Eu abri a porta para que ela saísse, mas ela ainda ficou alguns segundos me olhando até se dirigir a ela.
- Espero que mude de ideia - isso foi tudo que ela disse antes de sair.
Eu não ia voltar, mesmo se eu quisesse, ele não ia cair nessa depois de tudo. Negan não era idiota, ele sempre estava um passo a frente. Eu já tinha medo de ele machucar Daryl porque eu o deixei, agora se soubesse que eu estava armando por suas costas, seria bem pior.
DIA SEGUINTE
Quando acordei e sai do quarto, não havia ninguém no salão além de Dwight. Ele ainda vestia o colete de Daryl, que ficava folgado na sua estrutura magra. Eu faria questão de ser eu mesma a arrancar dele quando fosse a hora. Apertei as unhas contra a palma da mão para me controlar. Ainda não é a hora.
- Vamos, há um quarto pra você - ele fez sinal para que o seguisse e eu o fiz, não tendo nada meu para levar além da roupa e sapato que eu estava vestindo agora.
Dwight me levou para o segundo andar e mostrou-me um quarto simples com uma cama, uma cômoda e uma cadeira. Havia uma pequena pilha de roupas sobre a cama, juntamente com artigos de higiene.
- Você pode por lençóis e travesseiros quando tiver pontos para comprar, você sabe como funciona - ele disse assim que entramos - Não tem banheiro, mas você pode usar o do quarto a frente.
- Ainda é Marie quem dorme ali? - eu mexi na roupa que havia ali.
Meu antigo quarto ficava alguns corredores além desse, e eu tinha quase certeza que era Marie quem dormia ali ainda e para meu alívio, Dwight concordou.
- Você continua no serviço de antes, foram acrescentados mais alguns - ele me entregou a folha e eu não a olhei, a guardando no bolso se trás da calça - O resto funciona como antes, mesmos horários e regras.
Eu concordei com a cabeça, olhando a poucas luz que entrava pela janela. Quando cheguei aqui, tinha sido colocada em um quarto parecido com esse. Fiquei aqui por longos meses, acordando, trabalhando, voltando e dormindo, repetindo o loop todos os dias. Eu me sentia sozinha e vazia, não tinha amigos e não conversava com quase ninguém daqui, até Negan me chamar. Eu lembro daquele dia como se fosse ontem.
- De todas, eu não esperava que você fosse desertar primeiro - Dwight comentou, me dispersando das minhas memórias - Principalmente porque parecia gostar.
- Você não me conhece.
- Você fez a escolha errada, é impulsiva como seu irmão - ele começou a falar de novo, mas eu o cortei.
- Você já fez o que foi mandando, pode ir embora - falei sabendo que se ele falasse qualquer merda, o resultado não seria bom. Ele se virou para sair, mas voltou.
- Você não precisa me odiar. A culpa disso não é minha e nem sua - falou num tom totalmente diferente do que ele usava, mas a única coisa que eu senti foi raiva porque tudo que eu conseguia prestar atenção era nele com o colete de Daryl.
- A culpa é sua a partir do momento que não toma uma atitude - cuspi, não dando abertura para que respondesse - Eu não tô pedindo seu consolo, não quando você está machucando Daryl. Você é tão doente quanto Negan.
Ele olhou para baixo e riu, balançando a cabeça.
- Você fala isso agora, mas se Daryl não estivesse aqui, pensaria assim?
Eu quis chutá-lo por que sabia a resposta. Não. Eu não ligava para como Negan era ou o que fazia para as outras pessoas. Ele me ajudou e isso bastava, anulava qualquer outra coisa. Até agora. Até Daryl estar aqui e eu sentir na pele.
- De alguma forma eu estou reagindo a isso, e você? É o capacho dele e nem se importa.
- Você devia ter mais cuidado em como fala com as pessoas a partir de agora. Você não está mais debaixo da asa de Negan.
- Está me ameaçando? - eu dei um passo para mais perto dele, meus olhos cerrados observando a mudança em seu rosto que de repente ficou nervoso - Não devia, você sabe bem como eu sei me defender.
- É só um conselho - ele deu um passo para trás - Eu não tenho conheço, você está certa. Mas preste atenção, nem todos são como eu - ele se virou e saiu, fechando a porta.
Eu sentei na cama com a cabeça entre as mãos, tentando pensar no que Rick diria para eu fazer agora. Conheça seu inimigo antes de atacar. Saiba o quão forte ele é antes que ele saiba o quanto você é. Ele sempre me dizia isso quando me ensinava a me defender.
Mas a verdade era que eu não conhecia Negan. Eu estive com ele, mas não conhecia totalmente. Mas ele também não me conhecia, não a Ellie que eu era, só a Ellie que eu sou agora.
Agora eu não podia mais ser ela, eu tinha que ser quem fui a anos atrás.
×
- Oi, Marie - falei assim que a vi dobrando um dos corredores. Ela virou e abriu um sorriso quando me viu.
- Ellie - ela me deu um abraço. Eu tentei sorrir, mas acho que não saiu nada convincente - Tudo bem?
- Sim, tudo bem - menti, ia acostumada com isso. Ela perguntou mais algumas coisas enquanto descíamos, se eu já tinha sido levada para meu novo quarto e que era ela quem dormia na porta a frente.
Nós descemos e eu peguei um pedaço de pão com algum tipo de geléia e me forcei a engolir, ignorando os olhares e cochichos das pessoas que me viam.
- Como você está, você sabe... lidando com tudo isso? - Marie que até agora estava quieta, falou. Eu olhei para ela, não que não tivesse entendido a pergunta, mas porque tinha certeza que minha cara dava a resposta, mas ela continuou - Depois de Negan ter te mandado embora. É o que todos estão dizendo.
Mas é claro. Ele tinha um ego grande demais para ferir dizendo que foi eu quem o deixou. Eu ri para mim mesma.
- Estou bem - disse, limpando os farelos de pão da mesa. Ela entendeu que eu não queria falar disso e de apressou em dispersar o assunto.
- Certo - ela assentiu, fazendo o mesmo - Seu primeiro turno é na separação e armazenamento, certo? - Marie perguntou.
- Sim, como sabe?
Ela deu os ombros.
- Foi eu quem fez sua grade de serviços. Tentei encaixar com a minha para você não se sentir sozinha.
Eu dei um sorriso em agradecimento, Marie era uma boa pessoa. Ela não precisava me ajudar a me sentir confortável, mas ela fazia mesmo assim. Ela deslizou algo sobre a mesa e eu vi que era uma chave.
- Aqui está a copia da chave do meu quarto, entre sempre que precisar.
Eu a peguei e guardei no bolso do jeans.
- Qual horário é melhor, você sabe... não quero te atrapalhar... - perguntei meio sem graça, não sabia se ela estava com alguém e não queria chegar lá em hora inapropriada. Ela ficou vermelha como um tomate.
- Oh, não. Eu não tenho ninguém, não se preocupe - ela deu uma risada nervosa, se levantando em seguida - Vamos?
Eu a segui pelas escadas e nós paramos no terceiro andar. Eu tinha que ficar ali até o almoço e depois tinha que limpar uma sala no segundo andar, e em seguida outra. Não havia tempo de circular e procurar Daryl e era proposital.
A manhã passou se arrastando, e eu estava fazendo tudo no automático, mesmo minha mente estando em um lugar completamente diferente. Marie foi até na sala a frente pegar mais caixas e me deixou fazendo o que eu estava fazendo.
- Tô indo almoçar, você não vem? - ouvi uma voz masculina falar, mas não conseguia ver por entre as prateleiras quem era. Larguei o pano que usava para limpar e sai de lá de trás, vendo que era o irmão da Marie.
- Oi - ele disse com surpresa - Achei que fosse a Marie aqui.
- Ela só foi buscar algumas coisas na sala da frente - avisei, pegando um pano limpo para limpar a sujeira das mãos.
Eu não lembrava o nome dele porque na minha cabeça eu o chamava de irmão da Marie, e eu nunca tive problema com ele, mas ele era esquisito, baixinho, meio barrigudo e com cara louco.
- Ellie, certo? - ele se encostou, arrumando a arma na cintura. Antes de eu responder, ela apareceu.
- Ei, Nolan - ela chamou e ele pegou a caixa que ela carregava, colocando na prateleira ao meu lado.
- Vim ver se estava descendo para o almoço - ele falou para ela.
- Eu e Ellie já estávamos descendo - ela anunciou. Eu sai de perto dele, ficando ao lado de Marie, esperando que ela não o chamasse para ir com a gente - Vamos todos juntos - ela sugeriu e eu segurei um suspiro derrotado, dando um meio sorriso forçado para ela.
O almoço se baseou no irmão de Marie - Nolan - falando coisas aleatórias e sobre as pessoas daqui. Eu fiquei quieta, ouvindo, mas na verdade estava esperando ele falar algo, qualquer coisa sobre Daryl.
- Já volto - Marie se levantou rápido quando uma mulher a chamou.
- Já está na minha hora também - eu levantei no mesmo segundo, não querendo a companhia dele.
- Eu te acompanho - ele piscou pra mim, fazendo os pelos da minha nuca arrepiarem.
- Não precisa, eu...
- Eu faço questão, é sempre bom ter um Salvador ao seu lado - ele me interrompeu. Eu olhei para os lados, mas eu não conhecia ninguém. Ele não iria tentar nada contra mim, mas eu não gostava da forma que ele me olhava.
Eu subi até o segundo andar sem falar nada, querendo que alguém o chamasse para fazer qualquer coisa, mas não tive sorte, ele caminhou ao meu lado todo tempo, até chegar em frente à porta.
- Obrigada - eu disse a contra gosto, esperando que ele fosse embora, mas ele só sorriu e abriu a porta para mim.
Eu entrei na sala que era um depósito com algumas mesas e cadeiras. Eu tentei me lembrar do que tinha que fazer aqui mas não conseguia me concentrar, todo que eu fazia era olhar aquele maluco pelo canto do olho enquanto começava a mexer em algumas coisas.
- Então - ele falou, se inclinando para trás no encosto da cadeira, entrelaçando os dedos sobre a barriga - O que você fez pro Negan te dar um pé na bunda?
Eu mordi a boca com força antes de virar para ele e encarar aquela cara idiota.
- Porque você não pergunta a ele? - respondi sem deixar de encará-lo e ele deu os ombros.
- Ele deve tá ocupado fodendo alguma das esposas.
Eu engoli em seco, me segurando para não manda-lo se foder quando lembrei do que Dwight disse.
Você devia ter mais cuidado em como fala com as pessoas a partir de agora. Você não está mais debaixo da asa de Negan.
- Você conhece o cabeludo? - ele estalou e eu parei meus movimentos.
Daryl.
Eu fiquei rígida na mesma hora e ele notou, porque riu.
- Ele tá na merda lá em baixo - continuou, rindo, esperando alguma reação minha, mas eu não disse nada - Eu poderia conseguir uma visita para você.
- Você não pode fazer isso - queria que a incredulidade na minha voz tivesse sido transformada em esperança. E se eu pudesse vê-lo mais uma vez?
- Eu sou um dos Salvadores de Negan - ele falou com orgulho, como se estivesse me lembrando quem ele era - Eu tenho muita liberdade aqui. Então, você quer ver seu amigo?
- Quero - a resposta não foi mais que um sussurro. Meu peito doía por dentro. A cadeira velha fez um barulho quando ele se levantou, arrumando a arma e a faca na calça enquanto vinha na minha direção e parava na minha frente.
- Como tudo nesse novo mundo, isso não vem de graça, Ellie - ele estava tão próximo que eu sentia sua respiração no meu rosto. Eu apoiei minhas mãos na mesa atrás de mim, apertando a madeira - Você só precisa me deixar feliz, e eu não sou um cara exigente.
Ele tocou meu braço e quando eu fui empurrar a mão dele para longe, ele agarrou meu pulso.
- Me solta - eu disse com a voz baixa, tremendo por dentro.
- Algum problema? - uma voz fez o cara virar e eu aproveitei para sair de perto dele, vendo Dwight entrando. Ele estava com a cara fechada e olhou para mim e depois para o homem.
- Só conversando - Nolan respondeu, dando um olhar para que eu confirmasse.
- Não falei com você - Dwight cuspiu para ele e me olhou esperando reposta. Por mais que estivesse enojada, eu não queria arrumar confusão com esse tipo de cara.
- Nolan já estava de saída - eu disse e o cara me deu um olhar estreito antes de sair. Eu respirei fundo em silêncio, não tinha feito nem vinte e quatro horas que eu estava aqui e já aconteceu tanta coisa.
- O que aconteceu? - Dwight perguntou, ainda parado no mesmo lugar. Eu voltei a fazer o que estava tentando fazer antes.
- Nada - eu não o olhei quando disse isso. Eu estava tão cansada, não fisicamente, mas minha mente. Eu não conseguia achar resposta para esse quebra cabeças, se eu surtasse e tentasse pegar uma arma para tirar Daryl, provavelmente eles me matariam, se eu ficasse aqui, parada, eles o matariam.
- Sua cara diz outra coisa - ouvi seus pés rasparem conta o piso e pelo canto do olho vi que ele estava ao meu lado. Eu empurrei o pote de madeira que estava nas minhas mãos e ele fez um barulho seco quando bateu sobre a mesa.
- Desde quando você se importa?
Eu me sentia sufocada, mergulhada em angustia de um jeito que eu quase não conseguia respirar. Deus sabe o que ele estava fazendo com Daryl e eu não gostava dele mesmo antes, então porque ele estava preocupado com isso?
- Desde quando isso não é permitido aqui - ele enfatizou as últimas palavras com um tom grave, mas não segurou meu olhar. Eu tive vontade de rir, isso era tão absurdo. O que mais era permitido aqui era abuso.
- Se é a sua preocupação o que te prende aqui, sim, Dwight, eu estou bem - falei com deboche, mesmo que minha vontade fosse gritar com ele.
Ele saiu sem dizer nada, e eu senti aquele sentimento familiar de impotência que me tomava desde que soube que Daryl estava aqui.
Daryl. Daryl. Daryl.
Eu via seu rosto sem precisar fechar os olhos. Eu sabia que Rick provavelmente estava planejando algo, porque mesmo aterrorizado, ele nunca baixaria a cabeça para o regime que Negan estava impondo. O fim disso seria sangrento, assim como foi na prisão. Mas como fiz lá, eu também lutaria para defender as pessoas que amava.
×
Nos dias seguintes eu tentei disfarçar e achar onde ficavam as celas, mas eu sempre sentia que estava sendo observada mesmo que ninguém em específico me seguisse - sentia que todos estavam de olho em mim, e com certeza estavam. Eu tinha coisas para fazer durante todo dia e voltava para o quarto minutos antes do toque de recolher. Negan não ia me deixar rodando por aí para e deparar com Daryl.
Eu não vi Negan. Achei que ele fosse aparecer para fazer algum comentário ou só fazer seu típico papel, mas não o vi em lugar nenhum. Em algum canto na minha mente, eu esperava que ele aparecesse pelo menos para falar comigo, mas isso só estava na minha mente. Nunca aconteceria.
O que Sherry falou continuou na minha cabeça. E se desse certo? Se nós duas, juntas, conseguíssemos tirar Daryl e ir embora daqui?
A cada dia que passava era um dia a mais na inércia de imaginar Daryl sofrendo e estar aqui sem ação. Foi quando eu tomei minha decisão.
Achar Sherry não foi difícil. Ela fumava como uma chaminé, e sempre estava nos corredores mais desertos, geralmente onde conversava escondida com Dwight. Eu esperei onde sempre a via e quando ela abriu a porta para descer, eu levantei da escada onde estava sentada.
- Eu topo.
Quanto tempo vai levar para você voltar pra mim, chorando como uma criança perdida, pedindo que eu cuide de você?
Eu estava voltando, mas não como uma criança perdida. Eu tinha um objetivo.
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Qual será o plano para tirar Daryl dali? E o Dwight, hein? Vcs gostam dele?
Agora que a história começa a pegar fogo!!!
Beijos e até o próximo ❤
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