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TERÇA-FEIRA

Oliver James

   Eu analiso.

Acho que precisa de mais um traço ali.

Analiso de novo. Um pequeno detalhe pode causar um grande impacto. Por isso desenho com calma, sempre calculista, sempre observador.

Deslizo meu dedo pela folha freneticamente para causar um efeito esboçado. Eu ainda o analiso, tentando ver como aquilo está se saindo.

Cada detalhe, cada traço, cada linha torta ou reta eu faço com calma. Logo em seguida quase pude ver o sorriso da moça dos meus desenhos se tornando cada vez mais realista.

- Uau, você é bom. - Ouço

Não levantei o olhar para saber quem era. Na verdade eu não sei quem é, apenas sei que é uma mulher que Connor trouxe de um dos bares que ele frequenta na cidade.

- Obrigado. - Digo ainda concentrado em meu desenho

Eu podia sentir seu olhar passando por meu peito nu, descendo para minhas calças jeans.

- Qual seu nome? - Ela perguntou

- Oliver.

Não estou mal humorado, nem nada do tipo. Apenas não queria dar continuidade a uma conversa quando na verdade estava concentrado em outra coisa.

- Eu sou a Jean. Você é irmão do... do...

- Connor? - levanto o olhar para a mulher descabelada. Não tinha cara de universitária, se fosse eu me lembraria. Eu sou bem observador. Deve ter seus provavelmente vinte cinco anos.

Apesar do fato de seus cabelos estarem bagunçados ela estava devidamente vestida. Ela sorriu, quase tímida.

Eu até pensaria que é uma mulher tímida, vergonhosa se não tivesse ouvido os gritos e gemidos altíssimos que ela soltava durante a madrugada fodendo com meu irmão.

- É, Connor. Ele não comentou que tinhas irmão.

- Irmãos, para falar a verdade. - Brad apareceu do corredor dos quartos, devidamente arrumado para mais um dia de aulas chatas para logo depois estar ensopado de suor em seu treino.

Jean olhou para Brad de olhos arregalados. Ela literalmente abriu a boca enquanto seu olhar descarado observava Brad dos pés a cabeça. Eu quase ri, é inevitável. Principalmente pelo fato de Brad estar totalmente alheio a ela enquanto digitava em seu celular.

- Tem café pronto. Estou indo, nos vemos mais tarde. - Ele me disse, assentiu para Jean e saiu porta a fora.

- Uau - Jean disse enquanto suspirava

Levantei do sofá, agora eu não tenho concentração nenhuma. Deixei meu caderno de desenhos em cima do sofá enquanto fui para a cozinha, precisava tomar um café para ficar acordado e ativo o resto do dia.

- Então vocês são os irmãos James - Jean Disse me seguindo pela cozinha

- É o que parece. Quer um café?

Agora em pé, Jean me analisou de cima a baixo com a mesma expressão que analisou meu irmão Brad a poucos segundos. Espero não fazer essa expressão quando analiso alguém com desejo sexual.

- Oi? - Passou a língua pelos lábios, enquanto seus olhos demonstravam seu desejo

- Eu perguntei se você quer um café?

Ela abriu a boca para responder, Mas Connor chegou na cozinha enquanto colocava a camiseta preta por cima da cabeça. Ele colocou a jaqueta preta de couro de costume logo em seguida e disse:

- Ela não quer.

Eu dei de ombros. Estava acostumada com o jeito de ser dele. No entanto a garota ofendida olhou para ele

- Bom, eu gostaria de beber algo...

- Hora de ir. - Ele cortou ela

Ela suspirou forte. Eu sabia que na cabeça dela ela chamava ele de babaca e todos os nomes feios possíveis.

- Só vou pegar minhas coisas - Disse de cara fechada - Foi um prazer te conhecer, Oliver.

- Digo o mesmo, Jean. - Levanto o copo de café para ela que sai batendo o pé irritada. Connor indecifravel guardou Um masso de cigarros no bolso.

- Sabe, Connor - Analiso seus cabelos pretos antes de focar em seus olhos azuis cheios de impaciencia. - Deveria parar de fumar, isso causa impotência.

Ergo uma sobrancelha para ele que me encara como se eu falasse sério.

- Se está se referindo a meu pau, ele funciona bem. Até demais.

- Só tô dizendo.

Ele me encarou sob suas sobrancelhas grossas, antes de levar o cigarro aos lábios e acender ele ainda me encarando.

- Nos vemos mais tarde.



   Toda terça feira do começo de um mês existe uma tradição entre os universitários da UFH.


Se reunir no meio da maior praça do campus perto dos dormitórios, de noite, as vezes sob uma fogueira e admirar aqueles que cantam. Ou dançar. Ou até mesmo por o papo em dia com os amigos.

Eu não precisava de alguém para me convencer a vir, eu gosto dessas coisas. Sair da minha bolha de conforto pra mim é interessante.

Principalmente pelo fato de que eu já sabia quem viria. Eu a quero, e isso não é segredo. Ela sabe.

Mas ela é enigmática. Impossível de se entender, eu não fazia ideia de como conquistar ela. Mas eu estava ansioso e interessado na hipótese de descobrir.

Stacy Simmons estava sentada ao lado de Anelise Evans. Amber White, estava sentada no mesmo lençol perto delas com meu irmão. Ouvindo uma garota muito boa a propósito, cantar.

Eu encostei minhas costas no carro de Brad observando a praça em geral. A praça estava com um número indeterminado de alunos rindo, fumando maconha, bebendo, ouvindo música, se beijando. Ou admirando outro alguém.

- Vou Embora - Connor disse se encostando ao meu lado. Deixou a moto a distância dessa vez, pois da última vez algum bêbado idiota vomitou no seu pneu.

- Mal começou.

Ele suspirou ao meu lado

- Por isso mesmo. O que vai ter aqui essa noite?

- Oliver, Oi! - Natalia Pavani se aproximou de mim. Eu sorrio para a mesma que se aproxima com passos dedicados na minha direção, ao lado de uma garota baixinha que sorria para Connor.

- Talvez eu fique mais alguns minutos. - Ele disse ao meu lado

- Oi - Natalia me cumprimenta com um beijo na bochecha. - Essa é Alehandra, minha prima.

- Oi - A garota disse, especificamente para Connor. Logo em seguida ela foi para o lado dele tomando a partida do assunto.

Natalia sorriu para mim

- Achei que não viria. Senti sua falta na festa da Cachoeira sexta passada.

- Eu acabei esquecendo. - Digo olhando para a pessoa que tirou toda minha concentração quando mostrou que era quem quisesse ser diante da universidade toda enquanto andava de sutiã em uma dia irritantemente quente. Stacy estava rindo com Anelise.

É raro ela sorrir. Mas quando sorria é a coisa mais sexy que podia ver. Seus olhos quase que de relance pararam diante dos meus e em Sara quase que na minha frente. Seu olhar não demorou muito porque ela continuou a conversar com Anelise.

Eu nunca havia me proposto um desafio como aquele. Mas eu a queria. Eu a quero. E eu conseguirei. Travis Bentol apareceu e sentou do seu lado, com o braço por cima de seu pescoço beijando seus lábios.

- Ei, Oliver - Disse Natalia tentando atrair minha atenção para ela. Eu sorri como quem pede desculpas. - Quer dançar?

- Agora?

- Sim, todos estão dançando. - Ela abriu um grandioso sorriso olhando as pessoas se levantando para dançar ao som de quem quer que tocava ali. Musica lenta, especificamente para casais.

- Acho que não estou com vontade. - Digo

- Vamos, Oliver. Precisa se agitar um pouco. - Me puxou

Eu dancei com Ela. Não tão rápida mas também não tão devagar. Uma música e Natália estava sendo chamada pelas as amigas para longe de mim.

Eu olhei ao redor. Todos estavam de pé dançando aquela simples melodia de violão. Poucos estavam sentados.

Naquele instante, Stacy estava quase a minha frente. Eu parado diante de pessoas dançando juntas, Anelise dançando com Travis e Stacy sentada sozinha no lençol.

Eu não pensei em nada. Não sei se deveria pelo menos. Me aproximei com cuidado e parei diante dela que ergueu seus olhos para os meus.

- Que foi? - Perguntou entediada

- Vamos dançar.

- Não.

- Por que não?

- Porque não quero.

- Por que não quer?


- Vamos, Stacy. Você não vai se arrepender.

- Não sei se percebeu mas eu não levantei para Dançar nem com... com o Travis. Porque não vai dançar com aquela garota bonita? Ela parece estar caidinha por você.

- Acontece que eu estou caidinho por outra pessoa.

Ela suspirou pesadamete

- Eu não vou sair daqui, até você dizer que vai dançar comigo.

- Ótimo, saio eu.

Ela levantou limpando suas calças jeans, e se preparou para se afastar. Minha mão foi de encontro a sua cintura, eu puxei seu corpo que se grudou ao meu.

Seus lábios estavam entreabertos, ela respirava fundo antes de dizer:

- Você só quer transar comigo.

- No momento eu só quero dançar.

- Se eu dançar você me deixa em paz de uma vez?

- Posso pensar no seu caso.

Ela bufou e me puxou para o meio do pessoal dançando.

Suas mãos veio de encontro a meus ombros, dancando de forma irritante por estar tão afastada. Eu puxei seu corpo junto do meu, eu quero aproximação.

- Acha que não noto seus olhares?

- Nunca disfarcei.

- Deveria. Através dele que as pessoas podem suspeitar do que houve entre nós.

- E se as pessoas saber?

- Eu não quero que saibam.

- Interessante - apartei sua cintura. Ela suspirou. - Me permite fazer uma observação, Srta.Simmons?

Ela ficou em silêncio

- Eu mexo com você.

- Tá aprendendo a ser convencido com seus irmãos?

- Não é questão de ser convencido. É questão de - Aproximo a boca da sua orelha, e sussurro: - Você está louca pra foder comigo. De novo.

Ela estreitou os olhos pra mim

- E se eu estiver?

Eu sorrio

- Agora chegamos no ponto em que eu queria. Se voce quer, eu quero, porque não estamos fodendo agora?

- Porque eu tenho senso.

- Então não tenha.

Eu girei seu corpo, agarrando mais ela a mim. Ela ficou em silencio, seus olhos penetrando os meus.  A cada momento daquela melodia, nossos corpos pareciam um só. Não é querendo ser clichê, mas dançar com Stacy é diferente de dançar com qualquer outra garota.

É único. Inferno, único pra caralho.

Quando a música acabou, todos bateram palmas para quem estava tocando. Mas nós não. Demoramos a separar nossos corpos, demoramos a nos dar conta que tinha outras pessoas ao nosso redor.

- Você dança bem.

- Um elogio vindo de você. - Admiro

- Não se acostume com isso. Foi só dessa vez.

- A dança ou o elogio?

- Os dois. Já teve sua dança, fui.

Segurei seu punho

- Não é questão de transar com você. É questão de te querer.

Ela negou com a cabeça

- Isso é o que me irrita, Oliver.

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