22. Finalmente
Eu estava repetindo um mantra mental: Respira. Não chora. Respira. Não chora. Mas não estava funcionando, meu rosto estava inundado em lágrimas, e a expressão de mágoa que eu causei no Jackson, não saía da minha cabeça, ficava martelando, me torturando pouco a pouco.
Sentada na escada, meus pensamentos corriam em todo acontecimento, desde o começo, que me levaram até esse momento, e eu me odiava mais a cada momento. Eu causei tudo isso. Estava pensando, em tanta coisa que poderia ter evitado, principalmente se tivesse deixado minha teimosia e orgulho de lado. Jackson não merecia. Mas agora era tarde, e eu só podia continuar sofrendo com a consequência das minhas escolhas.
Danny e Triss, me deixaram só, me fornecendo 'Um pouco de espaço', mas não antes de encherem minha cabeça com teorias, de tudo que poderia acontecer. Meu estômago revirava, quando eu pensava, que tinha perdido Trevor e Jackson, de uma só vez. Encostei minha cabeça nos joelhos, permanecendo assim, enquanto o choro contínuo ainda estava presente.
Permanecendo assim, escutei a porta da frente sendo aberta e fechada, mas não me importei o suficiente, para olhar e saber quem era. Em poucos segundos, senti alguém parando em minha frente, olhando para baixo, pude vê botas pretas, fazendo com que meu coração acelerasse, e uma pontada de esperança surgisse em mim, levantei o olhar correndo, para vê Trevor, parado bem a minha frente.
"Foi tão mal assim?" Ele disse se abaixando, e ficando com o rosto a altura do meu. "Isso tudo, vai passar." Falou limpando as lágrimas do meu rosto.
Continuei da mesma forma, com a boca entreaberta, surpresa, por estar o vendo em minha frente, e sem entender o que estava acontecendo, será que eu estaria enlouquecendo?
"Você está chateada, comigo? Eu não estava aqui quando voltou e..." Continuou a falar, enquanto levantava e ia até o aparador da sala, pegando uma caixa de pizza. "Pensei que ia querer um tempo só, então, fui comprar algo para comermos. Pizza?" Falou com a expressão super calma, me mostrando a pizza.
"O quê? Como que...? O que...?" Tentei falar confusa, sem conseguir formar uma frase, respirei fundo. "Você não está chateado?"
"Eu? Chateado? Pelo quê, Ally" Trevor falou com a expressão mudando para preocupada.
"Nossa!" Disse levantando. "Eu não estou entendendo mais nada! Como sabia que me encontraria aqui, desse jeito?" Perguntei suspirando ainda confusa.
Tremor voltou a deixar a pizza no aparador, e então virou para mim, com a expressão serena, e o lindo sorriso torto estampado no rosto. Ele se aproximou, senti uma ansiedade alastrando meu corpo, já imaginando o que estaria por vir.
"Eu sabia, Ally..." Ele disse passando o braço pela minha cintura, juntando meu corpo ao dele. "Por que eu sabia que iria me escolher." Ele disse como se fosse a verdade mais certa que ele já tivera.
Por mais que eu estivesse chateada, com tudo o que aconteceu, olhar para Trevor, e pela primeira vez, me sentir totalmente tranquila, com a escolha que eu tomaria, me deixava feliz e bem comigo mesmo. O abracei, como se nunca mais o fosse soltar, o senti cauteloso de princípio, mas me abraçou com a mesma ânsia, como se necessitássemos um do outro.
"Tudo ficará bem agora, daremos um jeito." Falou fazendo cafuné em meus cabelos. "Sem mais teimosia, ou confusões?" Ele falou me olhando.
"Sem mais mentiras, bipolaridade e orgulho!" Falei o olhando, com um sorriso tímido no rosto.
Eu realmente sentia isso, que tudo ficaria bem agora, mesmo sabendo, que devido a mágoa que causei a alguns, esse pensamento poderia ser egoista, nesse momento, eu me sentia feliz e em paz, e disso eu não me arrependeria.
"Trevor?" A voz de Triss ecoou, mostrando a total surpresa dela também.
Continuei abraçada a ele, sentindo minha paz interna retornar e o mundo, pouco a pouco voltando ao eixo, encarei Trevor, no momento em que ele me olhou e abriu um sorris, retribui o sorriso, sabendo que eu, finalmente, fiz a escolha certa.
***
Em primeiro momento, meu relacionamento com Trevor era estranho, além de encararmos olhares curiosos pelos corredores da faculdade, fofocas maldosas rodavam o campus, esbarrar com Jackson e seu olhar de tristeza me lembravam sempre de toda mágoa que eu o causei.
No começo, tudo era estranho no mundo fora, mas com nós dois, eu e ele, tudo voltava a fazer sentido, é pouco a pouco, olhares e fofocas, deixaram de fazer tanta importância. Finalmente em me sentia em paz com minha escolha, e não me arrependia disso.
A maior mudança em nossa relação, foi a admissão dos nossos sentimentos, a reciprocidade tornava cada dia mais, tudo maravilhoso, mas continuávamos discutindo e brigando, como já era normal. Eu era teimosa e ele cabeça dura, qualquer assunto simples, se tornava complicado entre nós dois. Pensar que meu relacionamento com ele seria um mar de rosas, era uma tremenda ilusão.
Agora, eu estou deitada na cama, irritada com ele, e apenas aguardando os minutos até ele vir a mim, e peça desculpas. Não é presunção, mas ele sabe que está errado. Ele tem que saber.
E eu não dou nem, 5 segundo para ele estar aqui.
"5, 4, 3, 2..."
"Ally? A voz dele ecoou cautelosa pelo quarto, e um sorriso contido porém vitorioso, brotou em meus lábios.
Ele entrou e me viu sentada na cama, com os fones no ouvido, e meu exemplar um pouco surrado de Orgulho e Preconceito, no colo. Eu não o olhei, senti parte da cama afundando, e levantei o olhar, ele estava logo a minha frente, com gentileza, tirou meus fones de ouvido, provavelmente achando que eu não o ouvi por isso.
"Amor?" Ele falou, e meu coração palpitou. Desde quando ele começou a me chamar assim, ele não parava, parece que a todo momento ele queria reafirmar a mim, e ao mundo, que eu era o amor dele.
"Hm..." Falei me concentrando a ficar sério, e reprimindo qualquer sorriso, que a menção aquele chamado fazia em mim.
"Você tá chateada?" Ele perguntou, e não, eu não estava mais chateada, às vezes era um saco não ficar com raiva dele.
"O que você acha, Trevor?" Falei voltando a minha expressão azeda, ele tinha que saber que o que fez, era errado.
"Oh! Okay! Você está chateada sim!" Ele levantou da cama bruscamente e começou a gesticular demais com os braços. "Ally me entende! Aquele cara estava obviamente dando em cima de você! Eu não podia ficar lá, parado!" Completou demonstrando todo seu nervosismo.
Eu achava fofo, quando ele ficava nervoso por errar em algo, e em parte ele estava certo, o cara realmente estava dando em cima de mim, mas não era assim que ele devia se portar, e no fundo, até ele sabia disso.
"Trevor, ele me pediu um livro, e adivinha o que eu faço lá na livraria? Ajudo os clientes a acharem livros!" Falei revirando os olhos, e ele deixou seu nervosismo de lado, sorrindo baixo, não o bastante para que eu não ouvisse, levantei o olhar rapidamente, levantando as sobrancelhas, e ele voltou ao semblante sério.
Ele amava quando eu revirava os olhos, eu sabia disso.
"Mas..." Disse abaixando a cabeça, com aquele olhar de cachorrinho pidão, fazendo toda a muralha da irritação cair, meu coração derretia com as reações fofas dele. Mas eu devia ser firme.
"Mas nada! Você não pode simplesmente me tirar assim do meu local de trabalho! Eu tenho sorte de ter um chefe muito bonzinho." Falei por fim me levantando e ficando frente à frente com ele.
"Me desculpa amor, não vai mais acontecer." Falou docemente, enquanto tentava me abraçar, mas eu virei de costas a ele, impedindo tal ato.
No fundo, ele sabia que eu já o tinha perdoado, mas era bom castiga-lo um pouquinho, para ele aprender a não ter esse ciúme todo.
"Trevor, eu já estou cansada de ouvir isso... Não sei se dá para continuar assim." Falei virada de costas para ele, segurando a risada.
"O quê? Como assim? Ally, nós podemos conversar, não..." Ele falou já em desespero, me virando para ele, no exato momento que minha gargalhada estourou.
Ele me encarou alguns segundos, antes de entender minha brincadeira, e quando entendeu, abriu um sorriso travesso. Lindo, por sinal.
"Ah! Você gosta de brincar comigo? Gosta de rir, não é?" Ele falou andando em minha direção, enquanto eu dava passos para trás.
"Calma amor, o que você vai fazer?" Falei assustada e risonha, dando passos para trás em direção à cama.
"Nada Ally, só vou te fazer rir." Ele falou no momento em que perdi o equilíbrio e caí na cama. "Ally? Se machucou?" Ele perguntou preocupado.
"Ai! Me ajuda aqui, Trev." Falei com a voz manhosa, estendendo a mão a ele, quando ele a segurou, o puxei para junto de mim.
Ele me prendeu embaixo dele, e continuou me olhando com o sorriso travesso, logo após atacando, fazendo cócegas em todo meu corpo, me causando uma crise de risadas, eu puxava o ar várias vezes, sentindo a falta do mesmo.
"Para, Trev! Para... Para... Por favor, amor!" Eu disse em meio a risadas, puxando o ar que me faltava.
Trev estava deitado em cima de mim, com as mãos plantadas cada uma ao meu lado, e se apoiando sobre elas. Ele parou o ataque de cócegas, e me encarou nos olhos, me olhando enquanto eu me recompunha.
"Eu te amo, Ally." Ele disse num tom suave, me encarando agora de uma forma diferente, na qual nunca tinha olhado antes, aquele olhar, fez minha boca secar e um arrepio percorrer por todo o meu corpo.
"Eu também te amo, Trev." Respondi sem graça, agora desejando um de seus beijos tenros, que aqueciam meu coração.
Ele abaixou seu dorso, e me beijou, calmamente, como se não existisse um mundo lá fora, e nós estivéssemos ali, com todo o tempo do mundo, naquele momento o único pensamento que vagava por minha mente, era o quanto eu me sentia amada e segura com ele.
Nessa noite, Trevor me tornou completamente dele, me marcando de uma forma, que nenhum outro homem marcaria, eu estivesse certa e segura, sobre cada decisão em todos os momentos, e ele preocupado comigo. Ele tornou uma noite comum, em uma das noites mais importantes na vida de uma menina, bom, pelo menos na vida de uma eterna apaixonada.
Eu o olhei nos olhos, em todo o momento, e eu soube que aquele sorriso torto era tudo o que mais desejava, que aquele olhar me fazia enrubescer apenas em uma encarada, que eu preferia passar a vida brigando com ele, do que em paz com qualquer outra pessoa... Eu soube que ele era o meu primeiro amor, e eu esperava que fosse o último.
Mesmo que em algum dia, por algum motivo, nós nos separássemos, eu nunca me arrependeria, pois naquela hora, eu amava e me sentia mais amada, do que em qualquer outro momento em minha vida. Trevor ficaria marcado para sempre por aquela noite. E eu sempre lembraria dele, com muito amor.
Pessoal, esse é o penúltimo capítulo, me doeu terminar esse livro, por mais que eu demore a postar, eu não desisti! Só fiquei com dó de terminar tudo isso aqui, mas enfim...
Amo todos vocês, principalmente por continuarem aqui, mesmo depois de tanta inadimplência da minha parte! Espero que gostem do final, e do epílogo. E que não me matem.
Amo vocês, K.
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