Capítulo 3- Sra. Elizabeth Bloom
Quando dei por mim estava aterrissando em Londres. Li a fixa do meu alvo e não me admirei com o que vi. Jovem ruiva inglesa que deveria caminhar nos seus 18 anos londrinos. - me entediava a cada linha lida - pela foto que possuía em mãos deveria ter estatura mediana, arriscaria 1,60 de altura. Pele alva como a neve, olhos topázios, lábios finos. Uma típica jovem que sensibilizaria qualquer um que a visse jazida. Agora, você me perguntaria o porquê da minha afirmação. Simples, mulheres bonitas despertam o lado bom das pessoas - é o que eu tenho visto -
- É aqui! Academia Miator para meninas. - disse o velho motorista um tanto amuado.
- Que fascinante - articulei ironicamente descendo do carro ROLLS-ROYCE SILVER SHADOW azul do ano de 1965, cujo volante era do lado direito. Respirei fundo e ultrapassei o imenso portão de ferro, seguindo em direção ao longo pátio da academia Miator.
Era um pátio bastante florido e verdejante - confesso que todo esse clima de vida "normal" despertava-me náuseas. - A construção lembrava-me um antigo castelo de arquitetura barroca. O tom bege das paredes se destacava com as vidraças fumês das numerosas janelas que ali havia. Segurando um papel como meu único guia procurava em vão minha sala de aula.
"Quem diria que eu estaria estudando e tendo uma vida normal, chega até ser cômico." pensei.
- Que inútil este guia de nada me serve! - disse amassando o papel que usara como guia.
- Você é aluna nova correto? - uma voz feminina, doce e macia inquiria-me. Virei para ver a dona dessa voz doce.
" Como não pude sentir a presença dela ao se aproximar de mim?... hã será possível?"
- Oui, quer dizer... Sim - corrigi-me rapidamente.
- Vejo que não é daqui. - continuou ela.
- Como sabe disso? Alguém lhe informou? - arregalei por um breve instante meus olhos e nesse exato momento ela sorriu docemente com meu alvoroço fortuito. Retomei a postura e a analisei, era a garota da foto. Sim, o meu alvo havia me encontrado. Que irônico não? Seu nome era...
- Ninguém me informou. Apenas seu sotaque que não é britânico e seu físico asiático lhe entregaram. - risos da parte dela - Eu sou Elizabeth Bloom Terceira, sou da turma da senhora Agnês do último ano. Qual o seu nome?
- Ootori, Mizaki Ootori. Estou matriculada no último ano. - articulei sem nenhum animo.
- Pelo visto seremos colegas de classe. - Disse a garota ruiva sorridente. - Venha comigo. - puxou-me pela mão, carregando-me pelos longos corredores daquela academia.
"Onde eu fui me meter?"- pensei ao notar-me correndo com meu alvo.
- CHEGA! - Vociferei para aquela garota surtada - Não preciso sair correndo como um animal pelos corredores desta academia. Eu encontro a sala sozinha! - me afastei dela arrumando minha roupa. Continuei seguindo em frente.
"Que audácia! Vejo que estou encrencada com essa garota. Preciso terminar logo esse trabalho!" Pensei.
Após bater em inúmeras salas erradas e chegar atrasada no meu primeiro dia de aula, encontro, enfim, minha sala com a tal dona Agnês, professora de Biologia.
- Apesar de sempre apresentarmos os novos transferidos no início da aula, Ocorreu um imprevisto. Alunos, quero que vocês recebam a aluna de intercambio, Mizaki Otori. - informou a senhora Agnês. Uma velha um pouco fora de forma e cabelos grisalhos presos em um coque desalinhado.
- Na verdade é Ootori, Mizaki Ootori. - corrigi imediatamente.
- Foi o que eu disse Otori. Fale um pouco de você senhorita Otori.
- Céus, pela última vez é, Ootori. - falei quase em tom impaciente. - eu sei que é apenas um nome falso, mas levo a sério um disfarce.
- Professora, eu acho que devemos deixar a aluna transferida respirar um pouco e não importunar com perguntas desnecessárias. - Elizabeth havia tomado a palavra e mostrando-se prestativa em situações desagradáveis.
- Acho que está correta senhorita Bloom. Classe, estão dispensados por hora.
Dei graças a qualquer entidade mágica que acabara de me salvar dessa classe de loucos! Você pode está pensando: "Mas, a louca aqui é você, você mata pessoas sua doente!" - É eu mato mesmo, mas se não percebeu, vocês "normais" me contratam para tirar as pessoas entediantes do seu mundinho perfeito. Quem é doente agora? Está horrorizado por encontrar os monstros que todo humano esconde? Não é de surpreender. Bom, vamos continuar. Caminhei a passos lentos por longos minutos a procura de meu dormitório. Aquela academia era enorme - devo admitir - porém, minha caminhada me levara a outro ambiente divergente do desejado. Era um jardim sem dúvidas, a diversidade das flores, os bancos de madeira e aquele bálsamo adocicado era sentido por toda atmosfera. Ao longe eu avistei Elizabeth, reclinada em uma das flores, podando-as. Era o momento de... De fazer à coisa mais difícil da minha vida! Aproximei dela e...
- Senhorita Bloom? Eu queria pedi... -"Como isso é difícil" pensei - Eu queria... - respirei fundo e expeli todo o ar pela boca, aquele ar fora como uma chuva de espinhos que perfuravam incessante minhas bochechas.
- Eu queria me desculpar por outrora. - disse de forma rápida.
- Ah Mizaki, é você! Não precisa ser tão formal. Pode me chamar de Elizabeth ou Lizzy. E não se desculpe, eu fui um tanto grosseira e agi mal ao te puxar daquela maneira. Eu que peço desculpa. - ela disse concentrada nas flores. Ao lado do bonsai que ela podava havia algumas flores que possuíam neurotoxinas.
- Cuidado! Essa é uma flor com alto grau de neurotoxina. Seu nome é...
- Gelsemium Elegans. - Ela completou. - Eu passo um bom tempo aqui neste jardim. Mas foi gentil da sua parte me alertar.
"Gentil?" refleti.
- Você gosta de jardins e flores pelo visto. - tentei socializar. Presumo que vocês recordam do último recurso que um assassino deve recorrer, correto? "Os interesses da vítima são os últimos recursos." Neste trabalho, os interesses dela são a minha prioridade e o que eu devo fazer é uma regra básica, simples e eficaz para essas situações. O efeito de atração por similaridade. "Como assim?"Você perguntaria. Simples, as pessoas normais se sentem confortáveis com pessoas que são iguais a elas, como ter algo em comum.
- Sim, eu adoro jardins e flores. Trazem-me, sentimentos de paz, tranqüilidade. - ela disse. - Sem falar que são lindos.
- Eu também penso o mesmo. Jardins me transmitem paz, poderia passar o dia todo aqui com as flores. - cá entre nós eu não sou o tipo de garota fã da natureza, mas era isso que eu devia mostrar para meu alvo. Devo manter o interesse. - Você gosta de pássaros?
- Ah sim! São criaturinhas adoráveis. O canto deles são...
- Lindos e harmoniosos? - inquiri. Mas na verdade, acho pássaros irritantes, principalmente seu canto alegre e bonitinho. Causa-me dor de cabeça.
- Ah você completou exatamente o que eu ia dizer. Adoro o canto deles, principalmente o Loris arco-íris. Seu nome faz jus ao seu corpo colorido. Nossa! Nunca havia encontrado alguém tão parecida comigo. Seu jeito sério não demonstra gostar de flores e pássaros. - ela sorriu de forma doce outra vez.
- Pois é. Não se julga um livro pela capa, correto?
- Correto, eu me precipitei.
Eu estava pela primeira vez tentando manter meu alvo interessado em uma conversa. Para ser honesta, é mais simples acertar alguém há 5.000 mil metros de distância com um sniper rifle do que manter uma conversa interessante por uma hora. Mas aqui estava eu falando com a garota ruiva peituda do último ano. Quando de repente somos interrompidas por outra garota. Ela me encarou dos pés a cabeça como se eu fosse uma escória, corja da sociedade. Seu jeito presunçoso afetava as flores, poderia está vendo coisas, mas diria que as flores murcharam com sua entrada.
- Lizzy não escutou o sinal tocar? Querida está atrasada para sua aula particular de etiqueta. - a garota de longas madeixas douradas onduladas porte atlético e seios volumosos informava a ruiva ao meu lado sobre seus afazeres. - Vamos? A senhora Scarlett nos aguarda.
- Minha nossa Lisa, eu esqueci completamente. - Elizabeth falou. - Quase me esqueci, Mizaki, está é minha melhor amiga Lisa Marres Ascot. Lisa já conhece nossa nova colega de classe Mizaki Ootori?
- A nova aluna de intercâmbio... Já a vi hoje cedo. É uma satisfação conhecê-la. Mas estamos atrasadas. Se nos der licença. - ela dizia pegando a mão de Elizabeth retirando-se dali.
- Tchau Mizaki, nos vemos mais tarde! - a jovem inglesa despedia-se de mim, enquanto sua amiga "brutamontes" a levava embora.
" Se esse cão de guarda não largar dela, será um tanto complicado" meditei
Enquanto meu alvo estava em sua aula de etiqueta, eu, enfim encontrei meu dormitório. Era um quarto simples em torno de 58 metros quadrado. Possuía uma divisão entre a sala/cozinha e o quarto com suíte. O assoalho era rútilo, as paredes de cor ágata possuíam duas janelas em cada cômodo, uma mesa arredondada para estudos e sofá amarronzado. Na parte da mini cozinha havia um frigobar com um jarro de frutas em cima do mesmo. No entorno do quarto constavam duas camas de solteiras arrumadas nos mais fios macios de ceda.
"Duas camas?" refleti enquanto observava aquele quarto.
Caminhei até a cama e pus a mala no chão. Deitei-me fitando o branco do teto. Fiquei pensando por longos e cansativos minutos como eu havia parado ali, naquele mundo.
"Não estou sendo profissional. Preciso focar no meu alvo. Aquela amiga, a tal Ascot... Ela emitia uma atmosfera nefasta. Conheço bem essa aura, já senti essa mesma sensação anos atrás."
De súbito uma melodia chamara minha atenção, despertando-me dos meus pensamentos. Sai do meu quarto e segui aquela sonância pelos corredores da Miator. Quando dei por mim estava entrando em um vasto salão. Paredes emadeiradas com detalhes talhados, carpete verde e algumas cadeiras acolchoadas preenchiam o entorno. Dando o ar rebuscado ao local, lustres, lareira e quadros dos pintores mais famosos completavam a decoração. O som harmônico que escutara, era do piano que estava ali no centro do salão próximo as longas janelas. E ali estava ela, tocando aquele instrumento magnífico com tamanha destreza.
- Mizaki, pregou-me um susto... Não escutei você entrar. - Elizabeth dissera.
- Não quis assustá-la, eu escutei e quis saber o que era. Não pare por minha causa. - aproximei-me do instrumento.
- Quando acabo minhas aulas de etiqueta venho praticar piano. Antes era mais uma aula, só que agora, eu sinto como se a música fizesse parte de mim. A música, os pássaros e flores me acalmam. - Ela articulava enquanto dedilhava algumas notas, retomando a delicada sonância de outrora. Acreditem, eu posso ser negativa e detestável, mas essa melodia me acalmava.
- E você Mizaki, Quais são seus Hobies? - Indagou.
- Meus hobbies? Eu gosto de... - afinal o que eu poderia dizer para essa garota? Meus passatempos prediletos são: estourar cabeças por aí, atirar em longa distância e retalhar corpos. Tinha que pensar em algo normal que eu gostasse... - Caminhar à noite e ler. - Céus, esses são meus hobbies? Acho que se eu fosse normal seria uma nerd, que maravilha.
- Ah gosta de ler, o que você lê? - sou eu ou vocês não acham que o feitiço virou contra o feiticeiro? Era para eu estar indagando essa garota e não o contrário.
- Gosto de livros de estratégia como "A arte da guerra" e contos de terror como lendas urbanas e etc... E você?
- Lendas urbanas? Adorava esses contos na minha infância. Costumava ir atrás dessas antigas lendas para verificar se eram reais. Que tolice a minha.
- Não. É sempre bom investigar algo. Sun Tzu disse: "Conheça o seu inimigo como a si mesmo e não precisa temer o resultado de cem batalhas". É sempre bom ir atrás e conhecer algo novo. Assim, teremos resultados bons. - eu disse por fim.
- Vocês estão aí! Meninas a representante dos dormitórios logo fará a chamada, é melhor estarem em seus quartos em cinco minutos. - disse a senhora Agnês.
- Boa noite Mizaki, obrigada pela agradável conversa
- De rien, mademoiselle Bloom.
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Caros leitores, espero que estejam gostando. Conteudo Yuri como avisados. Sou autora de outras fic no site nyah.fanfiction.com usuario '' myhells'' estas e outras historias vocês encontraram la. Beijos Hells.
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