Conto, Será que te conto?

Desafio 2.

Do que é feito o Natal?

Era uma vez uma linda gnominha ruiva de olhos verdes chamada Gnolia, diferente de todos os outros gnomos Gnolia não tinha poderes e tinha que se esforçar muito para conseguir ser reconhecida entre eles.

No entanto Gnolia tinha muito amor e dedicação em seu pequeno coração. Enquanto todos sumiam e apareciam onde bem entendessem Gnolia usava seu guarda chuva como um paraquedas e saltava graciosamente. Seu guarda chuva a levava levitando suavemente até o chão.

Tinha que concordar que apesar de mais difícil a vida de Gnolia era mais divertida que a dos demais, ela era muito destemida e tudo o que dissessem ser impossível para um gnomo ainda mais sem poderes ela provava o contrário.

Sua nova aventura começou no dia 23 de dezembro quando disse que iria ajudar a embalar e distribuir os presentes, ela queria ser uma ajudante do Papai Noel.

- Mas você não vai conseguir atingir a meta! E você é uma gnomo. - o duende chefe de embalagens disse irritado.

- Posso pelo menos tentar? - seus olhos suplicavam por uma única oportunidade.

Todos conheciam a determinação da gnominha e não era diferente com o chefe das embalagens, ele já havia ouvido várias das suas peripécias, movido pela curiosidade e pela loucura que aquilo viraria ele sabia que um rosto jovem manteria o espírito Natalino bem vivo.

Eles precisavam de mais pessoas assim, a produção e entrega estava caindo na rotina, passavam meio ano descansando e mais meio ano trabalhando como malucos sem perceber que esqueciam o valor de tudo aquilo.

- Tudo bem Gnolia, pode ficar com uma mesa, porém a única disponível é aquela. - ele apontou uma mesa mal iluminada, toda empoeirada e sem nenhum atrativo, mas para a gnominha dedicada aquilo era o paraíso.

- Obrigada senhor Snowflake, prometo que não vai se arrepender.

Dito isso a pequena saiu em disparada para a mesa, precisava organizar a sua bancada antes de pegar os presentes que deveriam ser embalados.

Suas mãozinhas muito ages em questão de poucos minutos tirou o pó que estava em tudo, lustrou com o pequeno paninho, seu cantinho estava brilhando e com um aroma de lavanda. A luminária jogada no chão ganhou uma nova lâmpada e um novo posto sobre a mesa, o papel presente estampado com vários presentes coloridos estava no suporte só esperando para ser usado.
A tesoura depositada dentro de um potinho vermelho com canetas de todas as cores ao lado as fitas e adesivos para colocar nos pacotes já embalados. Sorriu ao ver o sua bancada pronta.

Abaixou a alavanca e viu a portinhola abrir e a esteira começar a rodar, as caixas dos presentes cairam no caixote e assim que encheu ela desligou.

Com a primeira caixa em mãos ela começo seu trabalho, apenas ela estava ali, sua falta de magia não a impedia de criar algo mágico. Seus embrulhos eram os mais lindos e mais enfeitados, e alguns até ganhavam uma cartinha junto.

Cada presente tinha uma foto do seu dono e atrás como ele havia se comportado, isso era para o papai Noel não se perder na entrega, mas deixava a gnominha tão feliz que ela se sentia conectada com as crianças.

Logo a sala encheu com a chegada dos duendes e a gritaria começou, eles eram muito bagunceiros e falantes, a pobrezinha teve que tampar seus ouvidos quando escutou um gritando por algo ininteligível, aquela algazarra toda estava deixando Gnolia com a cabeça doendo.

Ela se levantou e foi a procura do duende chefe, enquanto procurava por ele pode ver a facilidade com que eles embrulhavam os presentes usando a magia. Não demorou muito para que ela também notasse que seus embrulhos eram mais alegres.

Com esse pensamento ela ignorou tudo e voltou pra sua bancada, quantos mais ela fizesse menos eles fariam e mais crianças se alegrariam. Por mais que o presente seja o que importa, um embrulho bem feito mostra todo o carinho e cuidado com que ele foi embrulhado apenas para deixar quem vai ganhar mais feliz.

A pequena Gnolia queria mostrar que cada criança era especial e merecedora de algo incrível assim como elas, para que quando crescerem se lembrem da infância e não deixem a magia se acabar.

Pois sem ter quem acredite nele, eles vão se dispersando, ficando mais fracos.

Gnolia embrulhou tantos presentes que quando parou para comer seus biscoitos com leite, ficou maravilhada com a montanha que estava a sua frente ela estava sozinha de novo todos os duendes tinham ido embora e ela se quer percebeu, tamanha era a sua concentração, aproveitando todo aquele silêncio Gnolia comeu com calma sentada no chão com as costas apoiada na parede.

A gnominha caiu no sono ali mesmo, quando acordou os pássaros cantavam em algum lugar do mundo, ela podia ouvir.
Foi aí que percebeu que ela poderia ouvir os pássaros enquanto trabalhava, sorrindo com a nova descoberta a pequena correu lavar seu rosto, enxaguou a boca e voltou para a bancada.

Rapidamente pegou seus embrulhos e colocou na outra esteira que levaria até o depósito onde estava o grande saco vermelho, logo o caixote estava vazio e ela deu início ao seu segundo dia.

A gnominha estava tão compenetrada na sua missão que não percebeu que seu caixote enchia, mas sempre tinha espaço para mais um.

O chefe dos duendes vendo o esforço e toda a dedicação da gnominha que trabalhava tão rápido que ele mal conseguia ver as mãozinhas dela, resolveu ajudar, os outros estavam pulando e fazendo estripulias, alguns presentes até se amassavam e os dela pareciam reluzir, um a um delicadamente ele foi colocando na esteira.

Seu trabalho era apenas monitorar, mas ele não conseguiu ficar de fora, ele foi contagiado pela energia da gnominha. Quanto mais ele livrava espaço mais presentes ela colocava no lugar todos com muitas fitas, adesivos, uma verdadeira festa, havia anos que ele não sentia a levesa e alegria que o natal deveria representar e ali ele se sentia importante.

Saiu para sua refeição e quando retornou viu a gnominha encarando o que parecia ser o último presente.

- Algum problema? - ele se aproximou.

- Aqui diz "Talvez ano que vem." - ela olhou triste para a caixa em suas mãos.

- Isso significa que ele não foi um bom menino para merecer. - Snowflake respondeu de imediato.

- Mas se tem um presente para ele significa que ele acredita e que em algum momento ele foi bom! - a gnominha estava determinada em defender a criança que foi levada durante o ano.

- Talvez você tenha razão, mas uma única bondade não o faz merecedor. - Snowflake apenas seguia o protocolo ele também se entristecia quando via um embrulho que não poderia ser entregue.

- Podemos ver essa criança? Deve haver alguma forma! - Snowflake olhou profundamente nos olhos verdes de Gnolia, eles suplicavam tanto quanto a dona, suspirou e começou a andar.

- Me acompanhe!

Os dois seguiam para a sala de monitoramento, as vezes uma criança começava a acreditar e eles tinham de ser rápidos para localizar e preparar o seu presente, outras deixavam de acreditar e eles tinham que retirar. Talvez eles pudessem ver o que acontecia com o garotinho levado.

- Quero que localizem esse garotinho. - Snowflake entregou a foto para o duende que rapidamente começou a digitar, a tela ia mudando conforme ele digitava, até que apareceu uma casinha caída e então mostrou o garotinho chorando debaixo da escada enquanto seus pais gritavam um com o outro, era uma cena assustadora para qualquer um.

- Me mostra ele na escola. - Snowflake estava horrorizado.

Sunrise rapidamente fez o que foi pedido e eles viram o menino com roupas rasgadas indo para o colégio e as outras crianças rindo dele, até ele se irritar e bater no primeiro que viu.

- O que ele pediu? - Sunrise perguntou curioso.

Snowflake pegou a cartinha e leu atentamente, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa Gnolia respondeu por ele.

- Um par de sapatos novos, pois o dele está pequeno e furado.

O silêncio preencheu a sala, se não fosse por Gnolia esse pobre garotinho não ganharia seu par de tênis, e provavelmente deixaria de acreditar no papai Noel.

Snowflake tomou aquela missão pra si e um por um, todos os meninos e meninas que foram deixados de lado foram reavaliados e muitos deles tiveram seus presentes colocados no saco, eram crianças merecedoras deveriam ser recompensadas por isso.

A hora do papai Noel sair estava chegando, a bagunça no ambiente era extrema, Gnolia não conseguia ouvir seus pássaros para lhe acalmar. Retirou seu guarda chuva do cinto abriu e saltou no espaço da sala. Ela precisava de um pouco de silêncio.

Suavemente seu corpinho foi levado para o chão e ela se pois a se afastar de toda a algazarra. Escalou uma cerca e se sentou ali no alto olhando para a lua e as estrelas. O céu estava repleto dos pontinhos iluminados, o brilho da lua deixava toda aquela escuridão, prateada, iluminando a neve que se acumulava nas árvore, era relaxante estar ali admirando a natureza na sua mais linda forma. Talvez um pouco disso fosse a animação daqueles dois dias e saber que as crianças ficariam muito contentes com seus presentes.

- Soube que uma gnominha se juntou aos meus duendes. - aquela voz era nova para a gnominha, mas mesmo assim ela acreditava já ter ouvido antes.

Se virou de vagar e encarou Noel que já estava pronto com sua roupa vermelha e a toca em mãos.

- Noel! - a surpresa deixou a voz dela baixa, mas isso nunca foi um problema pra Noel, ele escutava a todos.

- Soube também que colocou algumas crianças levadas na minha lista de presenteados.

Gnolia estava espantada, ela queria ajudar, mas nunca pensou que encontraria Noel a sua frente e muito menos que as suas ações fossem ser levadas a ele e causariam algum tipo de problema.

- Sinto muito! - ela sussurrou envergonhada - Sei que não cabe a mim, mas acredito em cada uma das crianças e acredito também que elas mereciam seus presentes, muitas delas não foram levadas por prazer, apenas se defendiam de situações trágicas que aconteciam em seu caminho.

A risada enérgica que Noel dava fez com que Gnolia levantasse um pouco sua cabeça para ver melhor o que acontecia e mesmo assim ela não entendeu nada.

- Você não deve se envergonhar por fazer o que acha certo criança e muito menos se desculpar, você está certa! Cada uma dessas crianças merecem ser reconhecidas, merecem ser recompensadas. Suas vidas são difíceis o ano inteiro, mas elas aguentam tudo pela magia de uma única noite onde eles podem se imaginar vivendo seus sonhos, onde tudo o que viveu é esquecido e eles podem ser livres. - Gnolia estava com os olhos marejados e se segurava para não chorar - Você as reconheceu e acolheu cada uma, colocou seu carinho e amor em cada embrulho que fez, você fez mais do que qualquer um e é por isso que eu gostaria de te reconhecer e recompensar. - a gnominha estava surpresa com as palavras de Noel e sem perceber as lágrimas que tanto segurou já desciam por seu rosto. - Gostaria que me acompanhasse com as entregas.

O convite sem dúvida fez a gnominha soltar todo o ar dos pulmões e manter a boca aberta, ela não tinha reação, mas é claro que ela gostaria de acompanhar, aquilo seria a maior honra para ela.

Noel vendo a reação da gnominha e sabendo o que se passava em seu coração a pegou e colocou em seu ombro. Ele ainda precisava amarrar corretamente suas renas e colocar a lista com as cordenadas no trenó. A gnominha agarrada a ele acompanhava toda a rotina de inspeção de Noel, que quando se sentiu satisfeito com o resultado se sentou e puxou as rédeas, esticou e avaliou a flexibilidade do couro, estava tudo em ordem.

- Vamos lá, agora começa a parte mais legal, ver as carinhas alegres ao contemplar seus presentes.

Noel tirou a gnominha de seu ombro e a colocou em um suporte que a permitia olhar para fora do trenó sem nenhum esforço.
Ele bateu as rédeas e as renas começaram uma marcha leve até que em instantes elas estavam galopando e cortando o céu com seus cascos.

Não demorou para Gnolia ver as primeiras casinhas se aproximando quando estavam sobre elas olhou para trás e viu os presentes voando cada um para a casa de seus respectivos donos, era uma cena linda de se ver.

O trenó avançava, no entanto não impedia o progresso dos presentes que continuavam a sair aos montes. A gnominha estava encantada, nunca pensou que presenciaria algo assim.

As casas todas iluminadas chamavam atenção, algumas com trenós em seus tetos outras com bonecos de neve vestidos em vermelho e branco, algumas até cantavam incansavelmente músicas natalinas.

Gnolia se surpreendeu quando Noel lhe estendeu alguns biscoitos e tirou dois copos do suporte que até o momento ela não tinha notado, e os copos se encheram com leite.
A gnominha sorriu feliz ao aceitar.

- Algumas crianças gostam de me dar um agrado e seria muito triste se eu não aceitasse não e mesmo! - Noel explicou e mordeu seu biscoito.

Alguns farelos se amontoaram na barba espessa dele e ele se quer percebeu.
Gnolia começou a rir, seu contentamento era tamanho que se tornava impossível não rir junto com ela.

Algumas casas tinham luzes acessas e mesmo assim os presentes iam para lá sem receio.

- Eles não vão ver os presentes flutuando? - Gnolia perguntou apreensiva.

- Não! Nesse caso eles ficam escondidos até que ninguém esteja olhando e então se acomodam em algum lugar.

Noel estava muito feliz de estar fazendo essa viagem com a jovem gnominha, muitos dos seus ajudantes não tinham aquele espírito leve e benevolente que ela tinha, sem dúvida nenhuma ela é o que precisavam para resgatar a essência do Natal.

O último presente foi entregue e os dois se esconderam, de longe observando o garotinho se espreguiçando e então sair silenciosamente da cama, o garotinho tinha esperança que esse ano ele ganharia o seu presente, ele esperava que o papai Noel não o punisse, ele sabia que não foi certo o que fez, mas a cada ano era mais difícil se controlar, as outras crianças eram muito maldosas. Ele só queria crescer logo pra poder arrumar um emprego e sair de casa, cada ano as brigas eram mais constantes e ele estava cansado disso.

Uma criança cansada das confusões dos adultos, no fundo ele temia por seu próprio futuro.

Quando chegou na arvoresinha do quintal e avistou o embrulho, suas pernas fraquejaram e ele cai de joelhos com seus olhos marejados e um grande sorriso no rosto.

Quando seu coração se acalmou o garotinho se levantou e foi pegar seu presente. Ele examinou cada pedacinho do embrulho e delicadamente soltou as dobras, não queria correr o risco de rasgar, ele queria guardar aquele embrulho para recuperar suas forças quando as coisas estivessem ruins.

Assim que abriu a caixa deixou que suas lágrimas caíssem tamanha a felicidade que ele sentia, seu tênis novo estava ali, azul, exatamente como ele tinha pedido. Olhou a numeração e viu que era 3 números maiores que o que ele usava, isso significava que não iria mais apertar seus pés e ele poderia usar durante o ano todinho, abraçou o par de tênis pegou a caixa e a embalagem e quando se levantou uma folha caiu e atraiu sua atenção, pegou ela com cuidado e voltou para casa.

Entrou cuidadosamente para não acordar seus pais, acendeu seu pequeno abajur pegou seu cobertor e se sentou na cadeira para ler o que tinha naquela folha.

Querido Joseph...

Esse ano foi difícil para você não é mesmo? Me aquece o coração saber que apesar de todos os seus problemas você ainda arranja forças para acreditar em mim, espero que goste do seu presente e que as coisas melhorem, assim que entrar olhe de baixo da sua cama, você merece.

Com carinho Papai Noel.

O garotinho secou as lágrimas do seu rosto e colocou o embrulho e a carta debaixo do colchão e então puchou o outro presente que estava ali, com o mesmo cuidado ele delicadamente foi abrindo o embrulho da caixa comprida, assim que tirou a fita o papel se soltou e ele abriu a caixa.

Ali dentro tinha outro par de tênis também azul, um suéter de lã vermelho cheio de pequenas renas, uma camiseta manga longa branca, uma calça grossa preta e um carrinho também preto. Joseph estava se sentindo um príncipe com seus novos mimos. Pegou o carinho e começou a brincar, se imaginando livre conhecendo o mundo, ali ele poderia ser o que quisesse e ir para onde quisesse, naquele momento ele não tinha nenhuma amarra.

Gnolia olhava tudo com um sorriso no rosto, ela estava tão emocionada quanto Joseph.

- Esse é o espírito do Natal. - Noel comentou antes de pegar a pequena gnominha e voltar para o trenó. - Ver esse contentamento não tem coisa melhor. Feliz natal Gnolia.

Noel estendeu um pequeno embrulho a sua nova companheira.

Gnolia surpresa com o presente ficou sem reação, mas o aceitou e assim que abriu se emocionou. Noel lhe deu uma medalha de "Melhor ajudante do Papai Noel" e um pequeno abafador, era tudo o que ela precisava para o próximo ano. Todos os gnomos de sua aldeia vão ficar surpresos com a medalha, seus pais ficariam orgulhosos.

Com seu coração aquecido pela emoção da noite Gnolia soube que no próximo ano ela daria o melhor de si, e nos outros também. Noel viu na pequena a alegria e emoção que estava faltando para ele e para todos, ele se esforçaria para melhorar e faria o mesmo com os outros e assim, juntos, viveram felizes para sempre vendo a alegria estampada nos rostinhos sorridentes de todas as crianças do mundo.

Fim.

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