• Capítulo Sete •

Aquela semana havia se arrastado como uma lesma em um asfalto durante um sol de quarenta graus.

Apesar de todo o seu esforço, Rebecca mal conseguiu postar no blog ou se concentrar em qualquer outra coisa por mais de quinze minutos. Ela se surpreenderia se se saísse bem nas provas finais, já que mesmo para os estudos seu cérebro parecia não querer cooperar.

Não houve um só momento desde que saiu daquele estacionamento da segunda-feira que Rebecca não se arrependeu de ter feito aquele acordo estúpido. Queria desesperadamente culpar alguém, como Kevin, por ter invadido seu quintal e forçado entrada em sua vida daquele jeito; ao pai, que havia abandonado a família sem um mísero centavo; e até mesmo Mandy, por ter enfiado a ideia do festival em sua cabeça.

Mas Becca, apesar de odiar aquilo às vezes, era racional e sabia que não havia ninguém a quem culpar. Ela mesma havia se colocado naquela situação com Kevin e era ela quem deveria decidir se participaria do festival ou não, se tentaria ajudar a sua família ou não...

E Kevin, por bem ou por mal, agora estava no meio de tudo aquilo.

E, por falar em nele, toda vez que eles se encontravam por acidente nos corredores ou nas aulas que tinham em comum, Becca tinha de aguentar todas as suas piscadelas e sorrisinhos pretensiosos. A surpreendia que ninguém houvesse percebido aquela palhaçada ainda.

Ela até pensou que estava se dando bem por conseguir evitá-lo por tempo o suficiente para não precisar confrontá-lo nem nada do tipo. Pelo menos não tinham trocado números de telefone nem nada disso, o que a deixava bastante satisfeita.

E Rebecca até pensou que estava sendo esperta, pelo menos até a quinta-feira chegar e ela receber um e-mail estranho na sua conta do blog.

Você vem fazendo um belo trabalho me evitando, loira, mas podemos resolver isso de uma vez? Olha só o que você me fez fazer... Tive de entrar naquele seu blog enjoativo de tão doce e procurar uma forma de contato com você.

Por isso, dá para parar de palhaçada e me passar logo seu número?

Como vamos nos ajudar se você nem fala "oi" comigo?

Responde logo, KM.

Bom, ela não teve muita escolha.

Acabou passando o número para Kevin com tanta raiva que sua colega de balcão na confeiteira lhe perguntou se estava se sentindo bem.

Rebecca sorriu e colocou o celular no bolso de seu avental cor-de-rosa com estampas de docinhos.

"Sim, é só meu irmão", mentiu, fingindo ajeitar alguns bolos que estavam na vitrine do balcão. Sabia que, se olhasse para ela, a mentira ficaria estampada em sua testa.

"O Simon?", perguntou Poppy, e Becca a viu sorrir pelo canto do olho. "Seu tio Jimmy fala tão bem dele..."

E quem é que não fala bem de Simon?

A verdade é que seu irmão era um símbolo de gentileza e cavalheirismo na cidade inteira. As pessoas gostavam de falar como ele tinha um coração de ouro por ajudar a família mesmo sendo tão jovem, assumindo o lugar do pai depois que este tinha ido embora.

Aquele era um dos motivos pelos quais Rebecca não gostava muito de cidades pequenas.

Às vezes, as pessoas falavam demais, e às vezes certos elogios poderiam estar acompanhados de ofensas veladas, por mais que algumas pessoas não percebessem isso. Simon, como Becca bem sabia, odiava ouvir por aí que estava sustentando a família e que aquilo era tão honrável e bonito.

"Quer dizer, eu entendo o que eles dizem...", ele havia dito a ela uma vez. "Mas não é nem um pouco confortável. Além do mais, mamãe trabalha até mais do que eu e se não fosse por ela estávamos perdidos. Acho que cada um deveria simplesmente cuidar da sua própria vida, não?"

Rebecca concordava plenamente, mas sabia que Poppy só estava sendo gentil e obviamente demonstrando interesse em seu irmão mais velho. E ela era uma garota legal.

"Posso falar de você para ele", ela disse com um sorrisinho, encarando a colega.

"Sério?" Os olhos azuis de Poppy brilharam como duas estrelas. "Obrigada, Rebecca."

Becca sorriu e olhou para a rua calma através da vitrine da loja. Faltava só vinte minutos para fechar e o movimento geralmente ficava fraco naquele período.

Só Deus sabia o quanto ela era grata por aquele emprego que seu tio havia lhe dado.

Jimmy não era realmente seu tio, na verdade era filho da irmã de sua avó Elizabeth, o que o tornava um primo de algum grau que Rebecca não se importava muito em identificar. Becca cobria três tardes por semana e por isso o salário não era grande coisa, mas ela sabia que todo centavo era importante.

Naquele momento seu celular vibrou e ela percebeu que havia duas mensagens.

Uma, para variar, era de Mandy, lhe dizendo pela centésima vez que o prazo de inscrição para o festival era só até amanhã e que ela tinha de se apressar. O outro, era de Kevin.

Becca abriu sua foto de perfil e observou o garoto bonito sorrindo para a câmera. Era irritante o fato de ele ser tão bonito por foto quanto era pessoalmente.

Rebecca leu a mensagem.

Ele: Onde você está?

Ela: Trabalhando.

Ele: E onde você trabalha?

Rebecca revirou os olhos e pensou em não responder.

Mas ele insistiu, mandando mais duas mensagens em seguida.

Ela: Na confeitaria do centro.

Ele: Sério? Quando saí daí?

Ela: Daqui vinte minutos.

Ele: Ótimo, estou por perto. Pode preparar o que você tem de mais gostoso para mim? Nada com morangos, por favor.

Ela: Ok.

Becca analisou a tela do celular. Sem morangos? Qual era o problema dele?

Tudo bem, Becca tinha de admitir que apesar de gostar de morangos em uma boa sobremesa, preferia mil vezes chocolate e qualquer variante dele na frente da fruta, mas mesmo assim era um desperdício total...

Ela olhou para as opções do dia nas vitrines e seus olhos bateram naquela torta de cacau com cobertura de doce de leite e amêndoas. No mesmo instante sua boca começou a salivar.

Como alguém no mundo não gostaria daquela torta do tio Jimmy?

Era impossível.

"Ei, Becky, conversei com Jimmy ontem e ele disse que eu poderia sair um pouco mais cedo hoje. Tenho um jantar de aniversário na minha tia Lisa. A cabeleireira sabe? Esqueci de te avisar antes."

Becca olhou para Poppy, que já tirava o avental.

"Claro. Até mais, Poppy."

"Até."

Ela lhe deu um abraço rápido e saiu pela porta, lhe lançando um beijinho no ar.

Rebecca começou a preparar a torta de Kevin, por algum motivo se sentindo um pouco apreensiva. Ela não queria vê-lo, muito menos ficar a sós com ele, mas sabia que não adiantava mais correr do cara como se ele tivesse alguma doença contagiosa.

Se ela levasse aquilo adiante, aquele trato adiante, teria de aprender a conviver com ele por mais irritante e insuportável que fosse.

Becca estava colocando a torta de chocolate sobre uma mesinha circular perto do balcão quando sentiu alguém cutucar suas costas. Ela gritou e se virou, tateando algo que pudesse usar para se defender.

Nesse caso, a cadeira.

"Ei, pode colocar isso no chão agora mesmo!", gritou Kevin, saindo de perto dela em menos de meio segundo. "Mal me recuperei daquela pancada de sexta e você quer me atacar de novo? Se controla."

Rebecca suspirou aliviada e em seguida encarou Kevin com uma carranca.

"Qual é o seu problema em não se anunciar?"

"E qual é o seu problema em atacar pessoas inocentes?"

Becca soltou uma risadinha seca.

"Inocente? Você?"

Kevin lhe lançou um sorriso enviesado e contornou a mesa, se sentado na frente da sua torta de chocolate.

Rebecca o observou, notando a camisa xadrez de mangas arregaçadas que lhe dava uma visão de seus braços musculosos. Cada centímetro dele parecia cobrir cada centímetro de suas roupas também, expondo todos os seus contornos bem definidos.

"Isso parece bom...", Kevin comentou, fazendo com que ela piscasse e afastasse os olhos do seu peitoral. Ele pegou o garfo ao lado do prato e experimentou um pedaço da torta. Kevin ficou em silêncio por alguns instantes, os olhos castanhos fixos em algum lugar. Então suspirou, abriu a boca e disse: "Loira, isso aqui é um pedaço do paraíso..."

Rebecca soltou uma risadinha.

"Eu sei. É a minha favorita."

Kevin comeu mais um pouco, saboreando cada pedaço como se realmente estivesse experimentando as melhores sensações do mundo. Becca sabia muito bem como era aquilo. Os doces simplesmente a faziam relaxar de um modo maravilhoso...

"Toma, pega um pedaço", Kevin ofereceu, estendendo o garfo para ela.

"Eu... Acho melhor não."

Kevin ergueu uma sobrancelha escura e a olhou com um meio sorriso.

"Tenho menos germes que você, sabia?"

Ela soltou uma risadinha e revirou os olhos.

"Não é isso. É só que..." Becca soltou um suspiro pesado. "Estou a um passo de ficar diabética se continuar comendo doces do jeito que como. Está sendo uma tortura, mas é melhor assim."

"E você trabalha em uma confeiteira..." Kevin comeu outro pedaço com gosto. "Você é uma baita azarada."

"Não é tão fácil como parece arranjar empregos em cidades pequenas, então vou ter de continuar aqui."

"Eu sei. Ei, por que não senta? Aposto que ficou em pé o dia todo."

Becca lhe lançou um sorriso condescendente.

"Na verdade estava esperando que você fosse embora logo. Sabe, eu fecho às seis."

Kevin deu de ombros.

"Te deixo em casa."

"Nem morta."

"Tanto faz, mas eu sou o cliente aqui e você não pode fechar até que eu queira ir embora. E, para a sua sorte, eu não quero. Pode me arranjar outra dessa?"

Rebecca murmurou coisas inaudíveis e pisou duro até o balcão.

"Você é irritante", ela disse em voz alta, sem se conter.

"Eu sei. Agora, senta aqui."

Rebecca não queria, mas sentou junto dele. Talvez assim ele calasse a boca e a deixasse em paz.

"Gostei do laço. É a nova moda?"

Rebecca demorou alguns segundos para entender do que ele estava falando, então levou as mãos ao laço em seu cabelo. Na verdade era apenas uma fita azul que ela tinha usado amarrar um rabo de cavalo. Cada dia da semana Becca combinava com uma cor, às quintas sempre era azul.

"Não", ela respondeu a pergunta dela. "Eu só gosto de laços."

"É, acho que já percebi. Você está sempre com um novo. Aliás, alguém já te disse que você tem um cabelão?"

"Todo mundo", respondeu Rebecca, fazendo círculos imaginários na tampa da mesa.

"É o quê? Promessa?"

Ela soltou uma risada e ergueu os olhos para ele.

"Não. Eu corto o cabelo de três em três meses, mas só as pontinhas. Eu só... gosto dele assim. Apesar de..." Ela não concluiu, aliás, por que estava conversando sobre cabelo com Kevin MacCormack?

"Apesar de?", incitou ele, lhe dando total atenção como se aquela fosse realmente uma conversa que ele estava gostando de participar.

"É bem chato para desembaraçar", ela admitiu. "E meu cabelo é muito fino, então todo ventinho faz com que pareça um ninho de passarinhos."

"Eu já percebi isso também."

O queixo de Rebecca caiu e ela olhou para Kevin de olhos arregalados.

Então ele soltou uma risadinha e ela lhe deu um empurrão de leve.

"Estava brincando", ele disse, fazendo com que ela fechasse a cara. "Seu cabelo é... Bom, para mim é só cabelo. Mas, se isso te faz sentir melhor, nunca o vi embaraçado. Nunquinha."

"Você só me conhece há uma semana."

"Na verdade, seis dias. Amanhã faz uma semana. O galo na minha cabeça não me deixa mentir."

Rebecca revirou os olhos, mas havia um sorriso em seus lábios.

"Você é um exagerado."

"Não sou não. E como vai a sua fera?"

"Nick? Ele não é uma fera, é a coisa mais linda do mundo."

Kevin tentou segurar a risada, mas ela acabou escapando pelo nariz.

"É claro. Realmente magnífico."

Rebecca percebeu que Kevin havia acabado e tirou a mesa.

"Onde você estava para ter chegado tão rápido?", ela perguntou sem jeito, enquanto tirava o avental e o guardava em uma gaveta. Durante todo o tempo em que estivera ali, Kevin continuava olhando para ela com um sorrisinho, o que era bastante incômodo.

"No orfanato."

"Oh..."

Rebecca tinha se esquecido completamente que a família de Kevin era dona do orfanato da cidade. Não era comum cidades pequenas como Luncarty terem orfanatos, muito menos um orfanato como aquele, que abrigava tantas crianças e era tão bem cuidado e gerido. Era aquilo, entre outras coisas, que faziam todos daquele pequeno lugar terem tanta admiração e respeito pelos MacCormack.

"Minha irmã tem duas amigas de lá", ela contou. "Alina e Gina, eu acho. Já foram lá em casa brincar um monte de vezes."

Kevin abriu um sorriso e Rebecca chegou a se assustar. Não era um sorriso convencido, sarcástico ou condescendente, era um sorriso verdadeiro no rosto de Kevin MacCormack.

Será que o mundo estava acabando e ela não tinha notado?

"Gina é uma ruiva bem baixinha", ele disse ainda sorrindo. "Fala o tempo todo, como uma vitrola. Alina é mais quieta, mas gosta de desenhar e pintar e está sempre com os braços e o rosto sujos de giz-de-cera."

"Exatamente", falou Becca, soltando um risinho e se lembrando das duas garotas brincando com Gabrielle no quintal de casa. "Você parece às conhecer bem..."

"Eu... Passo bastante tempo no orfanato."

Rebecca o observou atentamente. Mesmo alguém mais desligado teria notado o brilho radiante nos olhos de Kevin. Ela não tinha visto aquilo antes e o fato lhe assustou um pouco, mas também o acabou tornando... Bem, talvez mais tolerável os olhos dela.

Quem gostava de crianças não poderia ser tão mau assim, não é?

"Sabe, é lindo o que sua família faz", Becca disse com sinceridade, passando as mãos pelo cabelo. "Abrigar tantas crianças... cuidar delas... A maioria dos ricaços por aí preferiria investir dinheiro em outra coisa. Algo rentável."

Kevin desviou os olhos e assentiu lentamente. Becca franziu as sobrancelhas, aquele brilho nos olhos dele havia ido embora.

"Eu sei", ele disse. "É horrível."

Becca se aproximou cautelosa, voltando a se sentar na mesinha.

"Bem, nisso eu tenho de concordar."

Alguns segundos se passaram, até que Kevin voltasse a olhá-la. O sorriso sarcástico havia voltado ao seu rosto.

Ele se inclinou para ela.

"Sabe, já tenho a minha parte do trato tomando forma", ele falou lentamente. "Amanhã à noite temos uma festa na casa de Lisa Jackson. Vai ser um festão digno para a sua entrada no mundo mágico das baladas do ensino médio. Te pego às oito."

Rebecca abriu a boca, mas nada saiu.

Ela sentiu seu coração bater acelerado no peito, fazendo tanto barulho que a surpreendia que Kevin não estivesse ouvindo.

Uma festa? De Lisa Jackson?

Ela não sabia se estava preparada para aquilo.

Definitivamente não.

"O que foi?", ela ouviu Kevin perguntar. Ela tentou olhar para outra coisa, qualquer coisa, que não fosse ele.

"Amanhã não dá. Vou ter que ficar com meus irmãos."

"Mentirosa."

Rebecca ergueu os olhos para ele. Kevin a olhava bem sério, tanto que ela se encolheu na cadeira, querendo sumir.

"Você não queria isso? Se tornar popular?"

Rebecca assentiu levemente, se lembrando do festival e de tudo o que Melissa havia lhe dito.

Por mais que odiasse pensar naquilo, sabia que a garota estava certa. Com grande parte dos votos nas mãos dos alunos da escola, ela não tinha a mínima chance.

Ninguém sabia que Becca existia, provavelmente subiria no palco e todos se perguntariam quem era aquela menina esquisita. E, se realmente fosse entrar naquilo, teria de fazer o possível e o impossível para ficar em uma das três primeiras colocações. Inclusive fazer um marketing de si mesma.

"Você tem fobia social ou alguma coisa assim?", Kevin perguntou naquele instante, e Becca sentiu um calor arrasador subir pelo seu pescoço.

"Não! Eu só... sou mais caseira. Muita gente é assim", ela respondeu com dificuldade.

"Sinto muito ser eu a te dar essa notícia, loira, mas nada de divertido acontece dentro de casa. A não ser, é claro, que você goste de ver o tempo passar por aquela sua janela."

Rebecca olhou para Kevin. Seus olhos castanhos a fitavam com intensidade e ela sabia que ele estava dizendo o que julgava ser verdade. Dali, tão de perto, ela podia enxergar cada traço dele, e nenhum deles demonstrava hostilidade no momento.

"Bom, dentro de casa é mais seguro", ela se viu dizendo, pois as palavras praticamente forçaram passagem por sua boca. Quando falou, mais pareceu a voz de sua mãe, clara como cristal.

Kevin revirou os olhos para ela de forma dramática.

"Sabia que se esconder não é garantia de viver segura para sempre? Você pode estar descendo as escadas da sua torre, cair e quebrar um pescoço. Ou talvez sofrer algo que te impeça de viver o resto da vida como sempre quis viver." Kevin se recostou na cadeira e cruzou os braços, encarando-a. "Não estou falando para sair fazendo coisas estúpidas, mas também não estou dizendo que para evitar problemas deve se fechar em sua bolha cor-de-rosa e ver a vida passar."

Rebecca engoliu em seco. No colo, suas mãos pingavam suor.

"E onde você aprendeu a ser tão sábio assim?"

Ele sorriu e lhe lançou uma piscadela.

"Gosto de palestras motivacionais. Estou sempre assistindo alguma."

Becca soltou uma risada.

"E você aplica todos esses conselhos a sua vida?"

"Não", ele respondeu na lata com um sorriso exibido. "Mas gosto de ter um armazenamento de conselhos sábios e palavras bonitas para usar quando necessário. Me faz parecer mais esperto."

Rebecca riu e se levantou.

Aquele garoto não podia ser real.

"Olha, Sr. Palestra Motivacional, sinto em te dizer isso, mas agora eu realmente preciso ir embora. Se quiser, posso te trancar aqui dentro."

"Você se arrependeria", ele falou, se levantando também. "Quando alguém abrisse isso aqui de manhã não veria nem farelos dessas tortas, doces e bolos."

"E nem esses seus músculos", Becca comentou. "Tudo iria se transformar em gordura."

Kevin lhe deu um empurrãozinho de brincadeira e sorriu para ela.

"Estava reparando nos meus músculos?"

"Não!", ela respondeu rápido demais, fazendo com que Kevin se dobrasse de tanto rir e ela corasse como um pimentão.

"Você é um chato."

"E você fica uma gracinha vermelha desse jeito", ele provocou, se endireitando e tentando tomar ar. "Vamos, vou te dar uma carona."

"Não precisa", Becca apressou-se em dizer, fazendo com que Kevin olhasse feio para ela. "É sério. Meu irmão já está vindo. Ele sai da oficina que trabalha agora e nós vamos juntos para casa."

"Tá bom. Vou esperar com você."

"De jeito nenhum!", Rebecca protestou, praticamente arrastando Kevin até a sua camionete do outro lado da rua. "O que ele vai pensar?!"

Kevin riu, travando os calcanhares no asfalto e fazendo com que Becca batesse com tudo nele.

"Que nós somos amigos de escola e eu, como o cara gentil que sou, estava te fazendo companhia até ele chegar."

Rebecca soltou um sonoro suspiro e ficou de frente para Kevin.

"Ok, vamos para a primeira lição", ela disse, olhando para ele toda direita e de nariz empinado. "Se uma garota disser com sinceridade que não quer que você faça algo, não faça. Insistir só vai te tornar um cara irritante, chato e que ela não vai querer mais ter por perto."

"Mas e se essa... insistência", começou ele no mesmo tom altivo que o dela, "for para o próprio bem da garota? Por exemplo, ficar ao lado dela em uma rua deserta à noite para garantir que nenhum mal lhe aconteça?"

Kevin abriu um enorme sorriso ao dizer as palavras, como se tivesse mandando muito bem.

Mas Rebecca já era velha naquele jogo.

"É claro, isso tornaria o cara em específico bastante simpático e gentil. Mas, se por acaso essa rua deserta não estiver tão deserta assim", e ela apontou para os vários estabelecimentos que continuavam abertos por ali, "e se a cidade em que essa rua em específico está for uma das mais seguras do estado, eu posso garantir que a insistência do garoto em continuar fazendo companhia para garota não vai ser nada mais nada menos do que pura vontade de contrariar e ser um chato." Rebecca piscou inocentemente para Kevin. "Anotou tudo, fofinho?"

Ele a encarou com um meio sorriso por alguns segundos, até suspirar e soltar os ombros.

"Tudo bem, você venceu", ele disse, fazendo com que Rebecca agradecesse a Deus mentalmente. "Mas só dessa vez."

Então ele entrou no carro e baixou o vidro.

"Vai ficar pronta amanhã às oito, não vai?", ele perguntou, fazendo com que o estômago de Becca desse cambalhotas.

"Falamos disso depois."

"Você vai ter de aguentar minhas mensagens..."

"Se me encher o saco, eu te bloqueio."

"E eu vou encher o seu e-mail."

"Deus, como você é insuportável!"

Kevin sorriu inocentemente, por um segundo realmente parecendo uma pessoa boa e pura.

"Você ainda não viu nada, fofinha. Tchau, até amanhã."

E então ele ligou o carro e saiu cantando pneus pelas ruas de Luncarty.

Rebecca suspirou, desejando jogar-se em uma vala e ficar lá até o fim dos tempos. Então Simon chegou e ela não teve mais tempo de pensar no assunto.

Durante toda aquela noite, não conseguiu parar de sonhar com festas, bebidas, luzes e todo o tipo de mau que poderia estar à espreita em uma festa cheia de adolescentes descontrolados.

Ela não sobreviveria nem por cinco minutos.

____________________♥️____________________

Oii meus amores!

Capítulo novo na área! Esse aqui foi completamente não planejado, mas eu amei demais! O que acharam dessa conversa com Becca e Kevin? Parece que bem aos poucos eles vão se suportando né não? hahaha

Me contem o que acharam e o que estão achando da história como um todo. Eu estou me divertindo horrores escrevendo e quero saber como anda a experiência de leitura também <3

Muito obrigada por tudo!

Bjs,

Ceci.

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