• Capítulo Seis •


Kevin deve ter olhado para Rebecca por pelo menos dez segundos em completo silêncio. Seu cérebro tentava encontrar um sentido naquilo, ou até mesmo uma piadinha sobre o fato daquela garota loira estar pedindo aquilo a ele, mas ao invés disso tudo o que saiu foi:

"Popular", ele disse lentamente, testando a palavra na boca e sentindo uma satisfação maléfica ao perceber o rosto de Rebecca assumir um tom de vermelho vivo. "Você?"

Ela o olhou parecendo chateada e irritada ao mesmo tempo.

"É isso mesmo", ela confirmou, empinando o nariz e cruzando os braços na frente do corpo. "Acho que fui bem clara."

Kevin soltou uma risada e cruzou os braços também, inclinando-se para ela com um sorriso que era o cúmulo do sarcasmo. Ela se afastou.

"Ah, você foi sim. Eu só estou tendo um pouco de dificuldade de entender o porquê. Poderia explicar?"

"Não, não posso", ela respondeu simplesmente. "O trato é não fazer perguntas sobre os motivos um do outro."

"Desde quando?"

"Desde agora."

Kevin deu de ombros.

"Para mim isso parece ótimo. Mas não ache que não estou curioso." Ele se aproximou mais um pouco e novamente Rebecca se afastou, como se ele fosse o próprio diabo. "Olha, não me leve a mal, loira, sei que não nos conhecemos há muito tempo para ter suposições um sobre o outro, mas..." Kevin semicerrou os olhos e a encarou com mais atenção. "Você parece ser o tipo tímida. Por acaso tem algo aí dentro de você minimamente ousado?"

Sem querer, Kevin imaginou Rebecca com uma minissaia, blusa decotada e saltos altos. Poderia ser uma visão e tanto, mas não combinava muito com ela...

"Você é um idiota", ela disse simplesmente, parecendo ainda mais zangada. "Se continuar me irritando desse jeito, não vai ter trato nenhum."

"Tudo bem, já entendi", disse Kev rindo, erguendo as mãos com as palmas viradas para cima em sinal de rendição. "Então, só para recapitular, você quer ser popular, certo?"

Rebecca assentiu, ainda mais vermelha.

"Ok. E para isso você já sabe que vai precisar ser um pouco mais... sociável." Kevin ergueu as sobrancelhas para ela. "Não quero ser grosseiro, você é até bem bonita, mas acho que ninguém no ensino médio inteiro sabe quem você é. Eu, pelo menos, não sabia."

"Eu sei", ela respondeu secamente, mas dessa vez desviou os olhos dos dele. "Tenho de mudar isso."

"Tem?", perguntou Kev, intrigado. "O certo não seria quer?"

Rebecca lhe lançou um olhar mortífero que espirrava veneno.

"Ok, já entendi, sem perguntas", ele apressou-se em dizer. Cara, para uma garota tão pequena e delicada aquela ali lhe causava uma boa dose de medo. Talvez o cão enorme e a frigideira assassina de seu primeiro encontro houvessem contribuído para isso.

"Só preciso que você seja uma ponte para isso", ela falou antes que Kevin pudesse continuar com seu interrogatório. "Nós dois sabemos que você é conhecido no colégio e na cidade inteira. Tudo o que quero é que me leve...", ela pigarreou, como se não estivesse certa se realmente diria aquilo, "tudo que preciso é que me leve a festas e eventos da galera popular do ensino médio. Na escola, não precisamos nem nos falar."

"Isso não vai dar certo", disse Kevin no mesmo instante, tentando esquecer todas as suas dúvidas em relação ao plano dela e simplesmente se concentrar no que estava lhe pedindo. "Não dá para você ficar conhecida nas festas e tudo mais e, na segunda, quando vier para o colégio, simplesmente tentar desaparecer."

Rebecca se encolheu, abraçando-se como se Kevin a tivesse chamado para passar um ano na Antártida.

"O que foi? A minha galera não é tão ruim assim", falou ele, ofendido.

"A maioria deles é sim."

Kevin levantou uma sobrancelha para ela.

"Nos últimos seis meses você fez com que três dos meus colegas de time se transformassem completamente e engatassem em relacionamentos sérios, então, levando em conta o que eu acho ser o seu padrão de pessoa legal, você vai até gostar de dividir a mesa do refeitório com eles, vendo o trabalho maravilhoso que fez."

"Dá para falar baixo? E o que eu fiz foi um favor!"

"Só se for para você..."

Rebecca abriu um meio sorriso para Kevin.

"O que foi? Está chateado porque a maioria dos seus colegas de farra te abandonou? É por isso que quer se transformar em um cavalheiro? Para fazer parte do grupo do amor também?"

"Em primeiro lugar, eu não quero me tornar cavalheiro nenhum. Em segundo, já falei que eu só quero saber como me portar se, um dia, quiser um relacionamento sério de verdade. E isso, eu lhe garanto, não vai acontecer em um futuro próximo." Kevin a olhou com uma intensidade que a fez se encolher ainda mais. "E eu pensei que nós não íamos falar sobre os motivos um do outro."

"Certo", falou Becca, soltando um suspiro cansado. "Que seja. Nós temos um acordo?"

Kevin sorriu, relaxando os ombros e olhando para ela com os olhos brilhantes.

"É claro."

Então estendeu a mão.

Rebecca pareceu hesitante, olhando para sua mão estendida como se fosse um bicho nojento.

"Eu não tenho uma doença contagiosa, loira, relaxa."

Ela olhou para ele irritada e estendeu a mão, apertando a sua com o rigor de alguém que diz: "eu sei que não tem doença, seu idiota. Tome aqui o maior aperto de mãos do mundo."

Kevin soltou uma risadinha enigmática. Ela era até bem divertida...

Então Rebecca simplesmente deu as costas para ele e começou a caminhar pelo estacionamento.

"Ei, loira?", ele chamou antes que ela desaparecesse.

Rebecca se virou para ele com uma cara de poucos amigos.

"O que foi?"

"Só para deixar claro, ninguém mesmo vai saber desse nosso trato, ok?"

Ela assentiu no mesmo instante.

"É claro. E você mantenha a sua boca fechada sobre... Bem, você sabe sobre o que."

Kevin abriu um sorrisinho debochado.

"Se sei..."

A primeira coisa que Kevin fez ao chegar ao seu quarto foi jogar a mochila em um canto qualquer e desabar na cama, agarrando o travesseiro fofo mais próximo.

Em seu bolso, o celular não parava de apitar, sinalizando várias mensagens e notificações. Mas ele não queria dar atenção a nenhuma delas no momento. Ao invés disso, não parava de pensar no que tinha acabado de acontecer e o que tudo aquilo significava.

A garota loira tinha aceitado sua proposta.

Não só tinha aceitado, como pediu algo em troca. Algo muito intrigante...

Ok, não havia nada demais em ela querer ser popular, quem não queria? Mas o modo como ela pediu aquilo, a urgência das palavras... Ele não conseguia entender. Havia mais por trás daquilo e Kevin estava disposto a descobrir o que era.

Bom, independente dos seus segredos por trás daquele pedido, Kevin sabia que trato era trato e eles tinham um acordo que provavelmente seria vantajoso para os dois. Ou não...

Kev gemeu e passou uma das mãos pelo cabelo em frustração.

Ele não se importava em levar Rebecca em algumas festas e fazer o ensino médio dela valer a pena, como ela própria havia dito – de uma maneira muito brega, aliás – o problema mesmo era que, desde o momento em que descobrira que ela era a autora do blog mais romântico e açucarado do mundo, viu ali a oportunidade que nem sabia estar esperando.

Tudo bem. Kevin não queria um romance. Não mesmo. Estava... convicto disso. Mas uma vozinha em sua cabeça, uma bem irritante por sinal, não parava de lhe dizer que todas as garotas com quem já tivera algum caso também só queriam uma noite – duas no máximo – com ele, sem nenhum compromisso sério. E não havia nada demais nisso, era até mais fácil, já que ele não estava a fim de lidar com corações quebrados, mas depois do que Abby tinha dito na sexta à noite...

Droga. Ele simplesmente não conseguia tirar aquilo da cabeça.

Por meio das palavras dela acabou percebendo que sim, ele não tinha nenhuma dificuldade em seduzir alguém por uma noite e conseguir o que queria, o que já sabia muito bem. Mas e se um dia – um dia muito distante, certamente – ele quisesse algo a mais com alguém? Será que era mesmo sensível como um ogro e incapaz de ter uma mulher por mais de um dia?

Incapaz... Como ele odiava aquela palavra.

Apesar de ter míseros dezessete anos, Kevin sabia que em um futuro distante também gostaria de ter uma família, quando estivesse estabelecido financeiramente e já se sentisse adulto o suficiente. Mas também sabia, lá no fundo, que para ele as coisas poderiam ser mais complicadas do que para uma pessoa normal... Quando encontrasse a mulher certa, teria que fazê-la se apaixonar perdidamente por ele. Teria de ser o mais gentil cavalheiro e o mais decente dos homens com ela para que, talvez, pudesse suprir aquilo que não podia dar...

Ele fechou os olhos com força e suspirou.

Já estava pensando em merdas demais, o que definitivamente não era algo bom.

Colocando sua família imaginária de lado e sua esposa mais imaginária ainda de outro, acabou decidindo que sim, iria passar por aquele "treinamento" com a tal Rebecca porque queria provar para si mesmo e para os outros que também conseguia ser o príncipe encantado se se esforçasse, e que, se quisesse conhecer uma garota por mais tempo e pensar em algo sério, teria as habilidades necessárias para nunca mais receber um pé na bunda como aquele que Abby havia lhe dado.

Ponto final. Fim da história.

Ele estava prestes a se levantar e perguntar a mãe se o almoço estava pronto quando a porta de seu quarto foi aberta em um estrondo e uma moça de cabelos e olhos castanhos sorriu largamente para ele.

"Então aí está você..."

O coração de Kev quase saiu pela boca e ele se levantou tão rápido da cama que quase tropeçou nos cadarços do próprio tênis.

"Megan!"

Ele correu até ela e a segurou pela cintura, erguendo-a bons centímetros no ar enquanto ela ria e lhe dava tapinhas nas costas.

"Ok, garotão, já entendi que você é forte. Que tal me colocar no chão agora?"

Kevin obedeceu e colocou a irmã no chão com cuidado, olhando-a com os olhos brilhantes e bem abertos, como se se piscasse ela evaporaria em uma nuvem de fumaça.

"O que você está fazendo aqui?!", ele praticamente gritou, a segurando pelos ombros. "Pensei que só viria na semana que vem..."

Megan sorriu timidamente.

"Decidi fazer uma surpresa. Deu certo?"

"Tá brincando?!"

Kevin voltou a abraçar a irmã mais velha. Fazia quase três meses que ele não a via pessoalmente e só Deus sabia o quanto sentia sua falta. Envolvendo-a nos braços, Kev percebeu que agora o topo da cabeça dela mal alcançava seu queixo.

Quando era criança, olhava para a irmã como se fosse um gigante, e olha só agora...

"Meu Deus, que músculos são esses?", perguntou Megan com um sorrisinho de lado, apertando os braços de Kevin. "Estão maiores do que quando os vi em março ou é impressão minha?"

Kevin abriu um sorriso de lado e flexionou os bíceps.

"Não é impressão. Andei malhando mais um pouco. Fala se não pareço um deus, maninha?"

Megan revirou os olhos e lhe deu um tapa no peito.

"Tenho que aprender a nunca te elogiar. Seu ego infla tanto que mal cabe na casa."

Kevin riu e seguiu Megan para fora do quarto.

"Mamãe está nos chamando para o almoço, o pai acabou de chegar da empresa..."

Involuntariamente Kevin fechou a cara.

"Mas ele almoça lá nas segundas", protestou.

Megan se abraçou e deu de ombros, olhando para o chão.

"Parece que ele quis me ver mais cedo."

Se não tivesse consideração pelos sentimentos da irmã, Kevin reviraria os olhos.

Até parece...

"Então, só eu que não sabia sobre sua chegada?", ele perguntou com um sorrisinho, tentando quebrar o gelo.

"Pois é... Você foi o sorteado."

Kevin sorriu, satisfeito.

Sua irmã havia se formado no ano anterior em psicologia e desde então tinha montado um consultório na capital para atender seus clientes. Nesse meio tempo, havia conhecido um cara. Lucio.

Ela o tinha levado até ali para conhecer a família há uns seis meses. À primeira vista, ele parecia ser uma pessoa legal e direita, além de ser parente de uma família influente na capital, o que havia deixado o pai deles ainda mais satisfeito.

Mas, recentemente, o desgraçado havia quebrado o coração de sua irmã. Ela descobriu que estava sendo traída há meses e o golpe foi grande demais, pois ela gostava dele para valer.

Agora, Megan tinha decidido fechar o consultório por tempo indeterminado e voltar para Luncarty para passar um tempo com a família.

Apesar de Kevin estar feliz por ter a irmã por perto por tanto tempo, na época tinha quase pegado o carro e ido atrás do tal Lucio para acabar com a cara do sujeito. Mas sua mãe o havia impedido, dizendo que aquilo só faria Megan se sentir pior.

E agora ela estava ali, de volta para casa. Mas Kevin podia ver que ainda estava machucada. Muito.

Megan era uma mulher de garra e raras vezes Kevin a vira fraquejar depois de adulta, mas agora... Ela já havia confessado a ele que estava completamente desiludida com o amor e que, enquanto não conseguisse se sentir melhor, não tinha o mínimo direito de tentar fazer seus pacientes se sentirem bem também.

Vê-la daquele jeito quebrava o coração de Kevin, mas ele faria o possível e o impossível para ajudá-la a se recuperar.

Eles chegaram à sala de jantar e encontraram a mãe já sentada em uma das pontas da mesa, sorrindo para os dois por cima do jarro de flores.

"Ficou surpreso?", ela perguntou para Kevin.

Ele sorriu e deu um beijo no rosto da mãe. Quando chegara do colégio, não a tinha encontrado pela casa.

"Bastante. Quase morri de susto. Ela não está mais feia do que o normal, está?"

Em resposta, Megan deu uma joelhada de leve nas partes íntimas do irmão. Por alguns segundos, Kevin viu estrelas, até mancar até a cadeira mais próxima e se sentar.

"Você é bem cruel", ele comentou com uma careta.

"E você um linguarudo."

Virginie riu.

"Pelo jeito vou ter de aguentar vocês se implicando por um tempo, não é? E eu pensando que não teria de passar por isso novamente tão cedo..."

Megan e Kevin sorriram um para o outro.

"Vamos tentar nos comportar, mamãe", Megan disse docemente.

Virginie olhou para Kevin, como se esperasse por uma resposta.

"Ela vai tentar", ele disse, apontando para a irmã. "Eu não prometi nada."

Antes que Virginie pudesse responder, um homem alto, de meia-idade e vestindo um terno perfeitamente alinhado entrou na sala. De repente, foi como se todo o calor fosse sugado do ambiente e tudo ficasse frio como gelo. De ambos dos seus lados, Kevin viu a irmã e a mãe se encolherem ligeiramente e o brilho de antes ser apagado de seus olhos.

Kevin se perguntava se um dia alguém ali se acostumaria com as entradas do pai a ponto de o clima não mudar tão drasticamente, mas era claro que aquilo era impossível.

O barulho da cadeira de Megan sendo arrastada foi ouvido e Kevin observou a irmã se aproximar do pai para um abraço. O sorriso em seu rosto era tão falso e congelado que ele se perguntou se o pai havia percebido, ou se se importava.

Provavelmente não.

"É bom vê-la de novo, Megan", ele respondeu depois de se afastar da filha e aproximar-se de Virginie. "Olá, querida." Ele lhe deu um beijo no topo da cabeça e se sentou ao lado da mulher.

Naquele exato momento, Amélia e Karmen surgiram vindas da cozinha e começaram a servir os pratos do almoço.

"Você chegou há muito tempo?", perguntou Frank para Megan, enquanto se servia.

"Meia hora mais ou menos", ela respondeu. "Estava escondida no quarto para que Kevin não me visse..."

Frank lançou um olhar para o filho, como se só então se lembrasse de sua presença ali.

"E como foi sua manhã, Virginie?"

Kevin observou a mãe dar um gole no suco de laranja e sorrir para o marido.

"Muito boa. Consegui resolver a papelada toda antes de vir para cá e fiquei um pouco com as crianças." Ela pigarreou, olhando para o próprio colo antes de continuar. "Aliás, eu recebi uma ligação de Charlotte Phillips, uma das assistentes sociais de Joinville, essa manhã. Aparentemente encontraram uma criança em estado deplorável nas mãos do pai e da madrasta... Eles a usavam em furtos e a deixavam sozinha em um barracão à noite. Só Deus sabe para fazer o quê..."

Frank mastigou devagar e olhou para a esposa com frieza. Kevin, ao ouvir a história, se remexeu na cadeira e olhou ansioso para o pai.

"Acredito que Charlotte quer que a criança venha para cá?", ele falou lentamente.

Virginie assentiu.

"É uma menina, tem sete anos. A faixa etária dela é perfeita para..."

"Pensei ter lhe dito há dois meses que eu não queria trazer novas crianças para o orfanato."

Virginie assentiu, engolindo em seco e fitando o próprio prato.

"Frank, temos recursos para acolher pelo menos mais doze crianças. E, se quiséssemos, poderíamos expandir o orfanato ou até construir outro!"

"Não importa, Virginie", ela respondeu friamente. "Eu já disse que o orfanato está dando mais despesas do que eu pretendia dispor anos atrás quando você me convenceu a levantar aquilo. Já lhe disse que pretendo investir mais dinheiro nas filiais da empresa esse ano."

"O dinheiro para alimentar outra criança não vai nos fazer falta", Kevin falou naquele instante, sem mais conseguir se segurar. "Não vai fazer falta nem se acolhêssemos todas as crianças que o orfanato pode comportar."

Frank olhou para o filho e seus olhos castanhos pareciam lâminas afiadas. Mas ele não se intimidou. Há muito tempo já não temia os olhares do pai.

"Não é você que cuida das finanças", ele respondeu friamente. "Se quer tanto abrigar mais órfãos, porque não tira o dinheiro do seu próprio bolso?"

"É o que eu faria, se o senhor me deixasse arranjar um emprego. Mas não posso, já que quer que eu me dedique completamente aos estudos até me formar no ensino médio", Kevin respondeu no mesmo tom, fazendo com que Virginie lhe lançasse um olhar de súplica. Ele ignorou a mãe.

"Isso é porque não aceito que suas notas sejam menos que excelentes."

"Então temos uma contradição aqui, não é?"

Frank pousou seu garfo no prato com um ruído. Pelo canto do olho, Kevin viu a irmã baixar os olhos e se encolher.

"Fale assim comigo de novo e você não vai sair de casa a não para ir à aula." Ele o encarou por um momento. "Fui claro?"

Kevin resmungou alguma coisa.

"Fui claro?"

"Sim, senhor."

Kevin queria jogar um prato na cabeça dele. A raiva queimava suas veias e fazia com que se coração dobrasse o número de batimentos cardíacos.

Qual era o problema daquele homem?!

Kevin tinha plena consciência que sua família tinha dinheiro. Mais dinheiro do que até mesmo os "bem de vida" poderiam se gabar de ter. E, mesmo assim, há algum tempo seu pai vinha relutando em abrigar novas crianças no orfanato que eles gerenciavam por não querer investir dinheiro em algo que não lhe daria retorno.

Aquilo era só sua ganância falando, e não havia nada que Kevin odiasse mais do que aquilo.

Por isso que não via a hora de ir para faculdade, se formar em administração ou qualquer coisa do gênero e tomar seu lugar na empresa do pai. Com o seu dinheiro, ele pretendia fazer o que quisesse, inclusive abrir outro orfanato em alguma cidade próxima a Luncarty.

Frank continuou comendo calmamente e, quando todos já pareciam ter se conformado com sua resposta final, ele disse:

"Dê procedimento com a papelada para a acolhida da menina, Virginie", ele anunciou, fazendo com que a mãe largasse os talheres e abrisse um enorme sorriso. "Mas que seja a última."

"Obrigada, Frank", ela disse radiante, como se o que o marido tivesse acabado de fazer fosse um uma dádiva, e não uma obrigação. "Charlotte ficará felicíssima."

Ele não respondeu.

Meia hora depois, quando sua mãe lhe disse que estava voltando para o orfanato, Kevin foi junto, assim como Megan, que estava ansiosa para rever todos por lá.

"Ei, não vai levar seu violão?", ela perguntou, quando eles já estavam quase na garagem.

"É mesmo", ele resmungou, dando um tapa na própria testa e já voltando pelo caminho por onde tinha vindo. "Só um minuto."

Instantes depois, Kevin voltou com o violão nos braços.

Para a cidade minúscula que Luncarty era, não levou mais que três minutos de carro para Virginie e os filhos chegarem ao orfanato. Era uma construção de três andares de paredes claras e um lindo jardim bem cuidado na frente. Qualquer um pensaria que era uma casa de uma família de classe alta, e não um orfanato repleto de crianças entre cinco e doze anos.

As crianças, que mesmo de longe já pareciam distinguir o som do motor do carro de Virginie, se amontoaram na frente do portão e começaram a gritar assim que viram Kevin e Megan saindo do carro.

"Ah, como senti falta disso...", falou Megan para o irmão, com um sorriso enorme. "Tem coisa melhor?"

E quando eles entraram e as crianças viram como um mar para cima de Kevin, agarrando suas pernas e rindo de alegria ao vê-lo, o rapaz pegou Hannah no colo, a mais nova de todos ali, e respondeu:

"Não. Não tem, não."

_____________________♥️___________________

Oii meus amores! Tudo bem com vocês?? Espero que sim!

Então, o que acharam do capítulo? Estou ansiosa para saber! Aqui vocês viram mais a parte do Kevin da história, e quero muito saber o que acharam ♥️

Estou simplesmente amando escrever esse livro, e espero que estejam gostando de ler também!

Muitos e muitos beijos,

Ceci.

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