• Capítulo Oito •
Sexta-feira, último dia de inscrição para o Festival de Talentos.
Rebecca não conseguia parar de repetir aquelas palavras em sua mente.
Aula após aula, sinal após sinal, segundo após segundo... Ela iria enlouquecer. Enlouquecer completamente.
Se havia alguém agindo no automático no colégio de Luncarty naquele dia, esse alguém era Rebecca Uziel, sonhando de olhos abertos e mais amedrontada a cada hora que se passava.
E Mandy, que devia ser sua melhor amiga, não estava tornando as coisas melhores.
"Eu juro que te arrasto até a secretária pelos cabelos se você não for até lá e se inscrever até o fim desse maldito dia!", ela havia dito em cada oportunidade que tivera, os olhos escuros praticamente saltando das órbitas toda vez que encarava Rebecca. "E nem venha dizer que eu sou uma pessoa muito má que só quer ver o seu sofrimento... Rebecca, você nem está discutindo comigo, o que só mostra como quer se inscrever na droga do festival e está aterrorizada demais para fazer isso."
"É exatamente esse o ponto", sussurrou Becca, enquanto o professor de Biologia não chegava. "Estou aterrorizada, completamente!" Ela suspirou e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. "Mandy, acho que isso é mais do que posso fazer..."
A amiga bufou sonoramente.
"Becca, você tá com medo de quê? Escuta, se você não for boa o suficiente, não vai ser uma dos quinze selecionados para o festival e nunca vai subir naquele palco, fim da história. Acha que os jurados vão deixar alguém ruim passar? O máximo que pode acontecer é eles não gostarem de você, e então não vai precisar passar pela vergonha de se apresentar para a cidade inteira. E isso, eu garanto, não vai acontecer. Você é boa."
Becca queria dizer que a amiga não sabia mesmo encorajar alguém, mas naquele instante Kevin MacCormack apareceu na sala todo sorrisos e se jogou em sua carteira, arrancando de quase todas as garotas da turma um suspiro apaixonado e provavelmente fazendo corações estremecerem. Então ele olhou para trás, para Rebecca, e lhe lançou uma piscadela.
Vários pescoços se viraram na direção dela.
Rebecca afundou no lugar, se encolhendo tanto que talvez se fundisse a cadeira e fugisse de vista.
Ela queria matar Kevin!
"É impressão minha ou Kevin MacCormack piscou para você?", Mandy perguntou naquele instante, olhando para a amiga com a boca tão aberta que um caminhão facilmente passaria por ela.
Rebecca queria responder que Kevin vinha piscando para ela durante a semana toda, mas nada tão descarado como naquele momento.
"É claro que não", ela respondeu, fingindo procurar alguma coisa na mochila. "Quer dizer, sei lá. Sempre achei que esses garotos do time fossem meio malucos."
Mandy apenas soltou uma risadinha. Naquele momento o professor chegou e a aula começou.
Becca, como já era de se esperar, ficou olhando para o relógio, se perguntando se era tarde demais para virar hipster e tentar viver fabricando colares e pulseiras de pedras da lua na praia.
Era uma bela maneira de fugir da sua própria realidade por um tempo...
No fim das contas, Mandy não precisou arrastar Becca pelos cabelos até a secretária da escola.
Aparentemente, a amiga havia esquecido que conseguira um horário no dentista naquele dia, por isso sua mãe havia ligado na diretoria para que Mandy saísse da aula mais cedo a tempo de chegar ao consultório do Dr. Levi.
"É sério, Becca", Mandy sussurrou para ela antes de sair da sala, enquanto o professor escrevia o dever de casa na louça. "Se inscreva no festival. Só não faça isso se... Bom, se ver que realmente não está a fim e só está colocando seu nome na lista porque sua melhor amiga maluca te ameaçou de morte." Becca soltou uma risadinha. Pela primeira vez no dia. "Boa sorte, fofa!"
E então ela se foi.
Quando o sinal anunciando o fim da aula tocou, Rebecca já estava sentindo dor de barriga de tanto nervosismo.
Sexta não era o dia em que ficava na confeitaria, por isso não se importou em arrastar-se pelos corredores na menor velocidade possível, enquanto seu cérebro trabalhava a mil por hora.
"Você não pode fazer isso", o demoniozinho em seu ombro dizia.
"Se fizer, e ganhar, ajudará sua família! E nós dois sabemos que eles precisam de toda a ajuda que pudermos dar", o anjinho no outro ombro contrapôs.
"Ganhar?", o demônio soltou uma gargalhada escandalosa. "Olha só para ela! Tem cara de quem vai ganhar alguma coisa?"
"E ainda tem a viagem para Los Angeles!", o anjo disse, dando pulinhos e batendo palmas. "Nada de torre, apenas novos horizontes! Você não sempre quis isso?"
"Nada de torre?!", o demônio praticamente gritou. "A torre é o que nos mantêm seguros! E fala sério, você acha que ela consegue viver lá fora? Longe de casa? Vão comê-la viva!"
"Não vão não", Becca sussurrou para si mesma, apenas numa tentativa inútil de tentar mostrar a si mesma que não era tão frágil assim. É claro que havia muitos males por aí, muitíssimos, a espreita para pegá-la e devorá-la e... "Pare com isso, Rebecca, pelo amor de Deus!"
"Você fala sozinha também, loira?"
Rebecca achou que iria sofrer um infarto.
Ela se virou para Kevin desejando matá-lo lenta e dolorosamente.
"Quer me matar do coração?!", ela sussurrou furiosa, levando a mão ao peito. Kevin, em resposta, soltou uma gargalhada. "Seu idiota!"
"Você não respondeu minha pergunta", ele disse simplesmente, com aquele maldito sorriso convencido.
"Que pergunta?", falou Rebecca, lutando para não soltar um palavrão.
"Sobre você falar sozinha."
"Ah, cala a boca!"
E ela deu as costas para ele, caminhando pelo corredor agora completamente vazio.
Os alunos saiam da escola na sexta-feira como o diabo foge da cruz.
"Onde está indo?", Kevin perguntou bem perto dela, e Becca suspirou.
"Até a secretária."
"Fazer o quê?"
Rebecca lhe lançou um olhar mortífero.
"Você não tem vida, não?"
"Claro que tenho, mas agora você faz parte dela." E dizendo isso ele piscou para ela. Rebecca quis vomitar.
Então ela dobrou um corredor, com Kevin ainda em seus calcanhares, e viu uma figura alta e morena parada perto da secretária, jogando papo fora com um dos garotos do time de futebol.
Rebecca congelou, mas foi só por um segundo.
Como quem vê as portas do inferno, ela deu meia volta e arrastou Kevin com toda força para o outro corredor, o coração aos pulos.
"Ei, o que foi?", ele perguntou assustado quando Rebecca o jogou contra os armários dos alunos na parede. Suas mãos estavam pressionadas contra seu peito e ela respirava com dificuldade. "Eu sei que sou irresistível, mas tem certeza que quer dar uns amassos bem no meio da escola?"
Rebecca rugiu e se afastou dele, abraçando-se a si mesma.
"O que aconteceu? Parece que viu um fantasma."
Então ele pôs a cabeça para fora do corredor.
Rebecca gemeu e o puxou pelo braço, quase rasgando o casaco do time no processo.
Kevin riu e ergueu uma sobrancelha grossa para ela, os olhos castanhos cintilando.
"Certo, me diz, o seu problema é com Melissa Jones ou Dean Mallow?"
Rebecca pensou em não responder, mas Kevin continuava a olhando com insistência. Sabia que ele não a deixaria em paz se não dissesse.
"Melissa", ela respondeu em um sussurro.
"Sabia", disse Kevin com um sorriso convencido. "Mulheres..."
Rebecca simplesmente revirou os olhos e arriscou uma espiada no corredor da secretária. Ela ainda estava lá, agora praticamente se atirando os pés de Dean...
Droga, será que o destino a estava perseguindo? Só podia ser. Ela devia aceitar o sinal que Deus parecia lhe mandar através de Melissa e simplesmente seguir seu rumo para casa, esquecendo tudo aquilo...
"Eu já fiquei com ela", Kevin disse então, arrancando bruscamente Becca de seus pensamentos. Ela deve ter olhado para ele com a maior cara de indignação, porque ele riu e continuou: "O que foi? É verdade! Ela é gostosa, claro que é, mas chata demais... Não valia à pena o esforço."
"Você não presta..."
"O que foi? Só porque eu vivo a vida não quer dizer que eu não preste."
"Ainda me surpreende o fato de se importar em aprender a como conquistar uma garota", disse ela sem se preocupar, o encarando. "Do que vai adiantar? Tenho certeza que vai jogar todas as técnicas no lixo."
"Bom, isso você não tem como saber..."
Rebecca apenas suspirou e se recostou nos armários, por algum motivo estúpido ainda não saindo dali.
"Então, por que vocês não dão certo?"
"Não quero falar sobre isso."
Kevin olhou para ela e sorriu.
"Posso ser bem persuasivo..."
"Seus charmes baratos não funcionam comigo."
O sorriso de Kevin se desmanchou e ele fingiu um beicinho.
"Tem razão. Você deve ter vindo com defeito."
Rebecca não conseguiu segurar, soltou uma risada.
"Corta essa."
"Anda, me conta logo! Sou curioso..."
"Você é um chato, isso sim", ela retrucou, mas Kevin continuou olhando para ela com aquela cara de cachorro pedinte. Becca suspirou e massageou as têmporas. Antes que mudasse de ideia, começou: "Melissa e eu éramos amigas quando crianças", ela disse, a imagem de duas garotinhas correndo pelos sete cantos da cidade surgindo em sua mente clara como cristal. "Sabe, ela sempre teve mais... status, que eu. E você deve saber que a família dela tem dinheiro e é bem conhecida na cidade toda. Bom, antes, isso não importava para ela. Crianças não ligam para essas coisas. Até os doze anos, éramos unha e carne, mas então a adolescência chegou e todas as coisas que não importavam antes se tornaram de suma importância para ela..." Becca suspirou e encolheu os ombros. "Ela se afastou. Me afastou. Antes, no ensino fundamental, ela se contentava em só me ignorar, mas desde que o ensino médio começou Melissa vêm me atormentando de vez em quando. Coisas pequenas, comentários maldosos nos corredores e coisas assim. Não me importo. Mas... Bom, dói pensar que eu perdi uma amiga por algo tão superficial."
Rebecca não olhou para Kevin depois de dizer tudo aquilo. Na verdade, ela já estava arrependida por ter sido tão sentimental.
O que ela podia fazer? Sempre soube que as coisas a afetavam mais do que deveriam. Isso é que dá viver sempre idealizando relacionamentos – tanto românticos quanto os de amizade – perfeitos. A vida real é bem diferente.
Becca tinha certeza que Kevin estava rindo da sua cara internamente.
"Que droga", ele disse então, e Becca olhou para ele. Ele não estava rindo, muito pelo contrário, parecia zangado. "Ela é mesmo esse tipo de pessoa." Então ele se aproximou dela, tão grande que Becca precisou olhar para cima para poder encará-lo. "Não devia ficar mal por isso. Se quer um conselho, você é que se deu bem por não tê-la por perto."
Rebecca sorriu de lado e encarou o chão, sentindo as bochechas queimarem.
"Outra frase pronta de uma palestra motivacional?", ela perguntou, se lembrando do que ele tinha dito na noite anterior na confeitaria.
"Não", Kevin respondeu com um pequeno sorriso. "Isso veio de mim mesmo."
Ela sorriu e olhou para ele.
Então, um celular apitou e Kevin se afastou, remexendo nos bolsos. Ele olhou para a tela do aparelho por um tempo e disse:
"Desculpa, preciso ir. Minha irmã fez um almoço especial e quer que eu experimente antes que esfrie." Ele gemeu. "Deus tenha misericórdia da minha alma."
Becca riu e revirou os olhos.
"Boa sorte."
"Valeu." Então ele se virou em direção ao estacionamento, mas, antes que desse cinco passos, voltou-se para ela e disse: "Não se esqueça, te pego as oito para a festa. Nem pense em se atrasar, loira."
Rebecca abriu um sorrisinho amarelo e Kevin se virou, não lhe dando oportunidade para responder.
Assim que se viu sozinha, Becca escondeu o rosto nas mãos e respirou fundo. O que estava acontecendo com a sua vida?
Por um segundo, ela pensou que se não se inscrevesse no festival, poderia dar tchauzinho ao seu acordo com Kevin e não ir à festa nenhuma. Sua vida voltaria ao normal e tudo ficaria bem.
Ela ergueu a cabeça e fitou o corredor vazio, sentindo seu coração apertar no peito.
Se não tentasse participar do festival, sua família não teria nem a chance do dinheiro extra que poderia mudar tudo completamente. Se não tentasse, não teria a chance de viajar para Los Angeles e conhecer outros horizontes que não fossem os mesmos que via todo dia pela janela... E não importava o que o demoniozinho em seu ombro dizia. Apesar de seu medo do mundo, das pessoas e das situações, uma parte dela, uma parte bem viva, ainda via tudo pelo lado bom e desejava sair voando por aí...
Mas, para ter uma chance no festival – se passasse pela classificação, é claro – precisava da ajuda de Kevin. Sim, isso era mais que certo.
Naquele momento, o celular de Rebecca apitou e ela pensou que Simon já estava esperando por ela em frente ao colégio para que eles fossem para casa.
Mas era justamente ao contrário.
Simon: Becca, desculpa, mas não vou poder te buscar hoje... Chegou um carro na oficina e eu vou ganhar um pouquinho a mais se entregá-lo mais cedo para o dono rabugento. Não se importa de ir a pé hoje, né? Desculpa mesmo.
Becca apressou-se a responder que estava tudo bem. O um quilômetro entre sua casa e a cidade era praticamente nada e ela estava acostumada a atravessá-lo quase todos os dias.
A distância que teria de percorrer andando, na verdade, não era o motivo pelo qual sentia seu coração se quebrar em mil pedaços. Não tinha nada a ver com aquilo.
Seu irmão iria ficar sem almoço porque precisava trabalhar e ganhar cada centavo a mais que conseguisse, porque sua família precisava de cada mínimo valor para se manter equilibrada em uma fina corda bamba.
Foi aí que todas as dúvidas e medos simplesmente foram varridos de sua mente como folhas mortas no outono.
Rebecca virou o corredor e percebeu que Melissa já não estava mais ali, o que era ótimo. Ela não precisava de mais um empecilho em seu caminho.
Quando entrou na secretária e momentos mais tarde viu sua assinatura marcada em caneta na lista dos concorrentes às vagas do festival, sabia que já era tarde demais para voltar atrás.
E ela não iria voltar atrás. Não iria de jeito nenhum.
Eram sete e meia quando Rebecca digitou:
Não precisa vir aqui. Não vou poder ir, desculpe.
Ela viu que Kevin havia visualizado a mensagem, mas Becca desligou a conexão com a internet antes que a resposta chegasse. Ela não queria ver as tentativas dele de convencê-la a ir.
Estava decidida.
Encolhida em sua cama e vestida com seu pijama estampado de coroinhas e príncipes-sapos, Becca olhou para o teto e se sentiu estúpida.
"Já dei um passo grande demais para um dia só", ela disse para Nick, que estava deitado no carpete fofo. "Já é algo ótimo. Estupendo, eu diria."
Nick não respondeu.
"Eu não posso ir nessa festa", ela continuou, tentando justificar-se para si mesma e para o seu cachorro que, sinceramente, não parecia muito interessado em seus dramas pessoais. "Eu... não. Só de pensar me dá arrepios. Acha que eu não sei o que acontece em lugares como esses? Cheios de adolescentes descontrolados?" Rebecca abraçou seu travesseiro. "Alguém pode drogar minha bebida, Nick! É, pode sim. E nós dois sabemos como acaba aparecendo uma galera mais velha e esquisita da cidade vizinha em festas como essa. Não. De jeito nenhum. Estou contente só por ter tido a coragem de me inscrever no festival. Por hoje chega."
Nick limitou-se a bocejar.
"Que bom que concorda comigo", ela falou, lançando um sorrisinho carinhoso ao enorme cão. "Agora, o que você acha de uma maratona das adaptações do Nicholas Sparks?"
Rebecca já estava se levantando para pegar seu notebook quando um som a fez parar. Eram batidinhas, baixas e quase imperceptíveis.
Mas então ficaram mais fortes. E insistentes.
Rebecca seguiu o som e olhou para a sua janela fechada no exato momento em que uma pedrinha se chocou contra o vidro. E mais outra e mais outra.
Seu coração parou no peito.
Ela foi até lá e abriu as janelas, olhando para baixo.
"Qual é o seu problema?", Kevin MacCormack perguntou lá de baixo, com uma cara de poucos amigos. "Jogou o telefone na privada?!"
Rebecca queria morrer. Talvez se jogasse da janela...
"O que você está fazendo aqui?!", ela sussurrou, com medo que alguém em casa os ouvisse. "Eu já disse que não vou à festa! Vai embora!"
Ela fez menção de fechar as janelas, mas Kevin grunhiu e ameaçou jogar outra pedrinha.
"Você vai me deixar subir aí", ele disse furioso, e mesmo lá de cima Becca pôde ver que ele estava falando bem sério. "Anda logo, abre a porta."
"Não vou abrir coisa nenhuma", ela retrucou encabulada. "Eu já disse para ir embora!"
"Eu vou escalar essa torre, pode ter certeza", ele ameaçou, o que fez Rebecca escancarar a boca e desejar jogar algo pesado, tipo uma bigorna, na cabeça dele. "Anda logo, Rebecca!"
Algo, talvez o fato de Becca pensar que aquela era a primeira fez que ele usava seu nome em voz alta e não aquele apelido ridículo que tinha dado a ela, fez com que Becca franzisse as sobrancelhas e se afastasse da janela, descendo a escada em caracol.
Ela abriu a porta e no mesmo instante o ar fresco da noite invadiu todo seu corpo.
"Seus pais estão em casa?", Kevin perguntou se aproximando.
"Só meus irmãos, mas todos já devem estar no sétimo sono. Aqui todos dormem muito cedo..." Então ela olhou desconfiada para Kevin, dando um passo para trás. "Por quê?"
Ele revirou os olhos e passou por ela, subindo as escadas da torre.
"Relaxa, loira, não vou te devorar." Então ele chegou até seu quarto e parou de supetão. Rebecca olhou por cima de seu ombro e viu Nick parado no meio do quarto, arreganhando os dentes afiados para Kevin. "Mas talvez ele vá me devorar", ele sussurrou cautelosamente, e Becca quis rir ao ver o terror em seu rosto.
"Nick, pode ficar calmo. Ele não vai fazer mal algum."
O cão pareceu meio indeciso, mas quando percebeu que Kevin estava completamente paralisado, se acalmou e se deitou em um canto do quarto.
"O que está fazendo aqui?", Becca perguntou quando viu Kevin invadir seu quarto com largas passadas. Era errado tê-lo ali, aliás, ele era um garoto. Em seu quarto.
Pela segunda vez em uma semana!
Se alguém soubesse, se sua mãe soubesse... Ah, Rebecca não queria nem pensar!
"Escolhe logo uma roupa, loira, achei que tinha te avisado sobre uma festa."
"E eu achei que tinha te avisado que não vou a tal festa."
Kevin se virou para ela e cruzou os enormes braços na frente do peito.
"Escuta aqui, eu estacionei o carro no meio de uma clareira no bosque por consideração a você, porque pensei que sua família não gostaria de ver um carro desconhecido entrando no quintal deles desse jeito para levar sua preciosa filhinha para uma festa na cidade", ele disse seco e sem mal respirar. Becca bufou. "E nós temos um trato, caso tenha se esquecido."
Rebecca suspirou e se sentou na beirada de sua cama, cruzando os braços também.
"Não posso ir. Não avisei minha mãe."
"Por que não?", ele perguntou, erguendo as sobrancelhas. "Te avisei sobre a festa ontem na confeitaria."
Rebecca não respondeu, ao invés disso apenas encarou o carpete.
"Kevin, não quero ir."
Ela quase pôde ouvir ele se preparando para dizer alguma coisa, mas nada veio.
Rebecca ouviu o som de seus passos se aproximando e de repente Kevin estava agachado na frente dela, olhando em seus olhos.
"Quer falar sobre isso?"
A pergunta, por um momento, fez Rebecca paralisar.
Ele estava mesmo perguntando aquilo? Estava mesmo se importando?
"Não vai me arrastar até a tal festa?", ela perguntou, insegura.
"Não se você realmente não quiser ir."
Becca não conseguiu conter. Um sorrisinho iluminou seu rosto.
"Obrigada."
Então Kevin se sentou no carpete e, sem a menor cerimônia, tirou os sapatos, jogando-os em um canto.
"Eu fico aqui com você."
O queixo de Rebecca caiu.
"O quê?"
"Relaxa, não vamos fazer barulho para não acordar ninguém na sua casa."
Rebecca piscou, ainda tentando assimilar a informação.
"Mas... Por quê?"
Kevin riu e em seguida lhe lançou aquele seu sorriso malandro que ela tinha a impressão de já conhecer tão bem.
"Para ser sincero, eu nem estava muito a fim de ir nessa festa, mas precisava cumprir minha parte do trato com você. Mas como pulou fora... Bem, talvez eu deva passar a sexta à noite aprendendo algo com a Princesa dos Corações Apaixonados." Ele fez uma careta tão grande ao dizer o nome que Becca riu. "Eca. Olha só o que eu me tornei..."
Ela sorriu e, para sua própria surpresa, sentou-se no carpete de frente a ele.
"Obrigada", falou com sinceridade. "Por... não ter insistido."
Kevin sorriu de volta e lhe lançou uma piscadela.
"De nada. Mas é sério, loira, você precisa viver!"
Rebecca balançou a cabeça e sorriu. Algo dentro dela falou que aquele programa em seu quarto seria bem melhor do que uma festa qualquer cheia de adolescentes bêbados na cidade...
______________________♥️__________________
Oii gente! Tudo bem com vocês???
Aconteceu! Becca se inscreveu no festival e agora, como ela mesma disse, não dá mais para voltar atrás. Mas parece que a pobrezinha gastou toda a sua coragem para por o nome da lista e não sobrou mais nada, né? hahaha
Me contem o que acharam do capítulo! Estou ansiosa para ler a opinião de vocês e bater um papo <3
Antes de ir, queria dizer que agora o livro terá postagens FIXAS (yeah!) Do Alto da Torre será atualizado todas as quartas e domingos por volta das seis e meia. O que acham?
Um milhão de beijos e até domingo,
Ceci.
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