Seu lado diabólico

Amy

- Realmente não era necessário todo esse esforço, mas obrigada pela ajuda. - Amy disse com um leve sorriso nos lábios assim que Lúcifer terminou de posicionar uma cômoda.

- Não foi nada. De que mais esse corpo serviria além de seduzir os humanos? - Ele comentou bem-humorado tomando um gole do cantil prateado.

Amy andou pelo quarto que era consideravelmente grande, tinha paredes pintadas em um azul bem claro, mas algumas partes descascavam, e não havia decoração nenhuma ali.

- Isso aqui precisa de mais vida. - Comentaram em uníssono e riram de si mesmos.

- Eu sei. Tenho uma idéia, mas preciso de um pouco de tempo. - Ela comentou sorridente enquanto cobria a cama com um lençol

- O que vai fazer essa noite? - Lucifer questionou se jogando sobre a cama.

- Não sei. Talvez tentar colocar uma música naquela maquina ali. - Apontou em direção ao notebook com uma careta. - E escrever um pouco.

- Escrever?

- Sim. Digamos que eu gostos da arte que eu posso produzir. Pintar, escrever e tocar, são as únicas coisas que eu podia fazer, porém ainda tinha restrições. - Ela comentou.

Lucifer estendeu a mão para Amy que confusa aceitou, e assustou-se quando ele a puxou para a cama a deitando ao seu lado.

- Conte mais sobre as restrições. - Ele pediu a olhando fixamente, e Amy sorriu com as bochechas corando de forma adorável.

- Eu tinha dezesseis anos, e tinha me apaixonado por um garoto da escola. Decidi colocar isso em palavras... ou melhor, letras.

- Alguém achou? - Ele questionou interessado na história.

- Sim. Meu pai encontrou, brigou comigo durante horas, e me deixou um dia inteiro trancada no porão.

Lucifer sentiu todo o sei sangue esquentar, ele fechou o punho sentindo uma vontade animalesca de acertar a cara do pai de Amy.

Ele nunca havia visto o homem nem mesmo em fotos, e Amy nunca falava muito sobre ele, só sobre suas restrições. E ainda sim Lúcifer conseguiu montar uma imagem perfeita do homem. Barriga saliente que vez ou outra escapava para fora das blusas, barba por fazer e algumas verrugas em um olhar caído e a calvície completava mais o desastre ainda.

Ele riu baixo quando imaginou que provavelmente o homem falava cuspindo e tinha uma fala arrastada.

- Do que está rindo? - Amy questionou confusa trazendo a mente de Lucifer retornar para a realidade.

- Montei seu pai na minha mente. - Foi honesto e Amy sorriu. - E ele não é bonito. - Ele comentou e ela riu.

- Não gosto de falar dele. Me machuca todas as vezes que penso que o deixei para trás. - A voz dela embarga. - As vezes sinto que sou uma ingrata como ele costumava dizer.

- Não acho que isso seja verdade. É comum os filhos buscarem algo fora  de casa quando crescem. Todos os pais devem se preparar para isso.

- Foi isso que você fez? - Ela questionou o encarando fixamente, ambos deitado naquela cama olhando os olhos um do outro.

- Eu meio que briguei com ele e desviei umas pessoas do caminho certo, mas se for parar para pensar foi o que eu fiz. - Ela riu.

Eles permaneceram em silêncio se olhando por longos minutos. Os olhos de Amy eram pura curiosisade, ela analisava cada traço do rosco másculo de Lucifer, ela estava procurando por defeitos ou tentando memorizar? Era o que ele questionou.

- Então... Já fez uso do presente que a Maze te deu? - Lucifer perguntou.

Amy demorou alguns segundos para que aquela pergunta fizesse sentido, e quando fez ela engasgou e se sentou assustada.

- N... Não... nem saberia como usar aquela coisa. - Ela disse ofegante claramente assustada.

- Não seja por isso. Eu posso te ensinar ou a Maze. - A voz dele saiu carregada em malícia.

Amy estava a encarar lucifer em choque, seus dedos tremiam levemente e sua boca entreaberta deixava claro o espanto dela, e as bochechas vermelhas feito uma pimenta deixava claro o constrangimento dela.

- Eu estou brincando Amy. - Ele sorriu, mas ela não acreditou.

- Podemos mudar de assunto? Porfavor, eu não gosto de falar sobre essas coisas.

- Claro, mas antes eu posso te fazer uma pergunta?

Amy não respondeu, estava assustada demais para isso, então apenas maneou a cabeça em concordância.

- Porquê foi embora de casa? - Ele questionou.

- Porque meu pai queria que eu me casasse. - Eela comentou em um tom baixo sem realmente encara-lo.

Lucifer ainda tinha os olhos presos nela, mas decidiu deixar aquele interrogatório para depois pois o assunto estava deixando o clima tenso e ele odiava aquilo.

- Tudo bem. O que acha de irmos almoçar e depois passar em algumas lojas paras comprarmos decoração para esse quarto sem vida? - Ele questionou e Amy sorriu.

Com certeza ela aprovava aquela idéia.

(...)

Amy andava por um corredor onde havia expostos uma variedade gigante de pincéis, pequenos, médios, grandes, abertos ou mais fechados. Eram tantos que ele perguntou-se se era realmente necessário tudo aquilo para pinturas.

Amy jogava tudo na cestinha que Lucifer carregava enquanto a seguia. As latas de tinta já estavam dentro do carro, e só restava os pincéis.

- Acho que isso basta.

- Acho que você vai poder virar "Da Vinci" com isso tudo. - Ele murmurou e ela riu. - Vai mesmo pintar toda aquela parede.

- Sim. Eu disse que o quarto precisava de mais vida, o que mais seria tão vivo do que uma pintura?

- Alguns posters? - Ele murmurou e ela riu. - Estou brincando, eu realmenre gosto de apreciar boas obras.

Quando foram para o caixa, Lucifer tentou pagar, mas pela segunda vez Amy o impediu.

- Te deixei pagar o almoço, deixa que disso eu cuido. - Ela disse enrregando as notas de dinheiro já que não sabia usar cartão de crédito.

Quando saíram da loja, caminharam pela calçada, mas então Amy parou, seus olhos estavam fixos na vitrine de um prédio.

- É nesse lugar que as pessoas fazem desenho no corpo? - Ela questionou.

- Sim. É aqui que elas tatuam. - Lucifer tinha um olhar confuso. - Não tinha um lugar como esse na sua antiga cidade?

- Não. A última pessoa que ousou a abrir um desse fora quase linchada pelos cidadãos, mas o mestre sempre palava das pessoas que pintavam o corpo e de como o diabo se apossava delas pelo desenho.

Lucifer riu abertamente enquanto Amy o encarava confuso.

- Não me aposso de corpos só porque eles tem uma tinta na pele. Isso é loucura.

Amy riu abertamente também achando graça na piada que na verdade era real.

- Quer fazer uma? - Lucifer questionou.

- Não. Seria errado. - Ela murmurou confusa.

- Não, não seria, e mesmo que fosse, todos nós temos um lado diabólico que adora erros, você precisa dar voz a ele.

- Mas eles disseram...

- Nem tudo que dizem que é errado, realmente é. Eles só querem te manipular. - Ele disse estendendo uma mão sobre o ombro dela.

- E se for o diabo aqui do meu lado tentando me desviar? - Ela questionou com um sorriso cínico.

Lucifer riu baixo e se aproximou dela como um felino, aproximando seus lábios do ouvido dela ele disse:

- Realmente é o diabo, mas ele não quer te desviar, quer te libertar. - Ele sussurrou e a voz dele entrou em contato com a pele do pescoço dela o que espalhou arrepios por todo seu corpo.

Sorrindo de canto, Amy suspirou e deu um passo em direção ao estúdio de tatuagem.

Desviar ou libertar, não fazia importância, o que era realmente importante é que ele estava conseguindo.

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