Praia part 2
Amy
Talvez fosse os raios solares em sua perna, ou talvez fosse os grãos de areia em sua pele ou o toque gelado da água na ponta dos seus pés, ou talvez fosse uma junção de tudo que a fazia sentir-se no paraiso.
Lucifer estava em pé ao seu lado, ambos aproveitando o sol e acompanhando com os olhos o vai e vem das ondas.
— Isso é incrível. — Amy anunciou exultante.
— Realmente. Em alguma coisa meu pai precisava acertar. — Lucifer murmurou.
Amy deu alguns passos até a água mergulhando seus pés, fechou os olhos aproveitando a mistura de sensações que a água e a areia molhada lhe forneciam.
Foi nesse momento que uma brisa de vento passou levando consigo o doce cheiro da maresia. Como dedos suaves, o vento levou consigo o tecido que cobria o corpo de Amy.
Lucifer agarrou o tecido antes que ele voasse para mais distante, mas seus olhos não estavam na peça que tinha em mãos, mas sim no corpo incrível de Amy que era perfeitamente deliniado pela luz solar, enquanto ela ainda não tinha se dado conta que seu corpo estava amostra.
— Você deveria mergulhar. — Ele disse sem conseguir tirar os olhos do corpo dela.
— Você vem comigo? — Ela questionou.
Lucifer deixou o tecido na areia, e foi até Amy afundando seus pés no mar. Ele sorriu quando ela o olhou.
— Não percebeu que perdeu seu pano? — Ele questionou e ela olhou seu próprio corpo.
— Percebi, mas decidi não me importar. — Deu de ombros sorrindo.
— Boa decisão.
Lucifer segurou a mão dela e a puxou para mais fundo no mar, quando Amy sentiu seus pés desencostarem da areia ela riu animada.
— Eu não sei nadar muito bem. — Disse em um gritinho quando sentiu seu corpo afundar.
Foi quando ela sentiu as mãos de Lucifer em sua cintura trazendo seu corpo para cima e para mais perto dele.
— Eu te ajudo. — Ele murmurou.
— Isso é mágico. — Amy disse com o entusiasmo claro no seu tom de voz.
Lucifer nada disse, apenas permaneceu ali, a ajudando a se manter estável na água gelada de ondas calma.
Ele tinha os olhos em Amy e no rosto de feições delicadas iluminado pela luz solar, as gotas de água descer pela sua pele, e uma gota em específico na ponta de seu nariz, os cabelos molhados e a pele alva arrepiada por conta da temperatura baixa da água.
Foi a primeira vez que ele a olhou com outros olhos. Foi então que Lucifer viu que Amy era uma mulher linda.
(...)
— Isso foi incrível. — Amy disse assim que entrou no carro.
O sol já desaparecia no horizonte, e junto da noite chegada um vento frio que arrepiava a pele de Amy.
— Obrigada por isso Lúcifer. — Ela sorriu para ele.
— Foi um prazer doce Amy. — Ele sorriu para ela antes de dar partida no carro.
Lucifer dirigiu até próximo a pensão onde Amy ficava hospedada, mas estacionou em frente a um restaurante.
— Precisa comer algo. Pode não parecer, mas nadar cansa. — Ele comunicou.
Ambos deseram do carro. O restaurante não parecia ser de luxo, mas também não era um lugar que qualquer pessoa frequentaria.
Quando entraram um homem os levou até uma mesa que ficava em um espaço que era um pouco mais escuro que o restante do restaurante.
Amy sentou-se e aproveitou para beber um pouco da água que lhe fora servida.
— O que acha de um vinho para começarmos? — Lucifer questionou pegando o cardápio.
— Eu não bebo. — Amy comunicou.
— É apenas vinho doce Amy. Vinho não embriaga e até mesmo na bíblia as pessoas bebiam vinho. — Ele comunicou e Amy sorriu.
— Sendo assim... eu aceito.
Lucifer fez o pedido, acabaram pedindo peixe e um vinho que segundo o homem era o melhor — e o mais caro também, mas aquilo era o de menos.
— Então você é religiosa? — Lucifer questionou a olhando firmemente.
Amy olhou o homem e deu de ombros não sabendo bem como responder a pergunta.
— É complicado. — Murmurou.
— Explique. Acredite, de coisas complicadas eu entendo. — Ele disse de modo lento, quase hipnotizante.
— Meus pais fazem parte de uma... ceita, eles se conheceram lá. Somos eu e meu irmão e meus pais em uma casa. Sabe que até vir para Los Angeles eu nunca tinha morado em um lugar com electricidade ou água que sai da torneira.
— Eles são fanáticos. — Lucifer disse de modo casual.
— Não sei se era isso, mas eu fui criada frequentando esses lugares, ouvindo as palavras, as absorvendo e é meio que parte de mim isso sabe? — Ela questionou e ele maneou a cabeça em concordância. — Cresci ouvindo as histórias do bem e do mal, da luta de Deus contra a perversidade do diabo...
— Eles tem razão, eu sou perverso. — Lucifer disse convencido e Amy riu achando graça da realidade que para ela, era apenas uma brincadeira.
— Então eu não sei o que fazer, não sei quem eu sou sem todas essas crenças. — Ela deu de ombros.
— Você tem que ser você. Com ou sem um Deus, ou uma religião. — Lucifer disse enquanto bebia do vinho que lhe fora servido. — Amy, sua religião tem que ser você mesma, você tem que ser o Deus das suas escolhas, só então você vai poder ser livre. — Lucifer disse de modo sério.
— Não sei como posso fazer isso. — Amy murmurou.
— Acho que você já começou. — Ele disse apontando para o vinho dela, para que ela bebesse.
— Como assim? — Amy disse após um pequeno gole do líquido carmesim com sabor suave.
— Você saiu, arrumou um emprego em uma boate, se veste como quer e ainda está aqui, em um jantar com o diabo. Eu diria que isso não era algo previsto por eles. — Amy sorriu incerta para ele.
— Ainda não é o que eu quero. Tudo o que eu estou fazendo ou fiz foi o que a situação me ofereceu. Eu não queria vir para cá, e sem ofensas, eu não queria trabalhar na Lux, mas eu tive que fazer. — Ela confessou.
Lucifer a encarou, pela primeira vez em muito tempo ele estava sem palavras, então ele apenas permaneceu calado, encarando as orbes castanhas dela, oscilando vez ou outra sua visão para o comprimir tenso dos lábios dela.
O silêncio durou alguns segundos, talvez minutos, mas eles estavam tão confortáveis na presença um do outro, que o silêncio não fora incômodo.
— Quem te deu esse nome? — Amy questionou sem esconder a curiosidade.
— Meu não tão amado pai. — Lucifer contou sem problemas.
— Porque? — Ela questionou ainda mais curiosa.
— Se você orar e ele te responder, por favor, me fale. — Lucifer disse.
Amy até poderia achar que aquilo era um deboche ou uma brincadeira, mas tinha tanta seriedade no tom dele, que por alguns segundos ela silenciou confusa.
— Gosta de ter o nome do diabo? — Ela questionou sutilmente.
— Porque não gostaria? Ele é temido, tem tudo o que quer e corrompe as pessoas. Ele é um cara forte. — Ele disse em um tom altivo.
Amy poderia ter recuado, era aquilo que Lucifer estava esperando da garota criada em uma religião extremista que com certeza a ensinou a temer o diabo, mas não foi o que aconteceu. Amy espalmou as mãos na mesa, e se aproximou quase como se fosse contar algo confidencial.
— Você não se parece com o diabo. — Ela murmurou.
Lucifer a olhou, silenciou por alguns segundos novamente sem resposta alguma.
— E porque você diz isso?
— Porquê o diabo é mal, ele não se importa com as pessoas, ele pisa nelas para obter o que quer, mas você não é assim. Eu vejo em seus olhos, você nunca faria mal a um inocente, e a bíblia diz que o diabo dízima milhares. — Amy disse de modo simples, cheia de convicção.
E foi então que Lucifer entendeu mais uma coisa sobre Amy. Ela temia o diabo, mas ela não o temia, ela acreditava que o diabo era alguém ruim, mas acreditava que Lucifer era bom, e aquilo era super confuso.
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