Por linhas tortas

Lucifer Morningstar

A pele dela contrastava perfeitamente com o carmesim dos lençóis que a cobriam, as curvas do seu corpo eram uma perdição, como poderia aquela mulher, que antes tão puritana ter tornado-se a perdição para o diabo? Eu ainda não podia explicar.

Eu só queria me jogar em todas aquelas sensações que Amy me causava, desta vez sem medo algum, porque eu sabia que Amy era pura, e ela não me temia, Amy gostava de mim com asas ou chifres, e eu a amava pura ou corrompida. Perfeita de todos oa jeitos.

Toquei a sua pele com a ponta dos meus dedos, deslizei os pela curvatura da sua cintura e senti sua pele se arrepiar na ponta dos meus dedos. Sorri quando Amy moveu-se vagarosamente despertando.

Quando virou-se para me olhar, fui comteplado com a mais bela das obras de arte; o sorriso de Amy iluminado pelos raios solares que invadiam o quarto.

— Que belo jeito de acordar. — Murmurei me aproximando e tomando seus lábios em um beijo lento.

Quando nos afastamos o sorriso de Amy se expandiu, ele estava feliz e eu sabia disso pelo brilho em seus olhos.

Amy sentou se na cama, o lençol deslizou pela sua pele revelando seu corpo e eu sorri ao contemplar o meu paraíso. Seus cabelos estavam revoltos, em seu pescoço ainda havia as marcas da última noite e em seus lábios um sorriso que denunciava seus sentimentos.

— Realmente, é uma bela forma de acordar. — Constatei e ela me encarou.

Havia tanto nos olhos de Amy, tantos sentimentos que me confundiam, mas ainda sim me atraiam.

— Obrigada. — Ela murmurou sem desviar os seus olhos dos meus. — Por tudo. Por me mostrar que o meu corpo merece o melhor, por me respeitar e por me mostrar o que há de melhor no mundo. — Ela se aproximou, com uma mão tocou meu peitoral e deslizou a outra acariciou meu rosto. — Você é a melhor pessoa que conheço diabo. — Seus lábios tocaram o meu.

Eu estava completamente perdido em Amy, e isso era algo que eu adorava.

(...)

Amy estava escorada contra o bar, bebia uma bebida e me assistia tocar, porque segundo ela era uma visão boa de ser contemplada. Eu amava os seus olhos sobre mim, analisando todos os meus movimentos enquanto apreciava a melodia que ecoava pela cobertura.

Eu estava feliz, mas ainda sim havia algo em mim, no fundo do meu ser que temia que tudo aquilo fosse acabar de uma hora para outra. Eu sentia que estava construindo um castelo de cartas, e assim como o que construí com Chloe fora destruído eu temia que algo soasse forte como uma ventania e destruísse aquele castelo que dessa vez parecia tão mais bonito e estruturado.

O sentimento de inconstância sempre pairava pela minha vida. E se aquilo não fosse real? E se tudo isso fosse uma armadilha criada pelo meu pai para me destruir? Eu tinha medo de perder Amy.

O som do elevador se abrindo soou lentamente, era como um prenúncio de toda dor que poderia estar por vir.

Antes de levantar os olhos para olhar Amy eu ouvi o som do disparo de uma arma ecoar. O tempo parou, meu coração desacelerou enquanto tudo que eu podia sentir era o medo, puro e vivo medo que lacerava minha alma, me corria de dentro para fora.

Levantar os olhos foi doloroso, ver o corpo de Amy cair lentamente, para em seguida assistir Kinley entrar com a arma apontada para a cabeça de Chloe que estava amarrada e amordaçada.

Encarei os pés de Amy que apareciam atrás do balcão do bar e tentei ter fé, pela primeira vez eu quis acreditar de algo a traria de volta como na última vez. Eu não podia perde-lá.

— Não se mova filho das trevas. — Kinley gritou fora de si.

— Da luz seu idiota. — Gritei. — Deus é luz e eu sou o filho dele. — Dei um passo em sua direção, mas a arma foi pressionada contea a cabeça de Chloe que fechou os olhos.

— Não de mais um passo se não eu a mato.

— Você não precisa fazer isso Kinley. — Murmurei enquanto meus olhos estavam em Amy.

Ela não havia voltado, e talvez não iria. Não daquela vez.

— Deixe ela Kinley, me mate e acabe com isso.

Assisti a arma ser apontada para mim e então pude ouvir o disparo, a dor chegou quase como um alento, senti o impacto quando minhas costas atingiram o chão, o sangue escorria enquanto minha mente deixava o meu corpo.

(...)

O frio tocou minha pele e eu sabia exatamente onde eu estava, os gritos invadiram os meus ouvidos e as correntes se fizeram audíveis.

O inferno era o meu lar afinal de contas.

Me levantei quando pude finalmente controlar o meu corpo. Não havia mais dor, apenas a tristeza que dominava o meu corpo.

Caminhar pelo inferno era doloroso, eu sentia a dor da perda corroer minha alma. Eu sabia exatamente onde ficava o meu trono, e era para lá que eu devia ir. O rei estava de volta afinal.

Quando cheguei ao centro do inferno haviam alguns demônios por ali, revoltos, mas havia adoração nas cores de espírito deles.

O meu trono não estava sozinho, havia um outro ao seu lado. Eu senti o meu coração descompassar quando reconheci a figura sentada no trono vizinho ao meu.

Sorriso felino, roupas coladas ao seu corpo e uma postura altiva da rainha do inferno.

Em um piscar de olhos ela estava na minha frente, sua mão tocou meu rosto em uma carícia suave, e seus lábios tomaram os meus em um beijo, quando se afastou suas mãos seguraram as minhas.

— Precisamos voltar. — Ela murmurou.

Amy fechou os olhos e sua pele começou a brilhar iluminando a escuridão do inferno. Senti meus pés saírem do chão enquanto seu corpo me conduzia a luz. Amy era a minha luz.

Memórias me atingiram como um tornado, derrubando tudo dentro de mim. Memórias que foram presas em minha mente.

Encarei os olhos de Amy e seu sorriso caloroso cheio do mais puro amor. Ela se lembrava também.

— Raguel? — A chamei e seu sorriso se ampliou.

— Eu estive esperando esse tempo todo por você. — Ela disse e tudo em mim voltou a fazer sentindo.

A parte que sempre pareceu faltar havia voltado. Minha luz, minha e apenas minha Raguel.

Quando tornei a abrir os meus olhos estávamos novamente na cobertura. Havia sangue no chão, e uma luta acontecia ali enquanto Chloe lutava pela arma.

Kinley nos olhou após conseguir desacordar Chloe. Novamente a arma nos fora apontada, mas desta vez eu não temi, eu sabia que eu não tinha mais fraqueza alguma, afinal eu havia encontrado minha força.

Um tiro, dois, três e outros até a arma descarregar. Amy estava atrás de mim quando peguei Kinley pela gola de sua camisa e o arrastei para a sacada.

Um último olhar para Amy que sorria em aprovação e eu o atirei o deixando cair. Ele encontraria a morte e ainda sim continuaria caindo até chegar ao inferno onde era o lugar daquele falso homem de Deus.

Olhei para Amy, seus olhos nos meus e um sorriso de orgulho nos seus lábios. Eu amava aquela mulher com tudo o que havia em mim. Eu esperei milênios por ela e finalmente ela estava aqui. Eu sabia que aquilo era real, eu não podia perde-lá porquê ela assim como eu era uma rebelde, ninguém nós controlava. Nossos destinos eram apenas nossos e o para sempre nos pertencia.

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Notas da autora: Esse foi o último capítulo, mas ainda tem um epílogo que vai sair amanhã!!

E ai, quais as teorias sobre essa mudança de nome da Amy/Raguel?

Nos vemos amanhã no último capítulo (epílogo) que vai ser narrado por alguém especial (teorias?)

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