Irmãos part 2

Amy

Era tão bom ter Alan de volta, sentir seus braços ao redor do corpo me dava paz e uma sensação de segurança.

Meu pai não havia desistido de mim, ele ainda me queria de volta e aquilo me tirou o sono naquela noite, o que me fez ficar feito um fantasma na sala assistindo a um canal bobo de culinária, até que Maze se juntou a mim e assistimos um filme de terror que em nada ajudou minha insônia.

Vi o dia amanhecer vagaroso pela janela da sala, enquanto Maze estava entretida com todo aquele sangue e tripas que cobriam a tela da televisão. Quando finalmente amanheceu eu sorri logo estaria com Alan novamente.

Meia hora antes do horário marcado eu já estava pronta. Olhei meu reflexo no espelho e gostei do que vi. Não estava como ontem, com todo aquele luxo que aquele vestido de marca me dava ou a beleza da maquiagem, mas eu me sentia bem em roupas confortáveis como aquela calça jeans e regata que eu usava naquela manhã.

Amarrei meus cabelos em uma trança porque era péssimo deixa-los soltos no meio daquela poeira proveniente das obras que aconteciam na mansão.

Abri a porta do meu quarto a tempo de dar de cara com Maze que me olhou surpresa. Ela usava uma roupa extravagante como sempre, calça colada, regata com um generoso decote, e uma bota de couro, mas estava linda, como sempre.

— Vai sair? — Questionei fechando a porta do meu quarto.

— Vou com você. — Respondeu como se fosse óbvio. — Não confio no seu irmão, e se seu pai está por ai, espreitando, a espera do momento que poderá leva-lá de volta.

Senti todo o meu corpo arrepiar somente com aquela idéia. Será que ele havia seguido Alan?

— Se você faz questão eu aceito. Gosto da sua presença. — Sorri.

Maze me olhou sem jeito, como ela sempre fazia quando eu demonstrava meus sentimentos por ela. Para mim uma coisa estava clara, Maze não sabia receber afeto, e ela sempre tinha medo que um dia eu partisse, e para mim aquele medo era culpa de Chloe. Não tinha jeito, eu não gostava daquela detetive.

— Então vamos. Eu dirijo. — Ela rodou as chaves do carro entre os dedos e riu.

— Um dia eu tiro minha habilitação. — Joguei rindo também.

— Um dia quem sabe, mas hoje, você vai no banco do passageiro.

Ha ha ha muito engraçadinha.

(...)

Pegamos Alan em frente a pensão onde ele estava hospedado, e assim que eu entrou no carro notei o olhar do meu irmão sobre Maze. Ele estava surpreso, provavelmente não esperava por ela, mas nada ele disse sobre a presença dela.

Alan passou todo o caminho silencioso, tinha os olhos perdidos na janela e sua mente não parecia estar ali conosco.

Maze e eu trocamos um olhar silencioso e chegamos ao consenso de darmos espaço a Alan.

A mansão era um pouco distante do centro de Los Angeles, tinhamos que pegar estradaa adjacentes, que nos levavam para o meio de um descampado onde a mansão se apresentava imponente. Demorava um pouco, mas valia a pena, pois eramos contemplados com uma vista incrível.

— Chegamos. — Despertei Alan do transe e ele sorriu.

Meu irmão desceu do carro e analisou a construção que já ganhava novas formas e um pouco mais de vida. Enquanto os pedreiros iam e vinham, a arquiteta mostrava coisas para o engenheiro.

— Você trabalha aqui? — Alan questionou meio confuso.

— Sim. — Sorri o puxando para dentro da construção. — Lucifer deixou a reforma e depois o funcionamento disso aqui na minha mão.

— O que exatamente vai ser aqui?

— Uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, totalmente gratuita. — Mostrei para ele a placa coberta por tecidos com o nome da clínica.

Purity.

Eu e Lucifer haviamos chegado a um consenso, e decidimos o nome juntos, o que me agradou muito, pois nos tínhamos a mesma opinião.

— Uau. — Foi a única coisa que meu irmão conseguiu dizer.

— Falta pouco para a abertura, mas já temos muitas pessoas imteressadas. Pessoas dentro de Los Angeles e fora. — Ele sorriu para mim.

Sem aviso Alan envolveu meu corpo em um abraço de urso que me deixou confusa e emotiva, mas eu retribui. Ele me apertava tanto a seu corpo que era quase como se ele tivesse medo que eu escapasse feito areia de suas mãos.

— Estou tão orgulhoso de você Amy. — Ele sussurrou no meu ouvido e sua voz tremeu. Alan se afastou um pouco, apenas para me olhar nos olhos. — Você é corajosa e forte, e eu tenho orgulho de quem você é.

Foi minha vez de abraça-lo e sentir seus braços protetores. Alan beijou meus cabelos e eu sorri.

(...)

— É sua última noite na cidade Alan? — Maze questionou para o meu irmão enquanto pegava uma fatia de pizza.

Alan que estava sentado ereto no sofá maneou a cabeça mudo, porquê ele ainda não acreditava que eu realmente dividia um apartamento com Maze.

— O que acha de fazermos algo divertido? Estamos em Los Angeles, e vamos mesmo passar a noite comendo pizza? — Ela parecia animada com a idéia.

Olhei meu irmão e seu jeito assustado, suspirei. Talves fosse uma boa idéia relaxar fora daqui.

— Alguma idéia de lugar? — Questionei diretamente para Maze.

Ela deu de ombros e oscilous seus olhos entre mim e meu irmão meia dúzia de vezes, então curvou os lábios em um sorriso zombeteiro.

— Eu ia dizer na igreja. — Comentou risonha. — Mas eu queimo se pisar lá, então pode descartar.

Revirei os olhos jogando uma almofada nela, mas notei meu irmão olhar Maze com assombro. Algo me dizia que ele não aprovava muito minha amizade com ela.

— O que acham de irmos dançar na Lux? Hoje é sexta e vai estar bem cheia. — Maze comentou mordendo um pedaço da sua pizza.

— Parece uma boa idéia. Você vai gostar Alan, tem uma parte privativa na Lux que é bem tranquila. — Sorri para o meu irmão que em nada deixou sua feição de assustado.

— É... pode ser. — Ele sorriu meio desconcertado.

Tinha algo estranho na postura dele, e finalmente entendi o porquê. Alan não gostava desses ambientes, ele achava eles imorais e vulgares, assim como eu um dia.

— Se quiser, podemos ficar aqui... se te deixa desconfortável ir. — Sorri deixando o clima mais leve o possível.

Maze permaneceu em silêncio, porquê ela era inteligente demais e certamente percebeu o que acontecia.

Mas diferente do que eu imaginava, Alan sorriu, ajeitou sua postura e apertou minha mão antes de dizer:

— Vá se arrumar. Vamos nos divertir. — Abracei meu irmão com força.

— Voltamos logo. — Puxei Maze comigo.

Cada uma entrou em seu quarto, mas eu já achava que Maze estava pronta para a Lux, afinal, até o pijama dela estava pronto para a boate.

Sorri com o pensamento enquanto pegava um vestido do cabide. Era bonito, um presente de Lucifer, e o melhor, ele não tinha nenhum decote.

Vesti o vestido que deliniava minha cintura e chegava perto dos meus joelhos. A cintura era colada, mas a saia era aberta e rodada, tinha um leve decote, mas nada que deixasse meus seios a mostra.

Me olhei no espelho e usei apenas um batom vermelho. Bastava, pois eu gostava da beleza natural da mulher, o que Deus criou é mais bonito sem artifícios.

Me olhei no espelho e me senti bem o que vi, porquê segundo Lucifer, Maze e mais um tanto de gente que conheci em Los Angeles, aquilo era o mais importante. Estar feliz com o seu reflexo, e não se importar com a opinião alheia.

Mas hoje havia algo diferente, eu estava preocupada com a opinião do meu irmão. Não queria deixa-lo desconfortável com uma roupa que mostrasse demais do meu corpo.

Percebi que ele ficou desconfortável com minhas costas nua no dia em que nos reencontramos na Lux, e mais desconfortável ainda com os olhares que recebi dos homens.

Do último item, até eu ficava desconfortável.

Saí do quarto depois de calçar um salto baixo e colocar brincos. Foi um inferno furar as orelhas, pois descobri que tenho medo de agulhas.

— Estou pronta. — Anunciei para Maze e Alan que me esperavam na sala.

Notei os olhos de Alan analisando minha roupa, mas por fim ele sorriu, parecia tranquilo, mas sua postura ainda estava ereta.

— Liguei para o Lucifer, ele estava na delegacia, mas vai nos encontrar lá. — Mase comunicou.

Na delegacia? Perguntei para mim mesma. O que ele estaria fazendo na delegacia ao lado de Chloe? Boa coisa não podia ser partindo da detetive.

— Com a Chloe? — Questionei e Maze me olhou confusa.

— Ele não disse nada sobre ela... — Ela deu de ombros achando meu comportamento estranho. — Mas ele tem amigos por lá.

Olhei para Maze, mas minha mente flutuou para uma memória do passado, o dia em que Lucifer e Chloe se encontraram na boate. Eu realmente não gostava dela e não me cansava de dizer aquilo.

— Vamos? — Maze questionou me tirando dos meus devaneios de forma abrupta.

Sorri constrangida como se ela pudesse ler meus pensamentos de ódio sem fundamento.

— Claro.

(...)

A Lux estava cheia, afinal, era noite de sexta e todos queriam curtir, tirar um pouco do peso que a semana de trabalho pesado tinha. A fila para entrar era gigante, mas nos cortamos fila, afinal, trabalhavamos para o dono... ou algo assim.

Sorri para o segurança enquanto ele tirava aquela corda aveludada da minha frente, cedendo passagem para que eu entrasse. A boate estava como sempre abarrotada, uma música alta e eletrizante tocava e as pessoas se moviam seguindo o ritmo da batida.

Segui reto me escorando na grade que tinha ali, pois para entrar realmente na boate, era necessário descer as escadas. Procuro por entre o aglomerado de pessoas quem eu realmente quero ver e finalmente o encontro. Lucifer está na área privativa, sentado em uma poltrona vermelha ele traga seu cigarro sem muito ânimo enquanto uma bela mulher dança s sua frente.

Vou para lá e sei que Maze e Alan me seguem. Quando chego próxima a grade outro segurança cuida da área já que apenas um grupo seleto de pessoas podem entrar lá, mas ele sabe quem sou, e cede passagem.

Lucifer soltava a fumaça de seus lábios quando seus olhos encontraram os meus. Um canhão de luz iluminou seu rosto e eu não pude deixar de sorrir.

— Vocês demoraram. — Ele reclamou ignorando completamente a moça que clamava atenção.

— Sentimos muito vossa majestade. — Maze resmungou em um tom jocoso, dando atenção a moça.

Alan tinha os olhos confusos e incrédulos para Maze que agarrou a cintura da jovem de cabelos ruivos de forma possessiva e se aproximou sorrateira dos lábios dela roubando um beijo curto.

Eu tinha esquecido que a ceita não gostava desse tipo de relação.

Eu tinha esquecido que eu própria repudiava a algumas semanas atrás.

— Querem beber algo? — Lucifer questionou fazendo sinal para que uma atendente se aproximasse.

Carmen se aproximou, com seu sorriso ladino e passos lentos, com um rebolado que atraía olhares.

— O que querem? — O sotaque ascentuava a lascívia em sua voz.

— Eu quero aquele drink colorido.
— Ela sorriu. Sabia exatamente o que eu estava falando. Estava acostumada a me servir aquilo.

— Um whisky para mim. — Lucifer sorriu. Tão previsível

— O mesmo que o diabo. — Maze resmungou.

Olhamos todos para Alan que tinha um ar confuso e perdido. Derrepente não parecia mais tão boa idéia ter trago Alan para a Lux.

— Tem algo sem álcool? — Questionou em um fio de voz.

Carmen riu baixo, arqueando as sobrancelhas o que ressaltou seus olhos cor de caramelo. Sua pele bronzeada brilhava a luz dos canhões de luz.

— Mas ai perde a graça. — Ela murmurou meio rouca, como uma felina a procura de afago.

— Não estou acostumado a beber.
— Alan murmurou como se aquilo fosse motivo de vergonha.

— Posso trazer algo leve se quiser.
— Carmen sorriu solicitá. — Se quer vai sentir o sabor do álcool, eu juro.

Alan olhou a moça completamente indeciso, mas por fim suspirou.

— Tudo bem. — Deu de ombros.

Carmen lançou uma piscadela para o meu irmão antes de se afastar rumo ao bar.

Sentei me na poltrona enquanto assistia Lucifer tentar educadamente conversar com meu irmão. Era algo engraçado de se assistir, Alan, um conservador puro e Lucifer, um devasso que acreditava que era o diabo;

... ai droga.

Naquele momento eu tive a maior epifania da minha vida. Derrepente tudo fez sentido, aquela poderia ser a última peça do quebra cabeça.

Olhos vermelho feito um demô...

Não. Eu me recusava a pensar que Lucifer era um demônio, afinal, ele mais parecia um anjo na minha vida. E aquilo era loucura, certo?

Eu ainda acreditava em Deus, e nas maravilhas que ele fez, mas não como antes, eu ainda acreditava no amor, mas sem a parte fanática que a ceita ensinava, e daquela forma estava muito melhor.

Mas acreditar que o diabo andava entre nós seria fanatismo certo? Mas qual outra explicação eu poderia encontrar para olhos vermelhos?

Talvez uma doença?

Minha razão gritou em uma vão tentativa de me manter sã, mas aquela era uma fina linha que logo se romperia se eu continuasse a pensar naquilo.

Encarei Lucifer e seu sorriso ladino, que o deixava feito um predador. Será que Lucifer Morningstar não brincava quando se auto intitulava "O diabo"?

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