4.Pequeno Monstro
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Observo a chuva caindo lá fora enquanto os minutos passam arrastados, deslizo meu dedo pelo vidro embaçado desenhando riscos sem sentido algum. Acompanho a voz sonolenta do professor de historia tão entediado quanto todos na sala; Edward vai conseguir ler minha mente quando chegarmos em "casa" e tudo será mil vezes mais complicado. Sinto a mão do loiro em meu cabelo tocando levemente uma mecha, nunca tive coragem de ter um corte tão curto, agora além disso é rebelde apontando para todos os lados.
— Guerra Fria foi um período de tensão geopolítica entre a União Soviética e os Estados Unidos e seus respectivos aliados. — Ditou o homem baixinho voltando os olhos do livro para a turma silenciosa — O Bloco Oriental e o Bloco Ocidental, após a Segunda Guerra Mundial. Considera-se geralmente que o período abrange a Doutrina Truman de 1947 até a dissolução da União Soviética em 1991.
Pisco encarando os olhos dourados hipinóticos de Jasper, parece querer falar algo, porém vira pro lado soltando a mecha como se tivesse sido queimado pelo fogo. Suspiro ignorando a vontade de me levantar, encosto minha cabeça contra a janela, deixando a corrente de ar fria arrepiar minha pele lembrando me que estou viva.
— Já não estudamos isso? — Questiona um cara girando a bola de basquete na ponta do dedo, sorrindo debochado.
Deixo meus pensamentos vagarem tão livres como a névoa que cobre as montanhas com seu manto translúcido. Deveria estar feliz, mas mesmo que pense pelos lados positivos ainda doí, deixar tudo para trás. Todos os alunos despertam do tédio, para fazer plateia para a pequena discussão, alguns bocejam sonolentos demais para ligarem.
Fecho os olhos deixando minha mente mergulhar nas memórias, ainda consigo sentir a dor eletrizante e gosto metálico do sangue escorrendo pela garganta antes de morrer. Mordo o lábio contendo lamentos, resmungo quebrando o lápis entre meus dedos fazendo Jasper se endireitar na cadeira, sorrio de leve fingindo que está tudo bem.
— Sim, mas devido ao passeio que faremos ao museu não custa relembrar os pontos importantes para a avaliação de sexta.
Os minutos passam de forma monótona como as aulas de direito na faculdade, arrastadas e repetitivas, mesmo assim eu vivia sempre batendo na mesma tecla, insistindo que uma hora ia passar a gostar. Estava fadada a seguir sempre o mesmo caminho seguro, mergulhando em livros, virando as noites para entender qual era a peça do quebra cabeça que faltava, não me dando conta que estava perdendo tempo. O que adiantou se no fim fui deixada para morrer, engasgada com o próprio sangue.
Eu teria me formado, entrando em uma agência de advocacia, compraria uma casa e talvez arranjasse um namorado... seria o orgulho da família. Nada muito espetacular, bato os dedos contra a mesa ignorando a vaga lembrança da dor. Está tudo bem, eles provavelmente vão levar flores no meu túmulo, sua amada jovem filha faleceu de um acidente trágico. Acidentes acontecem dirá o investigador quando não achar o culpado.
— Preciso da chave do carro. — Sussurro fazendo Jasper se virar, para se perder em meus olhos — Não estou me sentido bem, vou voltar mais cedo pra casa. — Minto tentando ser convincente.
— Eu irei com você. — Pronunciou se levantando, pegou os caderno na mesa rapidamente, derrubando uma caneta no chão, ela quica se quebrando como a minha sanidade a cada segundo que penso sobre tudo que aconteceu. No mesmo instante o sino bate fazendo o barulho contaste zunir na minha cabeça me deixando tonta.
— Não, quero ficar sozinha. — Sou curta o interrompendo.
— Mas... — Hesita, porém seus olhos entregam a confusão, rejeição. — Como quiser. — Me entrega as chaves.
Antes que consiga dizer algo Jasper da as costas pra mim saindo andando, me deixando pra trás perdida em meus pensamentos, que são um furacão varrendo tudo consigo. Ignoro o aperto no peito, sigo pelos corredores, cada passo se torna doloroso enquanto meu estômago continua vazio, fazendo minha garganta seca; a fome por sangue é quase suportável, porém nada agradável.
Desço os degraus desviando das pessoas, consigo ver no final do corredor Rosalie sorridente conversando com Emmett que acena chamando atenção de todos a volta, para me juntar a eles. Balanço a cabeça sem muito jeito dizendo que não, fingindo ocupação.
— Tenho que fazer uma coisa — Sussurro sabendo que vão ouvir.
Sigo outro corredor apresando o passo, armários e cartazes do baile decoram as paredes trazendo um pouco de alegria para o clima sempre tão chuvoso. Desvio de dois garotos brigando discutindo quem vai apresentar a escola para a novata, empurro a porta deixando o vento gélido arrepiar minha pele, trazendo me o conforto de sua aceitação.
Alguns jovens estão conversando na beirada ao lado de fora enquanto a próxima aula não começa; a chuva cai sobre a lataria fazendo barulho, é reconfortante de certa forma. Dou um passo a frente, puxo o capuz descendo os pequenos degraus tentando não escorregar, aperto o alarme de longe do carro, sou guiada por ele. Corro um pouco mais rápido em direção ao volvo prata, estava fugindo do inevitável. Destravo as portas, sem pensar duas vezes entro no carro escapando da chuva, mas mesmo assim ao chacolhar a cabeça pingos e mais pingos sujam o banco de couro. Não aperto o cinto, simplesmente giro a chave ligando o motor o fazendo ganhar vida.
— Melhor ligar uma música para distrair. — Murmuro para mim mesma girando o botão do rádio, deixo a melodia suave acalmar meus nervos.
Piso o pé no acelerador abandonando o estacionamento, antes que as lágrimas fujam, reprendo meus pensamentos. Mas mesmo assim lamento tudo que deixei para trás, aquela não era a faculdade dos meus sonhos, não seria o trabalho que me faria sorrir todos os dias e muito menos acho que me apaixonaria facilmente.
A verdade era que mesmo desejando estar aqui sinto o peso de tudo que não foi e nunca será, principalmente abandonar todos que conheço. Limpo as lagrimas com a palma da mão inutilmente, fungo deixando mais delas escaparem.
— E-eu não sei. — Soluço ignorando a dor, fome.
Acelero desviando dos carros facilmente devido ao pouco trânsito, Forks era literalmente uma pequena cidade, sempre nublada e tão monótona como minha vida anterior. Inclino meu pescoço encaro a sinaleira vermelha, olho dos dois lados, passo cantando pneu, entrando em uma estrada cercada de pinheiros, sou abraçada pelas sombras.
— O que devo fazer? — Questiono a mim mesma virando o volante rápido demais.
Não sei para onde estou indo, nem quero saber, não enquanto essa fome desperta algo tão assustador, primitivo. Afundo o pé no acelerador trocando a marcha, bato os dedos contra o volante, deixando a musica perambular pelo silêncio.
— Eu não ia morder-la.. matar. — Minto tentando me convencer, viro o volante mais uma vez adentrando outra estrada me afastando da cidade, afundo meu pé no acelerador ignorando a angústia em meu peito.
A água que desce da montanha se acumula no asfalto, deixando o mais escorregadio. Viro a direita, tento diminuir a velocidade, mas os pneus derrapam sobre a água. As folhas são arrancadas das árvores, livres rodopiam com o vento. Tudo parece tão igual, mesmo que quisesse não acho que conseguiria diferenciar os pinheiros altos, copias deles mesmos. Não sei para onde estou indo, isso não importa agora.
Piso no freio tentando diminuir a velocidade; o para-brisa não consegue dar conta da chuva, ou talvez eu que não consiga ver direito com as lágrimas transbordando, lamentando o que não pode ser desfeito. Sinto a estabilidade do carro, pendendo pra um lado; a descida é rápida, estou sendo levada.
— Droga! — Resmungo pisando com toda minha força no pedal do freio, para meu desprazer ouço algo se quebrando.
Caminhando novamente para minha morte, tão imprudente quanto meu assassino. Um cervo se atravessa no caminho, seus olhos apavorados; tinha ganhado uma segunda chance, não deveria desperdiçar, mesmo assim giro o volante na direção oposta perdendo o controle, deixando o pequeno animal escapar da morte certa.
O carro perde a estabilidade, rodopiando na pista, indo em direção a curva fechada. Os pneus derrapam, gritando contra o asfalto, enquanto o vento joga a tempestade lá fora contra a caixa de metal que estou presa.
Cravo minhas unhas no volante, me agarrando com toda a força, estou sem freio. Rápido demais mesmo para meus olhos, a lataria se entorta sendo arremessada ao se chocar contra o peitoral de segurança, já tão velho que se camuflou a vegetação, frágil demais para segurar o veículo deixando passar a barreira de segurança.
Grito não por medo, mas por ter desperdiçado minha segunda chance. Raiva, angústia... meu coração dispara ao lembrar dos meus pais, amigos. Lagrimas quentes transbordam, lembro de ter acordado, das montanhas vistas pelo quarto de Alice, minha segunda chance está escapando entre meus dedos.
Tudo gira ao meu redor, vultos de verde e cinza, descendo ladeira a baixo. Fecho os olhos ao avistar uma pedra gigante, a gravidade nós joga contra ela, amassando o capô virando o carro de cabeça pra baixo, começando a rodar, sou jogada contra os bancos traseiros batendo a cabeça contra o teto, sinto uma dor aguda percorrer meu pescoço. Minha visão embaça, logo sinto o gosto metálico na ponta da língua, devo a ter cortado no impacto.
Agarro o banco, para logo depois ser mandada pra frente batendo as costas contra o vidro, novamente o carro vira me jogando contra o teto. Estou presa em um globo de neve, sendo chacoalhada violentamente de um lado a outro. Uma onda quente escorre em minha perna, a dor vem em seguida fazendo me grita ao ser jogada para o painel. Tento me mexer, agarrar algo.
Os vidros se estilhaçam, deixando a chuva entrar junto com milhares de cacos de vidro, rasgando minha pele. Sinto algo metálico perfurando minhas costas, puxo o ar recebendo uma onda de dor.
— Ahh — Grito, mas minha voz é sufocada pela ventania la fora.
Os vidros arranham minha pele, perfurando, rasgando. Luto contra a gravidade, um pedaço grande de vidro voa em minha direção, tento levantar a mão, segura-lo. Mas é mais rápido, perfura meu pescoço me mantendo presa entre os bancos, levo minhas mãos trêmulas até ele, sinto meus dedos sento cortado, puxo o arrancando.
O carro cai de cabeça pra baixo em um banque alto, ecoando em meus ouvidos tento levantar não contendo gemidos de dor a cada mínimo movimento. Um braço depois do outro, impulsiono meu corpo pela janela quebrada, cravando minhas unhas na terra molhada, seu cheiro acalma, estou viva.
Arrasto minha perna pra fora do veículo, tento levantar caindo contra a lama, respiro fundo firmo minhas mãos em meus joelhos levantando de uma só vez, agarro a árvore mais próxima, rodeando a com meus braços. Observo a trilha que deixei, árvores quebradas, galhos jogados de um lado a outro. Fumaça começa sair do carro ao ser atingido pelas gotas de chuva, isso foi a maior loucura que já fiz, nunca pensei que seria tão... adrenalina percorre meu sangue, sorrio sem me dar conta em misto de histeria.
— Prometo não desperdiçar essa segunda chance. — Sussurro sem folego para o céu nublado, revoltado.
Firmo minha perna boa, deixo a outra descansar, um buraco esta exposto pela extensão da pele, imagino que os vampiros ainda se regenerarem. Vai ficar tudo bem, nem é tão profundo o corte minto pra mim mesma. Caminho devagar, deixando minhas pegadas pelo chão, percebo que não sou a única passando por aqui, patas de lobos estão por tudo, marcas de garras em um tronco. Não consigo evitar de pensar na Tribo Quileute de Jacob, dou conta tragicamente que estou no território deles e infelizmente sou um dos frios.
— Merda. — Resmungo pisando em cima da pegada grande do lobo, pela profundidade deve ter sido feita recentemente.
Ouço uivos se sobressaindo a tempestade, chamado de alerta. Começo a mancar, correr sentindo que estou me estilhaçando. Um dos lobos de pelagem cinza se joga contra mim me pressionando contra o chão, protejo meu rosto com os braços, suas presas perfuram arrancando um grito sufocado, chuto sem pensar duas vezes o jogando longe, agarro uma árvore levantando, sendo observada por outro lobo de pelagem mais escura, não estou com medo, estou apavorada. Nunca vi em minha vida um lobo desse tamanho, poderia me devorar em segundos. Me preparo para o ataque, ergo minhas mãos firmando meus pés na lama. Seus dentes pontudos estão a mostra como um cão raivoso, pronto para me matar. Sou derrubada em uma velocidade sobrenatural batendo as costas contra as pedras cheias de musgo. Meus olhos dourados refletem nos dele tão familiares, sim aquele olhar manso, que sempre protegeu Bela agora era sombrio.
Tento chutar, mas dessa vez não é tão eficiente, seus dentes cravam em meu pescoço balançando de um lado a outro, tudo vira um borrão de preto. Por algum motivo Jacob me soltou contra o chão, pisco ignorando a dor, mas mesmo assim sou mergulhada no mundo dos sonhos.
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Quebra de Tempo
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— Deveríamos te-la matado quando tivemos chance — Rosna uma voz furiosa — Estava no nosso território. — Declarou
Tento abrir os olhos, mas o máximo que consigo são pequenos fleches de luz, respiro sentindo o cheiro de lenha recém queimada, ouço crepitar acolhendo o ambiente com seu calor.
— Mas o tratado.. — Resmungou outro.
— Fodasse o tratado, eles descumpriram primeiro. — Falou o mesmo tão alto que zuni em meus ouvidos. — Estão matando inocentes.
— Não ha provas. — Uma voz rouca arrastada fez todos se calarem, algo arranha o chão, pisco conseguindo enxergar uma cadeira de rodas. Sinto algo tocar minha testa, molhado e frio. — E ela é muito pequena para ser um risco para nos.
— Billy Black ela é uma cara pálida! Um pequeno monstro — Debochou um pirralho do outro lado do quarto.
— Por isso mesmo... agradeço muito terem trazido a mim. — Diz retirando o pano de cima, escorregando pela minha testa para a pequena mesinha ao lado.
Encaro os olhos do pai de Jacob, parece cansando, mas mesmo assim matem a postura reta olhando os cinco jovens com determinação. Tento levantar, afundando minhas mãos no colchão macio, mas mal consigo me mover para cair logo depois, estou faminta.
— Não, você não vai fazer isso! — Gritou uma mulher nervosa — Pare de resmungar, conheço suas intenções... essa lendas são lendas! — Reconheço a unica mulher da tribo quileute, com seus olhos levemente puxados ela olha de relance para Jacob escorado na parede.
— Será que são só lendas? lobisomens também eram só lendas até você ter sua primeira transformação. — Resmungou o ancião.
Fecho os olhos sentindo meu corpo formigar, notando meu estado debilitado, minha perna esta enfaixada enquanto meu braços estão marcados pelas mordidas. Puxo o ar ainda jogada sobre uma cama fedorenta, todo o lugar fede a cachorro molhado horrivelmente, principalmente os lobos agora em sua forma humana. Levanto o pescoço, algo repuxa me fazendo soltar um gemido de dor. Deslizo meu olhar para os cinco reunidos em volta do quarto, perdidos nos próprios pensamentos. Uns me olham curiosos como se eu fosse uma atração de circo.
— O que vão fazer? — Questiono tentando firmar meus braços, porem desabo na cama novamente.
— Não se mexa cara pálida. — Rosna Paul — Tem sorte do ancião ser generoso.
— Você tentou me matar! — Acuso olhando em seus olhos, deixei uma marca roxa em seu abdome quando o arremessei. Deixou minhas mãos repousarem em meu pescoço enfaixado, sentindo a textura do tecido, Jacob acompanha meus movimentos com o olhar, serio. — Porque não acabou o trabalho? — Resmungo furiosa fuzilando Jacob que desviar o olhar.
— Vidas são importantes — Começou Billy, por ser um daqueles que está no conselho da tribo eles pareciam o respeitar deixando falar — Ela já foi humana...
— Chefe isso é loucura! — Resmunga um deles se colocando na frente, instinto de líder, deve ser o Sam.
— Saiam todos daqui! — Rosnou o ancião e sem hesitar obedeceram — Espere Jacob você fica.
Jacob não se virou, encaro seus longos cabelos, folhas se prenderam neles. Espero que ele feche a porta e ignore o comando, ele da um passo pra fora prestes a sair, mas voltou em um resmungo e fechando com um banque. Posso ouvir os lobos se afastando, resmungando sobre Billy Black estar ficando louco, observo pela janela a noite nevoada, eles indo embora, rasgando as roupas se transformando em lobos.
— Chefe... — Uma batida suou fraca, rangendo a porta se abriu deixando uma mulher com marcar de garras no rosto entrar — Isso é só uma lenda é muito arriscado.. ele pode acabar morrendo se der errado. — Bufou encarrando Jacob.
— Ele deveria ter pensado antes de morder a cara pálida, agora temos a chance de..
Antes que consiga ouvir o resto da conversa tusso cuspindo, sinto algo quente escorregar entre meus lábios, sangue? A sonolência me acomoda, minha cabeça é agarrada enquanto as vozes se misturam. Estava morrendo? vampiros não...
— Rápido antes que ela perca a consciência novamente. — Billy gritou agarrando o braço do filho que a contra gosto se aproximou da cama. — Alimente-se. — Ofereceu.
Aquilo era loucura, ele estava empurrando seu próprio filho para ser meu lanche, não fazia nenhum sentido, recuo pra trás afastando seu braço pra longe recusando a beber o sangue de um ser tão fedorento. Seu joelho pesa na cama, me encolho contra a parede, puxando as pernas pra longe, infelizmente elas estão dormentes demais para serem uteis.
— Beba ou morra de fome você escolhe. — Jacob rosnou me puxando pela cintura para seu colo.
Bato minha cabeça contra seu queixo, sua mão aperta minha barriga fazendo gemer de dor, encolho chutando as cobertas, ele enfia o pulso na minha boca, minhas presas roçam a pele macia e quente, mordo brutalmente rasgando puxando o sangue como uma caixinha de suco, repouso minha cabeça em seu ombro, saboreando, deixando minha fome dominar.
— Solta! — Rosna Jacob puxando minhas mãos de seu braço, afundo minhas unhas na pele dele arranhando, deixando o sangue pintar minhas unhas.
O gosto horrível se torna amargo, viciante e volta a ter gosto de esgoto quente, empurro seu pulso pra longe, mordo o lábio sentindo a fome voltar, viro olhando diretamente em seus olhos medrosos, seu peito sobe e desce, sem pensar duas vezes afundo minhas presas em seu pescoço, faminta demais para pensar na besteira que estou fazendo.
— Tirea de cima dele Emily! — Grita o pai de Jacob percebendo minha perda de controle.
O sangue começou a queimar por dentro, mãos quentes agarram meus braços me puxando para longe me joga no chão fazendo perder a consciência, salvando Jacob porque eu não ia parar.
Em algum momento minha mente oscilava entre sonhos e a realidade, abro os olhos sendo cegada pela claridade que emana da janela, pisco deixando minha cabeça cair por lado. Olho o cabeludo sentado em uma cadeira longe, folheando um livro distraído demais, seu braço esta enfaixado, tento falar, mas sou puxada novamente para um pesadelo.
Acordo gritando, ouço algo caindo, quebrando e se quebrando de novo. Dessa vez Jacob não esta sentado na cadeira, mas seu cheiro ainda esta por todo o quarto. Encaro a mulher parada no beiral da porta com olhos frios, ela resmunga algo caminhando até mim, essa provavelmente deve ser a esposa de Sam, Emily.
— Isso não deveria acontecer — Cochichou ela — Jacob quase morreu por sua causa! beber sangue de lobisomem não vai te curar da coisa que você é. — Resmunga tanto pra mim como pra si mesma.
— O que... estão fazendo comigo? — Questiono sem forças pra gritar.
— Relaxa quando o ancião ver que suas lendas estão erradas vai te soltar... ou não.
— Ela despertou, alguma mudança? — Jacob resmunga adentrando trazendo consigo o cheiro fedorento consigo.
Fecho os olhos ignorando o odor repugnante, nada havia mudado. A fome continuava, mas mesmo assim a sonolência não passava me jogando novamente em um sonho constante, lendas são reais? lobisomens sim... então porque ... bocejo enquanto as vozes desaparecem dando lugar a uma melodia suave me fazendo adormecer.
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Notas:
Deixem aquela estrelinha de voto! Pois isso me motiva muito S2 Não se esqueça de adicionar a Fanfic na sua biblioteca para ser notificado das atualizações.
Postado 28 de junho de 2020
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