3.Lua Nova

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Levanto com o apoio de Rosalie, sem esforço ela me carrega com as duas mãos enquanto Esme ajuda Bella a nós seguir escadaria acima, não acredito que minhas visões não previram isso! Edward não deveria ser super controlado? Nada faz sentido... não entendo.

Por Deus estou enlouquecendo! Não consigo compreender como essas possibilidades que me perturbam funcionam. Vigiei o futuro de Bella a semanas para que nada desse errado, então troquei todas as embalagens dos presentes por plástico. Suspiro ignorando minha frustração, tento me distrair com o cheiro doce do cabelo de Rosalie, seu olhar é tenso. Com rapidez ela me coloca sentada no sofá de couro, deixo minha cabeça repousar.

— Fiquei aqui no escritório. — Pede Esme nervosa, com rapidez ela fecha a porta atrás de si.

Ouço a discussão começando, gritos e coisas quebrando, parece que outra pessoa voou pela janela desta vez, fecho os olhos ignorando o barulho. Graças ao sangue de Jacob o veneno de vampiro não está fazendo tanto efeito em mim.

— Bella, está tudo bem? — Questiono percebendo a mesma se encolher com as bochechas vermelhas.

— Isso é tudo culpa minha. — Gagueja sentada na poltrona à minha frente, gemendo de dor em seguida.

— Não é culpa sua, é minha. — Lamento sentindo as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas quentes.

— Parem vocês duas! Ninguém tem responsabilidade pelo que acabou de acontecer — Rosna Rosalie procurando um kit de primeiros socorros nas gavetas e armários, por fim achando na estante.

Fico em silêncio lutando contra meus pensamentos, suspiro novamente, queria um momento sozinha, preciso pensar em alguma forma de fazerem eles ficarem, tudo ocorreu como planejado nos livros da saga, mas eu mudei a linha do tempo, nada faz sentido. Espero em silêncio, os ponteiros do relógio correm conforme minha irmã cola bandaids em meus braços.

Ela não parece ter tanto problema com o cheiro de sangue no escritório, talvez porque não está respirando ou sua raiva é superior à sede. Com suavidade ele puxa uma faixa da latinha com curativos.

— Deveria ter mais cuidado. — Repreendeu com um beiço irritado — Como não viu em suas visões irmã?

— Não sei...

Parece que o destino trama contra mim, dês que cheguei aqui tudo quer me matar. Estendo os braços, observando o trabalho feito.

— Obrigada. — Agradeço recebendo um sorriso calmo em troca, desvio meu olhar para Bella, que acabou caindo no sono — Deveríamos levar ela ao hospital. — Não consigo entender como Bella pode ser tão desastrada, mordo o lábio nervosa.

— Carlisle cuidará disso, não se preocupe. — Pede passando a mão pelo longo cabelo louro, entendo porque todos se encantam por Rosalie, quando ela quer pode ser bem legal.

Ficamos em silêncio, ela abriu a janela deixando a brisa suave de chuva entrar, maldita ideia de fazer festa de aniversário para Bella. Nem mesmo ela queria, mas não Edward teve que me persuadir a organizar essa porcaria. Encosto minha cabeça contra a almofada, respiro fundo.

Não sei quanto tempo passou, mas as vozes ficaram mais baixas, ouço passos leves no corredor, a porta se abre com rapidez fazendo a garota humana despertar no susto. Carlisle entra descabelado, com a roupa bagunçada, tem alguns rasgos, parece que saiu de uma batalha e mesmo assim sorri calmo, como se estivesse acostumado às desavenças.

— Bella, está tudo bem. — Chamo fazendo ela sorrir nervosa, percebendo que não tem nenhum perigo.

— Quer que eu a leve para o hospital? — Questiona Carlisle de forma pausada, esperando ela despertar totalmente — Ou posso cuidar de você aqui mesmo? — Sorri suavemente.

— Aqui, por favor — Implora com olhos pidões. — Charlie não pode descobrir.

Descobrir o que? Que quase morreu por culpa de uma embalagem de plástico? Sinceramente ele deveria saber sim. Desde que Charlie me deu aquela carona venho pensado, como o mesmo se preocupa com Bella. Mesmo se esforçando, não há como impedir o amor entre Edward e Bella, levanto devagar.

— Onde está Jasper? — Interrogo meu pai que sorri meio nervoso, espero que eles não fujam como fizeram nos livros.

— Está lá embaixo com Emmett. — Sua voz é fria — Ele precisa de um tempo filha.

— Não se preocupe. — Apresso o passo, não estou tão ferida quanto Bella, nada mais que alguns arranhões na pele, tirando claro o fato que Edward drenou meu sangue bem dizer — Preciso falar com ele, deve estar se sentindo muito culpado pelo ocorrido.

— Entendo. — Carlisle suspirou — Jasper não é vegetariano a tanto tempo quanto nós.

Apresso meus passos em direção ao corredor, atravesso o mesmo batendo meus sapatos contra a madeira. Não quero que partam, não sem me levar junto.

— Alice? — Sua voz sai lamentável, destruída.

Encaro Edward parado na minha frente, no fim da escada, seus ombros caídos, lábios tensos. Desço os degraus mais devagar, sua roupa está deplorável, atravessar uma janela causa isso. Um trovão clareia o céu, transbordando sua luz pelas janelas da sala que parece um capacho de chão.

— Edward... — Não consigo evitar de gaguejar, lembrando de suas presas em meu pescoço, engulo em seco descendo o último degrau.

Não o culpo por ter me atacado, sei como é sentir a garganta coçar de sede, principalmente todos os meus instintos selvagens gritarem para beber sangue. Senti isso quando vi Bella pela primeira vez, quando ainda era vampira.

— Devo pedir perdão, irmã. — Declara abaixando a cabeça, sua voz carregada de amargor. — Não sei o que aconteceu comigo, pensei que tinha autocontrole, mas estava errado. — Lamenta, batendo os joelhos no chão com um banque, suas mãos frias seguraram as minhas trêmulas.

— Edward, não precisa... — Sou interrompida pelos seus olhos brilhantes em vermelho.

Lembro de James, de Jasper quando matou aqueles homens que tentaram fazer coisas indecentes comigo e Bella. Ainda consigo sentir o cheiro de sangue no ar, ouvir os gritos agonizantes enquanto meu noivo arrancou a cabeça do cara que me bateu.

Meus instintos humanos me mandam fugir, correr para longe, mas estou encantada com sua beleza sobrenatural. Edward não me faria mal, não por querer.

— Vou entender se não quiser mais andar em minha presença. — Abaixa mais ainda a cabeça, não me permitindo ver seu rosto, aperto suas mãos contra as minhas me negando a deixá-lo abatido.

— é só um pouco de sangue, vou sobreviver. — Meus lábios se repuxam em um sorriso, escuto sua voz baixa resmungar...

— Não pode ser tão benevolente, não mereço o seu perdão irmã. — Se afasta tombando para trás, com um olhar sem vida.

Não consigo me conter, dou um passo à frente, cravando minhas unhas na pele de minhas mãos trêmulas, controlando meu coração que bate ansioso, agacho segurando a saia volumosa, estendo meus braços para ele, não conseguindo segurar as lágrimas, depois de tudo me corta o coração vê lo tão abatido. Sei o que pensa, como deve estar se martirizando pelo que aconteceu.

— Edward, por favor me ouça. — Corto a distância o abraçando — Somos família, e irmãos se perdoam.

— Alice.... — Sua voz saiu arrastada rente ao meu ouvido — Eu não mereço. — Consigo sentir a tristeza em seu tom me fazendo abraça-lo mais forte.

Seus braços não me envolvem, está com medo que eu possa quebrar como uma boneca de porcelana. Mas sou mais forte do que imagina, sei que sou. Espero que ele retribua o abraço, mas conforme a chuva se torna mais tensa lá fora, Edward nada faz se não repousar sua cabeça em meu ombro.

— Está tudo bem. — Tento o consolar, deixando meu dedos percorrerem seu cabelo em uma carícia.

Passos altos contra o chão me despertam do transe, batendo em uma marcha furiosa, ergo a cabeça vendo meu noivo vir em nossa direção com os punhos fechados. Antes que eu me de conta, ele agarra Edward com violência, o segurando pelo colarinho, batendo contra a parede, fazendo a mesma afundar um pouco.

— Você ia a morder de novo?— Rosna me fazendo encarar Edward com espanto, não ele, observo seus dentes, seus caninos a mostra...

Ele não ia me morder... não, não pode ser. Mas pelo olhar selvagem sei que Jasper tem razão. Levanto batendo as mãos na saia do vestido, quero acreditar que ele pode se controlar, dou um passo à frente recebendo um olhar assassino de Edward. O loiro o prensa contra a parede com raiva, olhando fundo em seus olhos.

— Edward! — Esbravejo não conseguindo conter a raiva — Edward esse não é você.

Jasper se aproximou de Edward,com uma voz agourenta sussurrando algo em seu ouvido de forma predatória, fazendo meu irmão se encolher levemente. Voltando a si, dou um passo pra trás. O olhar selvagem de Edward se tornou cheio de culpa, com cara de dor Jasper o soltou, sem hesitar ele nos deixou sozinhos, fugindo.

Jasper está parado na minha frente, ainda com seu olhar faminto, punhos fechados, maxilar tenso. Desvio minha atenção para as duas janelas quebradas, vidro decora o chão em vários pedaços.

— Amor. — Profiro segurando a barra da saia do meu vestido, tentando inútilmente não sentir um pouco de receio.

Dou um passo à frente, ele já está acostumado com o cheiro do meu sangue, não me atacaria... Quero acreditar nisso, mordo o lábio dando outro passo em sua direção, esmagando os cacos de vidros com meus sapatos. Seus estalos fazem Jasper abaixar um pouco a guarda.

— Alice, não se aproxime muito. — Sorri fraco, voltando a si.

Paraliso com sua voz arrastada, sei que luta com toda sua força contra o desejo de beber meu sangue. Espero, deixo meus pensamentos vagarem entre as visões. Dou um passo à frente, estendendo minha mão.

— Jasper — Sorrio vacilante, me aproximando devagar, seus olhos ainda estão selvagens — Precisamos conversar, não? — gaguejo desviando meu olhar para a escada.

Ele parece entender o que quis dizer, simplesmente vira as costas para mim, olhando de relance a sala destruída. Seu rosto se contorce em uma careta de dor, culpa.

Apresso me acompanhando os passos dele, seguindo para meu quarto. Jasper empurra a porta, seus olhos dourados repousam na lareira crepitante pensativo.

— Isso não vai dar certo. — Articulou estendendo a mão em direção ao fogo — Não quero machucar você.

Dou um passo pra frente, fazendo meu coração bater ansioso, respiro fundo tomando coragem. Eu sei do que ele está falando, não sou tola, sei que a perfeita noiva jamais serei, não enquanto for humana. Estamos destinados a um fim trágico de qualquer forma.

Mesmo que todos da família Cullen finjam estar tudo bem, mesmo que Carlisle esconda o olhar melancólico com um sorriso calmo, sei que eles não querem perder Alice, não querem uma vida humana para ela, não de verdade.

Não quando isso significa que em alguns anos vou estar mais velha. Meu noivo, marido, será como um filho ao meu lado, engulo em seco tentando afastar os pensamentos.

— Não vai me machucar. — Afirmo com certa indecisão. — Edward não teve culpa, sei como é sentir fome.

— Isso não justifica! — Rosna — Somos perigosos....

Dou um passo à frente, encarando seus olhos, cortando a distância entre nós. Algo sobre Jasper, é como um vício, não consigo resistir. Mesmo que fosse um monstro, não posso culpar meu coração por se apaixonar por ele.

— Isso não vai voltar a acontecer. — Ergo a cabeça observando suas feições conturbadas. — Sei que pode se controlar, podemos fazer dar certo. — Estendo minha mão suavemente tocando seu peitoral, onde deveria estar seu coração.

Seus olhos dourados perfuram os meus derrubando todas minhas barreiras, não quero perdê-lo, não quando tudo está finalmente dando certo, quando nada pode nos impedir de viver esse amor.

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Ponto de vista

Jasper

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Toda vez que ela se aproxima, todos os meus piores e mais urgentes instintos despertam. Alice não percebeu o quanto isso está me destruindo, luto a cada segundo para manter o controle. Mas quanto mais tempo passamos juntos, mas minha sede aumenta. Ela não sabe o quanto quero matá-la, perfurar sua pele macia, afundando minhas presas, saboreando cada gota de sangue.

O veneno enche minha boca só de imaginar, meu corpo anseia por atacar, por prendê-la nos braços e destroçar seu pescoço com os dentes.

— Alice, querida. — Sussurro tentando esconder a dor em minhas palavras — Não podemos ficar juntos, não sem ferir um ao outro.

Ela não sabe como eu estava prestes a perder o controle naquela sala de aula, quando senti o gosto de seu sangue, queria mais, no entanto Edward inundou minha cabeça com suas emoções, raiva, vergonha. Se ele não a tivesse puxado de cima de mim, não sei se não estaria morta nesse momento.

A mão dela para onde deveria estar meu coração, suavemente deslizando para baixo, lágrimas pesam em seu olhar cabisbaixo. Em tantos anos de matança e carnificina, perdi quase toda a minha humanidade, ela foi a primeira esperança que tive em décadas.

Eu era inegavelmente um pesadelo, um monstro dos mais terríveis. E no entanto, a cada vez que encontrava outra vítima humana, eu sentia uma fraca lembrança daquela outra vida.

Quando conheci Alice foi uma surpresa agradável, suas emoções eram cantantes de alegria. Antes que consiga me controlar, estendo minha mão, acariciando sua bochecha levemente corada. Não poderia me perdoar se deixasse Alice se machucar por minha causa.

— Jasper, por favor. — Sua voz é quebradiça, fazendo me sentir o pior monstro que já viveu nessa terra novamente.

Os braços de Alice são delicados, afundando nos meus, mergulhando profundamente, sinto o coração dela bater. Deslizo meus dedos pelo seu pescoço, sentindo o calor humano, subindo para sua cabeça, afundo minha mão em seu cabelo macio. Sinto sua respiração rápida, seguida de soluços.

Nem mesmo um exército de recém criados poderia fazer o estrago que ela está fazendo, quebrando cada parte minha, destruindo todas as minhas barreiras, me acertando com o seu melhor golpe.

— Precisa me ouvir. — Imploro, segurando sua cintura, fazendo levantar a cabeça com um beicinho deixando lágrimas escorrerem fazendo minhas pernas fraquejarem, passo a língua pelos meus dentes tentando fingir que não estou prestes a me ajoelhar e pedir perdão por tê la feito chorar. — Só quero o melhor para você.

— O melhor para mim é você. — Resmunga, soluçando em seguida.

— Cada segundo ao seu lado é uma tortura. — Revelo fazendo ela se encolher instintivamente, mordendo o lábio em seguida — Alice você não imagina o quanto dói, não sei se posso me controlar. — Sou um monstro, não a mereço.

Tento lutar todos dias contra minha própria natureza. Agora posso entender Edward, talvez eu realmente seja mandado por inferno, não consigo ficar longe, não quero deixar minha esperança escapar entre meus dedos. Quero tanto saborear os lábios dela, roubar seu fôlego, sentir sua pele quente contra a minha, desejo tanto seu sangue.

— Isso não é verdade, Jasper! — Fala entre os dentes, mordendo o lábio em seguida, seguro seus ombros trêmulos, lágrimas pesadas escorrem por suas bochechas vermelhas.

Ainda agarrada a mim, sou fraco demais para afastá-la. Mas não consigo deixar de pensar que poderia ter matado Bella se não fossem meus irmãos me segurarem. Poderia ter sido Alice...

Minhas emoções são uma mistura das dela, deixando a angústia me consumir, minha pequena esperança está desesperada, seus sentimentos gritam através das emoções o seu medo. Aperto levemente seus ombros, olhando profundamente em seus olhos escuros, deixando meus dons tomarem conta. Será melhor sem mim, poderá viver tranquilamente, sem muitos problemas, terá filhos, netos.

— Não chore amor. — Ordeno manipulando sua tristeza para longe, fazendo alegria transbordar, seu olhar é acusatório.

Ela se afasta de supetão, dando um passo pra trás caindo sentada na cama, tons de roxo decoram a mesma, contrastando com a pele levemente bronzeada de Alice. Tento não sentir inveja de sua liberdade, de seu anseio para voltar a La Push, de voltar a ser humana. Todos esses anos que vivemos como amigos, sempre se encantou pelas coisas humanas, os pequenos detalhes.

Mike é um ser desprezível, não a merece nem um pouquinho, mas não é nenhum risco, não se a faz bem, não quando Alice me contou meses atrás que estava apaixonada pelo humano. Pensei por um momento que estava preso em um pesadelo, mas agora vejo com clareza que aquilo era só um resquício da dor que sentiria.

— Jasper! — Sua voz é revoltada, apertando a coberta com os dedos, sentada com raiva na cama.

Mas minha pequena esperança me jogou em um sonho lúcido quando me beijou de novo e de novo, parecia outra Alice. Uma com emoções perturbadas, voz baixa e olhar nervoso, no começo pensei que fosse sua transformação em humana, que estivesse com medo. No entanto agora vejo que é uma metamorfose, seu corpo voltou a crescer, absorver a luz do sol, hormônios acelerados, sonhos de verdade para realizar, uma borboleta saindo do casulo.

— Mike Newton será melhor para você — Alice devorou minha solidão, para no fim eu ter que salvar ela do que sou — Ele poderá te dar uma vida humana como deseja.

— Ele não é você, Jasper! — Gagueja limpando o rosto com as mãos trêmulas, levantando com violência — Sei que acha que vai me machucar, mas não vai! Posso ver em minhas visões! — Tropeça nas palavras mentindo.

Dou um passo pra trás, percebendo as emoções suicidas de Edward me olha cúmplice dos meus pensamentos, escorado na porta do quarto, devemos partir quando o sol nascer.

— Irmã. — A voz carregada de Edward faz ela se encolher se virando para ele.

— Edward, precisa convencer Jasper! — Resmunga irritada, como um coelhinho fofo querendo morder — Ele está louco, acha que vai perder o controle! Mas não vai, eu sei que não. — Outro blefe.

— Irmão, está exagerando. — Seu sorriso é melancólico, desviando sua atenção da Alice a mim — Carlisle está nos chamando em seu escritório. — Conta se afastando, não conseguindo olhar para Alice ao se retirar.

— Viu Edward concorda comigo. — Retruca Alice fervendo em fúria, dando passos longos em minha direção com o rosto vermelho, estava óbvio que suas visões haviam contado o que planejo.

— Conversamos depois. — Digo, dando um beijo em sua bochecha antes de sair, mas ela é mais atrevida.

— Não pode fugir de mim.

Seu olhar me faz fraquejar, derrotando minha resistência, não quero partir. Ela corta a distância entre nós, parece pensativa, nervosa com algo.

— Não quero fugir de você, amor. — Mas devo colocar sua vida em primeiro lugar, sua segurança é minha maior prioridade.

Prendo a respiração. Alice dá um passo para frente me encurralado na parede oposta a sua cama, inverto a posição a prensando contra a parede.

Ela morde o lábio novamente de forma inocente, puxando levemente a barra do vestido, faixas cobrem seus braços delicados. Firmo minhas mãos na parede a prensando mais ainda contra a mesma. Abaixo a cabeça deixando meu cabelo cair na testa, passo a língua pelos meus dentes pontiagudos.

Alice encolhe, tão pequena comparada a mim. Seguro seu queixo fazendo me olhar, suas bochechas ficam coradas mais ainda. Isso vai doer, mas não posso negar o quanto a desejo.

— Eu te amo, eu te amo — Confesso em sussurros, próximo demais de seu pescoço — Eu te amo perigosamente.

Antes que consiga dizer mais alguma coisa, ela joga seus braços por cima dos meus ombros, agarrando, me fazendo refém de seus lábios. Aprofundo o beijo perdendo o controle, quero explorar, devorar cada emoção que causo nela.

— Quero rasgar sua pele. — Rosno suavemente, descendo meus lábios pelo seu pescoço a fazendo se arrepiar, engasgando um gemido.

— Não vai me assustar, Milorde. — Sua voz é atrevida, roubando meus lábios novamente para si mesma.

Estou me embebedando deste amor, selo nossos lábios me ferrando em seu sabor. Aperto suas coxas a levantando, mordo suavemente seu lábio inferior, suas mãos vão pro meu cabelo me puxando com força contra si, aperto sua pele, sentindo a maciez fazendo ela gemer baixo em meu ouvido, não há como fugir, está me sufocando.

— Não sou o homem certo para você. — Lamento dizer, afastando-me dela contra minha própria vontade.

— Não importa. — Sussurra sem fôlego, me fazendo congelar, seus lábios tão próximos dos meus.

Eu sabia que iríamos colidir, por conta da velocidade que estávamos indo, se voltasse a beijar não teria volta, nada me faria sair do seu lado. Então lutei contra meu próprio coração e me afastei com muita força, lutando contra meus instintos mais selvagens, se continuasse não conseguiria me controlar.

— Carlisle está me esperando no escritório. — Lembro ela que faz uma careta magoada, passo a mão pelo cabelo ignorando a dor em meu peito.

— Ah sim, melhor ir logo. — Resmunga nervosa, com as bochechas coradas, devia o olhar para longe de mim.

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Ponto de Vista

Alice

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Pensei que seria diferente, que tínhamos resolvido tudo, mas no fundo eu sabia. Quando acordo, sou recebida pelo barulho suave da chuva batendo contra a janela. Afasto-me das cobertas, cambaleando para fora da cama. Não me apresso, luta contra as visões que inundam minha mente.

Acelero o passo seguindo pelo corredor em direção ao quarto de Rosalie, espero encontrar ela jogada na cama folheando uma revista de moda como sempre, mas como minhas visões insistiram... Os guarda roupas estão vazios, dou um passo à frente negando que isso é real.

Procuro pela casa sinais que não encontro, volto ao meu quarto recusando a acreditar que conseguiram levar todas as suas coisas enquanto dormia. Tudo que restou são móveis, eletrônicos e uma carta em cima da mesa de jantar.

Puxo o envelope sentindo minha garganta coçar, fecho os olhos ignorando meu peito doendo, respiro fundo apertando o papel. Eles se foram, meus pesadelos me contaram isso a noite inteira de uma visão a outra. Não consigo abrir a carta, não quero. Amasso com força jogando a mesma contra a parede, não, isso não deveria acontecer.

Subo os degraus com rapidez ignorando meus olhos ardendo, adentro meu quarto, paraliso ao notar que nem mesmo as fotos da família ficou na estante. Não importa, tento me convencer.

Todos os dias, é como se eu interpretasse um papel, aproximo-me do espelho encarando meu reflexo, quem é a garota que eu vejo?

Seus olhos estão inchados das lágrimas, cabelos na altura do ombro, bagunçados. Essa não sou eu, nunca fui a Alice! Então porque eles me levariam junto? Porque se importaria em me deixar enlouquecer. Não posso enganar meu coração.

Toda vez que eu estou com Jasper, os meus problemas se tornam mais leves. Esqueço sobre a cura, de que não pertenço a essa realidade. Então como posso viver sem te ver? Como posso dormir sem te tocar?

Me jogo na cama, abafando meus gritos com o travesseiro. Viro pro lado, afundando mais ainda na cama, sentindo o cheiro da chuva batendo sobre o telhado, embaçando as janelas do meu quarto.

— O que aconteceu com eu sempre vou amar você não importa o que aconteça? — Fungo apertando o travesseiro com força.

Jasper partiu deixando um enorme vazio em meu peito, onde ficava meu coração sempre tão ansioso por seus beijos. Pensei que... Seguro as lágrimas, ignoro o sono, firmo minhas mãos no colchão, levantando, para cair em seguida. Respiro fundo, conto até dez e lágrimas escapam entre os soluços.

Diríamos nós casar, todos aqueles vestidos de noiva, todas as promessas eram vazias? Porque foi tão fácil me deixar? Fecho os olhos, ignorando o barulho alto dos trovões, grito com toda a força que consigo, frustrada demais para me conter.

Ele não hesitou em apagar todas as lembranças, levando todos os livros de seu quarto, Rosalie deixou rastros de perfumes que não conseguiram carregar. Ele sabia que quando eu acordasse nada restaria.

— Porque? — Soluço sentindo minha garganta arder.

Não grito dessa vez, levanto com esforço. Arremesso o livro da minha mesinha, contra o espelho quebrando o mesmo em mil pedaços, suas pontas pontiagudas decoram o chão. Não quero mais olhar para esse reflexo mentiroso, essa não sou eu!


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Notas:

Desculpe o atraso, tive que reescrever duas vezes hehehhe não sei se ficou bom :( 

Qualquer erro ou incoerência me avisem amores, que eu arrumo :)

19/12/2020

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