25.Espelhos
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Depois que voltei para o quarto já estava noite, confesso que torrar no sol não foi lá mil maravilhas, mas as bebidas grátis com frutinhas estavam ótimas. O loiro me olhou de cara dura, empático, provavelmente sentiu o cheiro de álcool.
Me jogo na cama ao lado de Bella que abaixa o livro sorrindo ansiosa para mim, deve ter sido um saco ficar presa a tarde inteira com uma estatua te vigiando.
— Alice? — Chama Bella.
— Sim?
— O que você acha que eles estão fazendo?
— Carlisle pretendia levar o perseguidor tão longe para o Norte quanto fosse possível, esperar que ele se aproximasse, e então encurralar ele. — Digo meio sonolenta — Esme e Rosalie deviam ir para o oeste enquanto a fêmea ainda estivesse atrás delas. Se ela fosse embora, elas deveriam voltar pra Forks para tomar conta do seu pai. Então eu imagino que se eles não podem ligar eles estão indo bem. Significa que o perseguidor está muito perto e eles não querem que ele os ouça. — Tropeço nas palavras falando rápido.
— E Esme?
— Eu acho que ela já deve ter voltado pra Forks. Ela não vai ligar se houver alguma chance
— Contudo, você me contaria a verdade?
— Sim. Eu sempre vou te contar a verdade. — A minha voz era intensa, sorri de leve.
— Então me diga... como é que você se tornou uma vampira?
— Edward não quer que eu te diga — Conto firmemente, mas estava louca para contar.
— Isso não é justo.— Reclama Bella — Eu acho que tenho o direito de saber.
— Eu sei. — Suspiro, enquanto ela me encara curiosa. — Ele vai ficar extremamente zangado.
— Isso não é da conta dele. — Resmunga Bella sorrindo — Isso é entre eu e você. Alice, como amiga, eu estou te implorando.
— Eu vou te contar o lado mecânico da coisa — Digo, não queria revelar muito, tem coisas quem nem a Alice verdadeira sabe como eu sei — Mas nem eu mesma me lembro do que aconteceu, e eu nunca fiz isso ou vi sendo feito, então fique consciente de que só posso te contar o que eu sei na teoria. — Digo calma — Como predadores, nós temos um excesso de armas em nosso arsenal físico, muito, muito mais do que aquilo que realmente necessitamos.
— A força, a velocidade, os sentidos aguçados, sem mencionar aqueles como Edward, Eu e Alice, que temos sentidos extras também. — Jasper se intromete trazendo duas xicaras de chá gelado — E então, como uma flor carnívora, nós somos atraentes para a nossa presa.
Bella estava muito rígida, parecia não ter gostado do rumo da conversa. Pego minha xicara bebendo um gole. Afundo mais na cama deixando Jasper falar, sentado na beira da cama.
— Nós temos outra arma um tanto quanto supérflua. Nós também somos venenosos — Jasper disse, seus dentes brilhando. — O veneno não mata, é meramente incapacitante. Ele se espalha lentamente, se espalhando na corrente sanguínea, pra que, uma vez mordida, a presa sente dor física demais para escapar. Um tanto quanto supérfluo, como eu disse.
Depois de ser mordida tantas vezes devo declarar que é uma merda, parece que estão sugando toda minha energia.
— Se nós estivermos tão perto, a presa não vai escapar. — Revela o loiro — É claro que sempre existem exceções. Carlisle, por exemplo.
— Então... o veneno é deixado lá pra se espalhar... — Murmuro bebendo mais uns goles de chá.
Não deveria ter bebido tanto, tudo que me lembro é de alguém me oferecendo uma coca e depois acabei com vários copos com liquido colorido, a garçonete disse que era por conta da casa...
Ao menos fiquei longe da depressão agoniante de Bella, mesmo que eu grite para ela que Edward está bem, ela não parece acreditar.
— Levam alguns dias para a transformação estar completa, dependendo de quanto veneno há na corrente sanguínea, de quão devagar o veneno entra no coração. Enquanto o coração continua batendo, o veneno se espalha, curando, mudando o corpo enquanto passa por ele. Eventualmente o coração para, e a conversão chega ao fim. Mas durante todo o tempo, durante cada minuto, a vítima estará desejando estar morta.
Eu tremi ao pensar, para minha sorte havia apagado todos aqueles dias inicias, talvez o sangue do lobo estivesse lutando por mim. Devo agradecer a Jacob, se bem que é culpa dele mesmo.
— Não é muito prazeroso, você vê. — Digo sorrindo.
— Edward disse que era uma coisa muito difícil de fazer...eu não entendi muito bem.
— Nós também somos como tubarões, de certa forma. Quando nós experimentamos o sangue, ou mesmo se tivermos apenas sentido o cheiro dele, se torna muito difícil não se alimentar dele. As vezes é impossível. — Declara desviando seus olhos dela para os meus, mordo o lábio —Então veja, morder alguém de verdade, experimentar do sangue, isso começaria o frenesi. É difícil para os dois lados, a luxúria pelo sangue de uma lado, a dor horrível do outro.
— Porque você acha que não lembra? — Questiona Bella para mim, esqueço um pouco do loiro me virando para ela.
— Eu não sei, para todos os outros, a dor da transformação é a memória mais forte da vida humana. — Mordisco meu lábio nervosa.
Antes que consiga me controlar tenho uma visão muito forte, sem aviso salto da cama.
— Algo mudou. — Digo alarmada, indo em direção a porta ao mesmo tempo que Jasper.
Ele colocou as mãos nos meus ombros e me guiou de volta para a cama, me sentando na beirada. Tentando controlar minhas emoções em pânico.
— O que você vê? — Questiona o loiro atentamente, olhando dentro dos meus olhos.
Mas minha visão embaça, estou vendo uma sala de balé, sim, estou tendo aquela visão. Não deveria ter me assustado tanto, sabia que a teria. Bella se sentou perto, se inclinando de forma curiosa.
— Eu vejo um quarto. É longo, e tem espelhos me todo lugar. O chão é de madeira. Ele está nesse quarto, e ele está esperando. Há dourado... uma faixa dourada por entre os espelhos.
— Onde é o quarto? — Questiona.
— Eu não sei. Está faltando alguma coisa outra decisão que ainda não foi tomada.
— Quanto tempo? — Interroga.
— Em breve. Ele estará na sala dos espelhos hoje, ou talvez amanhã. Isso depende. Ele está esperando por alguma coisa. E ele está no escuro agora.
A voz de Jasper estava calma, metódica, enquanto ele me interrogava cheio de prática.
— O que ele está fazendo?
— Ele está assistindo Tv... não, ele está passando uma fita de vídeo, no escuro, em outro lugar.
— Você consegue ver onde é?
— Não, é escuro demais.
— E o quarto dos espelhos, o que mais há lá?
— Só os espelhos, e o dourado. É uma faixa, ao redor da sala. E há uma mesa preta com um grande som e uma TV. Ele está tocando um videocassete lá, mas ele não está assistindo como faz na sala escura. Nessa sala ele só espera. — Meus olhos vaguearam, e então se focaram no rosto de Jasper tão perto do meu.
— Não há mais nada?
Balanço a cabeça que não, desviando minha atenção para Bella confusa demais com a situação.
— O que isso significa? — Questiona ela.
— Significa que os planos do perseguidor mudaram. Ele tomou uma decisão que vai guiá-lo ao quarto dos espelhos, e ao quarto escuro. — Jasper declara serio.
— Mas nós não sabemos onde esses quartos são?
— Não. — Sussurro, mentindo. — Mas nós sabemos que ele não estará nas montanhas á Norte de Washington, sendo caçado. Ele vai enganá-los. — Minha voz estava vazia.
— Devemos ligar? — Bella pergunta indecisa, mas o telefone tocou.
Jasper já estava do outro lado da sala antes que eu pudesse levantar minha cabeça pra olhar. Ele apertou um botão e colocou o telefone no ouvido com pressa.
— Carlisle — O loiro sorri nervoso.
— Sim — ele disse, olhando pra mim.
— Alice acabou de vê-lo — Jasper descreveu de novo a visão que eu tinha acabado de ter. — O que quer que tenha colocado ele naquele avião... está levando ele para aquelas salas. — Ele parou. — Sim — Jasper disse para o telefone, e então falou com Bella. — Bella?
Ela correu pegar o telefone com um sorriso enorme, estava claro o desespero. Então minutos se passaram com Bella conversando com Edward, parecia mais leve. Sorrindo e dizendo juras de amor, era muito meloso para mim.
Me recolhi tendo outras visões, antes que me de conta estou sentada no sofá sendo auxiliada por Jasper para desenhar num papel com emblema do hotel. Rabisco sobre a mesa concentrada na visão. Ouço os passos de Bella em nossa direção, Jasper está inclinado sobre a mesa, desenho uma sala, longa, retangular, com uma sessão quadrada, mais fina lá no final.
As placas de madeira estavam expostas na longitudinal em todo o chão da sala. Nas paredes, as linhas denotavam o espaço de um espelho para o outro. E então, atravessando os espelhos, acima da altura cintura, uma longa faixa dourada.
— É um estúdio de Balé — Bella diz animada reconhecendo as formas familiares.
Jasper olhou para ela surpreso.
— Você conhece essa sala? — A voz de Jasper parecia calma, mas havia algo por baixo dela que eu não podia identificar.
Abaixou a cabeça para o meu trabalho, minha mão voava sobre o papel, o formato da saída de emergência no fundo da sala, o som e a TV numa mesa baixa que ficava no canto da frente da sala.
— Parece com um lugar que eu costumava frequentar para ter aulas de dança, quando eu tinha oito ou nove anos. O formato é o mesmo. — Bella revela.
— É aqui que eram os banheiros, as portas passavam pela outra sala de dança. Mas o som ficava aqui — Apontou o canto esquerdo — Era mais velho e não havia uma TV. Havia uma janela na sala de espera — Disse olhando o desenho.
— Você tem certeza de que é a mesma sala? — Jasper perguntou, ainda calmo.
— Não, nem um pouco, eu creio que todos os estúdios de dança sejam parecidos, os espelhos, as barras. — Bella traçou as barras nos espelhos com o dedo. — É só que o formato me pareceu familiar.
— Você teria algum motivo pra ir lá agora? — Pergunto.
— Não, fazem quase dez anos que eu não vou lá. Eu era uma dançarina horrível, eles sempre me colocavam no fundo dos recitais — Bella admiti.
— Então não tem jeito disso estar ligado á você? — Pergunto atentamente.
— Não, eu nem acho que o dono seja o mesmo. Eu estou certa de que é algum outro estúdio de dança, em outro lugar.
— Onde era o estúdio que você frequentava? — Jasper perguntou numa voz casual.
— Era na esquina da casa da minha mãe. Eu costumava ir andando pra lá depois da escola...
— Aqui em Phoenix, então? — a voz dele ainda estava casual.
— Sim — Sussurrou. — Rua cinquenta e oito com Cactus.
Nós todos sentamos em silêncio, olhando para o desenho.
— Alice, o telefone é seguro?
— Sim — Digo sabendo que Bella deveria seguir o futuro que vi para ela ou poderia dar mais merda ainda — O número vai ser localizado em Washigton.
— Então eu posso usá-lo para ligar para a minha mãe.
— Eu pensei que ela estivesse na Flórida. — Resmungo disfarçando.
— Ela está, mas ela vai voltar pra casa em breve, e ela não pode voltar pra casa enquanto... — Sua voz tremeu.
—Como é que você vai encontrá-la?
— Eles não têm números permanentes exceto em casa, ela tem que checar as mensagens regularmente.
— Jasper? — Questiono o mesmo.
— Eu acho que não pode fazer mal nenhum, mas tome o cuidado de não dizer onde está, é claro. — Sorri tranquilo.
Bella pegou o telefone ansiosamente e discou o número familiar. Ele tocou quatro vezes, e então eu ouvi a voz a voz suave da mãe dizendo pra deixar uma mensagem.
Seria uma longa noite.
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Notas:
Deixem aquela estrelinha de voto! Pois isso me motiva muito a continuar S2 Não se esqueça de adicionar a Fanfic na sua biblioteca para ser notificado das atualizações.
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