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Popularidade não era algo que eu desejava, mas não importava o quanto eu tentasse, todos os olhares se voltaram para mim quando entrei na sala de história, normalmente Mike ocupa o lugar ao meu lado já que Jacob estava um ano abaixo de mim.

— Alice, quer ir na minha festa hoje à noite? — Mike sorri abertamente, passando a mão pelo cabelo entupido de gel com ousadia — Todo mundo vai... Pode levar seu cachorrinho de estimação. — pisca.

— Jacob não é meu cachorrinho. — Mordo o lábio impedindo uma risada, ando devagar, sentindo meus pés formigarem nas botas um pouco mais apertadas do que o costume, deveria ter colocado uma meia mais fina.

A maioria dos garotos olham para mim com admiração, cochichando uns com os outros. Elogios, ofensas, não importava, tudo que sei é que a popularidade de pertencer a família Cullen já arruina qualquer escolha de ficar em um quanto em silêncio. Então quando os repórteres começaram a falar de Edward, principalmente da tentativa estúpida de Bella. Me pergunto o que aconteceria se Jacob tivesse escolhido ela em vez de mim, teria morrido provavelmente.

— Eu não mencionei nenhum Jacob, mas parece que você o considera sim seu cachorrinho de estimação. — Provoca passando a língua pelos dentes, sorrindo igual uma propaganda de pasta de dente. — A festa vai ser incrível, tem que ir princesa!

— Me convenceu, que horas vai ser? — Questiono procurando minha classe, para meu desprazer o lugar costumeiro de Mike já estava ocupado.

— Às nove da noite.

— Vou estar lá. — Forço um sorriso caminhando firmemente até minha mesa, Mike empacou um passo atrás de mim.

Suas mãos fechadas em punhos, Mike segurou a respiração olhando hesitante para o loiro sentando onde não deveria. Penso em sentar em outro lugar, mas todas as cadeiras já estavam ocupadas, tirando uma ao lado de Jessica, engulo em seco indo na direção dela, sua classe ficava ao lado da minha, um pouco mais afastada. Porém Mike se sentou lá acuado, virando seu rosto para o quadro branco, tremendo um pouco.

Jasper levanta o olhar de forma intimidadora, uma onda de medo se choca contra mim como uma suave brisa. Sinto que preciso correr para longe dele, sem perceber firmo minha mão na mesa de Mike, que ainda fitava o quadro com determinação. Tenho que sair desta sala agora, sinto que alguma coisa muito ruim vai acontecer se eu ficar, estou correndo perigo aqui. Dou um passo pra trás percebendo tarde demais que Jasper estava usando seu dom em Mike, ele pisca com um olhar de culpa, abaixando a cabeça, punhos cerrados.

Não foi sua intenção que me atingisse, mas isso é pior ainda! Porque ele quer machucar meu amigo? Simplesmente inaceitável tal comportamento vindo de um homem que poderia ser meu avô. Mordo o lábio controlando minhas emoções novamente, voltando ao nervosismo de sempre. Tudo bem, posso sentar ao seu lado, dou pequenos passos passando por trás dele, retiro minha bolsa deixando ela atingir sem querer sua cabeça. Jasper olha para mim de soslaio, encolhendo os ombros em seguida, como se tivesse sido repreendido pelo mau comportamento.

Sento rapidamente antes que perca a coragem, tiro meu caderno junto com minhas canetas da bolsa de couro. Não perco meu tempo olhando para o lado, ignoro a tensão chata entre nós.

— Milady, está brava comigo? — Interrogou com a voz limpa.

Claro que eu não estava brava com ele, imagina, porque deveria sentir algo por alguém que partiu sem nem dizer adeus? Mordo o lábio abrindo o livro de história, tentando me distrair com assuntos nada interessantes da aula de hoje, como a incrível evolução da roda. Deslizo meu dedo pelo texto sem ler de verdade, ergo minha cabeça escutando a voz enjoada do professor, batendo no quadro, seu terno desaliado, barba por fazer.

A maioria dos alunos se arrumava, ao menos não viam com o cabelo parece um ninho de passarinho igual o professor, claro que nunca tinha notado isso antes, porém parece tão misterioso agora. Até mesmo as cores cremes da parece conseguem me distrair com facilidade, fugindo dos meus pensamentos que continuam voltando para o homem ao meu lado.

— Não tive escolha... — Sua voz se tornou arrastada, mas mesmo assim continuo a encarar o professor explicando a matéria. — Era muito arriscado leva-la comigo, quando poderia permanecer aqui como humana, não queria tirar essa oportunidade de você.

Oportunidade de estudar em uma cidade que só chove? Com várias mortes misteriosas de ataques de animais? Com Victoria querendo meu corpo? não no bom sentido. Viro as páginas do livro pesado, ignorando a voz dele, algo muito difícil de fazer, devo admitir. Sei que Edward e Rosalie sonham com uma vida humana, casar, ter filhos e um cachorro, mas isso não me parece nada atraente.

Não que eu tivesse muitas escolhas, não posso me tornar uma vampira de novo, Carlisle tentou, James já me mordeu e nada aconteceu. Suspiro irritada com meus próprios pensamentos, era inevitável, os Cullens permaneceriam iguais enquanto eu vou para algum asilo. Entendo porque meus pais me deixaram, pensando no melhor para a Alice verdadeira, que queria ficar com Mike, provavelmente compartilhava dos sonhos de Edward.

— Tudo que eu queria é que ficasse segura, longe dos Volturi. — Jasper sussurrou controlando a angústia em sua voz — Me perdoe por desejar o melhor para você.

Está jogando a culpa em mim agora? Se bem que eu tenho culpa de toda essa situação desagradavel... Mas mesmo assim, é cruel. Viro outra página mantendo-me em silêncio. Se ele soubesse que tudo que eu desejava era ficar ao seu lado, talvez pudesse entender porque é tão difícil olhar em seu rosto.

— Sexta-feira quero as assinaturas dos pais para o passeio! — Anunciou o professor puxando o mapa de volta ao seu lugar. — Turma estão dispensados.

Com pressa fecho o livro sem querer cortando meu dedo, sangue quente mancha minha pele, pingando na mesa. Olho para o lado, Jasper parece muito concentrado, fascinado com o sangue. Nossos olhos se encontram faiscando, mordo o lábio ignorando a dor.

— Precisa de um curativo? — Gagueja Jasper constrangido, articulando culpado pela sua fome.

Reviro os olhos para seus cuidados, me afastando com passos largos, deixando o mesmo paralisado para trás. Não preciso dar mais que alguns passos para Jessica me puxar pelo braço, sua voz animada, contagiante.

— Não vai acreditar! Mike vai dar uma festa, isso não é legal? Pensei que hoje seria um tédio. — Jessica sorri levando-me com ela, passando os corredores para a próxima aula que teríamos juntas.

— Muito legal. — Resmungo sem humor.

Depois de muitas aulas entediantes consegui controlar o nervosismo, estava tudo bem. Os Cullen tinham voltado, Bella continuava uma idiota sem cerebro e Mike ainda dava em cima de mim e ela ao mesmo tempo como um perfeito libertino em cada aula que tinhamos juntos. Às vezes acho que faz isso só para irritar Edward.

Quando me sento na mesa do almoço ao lado de Jessica percebo como as horas passaram voando, Ângela mantém a conversa com Eric e a melhor amiga, falando animadamente da festa de hoje.

— O que você vai vestir, Alice? — Jessica questiona animada, olhando de esgueira para a mesa dos Cullens, onde Bella roubou meu lugar.

Emmett sorriu para mim, acenando para que me junte a eles. Rosalie e Edward se fuzilavam provavelmente ofendendo um ao outro enquanto Bella segurava seu livro beliscando uma batatinha no prato, Jasper continuou me encarando como um cachorrinho que caiu da mudança, batendo o pé nervoso, querendo provavelmente vir até a mesma dos não populares.

— Não sei ainda...

— Olha quem eu encontrei pulando o muro da quadra? — Mike rosna arrastando Jacob pelo braço — Acho que ia se encontrar com alguma garota. — Mike se senta ao lado de Eric jogando lenha na fogueira.

— Sam, queria falar comigo... — Gagueja ficando com as bochechas coradas — Coisas do bando.

— Bando, vocês tem uma banda?

— Tem sim, Jacob é o vocalista. — Provoco, pegando sua mão o fazendo sentar ao meu lado.

— Nossa que legal, porque não canta um pouquinho para nós? — Angela incentiva com um grande sorriso.

— Ah depois...

— Pode cantar na festa, se quiser. — Mike convida mordendo um tomate — Vai ser interessante.

Seria muito interessante ver Jacob tentar cantar diante de uma plateia, mas sei que não estava afim de pagar mico. Mordo meu hambúrguer saboreando o gosto do queijo misturado com a carne, tinha um lado bom em ser humana. Deixo meus amigos fuzilarem Jacob de perguntas, ele desviou de todas com destreza exemplar.

— Oh bem na hora! — Mike sorri para Bella se aproximando da mesa com Edward — Olha só essa, meus queridos companheiros, nós somos o futuro, tudo é possível se acreditarem, bla bla bla.

— Bonito — Jessica diz ácida obviamente não tinha gostado nada da ideia de discurso de Mike — Ese vai ser meu discurso se eu quiser que todas joguem seus diplomas na minha cabeça, então obrigada. — Amassa a folha de papel com o discurso arremessando na cara de Mike sorridente.

— Tem que aceitar os clichês, Jessica! — Mike diz comendo uma batatinha, voltando sua atenção para Bella, depois para Edward.

Pelo sorriso nervoso estava óbvio que nenhum Cullen tirando eu foi convidado para sua festa, deveria agradecer depois por isso. Mordo o último pedaço do meu lanche, pegando o copo de água gelada, tomando pequenos goles.

— Eles são o arroz com feijão de todos os oradores. — Eric completa sério.

— E é por isso que você não é orador. — Ângela ri do namorado, dando um tapinha no ombro dele.

Jacob parece analisar o território, seus ouvidos atentos enquanto mastiga com pressa o cachorro quente, passando mostarda e catchup à vontade. Uma vez ou outra sorrindo para mim de forma tranquilizadora. Para meu desprazer Jasper tomou coragem de se aproximar, puxando a cadeira ao lado de Edward que o recebeu com um sorriso fino.

— Jessica, não precisa de clichês! O discurso vai ser épico — Bella sorri como se isso fosse realmente verdade.

— Épico, vai mudar vidas! — Jessica sorri iludida.

— Eu decidi dar uma festa. — Emmett se intromete na conversa, chegando por trás de mim, deixando Jacob em alerta, sua mão repousa em meu ombro, levanto a cabeça recebendo um sorriso animado do mesmo.

— Afinal quantas vezes a gente vai se formar no segundo grau? — Proferiu Jasper com sua voz aveludada, seus olhos tentando analisar qualquer mínima expressão que eu fizesse.

— Uma festa na sua casa? — Angela se anima olhando Edward que balança a cabeça suavemente.

— Eu nunca vi sua casa. — Jessica parece chocada com a descoberta.

— Ninguém, nunca viu a casa dele! — Eric ri mastigando uma maçã.

— Outra festa? — Digo entre dentes ignorando a raiva, revirando os olhos — Será que vai ser tão divertida quanto a outra? — Mordo o lábio me controlando para não brigar com Emmett.

— Vai ser legal. — Sussurrou perdendo um pouco do ânimo — Vai vir para casa hoje? — Se abaixa questionando perto do meu ouvido, percebo o olhar atento de Jasper em minha resposta.

— Sim...

— Oh minha irmãzinha linda. — Sorri me abraçando, dando um beijo em minha bochecha — Estava com tantas saudades.

— Tá bom, agora desgruda! Está bagunçando meu cabelo! — Resmungo fazendo ele rir.

— Ah eu te amo! — Confessa afundando a mão em meu cabelo de vez, bagunçando mais ainda, se afastando quando faço uma careta

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Quebra de Tempo

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Com o frescor do anoitecer as aulas se estenderam de forma tediosa, fazendo-me mergulhar em pensamentos desagradáveis. Teria que aguentar firme, mesmo que minha vontade seja de gritar palavras proibidas para Jasper. Puxo a jaqueta de couro, sentindo o frio percorrer meus dedos, estendo minha mão para Jacob, que a pega sem hesitar.

Sua pele quente contra a minha, faz um suspiro escapar, é tão fácil estar com ele. Sem sede de sangue, vontade de rasgar minha garganta, Jacob não quer me matar a cada milésimo de segundos, algo que acho deveras muito agradável.

As duas próximas aulas passaram rápido, antes que conseguisse pensar direito estava saindo com minha bolsa de lado, caminhando ao lado de Jacob. Seus passos lentos como os meus, minha mão perdida na dele, entrelaçadas. Dou um pulinho desviando de uma poça de água, incrivelmente o céu estava limpo, mas mesmo assim o sol se escondia em algum lugar no horizonte.

— Tem certeza? — Jacob apertou minha mão mais firme, trazendo-me para mais perto, andamos pelo estacionamento contando formiguinhas, adiando o inadiável. — Quer mesmo voltar para a casa dos Cullens?

— Preciso ver meus pais! — Sussurro mordendo o lábio — Estou com saudades, você entende Jacob?

— Entendo, só não quero que você se sinta desconfortável.

— Não me sinto, são minha família de qualquer forma. — Mesmo tendo me abandonado...

Marcho em direção ao novo Volvo de Edward, perto das escadarias, meu coração bate ansioso, mordo o lábio sentindo o gosto metálico na ponta da língua, dessa vez Bella não estava grudada nele. Talvez seja o mau humor de Rosalie que parece impaciente, seu irmão já estava com as mãos no volante, somente ela e Jasper continuavam parados embaixo das árvores, com olhares selvagens percorrendo o estacionamento. Não conseguiriam me achar pelo cheiro, principalmente com Jacob ao meu lado, fedendo igual um cachorro molhado.

Quando os olhos dourados do meu ex-noivo me encontraram seus lábios se recontroceram formando uma careta um pouco estranha, está óbvio que os vampiros odeiam os lobisomens, mas aquele olhar direcionado a Jacob era assassino.

— Ei! Jacob! — Ouço a voz alta de Mike gritando no estacionamento, acenando em nossa direção. — Pode me dar uma ajuda, amigão?

— Então, te vejo na festa à noite? — Questiono sorrindo de lado, poucos passos do carro, Edward parece impaciente também.

— Sim, nunca perco uma boa festa. — Jacob sorri soltando nossas mãos, indo para o lado do carro um pouco mais distante do volvo de Edward.

Acompanho seus passos, acenando de volta para Mike que parece um pouco mais calmo, pelo que eu vejo o carro estragou, ele abriu o capô mostrando para Jacob sorrindo nervoso.

— Talvez sejam os cabos — Jacob sugeriu observando o motor da máquina, mexendo em algumas mangueiras.

— Talvez. Eu realmente não sei nada sobre carros. — Mike admitiu. — Eu preciso que alguém dê uma olhada, mas eu não posso deixar isso para Dowling.

— Eu sei algumas coisas, eu posso dar uma olhada, se você quiser. — Jacob ofereceu.

— Hã... obrigado! Valeu mesmo cara! — Sorriu amplamente — Vocês vão na festa hoje, não podem perder.

— Absolutamente sim! — Balanço a cabeça sorrindo animada de verdade, poderia dar uma escapada da pressão dos Cullens no meu cangote.

— Até mais. — Jacob sorriu, me puxando pela cintura, aproximando nossos corpos, deslizo minha mão pelo seu braço quente, sinto minhas bochechas formigarem, ele se inclina roubando um beijo rápido e tímido.

— Até às oito — Sussurro com meu coração batendo a mil por ele, puxo sua nuca, selando meus lábios nos dele com vontade, deixando minha língua brincar com a dele, suas mãos em volta da minha cintura apertavam me tirando do chão por breves segundos.

Nos afastamos para recuperar um pouco do fôlego, não consigo não sorrir para ele, deslizo minha mão pelo rosto dele, colocando uma mecha de cabelo de volta no lugar.

— Tem que ir mesmo? — Sorri travesso, pegando minha mão com delicadeza — Poderia ficar mais um pouquinho? — Faz beicinho cruelmente para desfazer todas minhas barreiras.

— Tenho que ir Jake. — Selo nossos lábios rapidamente me despedindo.

O Volvo de Edward, estava só dois carros à distância, óbvio que os vampiros conseguem ver bem o que acabou de acontecer, procuro por Emmett, mas parece que ele foi para casa mais cedo. Um passo de cada vez tento esquecer a sensação dos lábios de Jacob nos meus, mordo minha língua controlando um sorriso.

Bella se encontra sentada no banco do carona olhando de boca aberta para mim, piscando em seguida, virando o rosto meio constrangida. Como se ela e Edward quase não se comessem dentro daquele carro no intervalo. Rosalie jogo o longo cabelo para trás furiosa, erguendo uma sobrancelha para mim de forma interrogativa. Já seu irmão, Jasper, encara a paisagem petrificado.

— O que foi aquilo? — Rosalie questiona segurava a porta do passageiro para mim.

— Aquilo o que?. — me finjo de boba passando a mão pelo cabelo, ajeitando o mesmo.

— Você acabou de beijar o nosso pior inimigo! — Resmunga ela quando finalmente me sento no meio, já que Jasper tinha pegado a janela para ele de forma egoísta.

— Jacob não é nosso inimigo. — Afirmo me sentindo desconfortável com a atenção deles sobre mim — Tem que parar com essa rivalidade estupida. — Resmungo olhando pra frente, Edward da partida no carro arrancando o mesmo do estacionamento.

— Sinceramente. — Bufa a loira virando a cara para o outro lado.

— Alice. — Chama Bella do banco da frente, seu olhar inocente — Então você e Jacob estão namorando? Legal...

— Sim, pensei que já soubesse. — Se bem que Bella só tem olhos para um certo alguém, nem mesmo deve ter percebido que os amigos mudaram, cresceram e amadureceram ao longo do ano.

— Deveria terminar com ele. — Edward aconselha apertando o volante virando uma curva — Eles são perigosos... — Afirma sombrio, como se os vampiros não fossem também.

— Pela sua lógica então deveria terminar com a Bella também. — Provoco erguendo uma sobrancelha em sua direção fazendo a garota ao lado dele roer as unhas nervosa demais para se conter.

— É diferente, Alice. — Suspira de forma exagerada.

Reviro os olhos para sua atitude, olho de soslaio para o loiro ao meu lado, seu cabelo cresceu durante o tempo que ficamos separados. Seu maxilar está trincando, observando os borrões de verde lá fora como se fossem a coisa mais interessante do mundo. Sou pega pelos seus olhos levemente dourados, ele espera que fale alguma coisa, sei que pode sentir minhas emoções deprimentes.

Seus lábios ficam entreabertos, pensativo viro o rosto ignorando meu coração batendo com força, gritando o quanto ele ainda pode mexer comigo.

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Quebra de Tempo

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Inclino sobre o vaso vomitando todo o almoço, sinto minha cabeça girar junto com o gosto metálico na ponta da minha língua, encaro o sangue que mancha a privada, puxo a descarga ignorando novamente a dor que percorre meu corpo.

O sangue de Jacob estava perdendo o efeito sobre mim, algo muito errado está acontecendo. Abro a torneira limpando o rosto, fazendo um gargarejo em seguida. Luto contra o sono, tenho que me acalmar, firmo minhas mãos na pia encarando o espelho. Meus olhos brilham em um castanho muito escuro, puxando levemente para o vermelho, mesclando com o vestido que coloquei.

— Seja forte... — Sussurro para mim mesma, tenho que ser forte, não importa o que aconteça, isso é problema meu.

Não quero envolver os Cullens nisso, de qualquer forma não tem o que fazer, parece que minha segunda chance está escapando entre meus dedos, forço um sorriso não reconhecendo o rosto no espelho, essa não sou eu.

Empurro a porta voltando para meu quarto, as cortinas foram trocadas por uma cor roxa forte, cobertores verdes decoram minha cama grande. Isso era uma forma deles se redimirem por terem me abandonado, mas o vazio continua insistente, não importava o quanto eu mergulhava nas ondas de La Push, sempre sou puxada para essa casa de vidro.

Talvez os Cullens não entendam minha repulsa a suas desculpas, porque no fundo eu sabia que se não fosse Bella tentar se matar eles nunca voltariam para mim. Pego a garrafa em cima da cômoda, engulo mais um gole do vinho caro de Carlisle, havia pegado escondido do escritório dele, não sei porque ele o tem, presente? Provavelmente um presente de um amigo humano.

Eu não deveria me sentir tão irritada com eles, mas ainda dói o vazio que eles deixaram, largo a garrafa. Termino de vestir um calção por baixo do vestido curto, respiro fundo apreciando a brisa suave do verão entrando pelas janelas do quarto, Esme realmente trocou tudo, redecorou as paredes, encheu meu guarda roupa com novas blusas, calças, vestidos e sapatos. Estavam tentando me comprar, se fosse antes teria funcionado. Mas viver com os Quileutes me ensinou a apreciar as pequenas coisas, como a areia entre os dedos, camisas rasgadas e pão quente de manhã.

Eles levam uma vida primitiva demais, tirando as noites em frente a tv, na maioria dos dias caminhamos na praia até tarde. Sam conta histórias de terror na fogueira, enquanto comíamos marshmallow.

Ouço a conversa lá embaixo, empurro a porta do meu quarto adentrando o corredor amplo, bato meus saltos contra o chão de madeira, alto o bastante para que saibam que estou descendo, espio a escadaria. Desço degrau por degrau ignorando meus demônios internos. Quero mais que é todos se fodam! Estou cansada de fingir que está tudo bem, quando na verdade estou enlouquecendo cada dia mais nesse lugar. Forks é deprimente, chuvoso e úmido demais para o meu gosto.

Pulo o último degrau recebendo um sorriso acolhedor de Emmett que estendeu a mão para mim como um perfeito cavalheiro, sinto sua pele fria contra a minha quente, tento ser educada.

— Está deslumbrante, irmã. — Elogia beijando as costas da minha mão com delicadeza — Vai a uma festa?

— Sim, Mike me convidou...

— Presumo que ele não se importaria se tivesse penetras?

— Acho que se importaria sim... Não leve a mal. — Mike odeia os Cullen, masculinidade frágil? talvez... Bom não importava — Mais você vai dar uma festa de formatura, não é mesmo?

— Talvez não deva convidar ele, mas pensando bem, gostaria de mostrar que sou o melhor festeiro! — Sorri convencido — Vou chamar Mike pessoalmente. — Ri enquanto me junto a eles na sala ampla.

Sofás de couro decoram o espaço, Esme vem até mim como uma boa mãe, abraçando-me, sussurrando em meu ouvido.

— Senti tanto a sua falta querida. — Articula não conseguindo ficar parada — Finalmente tenho minha pequena de volta. — Parece à beira das lágrimas.

— Também senti saudades, mãe. — Forço um sorriso sentindo a tontura voltar, mantenho meus pés no chão.

A música clássica de fundo parece gritar nos meus ouvidos, bato o pé no chão afastando a dor. Carlisle sorriu, depois que Esme se afastou ele me abraçando com força, seu cheiro é encantador, mas isso só me faz querer vomitar de novo.

— Pai, por favor, preciso de espaço. — Peço me afastando do seu abraço de urso.

— Desculpa, usei força demais? — Questiona preocupado.

— Um pouquinho... — Minto tentando justificar minha careta ao sentir meu estômago revirando.

Quando estou com Jacob os efeitos são suaves, mas cada vez que ele se afasta me acertam como um soco na cara, estava me tornando dependente demais do sangue dele.

— Vocês sabem o que eu quero — Bella gaguejou começando seu drama olhando cada rosto com olhos à beira do choro — E eu sei o quanto estou pedindo — Dá um passo pra frente descendo a escadaria, quase tropeçando no caminho — O único jeito justo de decidir isso é através de votação.

— Você não sabe o que está dizendo...

— Ah fica quieto Edward! — Digo pegando uma garrafa de vinho que eles usam como decoração na estante enorme cheia de livros clássicos, encadernados em capa dura de couro.

Abro uma garrafa de vinho fuzilando ele com o olhar, fazendo o mesmo se encolher um pouco. Bebo um gole sentindo a doçura afastar o gosto azedo do vômito.

Edward me irritava terrivelmente com seu drama adolescente, quem se importava com Bella vampira ou não? Tudo que ele quer pelo visto é morrer, provavelmente queria estar no meu lugar. Bato o pé contra o tapete branco estendido de forma aconchegante por toda a sala.

— Alice?

— Porque não? — Digo virando a garrafa encarando Bella de forma entediada — Bem vinda a família! — Digo bebendo para passar a dor em minhas têmporas, Jasper me olha de soslaio meio acuado perto da varanda, bebo mais um gole de vinho sentindo a tontura da bebida me embriagar.

— Eu voto sim, vai ser bom não querer matar você o tempo todo. — Jasper foi rápido e direto perdendo pouco tempo para olhar diretamente nos olhos de Bella

Ele foi esperto de ficar próximo da varanda aberta, escapando do cheiro do sangue. Sento no sofá jogando minhas pernas por cima do mesmo, meus saltos largados no chão.

— Eu sinto muito, peço desculpas a vocês dois pela forma como eu agi, mas não é a vida que eu teria escolhido, e queria que alguém tivesse votado não pra mim. — A loira sorriu nervosa, aquele discurso era pura enrolação, Rosalie não queria Bella na família, muito menos depois do drama que fez por Edward.

— Onde Jacob está? — Sussurro virando outro gole, tinha pegado o mal costume com Billy de beber e beliscar alguma coisa quando entediado.

Olho pela janela esperando a luz da moto de Jacob aparecer entre a densa floresta, quando voltei minha atenção à sala novamente percebi que meu sussurro podia ser ouvido em alto e bom som e provavelmente minha pressa por fugir dali também não passou despercebida pelos vampiros.

Dou um sorriso de escárnio rezando a Jesus Cristo que minha carona chegue logo, para que eu possa relaxar um pouco. Tudo que preciso é de uma festa, uma de verdade com pessoas que não querem me devorar.

— Eu voto é pode Crê! — Emmett sorriu abraçando Bella desprevenida, fazendo ela soltar um gritinho.

— Já considero você parte da família — Esme disse sorrindo calma.

— Grande família ... — Mordo o lábio controlando minha língua, vejo as luzes lá fora da moto, não perco meu tempo, levanto do sofá rapidamente, quase tropeçando e caindo em cima de um vaso de planta, coloco meus saltos altos pretos.

— Estou indo, tenho uma festa, não me esperem acordado! — Falo em bom tom correndo para a porta da frente, atravessando a sala com a missão de ignorar a careta de Rosalie — Ah vocês não dormem mesmo. — Um riso escapa conforme passo pela sala sem olhar no rosto de ninguém, largo a garrafa de vinho em cima da mesinha.

— Porque faz isso comigo? Sabe o que significa... — Ouço Edward resmungar, pego meu casaco pendurado na entrada porta, observando o drama.

— Você escolheu não viver sem ela, não me deixou escolha! Eu não vou perder meu filho. — Carlisle sorriu tenso.

Fecho a porta sem olhar para trás, louca pela sensação de conforto costumeiro que tenho com meu lobo. Corro o máximo que consigo com meus saltos altos agulha, Jacob me joga o capacete no ar, pego o mesmo o colocando em seguida.

— Está atrasado! — Reclamo recebendo um sorriso de lado como resposta.

— Se agarre bem, amor. — Jacob rosnou com um sorriso, firmo minhas mãos em seu ombro, passando a perna por cima da moto, sentando, espero que arranque.

Voamos na pista descendo a rua lisa, mergulhando na noite estranhamente quente, estamos no verão de qualquer forma. Minha dor de cabeça melhora instantaneamente quando estou com ele.

— Sentiu minha falta? — Questiono em um grito contra a ventania forte, viramos uma curva rapidamente.

— Muita, pensei em você a cada segundo que estivemos separados.

— Pare de mentir, não precisa exagerar! — Resmungo com falsa irritação.

— Mas estou falando a verdade! — Se zanga rindo em seguida, acelerando mais ainda na estrada, pulamos um quebra mola, pneu canta no asfalto.

Aproveito para acalmar meu coração, abraço firmemente Jacob, ele acelera mais ainda passando dos trezentos km por hora na faixa reta, tudo ao nosso redor não passa de um borrão de verde em meio a noite. Deixo-me levar pelo vento batendo contra minha pele, arrepiando-me por completo.

Chegamos na casa de Mike mais rápido do que imaginei, sinto que meu coração vai sair pela boca quando finalmente tiro o capacete, arruinando por completo meu penteado. Uma casa grande de dois andares se encontra no meio do mato, tem até balanços do lado de fora. Desço tentando recuperar-me da adrenalina, Jacob estacionou ao lado da Van de Eric, mas eles não estavam ali. Caminho afundando meu salto na terra desregular, estendo minha mão para Jacob que a pega.

— Nossa, você deveria pegar mais leve com o acelerador! — Provoco ele fazendo o mesmo sorrir travesso, me puxando pela cintura.

— Se você pegar mais leve com meu coração, talvez eu pense no caso. — Sussurrou se aproximando, segurando meu queixo com uma mão — Posso?

— Pode o que? — Questiono passando a língua pelos dentes.

— Te beijar? — Sua voz se torna rouca, segurando mais firmemente minha cintura.

— Amiga! Amiga... — Grita Ângela, abaixando a voz quando notou que estávamos prestes a nos beijar. — Desculpa, não queria interromper!

— Tudo bem. — Repuxo meus lábios em um sorriso calmo, quando na verdade tudo que queria era arrastar Jacob para uma moita e esquecer do mundo.

— Angela, onde você foi? — Eric chama, sorrindo em nossa direção — Chegaram? Vamos entrar logo! Tem bebidas na cozinha.

— Cerveja? — Questiona Jacob erguendo uma sobrancelha, seguindo Eric para dentro da casa, mas não antes de me dar um selinho.

— Poxa, desculpa atrapalhar. — gagueja Ângela me guiando para dentro da casa, passamos pela sala cheia de adolescentes dançando, música alta tocando.

A casa de Mike não era tão afastada da cidade, por isso seus pais não se importavam muito em deixa-lo sozinho no final de semanas, mas hoje ainda é quinta não? Observo pela janela os carros estacionados em cima da grama, acompanho os passos de Ângela encontrando Jessica com uma garrafa na mão e um sorriso alegre.

— Alice! Você veio? — Grita de forma histérica pulando de cima do sofá — Vem dançar comigo. — Agarra meu braço me arrastando para a pista improvisada.

— Claro... — Gaguejo atrapalhada pelo som muito alto, música eletrônica toca em meio às luzes piscantes saindo da enorme caixa de som.

Agora eu entendo porque Mike é tão popular em Forks, acho que é o único que dá festas assim sem os pais juntos. Mexo um pouco com Jessica, dançamos conforme a batida, jogando o corpo para um lado e outro, balanço a cabeça, pegando um copo vermelho típico de festas americanas, viro o mesmo.

O líquido doce escorre entre meus lábios, descendo pelo meu pescoço, pego mais uma bebida tomando pequenos goles para não ficar embriagada muito rápido.

— Bem vinda, Alice! — Mike grita vindo em nossa direção dançando com dois bastões de luzes, balançando a cabeça de um lado a outro como um louco — Curtindo a festa?

— Muito! — Confesso o fazendo sorrir mais largamente.

— Parece que Bella não pode vir. — Angela lembra com um sorriso desanimado.

— Assim é melhor, aquela garota é uma estraga prazeres! — Jessica diz levantando o copo de bebida, subindo em cima da mesinha de centro, soltando o cabelo em seguida — Bora dançar!

— Isso ai gata! — Mike vira o copo se juntando a ela e os outros convidados, curtindo a festa.

Procuro Jacob em meio a multidão encontrando o mesmo rodeado por um grupo de garotos, em uma mesa cheia de bebidas, parecem estar jogando um jogo para ver quem bebe mais. Aceno para ele, que retribuiu voltando a beber junto com o grupo, Eric anima a mesa batendo as mãos para chamar o próximo desafiante.

Estava tudo bem, barulhento, mas tudo no devido lugar. Deixo a música me levar esquecendo um pouco o tempo. Balanço a cabeça suavemente levando um copo de bebida a boca, sentindo o gosto doce de amoras misturado com álcool.

Tentei me convencer que estava gostando, que não estou aqui nessa festa irritante só para fingir que não preciso nem um pouco dos Cullens, muito menos do Jasper no meu pé. Queria que Quil estivesse aqui, ele ia adorar dançar comigo, fazer apostas terríveis para ver quem desmaia de cansaço na pista.

Angela puxa meu braço me tirando do meio da bagunça, arrastando-me com ela, passamos pela cozinha saindo na varanda do lado de fora. O som ficou abafado pelas paredes, permitindo-me ouvir melhor.

— O que foi? — Questiono rindo sem motivo, ainda contagiada pela bebida.

— Pode vigiar a porta do banheiro, para mim? Os de lá de dentro estão ocupados. — Acena com a cabeça para a casa ao fundo, parece um mini galpão para ferramentas, porém tem um banheiro com porta aberta. — Esse não tem tranca. — Suspira meio nervosa.

— Ah sim. — Forço meus lábios a sorrir — Eu vigio sim, pode ir tranquila.

Ângela correu depressa para o banheiro, descendo rapidamente os degraus. A brisa suave arrepia os pelos do meu braço, anormalmente fria. Dou um passo à frente ignorando a dor em meus pés, abaixo a cabeça verificando, parece que essa merda de saltos fez calos. Suspiro retirando os mesmos, deixo meus pés sentirem o frescor da grama macia, dou um passo e outro balançando com a música abafada, me afasto mais um pouco da casa.

— Não deveria estar sozinha aqui fora. — Uma voz rouca proferiu da varanda, me fazendo dar um pulinho para trás — Qual seu nome?

— Alice... — gaguejo acompanhando os passos dele com os olhos, descendo da varanda, sua mão virando um copo de bebida — Estou esperando minha amiga.

— Uma amiga? Não estou vendo ninguém. — Levanta a sobrancelha olhando ao redor — Ele disse que você cheirava bem, mas não imaginei que fosse tanto. — Sorri de lado mostrando os caninos.

Não acredito nisso, sério que a porcaria de um vampiro tinha que aparecer logo agora? Dou um passo pra trás sentindo meu coração bater assustado, Laurent deve ter enviado ele a mim, malditos vampiros traiçoeiros, esperou eu me afastar de todos para atacar.

— Jacob! — Grito com toda força que consigo fazendo o homem alto em minha frente sorri mais ainda, inclinando a cabeça em direção a festa barulhenta.

— Acho que seu namorado não vai ouvir você, querida. — Dá um passo à frente afrouxando a gravata — Que tal nos divertimos um pouquinho?

— Jacob! Socorro! — Grito na esperança que alguém ouça, mas a pessoa mais perto é Angela que pelo sons vindo do banheiro exagerou na comida japonesa e provavelmente não vai poder levantar daquele vaso por um bom tempo, isso é literalmente uma merda, parece que tudo nesse mundo joga contra mim.

— Grite mais alto! — Rosna dando passos mais largos, tentando me encurralar.

— Jacob! Jacob... — Respiro fundo recuperando o fôlego, andando devagar para trás, não quero tropeçar e cair de bunda no chão — Jacob! — Por favor me ouça...

Não hesito em correr em direção contrária a do meu predador, desviando de uma árvore e outra, sinto a terra arranhando meus pés descalços, pulo por cima de um galho errando o pé caindo com tudo no chão. Firmo minhas mãos na terra respirando de forma desregulada, agarro os galhos, levantando com rapidez, olho para trás.

O homem está a poucos passos de mim, parece estar querendo brincar com a comida, me deixando correr para longe da casa de Mike. Corro seguindo a luz da lua mergulhando na floresta.

— Jacob! — Gaguejo, respirando fundo, meu peito sobe e desce com esforço, acelero os passos escorregando em algo, rolando ladeira abaixo.

Grito ao ser jogada pela gravidade com toda a força contra uma pedra, rolando para o outro lado caindo com tudo contra algo molhado e frio. Me debato afundando na água, tento gritar logo sendo afogada, bato os braços segurando a respiração, minha visão embaça em meio a luz fraca da lua que me permite ver a sombra de um homem se jogar no lago.

Sinto mãos frias me abraçando, minha visão escurece enquanto tento lutar contra o homem que me puxa para cima, meu corpo colado ao dele, sinto o chão novamente abaixo de mim, tusso respirando fundo, meu coração erra um pulo ao se deparar com os olhos dourados, sua boca entreaberta, água escorrendo pela pele sobrenaturalmente pálida.

— Jasper? — Gaguejo batendo os dentes com o frio, hipnotizada com seu olhar intimidador. — O que está fazendo aqui?

Ele pisca escutando com atenção o vento soprar as folhas para longe, deixo minha cabeça cair por lado tentando ignorar meu coração batendo alto. A lua mergulha no lago trazendo um pouco de luz aos pinheiros à nossa volta na floresta densa.

Jasper apoia uma mão de cada lado do meu corpo, se aproximando devagar de forma intimidadora, encolho um pouco com sua aproximação rápida. Tusso novamente lembrando que quase morri afogada, sinto o toque suave de Jasper, deslizando a mão, tocando suavemente minha testa, sangue mancha seus dedos, estremeço.

— Te salvando. — Sua voz se tornou um sussurro aveludado acariciando meus ouvidos me acalmando instantaneamente — Agora vamos para casa, Alice. — Ordenou rouco, me puxando para seus braços, sua mão fria em minhas costas, nos puxando para cima com facilidade, seus dedos pressionam gélidos demais contra minhas pernas, me levantando, carregando-me igual uma princesa.

— Não posso, tenho que voltar para a festa... Jacob deve estar preocupado — Resmungo meio perdida em meus pensamentos, tentando analisar o que acabou de acontecer, seguro firme em Jasper evitando olhar para baixo, sou levada floresta adentro com rapidez sobre humana.

— Voltar para a festa é perigoso. — Declarou cerrando os maxilar, controlando seus próprios instintos — Ele fugiu quando voltamos à superfície, era um recém criado. — Seu tom se torna sombrio.

— Laurent deve ter mandado — Principalmente depois que descobriu que a suicida está viva e bem ao lado de seu Edward — Victoria quer Bella e eu morta... — Lamento, me encolhendo mais ainda para perto de Jasper.

— Victoria está desejando a morte dela própria. — Rosna soprando a mecha de cabelo molhado que se gruda em seu rosto esculpido pelo melhor escultor, fascinante demais para não ser admirado.

Estendo minha mão, tocando suavemente sua pele, subindo meus dedos pela bochecha arrepiando minha pele, como se tivesse tomado um choque, afasto as mechas de cabelo fazendo Jasper me olhar de forma estranha.

— Precisamos voltar para a festa, por favor! — Choramingo encarando seus olhos selvagens, sua testa levemente franzida em desacordo — Jacob pode estar em perigo.

— Ele sabe cuidar de si mesmo. — Fala entre dentes, pulando por cima de uma pedra para a outra, consigo ouvir o som baixo de água corrente conforme sou levada para mais fundo na floresta iluminada apenas pela luz fraca da lua dançando entre os pinheiros altos, fazendo sombras assustadoras.

— Me coloque no chão agora mesmo! — Afirmo balançando, inutilmente tentando escapar de seus braços, não posso deixar Jacob sozinho lá — Posso muito bem andar sozinha!

— Alice, você está fedendo a álcool... está bêbada? — Interroga com um sorriso torto provocando-me.

Reviro os olhos, tentando escapar, seu aperto se torna mais forte, consigo avista a luz fraca dos postes na estrada lá em baixo, sem hesitar Jasper pula mesmo estando muito alto, grito me segurando mais apertado, agarrando seu colarinho, seu sorriso se tornou divertido apreciando meu desespero.

— Eu não estou bêbada! Agora me coloque no chão seu louco! — Poderíamos ter morrido ao pular daquela altura, ergo a cabeça observando as montanhas, ele não se machucaria provavelmente, não é humano.

— Não posso. — Marcha em direção ao Volvo estacionado no acostamento da estrada mal iluminada, seus passos regulares igual um soldado — É meu dever proteger a senhorita, mesmo contra a sua vontade.

— Seja cavalheiro e me coloque no chão agora mesmo! — Grito perdendo o controle dos meus nervos.

Jasper se aproxima do carro com rapidez demais me deixando tonta para reagir quando abre a porta, me colocando sentada no banco do carona. Ele dá volta no carro, assumindo a direção, afundando o pé no acelerador arrancando com o mesmo cantando pneu.

O vestido se cola ao meu corpo, molhando o banco de couro, suspiro derrotada, até perdi meus sapatos naquele lago. Não sei como Jasper chegou aqui, deve ter nos seguido, pegou os hábitos desagradáveis de Edward de ficar stalkeando. Deixo o silêncio acalmar meus pensamentos, Laurent deve ter mandado o recém criado fazer seu serviço o que significa que mentiu sobre alguma coisa, isso é tão frustrante.

— Eu não queria ir embora. — Conta receoso olhando de canto de olho para mim, esperando que escute sua voz instável, virando o volante com calma desacelerando, ganhando tempo. — Cada dia longe foi uma tortura... Os Volturi encontrariam, eles a levariam de mim, então me perdoa por colocar sua segurança acima do meu próprio coração. — Tenta se explicar, seus olhos dourados atentos aos meus, procurando piedade, um resquício do que tínhamos.

— Queria que não tivesse voltado, estou bem agora! — Minto desviando meu rosto, segurando as lágrimas, seria tão fácil esquecer, poderia fingir que tudo não passou de uma alucinação.

— Com os Quileutes, imagino que agora eles são sua nova família, não? — Interroga apertando firmemente o volante, afundando o pé no acelerador, mordendo o lábio.

Ouvir isso torna tudo pior, meu coração bate irritado fazendo minha cabeça doer. Os pinheiros lá fora não passam de um borrão de verde enquanto os ponteiros de velocidade sobem, percorrendo a faixa com rapidez em direção a casa dos Cullen.

— Jacob e eu somos destinados a ficar juntos... — Gaguejo apertando meus dedos contra o tecido vermelho do vestido, controlando minhas emoções — Então sim, eles são minha nova família.

Deixo o silêncio reinar, controlando a vontade de gritar tudo que sinto por ele. Mas já estava decidido, Jacob teve um inprinting por mim o que significava que eu era sua alma gêmea e não posso negar que me sinto muito bem perto dele. Como se pudesse repousar e descansar para sempre ao seu lado, ouvindo as ondas de La Push.

Chegamos rapidamente na casa dos Cullen, Jasper estacionou o carro na garagem apertando o volante com muita força, seus olhos estáticos. No fundo sei que não podemos ficar juntos, não quando estou morrendo. Desço rapidamente do carro, batendo a porta, ele faz o mesmo me seguindo.

O chão gelado se choca contra meus pés descalços, sinto as lágrimas querendo escorrer pelas minhas bochechas, não é fácil superar seu primeiro amor, mas preciso seguir em frente. Mordi o lábio, apresso o passo em direção a escadaria que leva para dentro de casa.

— É assim, perdi você para sempre? — Sua voz saiu arrastada, com tom de choro, dando um passo para frente, segurando meu braço com delicadeza, não consigo virar para trás para encará-lo.

— Nunca houve um sempre Jasper. — Mesmo que eu quisesse, você me deixou pelo meu bem, mas não sabia que tudo que eu precisava era você.

Afasto-me abandonando todo o passado para trás, preciso focar em outra coisa antes que comece a chorar, pois sei que não vou conseguir parar. De qualquer forma, não sou eu quem ele ama, não sou a verdadeira Alice. Enquanto para Jacob sou só eu mesma... mesmo que não sinta nada por ele, sei que com o tempo posso me apaixonar pelo seu sorriso divertido, seu jeito animado, principalmente por seu coração gigante.

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Notas: 

Capitulo longo pros meus amores S2 Gostaram?

Deixem aquela estrelinha de voto! Pois isso me motiva muito a continuar S2 Não se esqueça de adicionar a Fanfic na sua biblioteca para ser notificado das atualizações.

09/01/2021