Highway to Hell
15 de março, 1987
refeitório da Beacon Hills High School
JUNGKOOK
Namjoon rouba meu almoço descaradamente enquanto fico levemente perdido encarando o garoto de óculos redondos do outro lado do refeitório. Taehyung parece bem feliz enquanto sorri para alguma palhaçada que Hoseok e Yeri estão fazendo com a comida em suas bandejas.
O refeitório na hora do almoço é simplesmente uma zona. Consigo sentir o ar pesado com hormônios, piadas de mau gosto, risadas altas e basicamente tudo de ruim que adolescentes têm para oferecer.
No centro das mesas, inclusive, uma garota loira, de meias coloridas, faz uma cena com seu namorado. Eles fazem parte da turma de Teatro e estão fazendo uma espécie de drama baseado em Romeo e Julieta. Tirando que, claro, ela está gritando que ele não vale nada e que traiu ela.
Prefiro não comentar.
Continuo encarando Taehyung e seus amigos. Noto que Yeri, no entanto, deixou de brincar e agora tem toda sua atenção voltada à menina loira de uma forma muito estranha.
Hmmm...
— Tem queijo na sua bochecha — Namjoon fala de boca cheia. Abominável.
— Humrum...
Hoseok agora estala os dedos na frente da cara de Yeri e Taehyung ri, colocando as mãos na barriga. Lembro do loiro metido que encontrei no karaokê, o tal Park Jimin, e faço uma careta de forma involuntária.
Hm.
— Não, não é um queijo, é um nacho.
— Aham...
Eu sou um idiota, não sou?
Enquanto olho para Taehyung e seu grupo de nerds desajustados, só consigo pensar em como sou um idiota. Poxa, eu tinha a chance bem ali na minha frente. Podia ter falado só um oi. Um mísero "oi" nunca matou ninguém. Ao invés disso, fiquei vendo-o beijar aquele idiota chamada Jimin, que teve a chance de ficar com esse garoto maravilhoso, quando eu que deveria estar fazendo isso, e ainda desrespeitou meu gosto musical. Vou ter pesadelos por séculos com tudo o que vi e ouvi naquela noite.
Taehyung está agora abraçando Hoseok bem firme, ignorando os patetas que encaram de sobrancelhas franzidas.
— Tem baba no seu queixo também.
— Hum...
Os três patetas são basicamente a escória dessa escola. São tudo de ruim. São os predadores que enchem o saco dos novatos, dos homossexuais, do pessoal do Teatro, dos professores, das pessoas de cor, de qualquer um que seja minimamente diferente deles e que respire.
Taehyung parece ser o próximo alvo. Ele continua abraçando Hoseok, que sorri brilhantemente e parece inocente. Yeri ficou séria depois da cena que a garota loira fez no meio de todo mundo. Inclusive, tal cena só acabou quando o diretor chegou e colocou ordem na bagunça.
Observo enquanto os três patetas sussurram entre si, dando risadinhas idiotas.
Lá vem...
— Inclusive, eu queria dizer que roubei o Impala do meu pai. — Namjoon continua tagarelando.
— Legal.
Os três patetas estão chegando perto da mesa de Taehyung...
— Vou usar ele pra traficar LSD, vai querer alguma coisa?
— Aham.
Estão chegando muito perto. Taehyung soltou Hoseok, num instinto...
Um dos três patetas, o que tem uma cabeleira ruiva e que me recuso a lembrar o nome, colocou ambas as mãos do lado da bandeja de Hoseok. Engraçado como esperaram o diretor sair para começar a bagunça. Ele está falando alguma coisa que não escuto a princípio, mas que não me parece nada bom. Nunca acontece coisa boa quando esses caras resolvem bagunçar.
— Sabe, eu também queria te dizer que me juntei com o clube de Teatro e foi comigo que o namorado da Lisa traiu ela.
— An?
Continuo observando a mesa de Taehyung. Agora o refeitório quase todo está em silêncio, provavelmente esperando por mais uma cena, mais uma confusão. Quando estou pronto para levantar, Namjoon me dá um tapa na nuca. Bem dolorido, aliás.
— Mas que cacete... — resmungo.
— Eu que digo que cacete, inferno! — ele me encara, possesso, mostrando pelo que é tão conhecido: Falta de paciência — Quando eu quiser te hipnotizar, vou usar a foto do Taehyung, aquela do anuário.
— Quê? O que você quer dizer?
— Você é burro ou se faz? Se você encarasse o menino por mais um minuto ia acabar entrando em outra dimensão — meu amigo estala os dedos — Ah, verdade. Você já estava em outra dimensão!
Sinto minhas bochechas corarem violentamente com a confirmação do fato de que eu não poderia ser mais óbvio, mas faço meu melhor para voltar minha atenção ao que está acontecendo no refeitório agora.
— Isso não importa, cala a boca — aponto para a mesa de Taehyung — Olha lá, os três patetas estão mexendo com eles.
Namjoon olha na direção da mesa dos nerds desajustados. Alguns alunos gritam. O ruivo derrubou a bandeja de Hoseok no chão, com um barulho, jogando toda sua comida no azulejo sujo do piso, e tem um grande número de vozes eufóricas como audiência.
— Olha só, Jeff — ele diz para um de seus amiguinhos — Essa daqui virou a mesa das bichinhas agora.
Escuto risadas. Dos patetas, da maioria das pessoas no refeitório... Hoseok tem seus punhos cerrados sobre a mesa. Ele já passou muito por isso, desde que chegou aqui não teve um minuto de paz. Inclusive, quando eu era um novato e fui pego beijando um garoto no banheiro, foi ele quem me defendeu, então meu respeito por esse garoto atinge níveis pessoais.
Jeff e seus amigos continuam as provocando até que Taehyung se levanta de um solavanco.
— Você acha que devemos fazer alguma coisa? — Namjoon sussurra — Porque eu tenho certeza que ninguém vai mover um dedo aqui para ajudá-los.
Ele não deixa de estar certo. Adolescentes adoram qualquer tipo de confusão, especialmente as que envolvem humilhação alheia e provavelmente violência.
— Eu não tenho certeza...
— Jungkook, esse é seu momento de brilhar — ele fala, me empurrando para Deus-sabe-o-quê — Vai salvar seu princípe.
— Quê?
Namjoon continua me empurrando, mas meus pés estão fincados no lugar enquanto presto atenção na mesa. No momento que o ruivo idiota começou a provocar dando pequenos toques na cabeça de Hoseok, Taehyung se aproximou dele. Está ameaçador de um jeito que eu nunca tinha visto antes.
— Se eu fosse você, eu o deixaria em paz. — Fala, firme.
— Own, que fofo, defendendo o namoradinho. E você vai fazer o quê? — Ele dá pequenos socos no peito dele, o empurrando cada vez mais para trás e meu sangue ferve — Sabe o que é isso?
Taehyung fecha os punhos, fica parado por uns segundos e quase consigo ver seu sangue borbulhando enquanto ele pondera se realmente vale a pena partir para a violência ou não. A parte pacifista dele parece não ter levado a sorte grande.
— Isso daí é falta de uma surra bem dada, mas eu vou resolv...
Antes que o idiota possa terminar sua frase repugnante, Taehyung agarra o purê de batata, que estava em sua bandeja, e joga na cara do ruivo pateta. É aí que eu me levanto e ando a passos apressados até lá, junto de outros jovens que querem acompanhar melhor o show. O que ele fez foi a gota d'água aparentemente. Jeff e o outro pateta irrelevante se aproximam dele e imediatamente sei o que vai acontecer.
Hoseok e Yeri estão de pé agora também. Talvez se eu realmente tivesse sido enxerido e dado um jeito de apartar a situação antes, não estivesse tudo tão ruim. Talvez estivesse ainda pior, na verdade. Taehyung está quase paralisado, consigo ver suas mãos tremerem daqui. Chego perto da confusão no exato momento que tudo vira um caos, mas não do jeito que eu esperava. Minha boca está aberta em surpresa enquanto observo Yeri cutucar Jeff, graciosamente, o dando um chute nas bolas assim que ele se vira na sua direção. O cara cai durinho no chão. Hoseok apenas acerta uma bandeja na cabeça do outro irrelevante, que também cai com um baque surdo bastante audível no silêncio que se instaurou repentinamente no refeitório.
No fim, só sobrou o ruivo, levemente assustado, mas mesmo assim continuando a se aproximar de Taehyung... O puxo pela gola da camisa antes que ele possa fazer qualquer outro movimento que seja. Olho para a cara feia dele e ele me encara de volta, seu rosto todo sujo de purê.
— Isso não vai ficar assim — sibila na minha cara. Devo ressaltar que tem um péssimo hálito — Vocês ainda vão ver só.
— Vai arrumar uma coisa melhor pra fazer e leva suas cadelinhas.
Ele abre aquela sua boca feia para me responder, mas uma outra voz — muito mais alta do que a confusão ao nosso redor e muito, muito, brava — o interrompe. Nesse momento, sei que estamos ferrados.
— Será que eu não tenho um dia de paz?! — escuto a voz esbaforida do diretor cortar o ar como uma lâmina — Qual o problema de vocês? Pra minha sala, agora! Vocês... — ele faz uma pausa, parado na nossa frente enquanto conta o número de alunos envolvidos na confusão, eu incluso — Vocês... Vocês cinco?
Percebo que ainda estou segurando o pateta ruivo pela gola da camisa, enquanto seus amigos jazem no chão murmurando de dor, e o solto de uma vez, fazendo minha melhor cara de santo e burro. O diretor encara os moleques jogados no piso com a expressão mais pura de desgosto que eu já vi na minha vida. Não o culpo, entretanto.
— Pelo amor de Deus, o que aconteceu com eles? — pergunta, sinalizando para os dois patetas abatidos. Silêncio. É incrível como, de repente, o refeitório inteiro está em silêncio. — Quer saber? Na verdade, não interessa. Só... alguém os leve pra enfermaria, por favor — ele suspira e aponta um dedo trêmulo e raivoso em nossa direção — E vocês, venham comigo.
Sob o olhar de praticamente metade da escola, acompanho o homem de meia-idade até seu escritório. Não era exatamente assim que eu queria que meu primeiro contato com Taehyung fosse.
•••
No final, não houve contato nenhum. Isso aí, não troquei nenhuma palavra com Taehyung. Chegamos juntos na pequena sala de espera a quase meia hora atrás. O diretor nos mandou sentar e nos chamou em duplas. Primeiro Yeri e o pateta ruivo. Ouvi muitos gritos vir lá de dentro, a maioria de uma Yeri muito brava, até o momento que eles foram embora. Depois Taehyung e Hoseok entraram e, bem, ainda não saíram.
Por que não conversei com ele enquanto isso? Simplesmente porque não sou cego. Taehyung e Hoseok estavam de mãos dadas, sutilmente tentando esconder, mas sem sucesso. Taehyung parecia querer chorar e, honestamente, eu também.
Claro que isso pode significar que são apenas bons amigos, mas simplesmente não parecia correto me enfiar na bolha deles. Principalmente porque, para ele, que vinha sendo alvo de piadinhas e incômodos constantemente, é tudo muito mais delicado.
Por exemplo, agora que Taehyung está dentro da sala do diretor, junto de Hoseok, eu não escuto mais gritos, apenas murmurinhos e vozes abafadas. Completamente cansado, abaixo a cabeça e a apoio entre as mãos. Belo dia, Jungkook, um dia perfeito...
Permaneço com o rosto abaixado, rezando internamente para que um meteoro ou um raio caiam na minha cabeça, quando vejo a sombra de alguém no chão brilhante. Será que devo me mover? Talvez se eu continuar parado, a pessoa pense que eu estou em estado vegetativo e...
— Ei, está tudo bem? — Ouço uma voz familiar perguntar — Você não parece muito bem.
Sinto meu corpo inteiro congelar quando constato que, sim, eu definitivamente reconheço essa voz. Travo na hora, buscando a coragem que preciso para levantar a cabeça. Enquanto ela não aparece, fico encarando seu par de All star surrados e vermelhos.
— Sério, tá tudo okay? — ele continua falando — Eu preciso chamar alguém ou...?
A pessoa deixa o resto da frase no ar. Aí, droga, droga... Respirando fundo, fechando os olhos com força e xingando o universo, levanto a cabeça com calma. Bem, é ele. Óbvio que é ele.
O Jimin do karaokê está parado bem na minha frente. Loiro, usando um par de piercings na orelha direita, uma jaqueta de couro preta, blusa também preta, calça jeans surrada e os all star vermelhos. Sua expressão passa de curiosa para surpresa quando vê meu rosto.
Observo enquanto Jimin coloca as mãos dentro dos bolsos da calça jeans e engole em seco. Ele dá um passo para trás, parecendo desconcertado.
— Oh — murmura — É você, o Elvis fã.
Juro que tento segurar, mas é impossível não revirar os olhos.
— E você é o Queen fã, o metido.
Ele dá uma risadinha meio debochada, antes de começar a encarar meu rosto de forma estranha, por mais tempo do que seria considerado normal.
— Sabe, tem algo na sua bochecha. — Jimin finalmente diz, apontando — Acho que é queijo.
Sinto meu rosto esquentar enquanto o encaro bem. O que ele quer dizer? Passo a mão em minha bochecha direita e, cacete, o mauricinho tem razão. Um pedaço de queijo sai nos meus dedos. Se vergonha matasse, eu estaria a sete palmos da superfície neste exato instante. Não acredito que peguei uma briga na frente de todo mundo com um pedaço de queijo grudado na cara.
— Olha, sem mais comentários sobre isso. — Falo, sem olhar na direção dele.
— Se isso te ajuda a dormir de noite...
Que grande filho da puta.
— O que você está fazendo aqui? Pelo que eu saiba, você não estuda nesse colégio.
— Eu ainda não estudo aqui — ele se apoia na parede atrás de si, cruzando os braços na altura do peito — Vim resolver isso hoje.
Oh, droga.
— Certo... — o que eu devo dizer nessa situação? — Que pena...
— Como...?
— Nada não, nada não.
— Então, o que aconteceu com você e seu amigo no karaokê? Conseguiram fugir dos seguranças?
Ao ouvir isso, me empertigo na cadeira, o encarando sem vergonha nenhuma. Como ele sequer sabe dessa situação? Estou pronto para voar no pescoço do loirinho quando a porta da sala do diretor se abre e os garotos finalmente saem lá de dentro. Eles passam por nós de cabeça baixa, e Taehyung parece nem mesmo perceber a presença do garoto em minha frente. Jimin sorri para o diretor e faz um aceno com a cabeça, também parecendo não notar a presença do Kim.
A situação toda é tão esquisita que não sei nem como devo absorver esse tanto de informação.
— Olá, Park — ele diz, entredentes — Logo vamos resolver sua transferência.
— Tranquilo.
O diretor sorri forçadamente na direção dele, antes de me chamar para dentro de sua sala. Levanto contra minha vontade e o sigo, deixando Jimin sozinho na recepção.
A porta se fecha com um baque atrás de mim e respiro fundo, pronto para ouvir o que o velho na minha frente tem a dizer. Na verdade, eu meio que me sinto mal por ele, sempre tendo que lidar com esse tipo de situação, mas não sinto pena o suficiente para ignorar o fato de que ele deveria ter interferido mais cedo, quando aquela situação acontecia bem debaixo do seu nariz achatado.
Essa não é a primeira vez que acabo na diretoria por ter me metido em confusões que não eram minhas e isso está estampado na forma como o Diretor Smith me encara, num misto de desespero e raiva.
— Jungkook... de novo?
Olho para a decoração brega de sua sala, evitando a pergunta.
— Aquela briga não tinha nada a ver com você, tinha? Eles me disseram que você não usou de violência, apenas segurou o garoto, mas continuar se metendo em confusões assim não-
— Eu queria saber — o interrompo — quando vocês vão parar de aparecer apenas quando uma terceira pessoa decidiu resolver o problema.
Pela forma como ele me encara, sei que vou acabar metido em mais confusão ainda, mas não consigo evitar.
— Desculpe?
— Aqueles caras, bem grandinhos por sinal, estavam fazendo uma zona e quase batendo naqueles garotos por motivos que nem mesmo tem nada a ver com eles ou com a escola. Era puro preconceito. Quero saber o porquê de ninguém chegar neste momento. Queria saber como vocês conseguem se fazer de cegos com tanta maestria assim.
Minha voz exala mais sarcasmo do que eu posso medir, ou do que eu pretendia a princípio, e a expressão do Diretor não falha em me divertir, ao mesmo tempo que me apavora. Eu sei que ele não tem como negar que estou certo. Nunca o vi aparecer no momento em que os patetas procuravam briga com alguém que estava quieto no seu canto. Corriqueiro demais para ser apenas uma coincidência.
— Cuidado com o que fala, rapaz. Foi apenas questão de momento. Aqueles garotos estão tão encrencados quanto vocês.
Dou de ombros, já que não confio muito no que ele diz. Observo o relógio atrás de sua cabeça com interesse, como se não estivesse nem aí para o que ele diz.
— Aí que está o problema. Eles deveriam ser os únicos encrencados.
Ouço um suspiro.
— Querendo ou não, violência não é a forma correta de se responder a isso.
— Então o certo a fazer é apenas ficar quieto e aguentar?
Outro suspiro é audível na sala silenciosa. Sei que ele está certo em parte, mas também sei que eu estou certo. Ou seja, não vamos chegar a absolutamente lugar algum nesta discussão.
— Se você não tivesse se metido em brigas que não são suas, não estaria aqui agora.
— Mas diretor!
— Sem mais nem menos, Jungkook! Eu vou ter que ligar para os seus-
Uma batida na porta interrompe sua fala e faz meu coração voltar a bater. É engraçado como ele encara o objeto de madeira por alguns segundos, puto da vida, antes de suspirar. Outra batida é audível.
— Pode entrar.
A cara de Jimin aparece por uma fresta e ele rapidamente passa para dentro da sala, sorrindo. O diretor nem mesmo diz nada e estou me segurando para não rir. Se é de alívio ou de ódio por ter que ver a cara dessa garoto novamente eu não sei dizer.
— O que foi, Park Jimin? — ele pergunta.
Totalmente despreocupado, o mauricinho caminha a passos lentos na minha direção e senta na cadeira que está ao meu lado.
— É que vocês estão demorando demais e eu tenho um compromisso. Desculpa interromper.
— Você tem cara de quem escuta por trás da porta — acabo dizendo e não me arrependo nada disso.
— Eu realmente estava. Foi irritante. Vocês não vão chegar a lugar algum com isso.
Encaro sua postura desleixada, a cabeleira loira presa num rabo de cavalo, a perna apoiada na outra, o sorrisinho de lado e tenho quase certeza de que quero jogá-lo janela afora. Mesmo que, para todas as circunstâncias, ele esteja certo.
— Infelizmente, esse é um assunto que tenho que resolver com o Jeon. Sinto muito pelo seu compromisso, mas você vai ter que esperar.
— Ele não fez nada, certo? Ele bateu em alguém?
— Não, mas...
— Ele que começou a briga?
— Veja bem, Park-
— Não vejo motivo nenhum pra fazer uma confusão por causa disso.
Esse garoto não tem noção do perigo? Quase não consigo acreditar no que estou vendo. Ele está me defendendo, mas só quero ser sugado por um buraco negro, principalmente porque sinto que coisa boa não vem por aí.
— Eu tenho uma ideia — Jimin diz, antes mesmo que o Diretor possa externar qualquer palavra que seja. Sua cara se tornou quase roxa de raiva e tenho que me segurar para não rir — A gente mata dois coelhos com uma cajadada só.
— Fale. — Ele rosna e não sei como ainda estamos vivos.
— Já que vou ser transferido para cá, mesmo que o senhor claramente não goste de mim, por que não deixar que o Jungkook aqui tome conta de mim?
Quase caio da cadeira ao ouvir isso.
— Quê?
— Jungkook me ajuda com a matéria acumulada e me mostra o colégio por algum tempo, e eu garanto que ele não vai se meter em confusões que não são dele de novo.
— E como você vai garantir que você não vai se meter em confusão, Park?
Jimin sorri de orelha a orelha e quero morrer.
— Bem, é óbvio que Jungkook também vai cuidar de mim. Nos damos muito bem, não é? — ele pisca em minha direção — Vai ficar tudo bem.
— Espera aí, eu nunca disse que ia concordar com isso! Eu nem conheço esse garoto! Nem vou com a cara dele...
— Acho que você não tem muita opção — ele aponta na direção do velho — Quer que ele ligue para os seus pais?
Claro que não quero, mas a que custo? Ter que estudar no mesmo colégio que esse loiro metido já é demais para mim, mas ter que vê-lo todos os dias, enquanto me segue feito uma sombra? Isso é o cúmulo do absurdo. Falar com os meus pais sobre isso não me parece mais tão ruim se o que me espera do outro lado da moeda é essa realidade grotesca.
— Certo — o diretor responde e meu rosto faz uma curva de noventa graus tão rápido que fico tonto — Certo, Jungkook, você vai cuidar do Park por um tempo, já que ele é novato. Espero que isso te mantenha ocupado o suficiente para que você resolva evitar confusões. Agora, pode ir.
— Diretor!
— Não está aberto a discussões! Já perdi tempo demais com vocês hoje. Agora, se você nos der licença.. — ele aponta para a porta — Ainda tenho outras mil coisas para fazer hoje, por favor.
Solto uma lufada de ar violenta enquanto encaro Jimin com toda a ira que existe em meu corpo. No entanto, tudo que ele faz é sorrir, com aqueles malditos olhos quase fechados em meia lua. Enquanto bato a porta com força, não posso evitar me perguntar qual é o problema desse cara. O sorriso dele está quase virando um dos meus piores pesadelos.
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