Epílogo: Hopelessly Devoted to You

how i met your (mother) father

24 de março, 1992

Jipe amarelo de Jungkook, rodovia principal


JUNGKOOK

Your Love toca no aparelho de som do carro enquanto Jimin grita a letra da música do banco do passageiro, uma latinha de cerveja repousando em sua mão. Ele até mesmo esqueceu de beber a esse ponto.

A paisagem muda drasticamente à medida que chegamos na orla da praia, o sol convidativo, quase ninguém passando e um sentimento bom sobre o dia que vem aí.

É nosso último ano na faculdade e estamos em uma meta de ter o maior número de encontros malucos que podemos ter neste ano. Apesar de que hoje estamos apenas visitando o mar, então não tem nada demais nisso.

Faz quase cinco anos desde que começamos a namorar e, devo dizer, nunca fico enjoado desse loirinho metido.

— Ainda bem que você escolheu esse lugar, bebê — ele comenta, sorrindo.

— Eu sei, tenho ótimo gosto.

Ha, eu ainda sou melhor em armar encontros.

Reviro os olhos enquanto procuro por um lugar onde eu possa estacionar meu jipe amarelo, cortesia de Namjoon. Maldito o dia em que deixei ele escolher o modelo do meu carro porque estava tão atolado de projetos da faculdade que não conseguia nem sair da cama. Tenho certeza de que ele tem uma tara por Jipes, nunca superou o dia em que a Jerônima morreu...

Dou uma olhadela para Jimin antes de desligar o motor da Jeronima Junior. Ele tem razão dessa vez, realmente escolhi um lugar agradável. Uma praia deserta, quase um milagre nesse calor digno do inferno, capaz de assustar até o satanás. Um lugar apenas para nós dois, com uma maresia agradável, que penetra pelas janelas abertas do carro e faz meu cabelo comprido balançar.

Jimin possui uma aparência terna, seus cabelos ainda loiros, suas argolas, seu piercing na sobrancelha, as tatuagens vazando pelos braços... Ele usa uma camisa azul e uma bermuda branca e é difícil de me concentrar em qualquer coisa que não seja Park Jimin.

Não importa quanto tempo se passe, sempre vai ser difícil parar de prestar atenção em Jimin.

Balanço a cabeça sorrindo, mas é óbvio que ele percebeu que eu estava encarando.

— Você pega o isopor? — ele pergunta e sua voz é risonha.

— Tá certo...

A porta do passageiro é aberta e Jimin sai, carregando sua bolsa. Demoro alguns segundos para sair também, enquanto escuto ele abrir a porta de trás, tirando nossa sacola com lanches.

Tiro o isopor de dentro do carro enquanto encaro Jimin. Não vejo a hora de chegar na água, mal sai de dentro do carro e já estou suando...

Quando volto meu olhar para Jimin, vejo que ele tirou uma câmera profissional, sabe-se lá de onde, e está me filmando, as sacolas jogadas no calçamento aos seus pés.

— O que é isso?

— Tô te filmando, né, anta? — Ele ri — Traz as sacolas, minhas mãos estão ocupadas...

— Larga isso, não é assim que as coisas funcionam — reclamo, mas ele continua filmando — Jimin, é meio a meio, para de fil-

Ele começa a andar de costas, logo correndo em direção a escadinha que leva até a areia. O encaro com a boca aberta, minhas palavras mortas na garganta.

Largo o isopor no chão e corro atrás dele. Acabo perdendo minhas chinelas no caminho e por pouco não tropeço, meus pés tocando o cimento quente antes de chegarem na tão almejada areia. Jimin está rindo feito louco ao longe, ainda me filmando enquanto anda de costas.

Corro atrás dele, logo diminuindo a distância entre nós e o derrubo na areia, com cuidado para não quebrar a câmera.

— Espera, seu brutamontes! — ele grita, mas está rindo, a câmera sobre sua cabeça — Vai quebrar o negócio!

— Isso é culpa sua, seu jumento!

— Sai de cima, espera aí — Jimin gargalha — Se essa câmera quebrar, eu te mato!

Só saio de cima dele porque sei como esse negócio é caro. No entanto, assim que ele se recompõe, tiro o objeto de suas mãos e levanto rápido, o posicionando em meus dedos.

— Minha vez de te filmar — digo para um Jimin risonho, jogado na areia — Faz pose aí, faz.

— Espera, espera.

Fico em silêncio enquanto ele levanta e anda na direção da imensidão azul do mar, dando alguns passos para dentro da água. Jimin está realmente fazendo pose agora, me encarando de relance. Quando sinto minhas pernas tremerem, ele faz uma careta e começa a dançar, rebolando de um jeito engraçado e acabo rindo.

Não sei quanto tempo passamos nessa brincadeira idiota até ele desligar a camera e finalmente dizer que devemos voltar para buscar nossas bebidas. Deixamos a sacola e o isopor no carro mesmo e voltamos com algumas latinhas de cerveja em uma mão e lanches na outra. O sol está mais morno quando sentamos embaixo de uma grande pedra, observando o mar. Deve ser por volta de cinco horas da tarde.

Olho para Jimin, pensando que talvez seja romântico se eu o beijar agora, mas ele está me gravando de novo, a cerveja aberta e pela metade abandonada ao seu lado.

— O que é isso de novo?

— Quero gravar sua reação.

Dou um gole em minha cerveja, já acostumado com as brincadeiras do Park.

— Reação ao quê?

Observo enquanto ele tira algo do bolso da bermuda e acho que tive o mini infarto mais repentino da história. É uma caixinha preta, pequena, que ele estende na minha direção com uma mão só.

— A isso.

Não digo nada, o encarando com o que tenho certeza ser minha melhor cara de idiota.

— Tudo bem, tudo bem...— ele imita uma tosse — Jeon Jungkook, você aceita se casar comigo?

— Eh? — o que é esse negócio saindo do meu olho, não pode ser lágrimas. Quase tenho um deja vú — Eh??

— Sim ou não? — posso ver ele se segurando para não rir.

— S-sim, seu idiota...

Dito isso, Jimin encerra a gravação e dá uma gargalhada, abrindo a caixinha preta. Ele tira a aliança de noivado dali e pega minha mão.

— De todas as reações que eu imaginei que você fosse ter, não pensava que você ia chorar. Não de novo, não depois de tanto tempo...

Viro o rosto enquanto ele coloca o anel em meu dedo. O anel não, a porra de uma aliança! Eu já imaginava que esse dia chegaria, mas não imaginava que seria agora.

— Não estou chorando...

— Você não mudou nada mesmo. 

Jimin gargalha alto mais uma vez, mas gentilmente limpa uma das lágrimas que escorrem por minha bochecha e beija o local. Ele beija o canto da minha boca, a ponta do meu nariz, meu queixo e dou uma risadinha.

Finalmente, ele sela nossos lábios e sinto mais vontade ainda de chorar. No começo, eu achava que esse sentimento podia se esvair com o tempo, mas agora aqui estamos nós, nos formando em música e administração, nos vendo sempre, como se nunca fosse o suficiente. É tão reconfortante.

O cheiro de Jimin que nunca muda, a maresia em nossos rostos, a sensação da areia grudando na pele e nos dedos dos pés, o gosto amargo da bebida.

— Então, Jungkookie, agora vem a pergunta de um milhão de dólares — ele sussurra, seu rosto grudado no meu.

— Achava que me pedir em casamento já era...

Ele me cala com um beijo.

— Shhh! Escuta! Jeon Jimin ou Park Jungkook?

Me afasto dele calmamente, raciocinando. Acho que não entendi...

— Os sobrenomes, anta — ele diz, como se lesse minha mente.

— Ah! — Coloco a mão no queixo, pensando seriamente sobre a questão — Não faço ideia.

— Pelo amor de Deus...

— Você escolhe, amor.

— Tudo bem, então — Jimin diz — Park Jungkook!

A resposta fez meus olhos se arregalarem. Eu realmente não esperava que ele fosse dizer isso...

— Não — digo, só para irritar — Jeon Jimin.

— Você disse que não sabia!

— Mas agora eu sei.

O loirinho metido franze as sobrancelhas e está pronto para responder, mas o agarro e o beijo, fazendo a gente cair mais uma vez na areia. Saímos bolando, com nossas bocas coladas e eu sei que vai ser Jeon Jimin no final.


___

12 de fevereiro, 1993


O nome no cartório registra Park Jungkook e Park Jimin como, oficialmente, unidos pela lei.

Na verdade, não era oficial, oficial, considerando que o casamento homoafetivo não é legalizado aqui, mas digamos que Min Yoongi, advogado e orgulho do nosso grupo, conheça umas pessoas e, aqui estamos nós, casados no cartório.

O motivo pelo qual esperamos quase um ano para casar de verdade foi, simplesmente, um inferno na terra chamado faculdade. Além de que Jimin, com a ajuda de Taehyung, disse que ia produzir uma festa capaz de parar a cidade. Quando o carro estaciona em frente ao grande salão de festas onde a celebração vai acontecer, vejo que ele realmente conseguiu. O lugar está abarrotado de gente, luzes de néon piscando por toda parte e música alta escorrendo por cada molécula de ar.

Desço do carro tão ansioso que quase tropeço na calçada, mas Namjoon me segura firme no lugar.

— Se acalma, baitola. Ele não vai sair correndo.

— Não é com isso que estou preocupado!

Ele dá um tapinha em minhas costas, enquanto brilha no seu terno preto impecável. Yoongi está ao seu lado, exatamente como sempre esteve.

— Tá preocupado com o que, então?

Não respondo nada, já que ele nem mesmo espera por isso antes de me puxar para dentro do lugar, cumprimentando pessoas no caminho. Ouço algumas garotas dizerem que estou fofo e fico mais nervoso ainda.

É óbvio que estou pensando nele. Vou ver Jimin com um véu de noiva e terno branco, como posso ficar calmo? Se bem que eu também estou usando um véu branco com uma coroa de flores que Namjoon tirou sei lá de onde, além de um terno de cor igual.

Passo por fileiras e fileiras de pessoas, pela pista de dança, pelo bar e só percebo que Namjoon me levou até o palco quando estou em cima dele, encarando uma multidão animada e um microfone. Quando olho para o lado, prestes a surtar, é que vejo Jimin, sorrindo para mim em toda sua glória.

A música para enquanto ele se vira na direção das pessoas, me abraçando de lado, e faz um discurso que quase não escuto, ocupado demais o olhando para sequer prestar atenção nisso. Quando ele acaba, deixamos o palco ao som de uma salva de palmas animadas e nos infiltramos na multidão, Jimin me liderando até um canto afastado, enquanto outra música animada começa a tocar.

Não digo nada enquanto sentamos em um banco na parte aberta do lugar, com vista para a piscina do salão e, mais importante, a lua cheia que brilha lá no alto.

— Logo logo, vai ser a valsa — ele diz — Temos pouco tempo antes disso.

— Oh... Como assim? — Saio do transe.

— Quero te entregar uma coisa — Jimin revira os bolsos do paletó branco que cai perfeitamente em seu corpo e me entrega uma fita-cassete.

— O que é isso...? É bem antiga.

Pego o objeto e observo a seleção de músicas. A maioria são músicas que ouvimos quando nos conhecemos, Good Old-Fashioned Lover Boy, Can't Help Falling in Love e Bohemian Rhapsody em destaque. Além de um pequeno texto escrito com caligrafia desleixada...

— Eu fiz essa fita logo depois que começamos a nos conhecer de verdade, mas nunca tive coragem de te entregar. Quer dizer, eu te entreguei uma quando te pedi em namoro, mas essa é... diferente.

Fico me perguntando como pode ser diferente, mas apenas aceito o presente. 

Isso me pega desprevenido.

— Não parece com algo que você faria.

— Eu sou tímido também, tá?

Encaro mais uma vez o texto escrito no verso da fita, mas sou obrigado a guardá-la quando Taehyung chega e nos puxa para a valsa.


___

A essa altura da noite, a festa já saiu do controle a muito tempo. Jimin segura uma taça de champanhe, embora estivesse bebendo whisky a dois minutos atrás, e quase não se aguenta em pé. Estou um pouco mais sóbrio do que ele, mas não o suficiente para o enxergar perfeitamente no topo da multidão.

Ele levanta a taça, rindo alto.

— Um brinde ao amor da minha vida! — grita e as pessoas aplaudem.

— Por favor, não diz meu nome, por favor...

— Park Jungkook! — Jimin diz e pula em cima de mim, beijando minha bochecha.

Por pouco, não caímos no chão e o seguro pela cintura no lugar, tirando a taça de champanhe de sua mão. Ele nem mesmo reclama enquanto o puxo para o ar livre, nos levando até detrás de um arbusto. Sentamos no chão mesmo.

— O que foi, Park Jungkook?

Olho para seu rosto e sinto um frio na barriga igual ao que sentia quando era um adolescente bobo. Já que ele está bêbado demais para lembrar disso amanhã, talvez eu deva falar...

— Também queria dizer uma coisa — começo, minha voz alta demais, talvez descompassada — Confessar.

Jimin apoia sua cabeça em meu ombro.

— O quê?

— Lembra da operação Bohemian Rhapsody?

Isso faz com que uma gargalhada escape de sua boca.

— Claro.

— Então... eu admito.

Jimin levanta a cabeça com tudo.

— Você o quê?

— Admito.

— Não! Diz isso direito!

— Já tô dizendo, cacete!

— Fala tudo!

Solto um suspiro, mas falo assim mesmo.

— Eu admito... Você venceu, Queen é melhor que Elvis.


____

19 de julho, 1999

Residência da família Park


— E foi assim que eu conheci seu pai — termino de falar, praticamente implorando por um copo de água.

Uma coleção de fotos amareladas está disposta na mesa de centro, com uma se destacando. Jimin está nessa foto, ajoelhado enquanto me entrega uma fita velha. É uma foto de quando ele me pediu em namoro, que eu só fui descobrir muito depois que existia. Aparentemente Taehyung que tirou o registro, depois de perceber o que estava acontecendo. Hoje sou grato por isso.

Park Yu-na e Park Hyun-joong me encaram com uma expressão que não vou nem tentar definir. Como saber o que crianças estão pensando? Olho para Jimin, sentado do outro lado do sofá, se segurando muito para não rir, e jogo uma almofada na cara dele.

— Diz alguma coisa, Park!

Jimin não responde nada, balançando a cabeça enquanto solta uma risada engasgada.

— Papai — Yuna diz, puxando a manga da minha blusa — Quer dizer que quando eu quiser conquistar uma pessoa, eu tenho que começar brigando?

Essa é a gota d'água e Jimin explode em uma gargalhada alta, quase caindo do sofá.

— Não, querida — respondo com a voz calma, mas no fundo quero matar meu esposo — Espera aí, você ainda é muito nova pra pensar nisso, Yuna!

— Sim, esse tipo de coisa é sem graça! — Hyun comenta, fazendo biquinho — Mas gostei de quando você jogou um balde de água na cabeça do papai.

— Eu não gostei, não.... — Jimin murmura — Por que você não contou da vez que você deu uma sapatada n-

Esse momento é irrelevante, já que aconteceu exatamente uma semana antes do nosso casamento.

Coloco a mão na frente da boca dele, mas dou um sorriso na direção dos nossos filhos. Yuna tem oito anos e Hyun tem dez e, hoje, faz um ano desde que os adotamos. Eles são irmãos biológicos, então é óbvio que escolhemos os dois e agora eles são parte da nossa família. A parte da adoção foi uma complicação que não gosto nem de lembrar, mas o importante é que estamos todos aqui agora. Na nossa sala, não muito grande, sentados em nosso sofá cinza, as crianças jogadas no tapete felpudo no chão, montando um quebra cabeça, enquanto escutam a história de como conheci o homem que hoje é meu esposo.

A parede tem riscos que Yuna fez quando chegou aqui e começou a ter certos problemas para se adaptar. O skate, também dela, jogado embaixo da escada. As paredes são tomadas por livros e desenhos em folhas de papel sulfite que Hyun faz, talentoso demais para sua idade.

E, o mais importante de tudo, é que ele ainda está aqui, do meu lado, sorrindo enquanto resmunga que não contei tudo para elas. Como se tivesse esquecido de como ele era um criminoso encrenqueiro naquela época.

— Espera aí, tem um detalhe muito importante que o Jungkook não contou para vocês.

Jimin segura meu pulso e sorri para os dois à nossa frente.

— Cuidado com o que vo-

— Ele admitiu! No dia em que casamos, ele disse que Queen é melhor que Elvis.

Essas palavras são como um murro em meu estômago, principalmente porque nossos filhos parecem especialmente interessados.

— Sério? — Hyun pergunta.

— Aham.

— Você não estava bêbado? Como você lembra disso?

Park Jimin pisca em minha direção, o mesmo sorriso sacana de sempre brincando em seus lábios.

— Eu nunca disse que estava.


__________ FIM __________



Notas finais:

GENTE EU FINALMENTE ACABEI DE ESCREVER ISSO TIPO *SOLTA FOGOS*

eu estou metade triste, metade feliz, porque teve uma época em que achei que não iria conseguir terminar de escrever. Houve periodos em que nem mesmo abri o wattpad, mas aqui estou eu! Com Discos finalizada! Eu não tenho nenhum arrependimento sobre essa fanfic, ela é exatamente o que eu queria. Leve, engraçada, boiola e clichê. Desculpa se foi clichê DEMAIS. Mas ela é simplesmente mais um romance fofo entre duas pessoas, um """""enemies"""" to lovers basico, com um final feliz e nada surpreendente.

Obrigada a todos vocês que leram e chegaram até aqui, obrigada a todas as mensagens de apoio, obrigada por todos os surtos, ri bastante com os comentarios de vocês. Essa história vai ter sempre um lugar especial no meu coração e, se meus planos derem certo, talvez eu a transforme em livro! Mas um passo de cada vez. 

Dito isso, está na hora de dar tchau a esses personagens irritantes, um tanto impulsivos e a esse Jungkook que acabou tendo personalidade demais.

Agora sim, espero que nos encontremos de novo em outras historias e universos! Sempre vou ter mundos novos para mostrar a vocês! Obrigada e até a próxima!

PS: leiam 134340, pretendo finalizar ela também 


Finge que essas são fotos especiais do casamento:


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