→Dois←
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"E eu não quero ser um monstro em formação
Eu não quero ser mais amargo que doce
Eu não sei como ficar em pé inexpressivamente
Não ficando com raiva"
Angry Too - Lola Blanc
Capítulo 02 - Estranhos pt.1
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Acordei no dia seguinte me sentindo incomodada com a claridade que atingia o meu rosto, me sentei na cama com o cenho franzido e olhei em volta. A janela que eu havia fechado ontem estava aberta e o cobertor que estava do outro lado do quarto, agora estava sobre meu corpo. Levantei da cama estranhando aquilo e peguei uma muda de roupa e entrei no banheiro tomando um banho rápido.
Será que foi minha mãe que me cobriu ontem? Acho meio difícil já que ela nunca foi de fazer isso. Acho que foi o Nate ou até uma das gêmeas. Prendi meus cabelos em uma trança lateral e fui até a porta, me surpreendendo quando notei que eu havia a trancado ontem a noite, o que impedia qualquer pessoa de entrar.
Então se ninguém entrou pela porta... Como que...?
- Zafira! - minha mãe chama e eu balanço a cabeça afastando meus pensamentos confusos e saio apressada do quarto, desço as escadas quase correndo, encontrando minha mãe na cozinha.
- O que foi?
Pergunto e pego uma maçã que tinha sobre uma pequena cesta em cima da mesa.
- Você pode ir no mercado para mim? - ela pergunta sem me olhar. A encarei confusa com o cenho franzido, não foi ela que ficou em silêncio quando meu pai me proibiu de sair de casa? E agora ela quer que eu saia?
- Você se esqueceu do que meu pai falou ontem? Você sabe que ele vai me colocar de castigo se eu desobedecer ele.
- E desde quando você nos obedece, Zafira? Fora que seu pai não está em casa, então ele não saberá de nada, e o mercado é bem aqui perto.
- Mercado? Existe mercado por aqui? - pergunto surpresa, porque eu realmente achei que aqui era um fim de mundo, sem sinal, sem mercado, sem nada.
- Sim, no final da rua. Tome, compre tudo que está nessa lista. - ela fala me entregando uma pequena lista junto com algumas notas de dinheiro - Você sabe que eu iria, mas tenho que ajudar as gêmeas e arrumar as coisas que faltam.
Até parece.
- Tá bom. - dou de ombros e pego meu celular no bolso do moletom, já escolhendo uma música colocando os fones.
- Zafi, podemos ir com você? - ouso a voz de uma das gêmeas e me viro encontrando a Alice ali, me olhando com expectativa.
- Deixa vai. - a Olívia logo aparece ao lado da irmã e as duas fazendo biquinho me olhando - Prometemos que iremos nos comportar.
- Tudo bem, podem vir.
- Não mesmo! Vocês não podem! Vocês não vão sair de casa com um assassino lá fora! E vocês ainda não terminaram de arrumar suas coisas, então vão logo terminar! - minha mãe fala séria fazendo as duas garotas encolherem os ombros com um biquinho triste nos lábios.
E eu posso sair de casa com um assassino lá fora? Mas que mãe mais preocupada e amorosa essa que eu tenho. A ironia foi tão forte que eu quase me engasguei com a verdade não dita.
- Mas mamãe... - Olívia tenta argumentar mas minha mãe a repreende com o olhar.
- Já disse que não! Não discutem! - minha mãe finaliza e eu vejo os olhinhos das gêmeas se encherem de lágrimas.
Esperei minha mãe virar de costas e me abaixei para ficar na altura das gêmeas que se mantinham cabisbaixas.
- Eu prometo que trarei salgadinhos e balas para vocês. - sussurro para elas que abrem um sorriso animado e correm para a sala depois de me darem um abraço apertado.
Era sempre assim, meus pais faziam as gêmeas chorarem e sobrava para mim e para o Nate acalmarem elas. Com um suspiro cansado, eu saio de casa batendo a porta atrás de mim, eu já estava cansada disso tudo!
Caminhei até o portão com aquela mesmo sensação que senti ontem, de estar sendo observada, olhei em volta e não vi ninguém. Subi meu olhar até a janela da casa vizinha e prendo a respiração, quando vejo aquela sombra novamente.
Eu tinha quase certeza de que era um homem, apenas pelo formato do seu corpo por trás daquelas cortinas escuras, mas mesmo que eu tentasse, eu não conseguia ver seu rosto por conta da pouca luz que havia ali. Eu acho que fiquei o olhando por tempo de mais, já que a sombra fez uma pequena reverência e fechou a janela.
Ele havia se curvado para mim?
Ignorei aqueles pensamentos e sai de casa começando a andar por aquela rua deserta, olhei em volta e percebi que aquele bairro realmente parecia abandonado. Havia uma pequena praça ao meu lado com diversos brinquedos, mas nenhuma criança brincava ali, apenas havia os balanço se mexendo sozinhos por causa do vento forte.
Apertei o casaco mais fortemente e segui andando reto pela rua, até que vejo na quebra da rua um pequeno mercado amarelo. Respirei aliviada por ver que ele não era tão longe e parei em frente do mesmo. Não havia nada que eu pudesse puxar para a porta abrir e mesmo eu a empurrando, ela não abria.
Resmunguei um pequeno palavrão enquanto pensava em como que eu ia conseguir abrir aquela porta.
- Acho que você vai precisar apertar isso, para ela abrir. - alguém fala atrás de mim com um tom humorado e eu observo um braço passar pelo lado da minha cintura apertando uma espécie de campainha fazendo as portas se abrirem.
Eu não acredito que fiquei um tempão tentando achar a solução do enigma dessa porta, para no fim descobrir que ela abre de um jeito tão óbvio que chega a ser bobo, estava na minha frente o tempo todo! Como que eu não vi?
- Ah, obrigada. - agradeço me sentindo envergonhada pela minha lerdeza e me viro encontrando um garoto mais alto que eu, com um sorriso bonito nos lábios.
- Você se acostuma com o tempo. - ele ri enquanto tirava seu braço do meu lado e estendeu sua mão para mim - Sou Kim Namjoon.
- Zafira. - aperto sua mão e abro um pequeno sorriso.
- Seu nome é diferente. - ele inclina a cabeça um pouco para o lado enquanto tinhas as sobrancelhas franzidas. Ótimo, mas alguém para zoar meu nome, além do meu irmão.
- Eu sei, minha mãe não é muito boa com nomes.
- Mas ele é bonito. - ele me surpreendeu ao dizer - Às vezes o diferente é bom.
- Ou às vezes o diferente é só estranho mesmo. - brinquei conseguindo fazer o garoto rir.
- Talvez, mas esse definitivamente não é o seu caso.
- Obrigada, eu acho. - murmurei sem saber ao certo o que responder para o garoto bonito em minha frente.
- Eu tenho que ir agora, alguém precisa disso. - ele ri levantando a sacola que carregava me deixando ver alguma embalagem de remédio - Mas foi um prazer te conhecer. - ele sorri gentil.
- O prazer foi meu. - eu retribuo o sorriso.
- Até logo, Zafira. - ele sorri se afastando de mim, sem nem ao menos esperar uma resposta minha.
Voltei a minha atenção para a porta e apertei a campainha como o Namjoon havia me mostrado, entrei dentro do mercado, que como eu já esperava, estava um pouco vazio.
O mercado não era grande, mas também não era pequeno. Havia cerca de seis corredores e dois caixas, e eu chuto em dizer que havia somente umas cinco pessoas ali, ou menos que isso.
Ignorei a lista da minha mãe e fui logo no corredor dos doces e salgados para pegar algo para as gêmeas. Olhei entre as prateleiras a procura do salgadinho preferido delas e quando finalmente o encontro, eu vejo uma mão tatuada pegar ele na mesma hora que eu, ergo meu olhar para ver quem era e encontro um garoto alto com alguns piercings no rosto.
- Ah, me desculpe, eu não vi que você iria pegar esse, toma. - ele sorri gentil para mim me entregando o pacote. Olhei novamente para a prateleira e notei que aquele era o único salgadinho daquela marca ali, pelo visto as pessoas daqui gostam bastante desse salgadinho.
- Não, tudo bem, você pegou primeiro. - eu o olho com um pequeno sorriso estendendo o salgadinho em sua direção.
- Fica com ele, eu insisto.
- Certeza? Esse é o último.
- Eu tenho, pode ficar.
- Obrigada. - agradeço e coloco o salgadinho dentro da cesta que eu havia pegado na entrada da loja.
- Sou Jeon Jungkook. - ele sorri estendendo sua mão para mim.
- Zafira O'brien. - aperto sua mão sorrindo.
- Zafira? Isso não é nome de uma jóia? - ele pergunta com um pequeno sorriso de lado.
- Na verdade, o nome da jóia é Safira, mas como minha mãe é uma grande fã dessa jóia e uma grande fã de pensar em como acabar com a vida dos filhos com os nomes, ela quis modificar um pouco. - debochei encolhendo os ombros e voltei meu olhar para as prateleiras à procura do salgadinho favorito da Olívia, já que o que eu havia pego era um dos favoritos da Alice.
- Combina com você, no caso, o nome de jóia.
Isso foi algum tipo de cantada? Olhei para ele encontrando o mesmo sorrindo para mim. Admito, o sorriso dele era um pouco infantil, mas continuava sendo lindo.
- Você é sempre gentil assim com os estranhos, ou somente com aqueles que tem nomes de jóias? - ergui uma das sobrancelhas com um sorriso debochado nos lábios fazendo ele rir.
- Acho que a segunda opção, esses dias eu chamei uma garota para jantar, o nome dela era Diamond.
- E como foi o jantar?
- Estranho, porque só tinha eu na mesa. - fez uma careta me fazendo rir - Eu corro o mesmo risco com você?
- Talvez. - dei de ombros me virando para sair do corredor, já que durante a nossa curta conversa, eu havia pegado o salgadinho favorito da Olívia - Tchau garoto das jóias.
- Nós nos vemos por aí, Zafira. - ele sorri fazendo um pequeno aceno com a cabeça enquanto colocava as mãos nos bolsos.
Depois de procurar por mais alguns minutos os biscoitos preferidos do Nate no outro corredor. Peguei a lista da minha mãe no bolso do moletom e comecei a andar pelos corredores procurando entre as prateleiras e colocando as coisas na cesta.
- Precisa de ajuda? - ouso alguém falar e me viro encontrando um garoto com cabelos escuros vestido com o uniforme do mercado olhei para o crachá que havia na sua roupa lendo seu nome. "Jung Hoseok".
- Não, obrigada, está tudo bem.
- Se mudar de ideia é só chamar... Hum, qual é o seu nome? - ele pergunta me olhando com o cenho franzido.
- Zafira. - eu respondo com um pequeno sorriso. Céus, eu não aguento mais falar o meu nome. Será que eu sou tão anti-social assim? Ao ponto de nem aguentar me apresentar mais que duas vezes no dia?
- Qualquer coisa é só me chamar, Zafira. - ele sorriu mais uma vez.
- Obrigada. - agradeço e ele segue pelo corredor.
Depois de pegar todas as coisas que minha mãe pediu, eu fui até o caixa onde paguei tudo e logo sai da loja. Segui andando pela rua e novamente eu fui atingida por aquela sensação de estar sendo observada, olhei para todos os lados tentando achar alguém, mas acabei não encontrando ninguém por ali.
Apertei as sacolas com mais força e acelerei meus passos enquanto olhava para o chão. Caminhei o mais rápido que consegui mas parei bruscamente quando senti meu corpo batendo em alguém e acabei caindo sentada no chão.
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Serasse nosso sonho conhecer esses seres magníficos assim do nada?
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