two.
NEW YORK: Central de comandos de segurança
06 de dezembro de 1941
Lilian Johnson's point of view.
Eu desfiz minhas malas, aconchegando-me na minha nova cama.
O prédio cinza e sem vida por fora era basicamente da mesma maneira por dentro. Tudo era tomado pelo mesmo tom, causando-me uma leva depressão ao imaginar quantos anos teria que continuar naquele quarto pequeno e abafado.
Peguei a minha maleta de couro com os jornais dos últimos meses, jogando todos sobre a escrivaninha de metal que ficava ao lado da porta.
"Reino Unido, França e suas colônias declaram guerra à Alemanha." (03/09/1939)
"A blitzkrieg (guerra-relâmpago) alemã pega mais países de surpresa: agora Hitler também comanda os territórios da França." (10/06/1940)
"Pacto entre Itália, Japão e Alemanha: as potências do Eixo estão fortes como nunca. (27/09/1940)"
"Hitler não cessa seus desejos sobre outros territórios e deixa uma população morta, estuprada ou agonizante por onde seus exércitos passam."
A última manchete particularmente embrulhou meu estômago. Eu fechei os olhos, respirando fundo e me esforçando para afastar os pensamentos daqueles horrores.
Era um mal necessário.
Três batidas firmes na porta atraíram meu olhar rápido para a madeira acinzentada. Respirei fundo mais uma vez, pensando que agora era hora de começar meus trabalhos.
—Sim? —minha voz foi firme, esperando a identificação do outro lado.
—Senhorita Johnson, já estão te esperando para a reunião. -a voz soou abafada do lado de fora.
Eu me levantei, passando as mãos pela minha saia lápis preta que emoldurava perfeitamente meus quadris e desciam até meus joelhos. O blazer igualmente preto formava o meu conjunto preferido, estando sobreposto à uma camisa social branca. Meu cabelo estava preso em um coque simples e baixo, possibilitando a visão dos meus belos brincos de diamantes. Dei uma última checada em meu rosto no pequeno espelho do meu banheiro, logo me dirigindo até a porta.
O soldado que me esperava do lado de fora me olhou de cima a baixo com desejo, confirmando que eu estava causando o efeito que desejava. Dei um sorriso esperto para ele antes de sair andando e balançando meus quadris pelo corredor.
Empurrei as portas duplas com ambas as mãos, abrindo as duas partes ao mesmo tempo. Todos os ocupantes da sala voltaram seus olhares para mim, assustando-se com a minha movimentação.
—Senhores... —franzi o cenho ao notar que uma mulher também ocupava a sala. —E senhora. Sou Lilian Johnson, a analista de relações internacionais.
Parei de frente com a ponta da mesa que era ocupada por todos os seis homens e uma mulher.
—Senhorita Johnson. —a mulher ruiva com roupas verdes do exército se levantou, olhando-me com uma feição nada satisfeita. —Sou Peggy Carter, sua supervisora. Por favor, sente-se e não nos distraia mais com seus atrasos ou entradas triunfais desnecessárias.
Arregalei os olhos com as palavras espinhudas, mas proferidas com muita naturalidade. Apenas espalmei as mãos no ar, indo na direção da única cadeira vazia que estava bem de frente para a tal Peggy.
—Como eu estava dizendo... —o homem à frente da mesa pigarreou, atraindo a atenção dos homens que continuavam a me encarando sem pudor. —Os Estados Unidos permanecerão em uma posição de neutralidade dentro desta guerra. Não temos motivos pelos quais sacrificar nossos soldados.
—Ainda. —falei para mim mesma enquanto observava o papel com a pauta da reunião à minha frente. Senti um silêncio fulcral, todos os olhares se dirigindo para mim.
—Desculpe, senhorita Johnson? —o tal homem que falava anteriormente me fuzilava com o olhar, assim como uma Peggy. —O que quis dizer com isso?
Eu não me encolhi. Não retirei o que disse, nem me desculpei. Pelo contrário, levantei-me da cadeira, colocando minhas mãos sobre a mesa e alternando meu olhar entre os presentes.
—Os Estados Unidos vêm fornecendo armamento e suprimentos de guerra aos Aliados. Howard Stark está se tornando um dos homens mais ricos do país embaixo das asas de vocês. Fábricas e empresas de produtos básicos para consumo da população vêm se transformando em indústria bélica para lucrar mais e, ainda assim, os países que estamos abastecendo continuam sem forças para derrotar o pesadelo que é Hitler. Vocês estão acovardados nesse continente se orgulhando por sua "neutralidade" —fiz aspas no ar, depois reassumindo a pose ofensiva. —mas, na verdade, não passam de sugadores de dinheiro com a desgraça alheia.
Alguns dos presentes arregalavam os olhos, outros concordavam comigo silenciosamente e demonstravam um leve grau de apoio. Sentei-me novamente, sentindo uma grande satisfação e pensando ter feito um discurso bom o suficiente para alcançar meus objetivos.
—Caso não saiba, senhorita, eu sou o Secretário Chefe do setor de Defesa e Segurança deste país. Você é apenas uma adolescente rebelde colocada aqui por motivos ainda desconhecidos por mim, mas não pense que tem poder de opinar em minhas reuniões nem mesmo por um segundo. —ele aproximou seu rosto do meu, mostrando de perto suas olheiras e marcas de expressão. —Se eu digo que este país não vai se meter em uma guerra, é porque ele não vai e nada mudará isso.
Eu continuei sustentando o olhar sério dele, não mostrando medo ou timidez por nenhum milissegundo.
—Acho que esta reunião já deu-se por encerrada, certo, senhor? —um homem de uns cinquenta anos em uma roupa de oficial soou. Encarei o bottom de prata no peito dele, identificando o escrito "Coronel Phillips".
O Secretário apenas acenou com a cabeça e logo todos estavam se levantando e se dirigindo à saída no encalço dele.
Eu continuei sentada ali, tremendo, suando pelas mãos, ansiosa para saber se a segunda parte do plano havia surtido efeito.
Esperei mais alguns minutos para garantir que todos estivessem bem longe daquela sala naquele momento, depois me levantando e caminhando até a saída.
Fechei os olhos quando passei pela porta da sala, fechando as mãos e esperando o ansiado resultado.
—Senhorita Johnson? —um sussurro baixo e desesperado se sucedeu. Eu parei no mesmo segundo, não conseguindo conter um sorriso. Virei-me lentamente, encarando o homem de meia idade em roupas oficiais parado ali. —Sou o Coronel Rockfeller, encarregado da base de Pearl Harbor. —ele estendeu a sua mão direita, depois pegando a minha e a levando para sua boca. Depositou um beijo babado ali, exigindo demais da minha capacidade de disfarce para não exibir uma cara de nojo ou meter-lhe um bom soco.
—Coronel, é um prazer falar com o senhor. A que devo as honras? —falei de um modo baixo, tentando carregar meu tom de sensualidade.
—Eu gostei muito do seu discurso hoje mais cedo, senhorita. Também não vejo a hora de usar os mísseis guardados no fundo da Pearl Harbor, mas estou sendo impedido dia após dia de queimar esses nazistas como se aqui fosse o próprio inferno!
Estremeci um pouco com o fim do discurso dele, mas logo recuperei minha pose animada por tudo estar nos trilhos.
—O senhor parece particularmente estressado hoje, Coronel. Tem algo que eu possa fazer para ajudar? —aproximei-me um pouco, oferecendo uma visão privilegiada sobre o meu decote. Os olhos sujos dele foram até lá, depois carregando um sorriso perverso.
—Na verdade, muitas coisas, senhorita. Podemos ir para um lugar mais... Íntimo?
N/A: OI DE NOVOOOOOO
O que vocês têm de expectativas para essa fic?
Espero que não fiquem entediadxs nesse comecinho, calma que as coisas vão enlouquecer rs (vcs sabem que eu amo uma reviravolta)
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