thirty one.
N/A: sugestão de música para acompanhar o capítulo - Pluto Projector (Rex Orange County). Dê o play assim que iniciar a leitura!
The great protector // A grande protetora
Is that what I'm supposed to be? // É o que eu deveria ser?
What if all this counts for nothing // E se tudo isso não valer de nada
Everything I thought I'd be? // Tudo que pensei que eu seria?
What if by the time I realize // E se quando eu perceber
It's too far behind to see? // Já for tarde demais?
Lilian Johnson's point of view
— Você tem o que os humanos chamam de: sentimentos.
Bucky praticamente me deu uma surra quando expôs o cerne de toda a minha raiva acumulada.
Sim. Eu desenvolvi sentimentos.
Eu me importava com Peggy. Ela me ensinou sobre respeito, a como se impor como uma mulher e a cooperar.
Eu era apegada à companhia de Phillips. Gostava de como ele me mimava, me dava importância e sempre exigia um padrão alto em tudo que faço, porque realmente acredita em uma Lilian antes de eu crer em mim mesma.
Eu... Queria Barnes vivo. Queria ele vivo e seguro. Queria Barnes vivo, seguro e perto de mim. Queria suas palavras meio atravessadas, desviadas e provocativas. Queria que ele me notasse, me respeitasse e me valorizasse. Queria que eu fosse suficiente e, ao mesmo tempo, transbordasse todo e qualquer padrão feminino que ele possa ter.
Deus... Eu me desviei da minha missão. Eu fraquejei, joguei todo o meu treinamento no lixo e me entreguei a sensações. Eu ignorei o meu estudo, os anos trancada em salas com nada além de um copo de água e livros. Dei as costas às surras que tomei por ter cometido algum mínimo erro, esqueci todas as torturas e a pressão psicológica de ser quem sou.
Já não sei quem eu sou.
Tudo aconteceu de uma forma automática. Eu comecei a pensar alto, falando comigo mesma e exprimindo toda a minha decepção e preocupação. Era natural, instintivo.
Depois de pousar os olhos em Barnes por um milésimo de segundo e ver uma expressão confusa e horrorizada, pude entender que eu estava em minha própria bolha. Falando outra língua.
Parei, em choque. Respirei fundo. Fechei os olhos e me joguei em uma cadeira que estava posicionada atrás de mim.
— Lilian? O que foi isso? —a voz cautelosa de Barnes soou no ambiente, e logo pude perceber que ele havia se aproximado alguns passos.
— Um surto psicótico, Barnes. Nunca viu antes? —respondi, as mãos passeando pelo meu rosto de uma forma nervosa.
— Você surtou dessa forma só porque viu que é um ser humano comum? Como você pôde passar uma vida inteira isenta de sentir coisas, Lilian Johnson? —ele me perguntou, como se tudo fosse muito simples e óbvio. Irritei-me com seu egocentrismo, esse senso de só conhecer o que está em volta de seu próprio umbigo. Soube no mesmo segundo que minha mente apenas liberaria um turbilhão de palavras e deixei que fluísse.
— De onde venho, Bucky, as mulheres que sentem coisas são chamadas de fracas. As que demonstram amor são feitas de donas de casa e mães de família. As que demonstram raiva são as malucas psicóticas que perambulam pelas ruas, vendendo seus corpos em troca de dinheiro para ter o que comer. Eu aprendi desde que saí do ventre que, se quisesse ser algo para além dessas opções, eu teria que me podar. Ser diferente. Indiferente. Você mesmo viu como tudo mudou quando sequer mencionou um romance entre nós. É fácil para você sair por aí me taxando como doida ou estranha, como todos o fazem. Mas não é fácil para mim me tornar, dia após dia, um ser robótico que só pensa em como sobreviver mais uma noite em uma selva masculina.
Eu já perdi as contas de quantas vezes discursei sobre meu próprio passado para Barnes. Perdi a conta de quantas vezes o vi baixando a guarda ao ouvir os relatos nada aprofundados do que é ser uma Lilian Johnson. Não sei mais se é a terceira, quarta ou quinta vez que o vejo lançando um olhar de solidariedade ao invés de raiva ou provocação.
Ser vulnerável nunca foi um hábito, e é por isso que eu sinto ódio de quando as palavras apenas escapam. Sinto ódio de como elas saem da minha boca apenas quando ele está por perto, pronto para me desarmar com sua aproximação e sua empatia. Sinto ódio de como estou tendo que me forçar para focar na missão, porque ela já deixou de ser prioridade nos meus pensamentos.
— Eu te pedi para pôr as cartas na mesa, Lil. Agradeço por ter feito isso, mesmo sendo doloroso para você. Agora eu entendo que errei em te taxar como uma parceira amorosa sem me importar com as consequências para você mesma. Entendo que minhas ações têm te deixado impotente aqui dentro e que venho te trazendo o gosto de um mundo machista e nada gentil. Espero que me perdoe por tudo isso.
Enquanto Barnes falava, abaixado em minha frente, olhando-me olho no olho, eu sentia meus olhos arderem. Sentia algo diferente em meu peito enquanto as lágrimas - que quase nunca existiram em meu rosto em toda a história de minha vida - escorriam pelo meu rosto.
Acho que é a sensação de ser realmente compreendida. De desabafar e receber em troca exatamente tudo que você precisa para ter um machucado minimamente cicatrizado. Esse foi o exato efeito do discurso mais sincero que já ouvi em minha vida.
Eu abri a boca algumas vezes, ainda esperando meu cérebro buscar por palavras que não existiam em meu vocabulário no momento. Bucky sorriu minimamente com minha confusão, os olhos ainda gentis e totalmente focados em mim.
Despejou-se no chão, ficando ajoelhado à minha frente. Levantou a mão direita, levando-a lentamente até meu rosto. Seu polegar passeou por ele, fazendo o exato caminho que as minhas lágrimas.
Minha cabeça era uma confusão.
Eu havia descoberto sentimentos. Eu havia confessado sentimentos. Bucky havia se desculpado e mostrado que se importa com meus sentimentos.
Eu nunca havia pensado na palavra "sentimentos" tantas vezes num único dia.
E, acho que por tudo isso ser tão novo e tão desconhecido; por ter sido tão acolhida e tão entendida por ele que, mais uma vez, eu explodi em sentimentos.
— Acho que estou me apaixonando por você, James Barnes.
Stay forever, you know more than anyone // Fique para sempre, você sabe como ninguém
And it's you that knows my darkness // E é você quem conhece minha escuridão
And you know my bedroom needs // E é você quem meu quarto precisa
You could blast me and my secrets // Você pode explodir a mim e meus segredos
Because there's probably just no need // Porque provavelmente não há necessidade deles
N/A: AAAAAAAAAAAAAAA
postar mais capítulos? MUITO QUE BEM
LILIAN ACEITANDO SEUS SENTIMENTOS? MUITO QUE ÓTIMO
eu tento mostrar a complexidade da Lilian, mas de uma forma muito velada conforme ela vai se desenvolvendo no quesito SENTIR COISAS. espero que vocês possam captar todas as sutilezas e microdesenvolvimentos de Lilian Johnson!
O QUE SERÁ QUE O TAL JAMES BARNES VAI RESPONDER???????
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