ten.

Heike's point of view

Estava à espreita, escondida atrás do carro do exército e encoberta pela escuridão daquela noite nublada. A alguns metros, os dois soldados americanos conversavam sussurradamente.

—  Ela deve ser só tímida, cara. Por que toda essa fixação com a garota?

—   Não, Barnes. Tem algo estranho aí e eu vou descobrir antes de partirmos para a Inglaterra. Já estou aqui há seis meses e meus olhos não se enganam. —o magrelo olhava fixamente para o Barnes, carregando uma expressão obcecada/psicopata.

  —  Mais estranho que você? —o sargento fez uma expressão confusa, recebendo um soco leve como resposta e sorrindo depois. — Vou continuar minha patrulha antes que alguém venha me oferecer vitamina Johnson pela quadragésima vez. Até mais, cara. 

Ele acenou com a cabeça para o magrelo, depois continuando sua ronda e sumindo no meio da mata que cercava o lugar.

Eu finalmente posicionei meu dedo no gatilho da arma, depois a levando para cima do capô do automóvel e mirando no corpo pequeno do soldado. Com a escuridão, tive que fechar um olho para concentrar minha visão. 

Se eu errasse o tiro, o barulho me denunciaria e eu seria pega pelos americanos.

Era questão de vida ou morte.

A minha morte, no caso. 

 A pílula de cianureto estava devidamente posicionada em meu colar. O veneno era mortal e agia em questão de segundos, para o caso de precisar de uma saída rápida. Bem, não era exatamente uma saída, mas era o protocolo a ser seguido caso qualquer coisa desse errada. Fazíamos um tipo de juramento a Hitler sobre isso. Quem não se suicidasse sofreria uma morte muito mais dolorosa e sofrida no futuro.

Ouvi um barulho de galho se quebrando e ecoando por todo o ambiente silencioso e vazio, o que me assustou repentinamente. Como meu dedo estava já aplicando uma pressão no gatilho, acabei disparando a arma sem querer.

  — Porra! —meu cochicho desesperado foi a única coisa que soou no ambiente. 

Eu não podia errar. Eu não queria morrer.

Felizmente, cerca de três segundos depois o corpo do soldado estava caindo no chão como um piano em queda livre. 

Bingo.

— CARA, O QUE VOCÊ FEZ? 

Uma voz desesperada soou próxima ao corpo.

Reconheci no mesmo momento como Barnes. 

Não demorou muito até que ele retornasse ao meu campo de visão, correndo na direção do soldado morto quando identificou que o tiro não havia sido disparado por ele, mas contra ele.

Barnes se abaixou, colocando os dedos indicador e médio na direção do pescoço do baixinho para identificar sinais vitais. Mas é claro que não encontrou nada além de um furo no crânio dele.

Foi a deixa para que eu me retirasse dali, correndo abaixada pela escuridão da forma mais discreta possível. 

Segundos depois, pedidos desesperados por "ajuda" ecoavam. 

Tarde demais, sargento. 

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