eleven.



Lilian Johnson's point of view


  — AJUDA! POR FAVOR, ALGUÉM! — gritos desesperados ecoaram ao longe enquanto eu vestia minha camisola preta.

Meu olhar se dirigiu para a porta do meu dormitório, assim como meus pés.  Antes de sair dali, fiz uma pequena parada na minha cômoda e peguei a arma ainda carregada que estava ali em cima. 

Disparei para o local de origem daqueles gritos, encontrando Peggy e outros soldados no caminho. Corremos juntos, parando abruptamente quando encontramos o motivo de tanto alarde.

Meu coração parou por um milissegundo ao encontrar James Barnes, as vestes e as mãos cheias de sangue. 

Dirigi meus olhos para baixo, vendo o soldado magrelo que me encarava todos os dias, sem intervalos, durante as refeições. Um tiro muito bem posicionado fez um buraco no meio de sua testa, o sangue jorrando continuamente.

Barnes posicionava as mãos ali, tentando de algum jeito fazer aquilo parar. Seus olhos estavam desfocados, seu corpo tremia e não era de difícil entendimento ver que ele estava em estado de choque.

Todos ficaram chocados com a cena.

Um homem baleado em nossa base.

  — Movam-se! —uma mulher morena passava entre nós, trombando em nossos corpos atônitos. 

Identifiquei-na como a enfermeira Jones. Ela havia cuidado de mim em um dia de calor intenso, quando passei mal por desidratação. No momento ela se posicionava ao lado do corpo para um exame rápido. Mas estava claro: o soldado estava morto. 

— Enfermeira! —Barnes a olhava esperançosamente,  esperando qualquer tipo de resultado por parte dela. — Enfermeira! —seu tom de voz se elevou, trazendo à tona todo o seu descontrole.

Ninguém se movia. Ninguém nem ousava respirar de um modo mais audível. 

Eu resolvi que não iria continuar assistindo aquela cena ridícula.

Comecei a caminhar na direção dos três, trombando em alguns ombros pelo caminho.

Abaixei ao lado do sargento, que me dirigiu um olhar assustado inicialmente, mas confortável quando me reconheceu. 

  — Vamos, Barnes. Os soldados vão levar o corpo para o necrotério. —coloquei as mãos em seu braço, puxando-o para ficar em pé e depois guiando-o pelo caminho longe dali.

 Dei um olhar significativo aos soldados ainda estáticos, forçando-os a fazer o que eu havia dito. 

O sargento apenas andava, encarando o nada com uma expressão de horror. Eu não sabia exatamente o que fazer, mas resolvi levá-lo ao meu dormitório. 

Ele entrou, sentou-se em minha cama, como eu indiquei, e ali permaneceu com a mesma feição.

—  Barnes? Eu prefiro você em silêncio, mas estou ficando preocupada com a sua situação. —encostei-me em minha cômoda, ficando de frente para ele. 

O homem piscou os olhos por uma vez, depois focando suas íris verdes em mim.

—  Onde você estava? —ele disse de uma vez. A princípio, pensei que era algum tipo de preocupação da parte dele. Quando a frase ressoou em minha cabeça, pude entender que era uma acusação.

  — Como assim, onde eu estava? Eu estava aqui, me preparando para dormir! —meu tom estava afetado, por mais que eu tentasse soar natural. Ele me encarava com olhos cerrados, levantando-se da cama em um movimento lento e perigoso.

—  Harold estava falando de você segundos antes de receber um tiro na testa, Johnson. Não se faça de idiota! —ele cuspiu as palavras, se aproximando dois passos de mim com uma expressão assassina.

— Se eu fosse matar todos os homens que falam de mim por aí, não sobraria um nessa base, Barnes! Porra... Você está se ouvindo? —meu tom aumentou, também dei dois passos na direção dele mostrando que não estava nem um pouco intimidada.

Ele piscou continuamente por algumas vezes, depois suspirando e olhando para o chão. Se afastou, abaixando a cabeça e passando a mão direita pelos cabelos de um modo nervoso. 

—  Não. Desculpe. —Barnes agora sussurrava, mal me olhando. — É que... Eu estava com ele há cinco segundos, Johnson. Eu podia ter salvado aquele homem, mas não fui útil nem para isso. —seus olhos marejavam conforme proferia as frases inseguras e dramáticas.

Não acreditava que teria que atuar tanto a ponto de acalmar um soldadinho. Mas, também, senti uma pontada um tanto estranha ao vê-lo com a guarda tão baixa bem à minha frente. Eu nunca via homens daquela maneira, a menos que estivessem na beira da morte.

Aproximei-me novamente, colocando a mão direita em seu ombro e atraindo sua atenção ao meu rosto.

  — Não é sua culpa, Barnes. Não foi você quem apertou o gatilho. Vamos reservar os julgamentos apenas para o monstro que fez isso. —minha voz nunca saiu tão calma e serena. Aparentemente, deu certo. Ele parecia mais controlado. — Agora, concentre-se em lavar esse sangue do seu corpo. Pode usar meu banheiro. 

Apontei para a porta que dava ao cubículo em que se encontrava meu chuveiro.  Ele acenou com a cabeça, logo se dirigindo para lá.

Sentei-me na minha cama, posicionando meus cotovelos sobre minhas coxas e jogando a cabeça entre minhas mãos. Fechei os olhos, concentrando minha atenção no barulho de água corrente no banheiro. 

Minha cabeça divagava para os diversos cenários e situações do dia seguinte. Barnes com certeza não seria o único a acreditar em minha culpa. E, também, não haviam poucas pessoas interessadas em me mandar embora o mais rápido possível.

—  O que está te deixando tão tensa, Johnson? — a voz de Barnes soou, causando-me um leve susto. Meus olhos se dirigiram para ele no mesmo momento.

Se eu disser que meu corpo não estremeceu quando o vi ali, estarei mentindo.

Ele estava sem camisa. Seu peitoral era muito definido; sua barriga era um perfeito tanquinho; seus braço musculosos brilhavam, exaltando as veias que saltavam. A calça verde-musgo de cintura baixa do uniforme revelava suas entradas muito bem demarcadas. Ele enxugava as mãos com minha toalha branca, encarando-me incisivamente. 

Pisquei umas três vezes antes de conseguir voltar meu olhar ao seu rosto. Entretanto, quando o fiz já podia notar um sorriso escandaloso em seus lábios. Para o meu azar, os cabelos dele estavam desgrenhados, caindo-lhe pela testa. Parecia ter saído de sonhos que eu nem sabia que existiam para me atormentar.

—  Nada, Barnes. —respondi a pergunta, a qual mal me lembrava que havia sido feita.

—  Pode me devolver as partes do meu corpo que seus olhos acabaram de comer? — seu sorriso vitorioso e malicioso agora combinavam com sua postura convencida. 

— Devolve o tempo e esforço que eu gastei tentando te ajudar. Esqueci que você não vale nada. — levantei-me irritada, cruzando os braços na frente do corpo.

Não acreditava que estava sendo tão patética. Ele é apenas um cara do exército que tem um corpo legal. Sua boca era um poço de estrume, de tantas bostas que falava. Sua postura era nojenta, desprezível, assim como sua personalidade. 

Por que diabos senti misericórdia por esse otário?

—  Qual é, Johnson! Estou só brincando. —o sorriso dele diminuiu, suas mãos foram aos bolsos de trás da calça.  

— Saia daqui, Barnes. Minha noite misericordiosa acabou. —dei alguns passos em direção à porta, mas não consegui chegar ao destino final. Senti uma mão puxando meu braço, parando-me no meio do caminho.

Eu me virei de uma vez na direção do puxão, já ficando na defensiva por aquele toque indesejado. Meus olhos foram para a mão dele de um modo assassino. Ele entendeu o recado, retirando a mão de minha pele aos poucos. Quando vi que estava livre de contato físico, voltei a encarar os olhos dele. Mais uma vez, estremeci.

As íris verdes e demoníacas de James Barnes estavam mais perto do que eu esperava.  



N/A: OI!!!!!

O que você está achando da história?

Onde a Heike está escondida? #confused

xoxo

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top