eight.

NEW JERSEY: Base militar de Wheaton

13 de janeiro de 1942

Lilian Johnson's point of view

  — Nós vamos concentrar nossas forças navais no Pacífico para contenção do Japão. Sei que estamos  em posição desfavorável no momento, mas é por conta das nossas embarcações destruídas em Pearl Harbor. Stark nos ajudará nisso. No momento, precisamos mostrar ao Japão com quem eles se meteram, assim vamos conseguir mais respeito entre nossos aliados e receio entre nossos inimigos. Além disso, ganhar essa fase inicial vai trazer uma confiança aos americanos, atraindo até mais soldados alistados em nossas campanhas nacionalistas. 

Finalizei minha apresentação daquela manhã com um olhar determinado e persuasivo ao secretário naval, Frank Knox. Ele encarava o mapa cheio de marcações feitas por mim atrás de meu corpo, avaliando se o que eu havia dito era possível. 

O Coronel Phillips e Peggy me encaravam com preocupação, pensando que eu não poderia envergonhar nossa repartição militar. Eu não podia errar.

  — Sabe, querida... —Knox finalmente me encarou, assumindo um sorriso um tanto perverso. —Para uma mulher, até que você é útil. 

Todos na mesa começaram a rir desenfreadamente, concordando com a fala dele. 

 Não sei exatamente o que aconteceu dentro de mim, só sei que eu sentia raiva.

Muita raiva. 

Em minha mente, tudo aconteceu como um filme, em um mix de câmera lenta e velocidade acelerada.

Fechei minha mão direita, olhando fixamente para o centro do rosto do homem, calculando onde exatamente eu deveria acertar. Em um segundo, minha mão já atravessava o ar na direção do nariz dele.

Em cheio.

Todos escancararam suas bocas, alguns grunhidos surpresos começaram a tomar o ambiente.

O nariz do homem jorrava um líquido vermelho, esparramando-se por suas vestes militares. 

Ele levou uma mão ao local acertado, de modo a confirmar que eu realmente havia tido tamanha audácia. Olhou para o sangue em suas mãos, logo fechando a cara em uma expressão diabólica e dirigindo seu olhar assassino a mim. 

  — Ora, sua... — ele gritou, jogando-se para cima de mim. Todos novamente se manifestaram, mas para segurar o tal secretário em sua cadeira. Ele não chegou a proferir o tapa em meu rosto que sua mão tanto queria, logo sendo carregado para fora da sala.  

  — Dê um jeito nessa garota, Phillips. —um outro homem grisalho gritou para o Coronel, saindo da sala em seguida. 

Respirei fundo, abrindo e fechando minha mão que agora formigava. Meu rosto não carregava o menor traço de arrependimento, o que, tenho certeza, dava ainda mais raiva no Coronel.

— Eu não sei se eu te dou uma medalha ou um castigo, Johnson. —ele me encarava com um tom de deboche, para a minha surpresa. — Knox é um grande filho da puta, mas eu não posso perder meu respeito. Vamos fingir que te dei um grande sermão cheio de lição de moral e uma suspensão, você fica quietinha no seu dormitório por cinco dias e depois nossas vidas voltam ao normal.  

Acenei com a cabeça, tentando conter ao máximo um sorriso pela atitude de Phillips. Ele era um pé no saco, mas eu o adorava. Ele se dirigiu para fora da sala rapidamente, provavelmente para contar a todos sobre suas "punições". 

— Belo soco, Johnson. — Peggy se manifestou, saindo do canto escuro no qual passou a reunião inteira, provavelmente para fugir dos olhares nojentos daqueles homens. —Se você não o fizesse, eu faria.  

  — Obrigada, agente Carter. — dei um sorriso vitorioso, principalmente por ela nunca me elogiar e raramente me dirigir a palavra. Peggy era inteligente demais, estava sempre desconfiada das pessoas pelos cantos.  

  — Phillips pode não te dar uma punição por seu atrevimento, mas eu sou sua supervisora e o farei.  —"estava bom demais para ser verdade" era o que perpassava minha mente nesse momento. — Não faça essa cara de injustiçada para mim, você só vai me ajudar a treinar os novos brutamontes que chegaram hoje de manhã. Ouvi que são muito indisciplinados, pensei que você gostaria de me ajudar com um pouquinho de vitamina feminina... —ela cruzou os braços, carregando um sorriso contido.

Sorri novamente, agora entendendo a ajuda que ela queria.

Peggy era muito conhecida por dar as boas-vindas aos soldados recrutados, enchendo os machistinhas e respondões de socos. Sempre que a via fazendo aquilo, sentia uma vontade de participar. Entretanto, a vitamina Carter era exclusiva dela. Até hoje.

  — Recrutas, atenção! —Peggy gritou enquanto andava na minha frente. Logo os homens dispostos em uma linha horizontal bateram os braços ao redor de seus corpos, assumindo uma postura de respeito. — Sou a agente Carter. Eu supervisiono todas as operações dessa divisão.  — ela parou de falar, olhando para mim e acenando com a cabeça. Entendi que aquela era minha vez, me dirigindo ao lado dela na frente dos recrutas.

— E eu sou- 

— Uau, duas beldades num só dia. Se eu soubesse que o Exército seria tão bom, não teria gasto minhas energias com duas garotas na minha despedida! —um dos soldados dispostos ali falou, atraindo a atenção e gargalhadas de todos os outros.

Eu e Peggy nos olhamos, respirando fundo. 

  — Você já sabe o que fazer, Johnson. —ela apontou o soldado, dando o aval para que eu o enchesse de vitamina.

Dei dois passos para frente, ficando cara a cara com o homem. Seu sorriso era escancarado, brilhante. Seus olhos verdes faiscavam aos meus sem pudor ou vergonha. E eu estava extremamente animada para acabar com seu ego na frente de todos.

— Qual o seu nome, sargento? —coloquei as mãos nos ombros dele, não desviando de seu olhar invasivo por nenhum segundo, depois passeando por seu peitoral musculoso. 

— Meu registro diz James Barnes, mas posso ser o que você quiser, meu anjo.  

Os homens à volta dele continuavam com os grunhidos felizes, cheios de testosterona. Dei um sorriso extremamente forçado para as palavras melosas e nojentas dele, puxando o pelo colarinho para frente enquanto eu dava passos de costas.

Deixei-o posicionado diante dos olhares de todos para que o meu espetáculo se iniciasse. 

  — Sabe, sargento... —coloquei meu dedo indicador no queixo dele, levantando o seu rosto para que minha mão se encaixasse melhor em seus ossos. — Acho que a cor roxa vai combinar com seus olhos. 

Assim que proferi a última palavra, deixei que minha mão encontrasse a maçã do lado esquerdo do rosto dele com violência. Ele caiu no chão, levando a mão esquerda diretamente ao local atingido.

Ainda assim, não estava satisfeita.

Aproximei-me do corpo dele, levando meu pé ao seu peitoral e depositando um bom tanto de força para que ele continuasse jogado no chão. Confirmando a minha pose de total dominância, olhei para cada um dos recrutas com caras assustadas.

— Entendam que vocês não passam de marionetes em nossas mãos. Vamos treiná-los e, se tivermos sorte, em alguns dias serão menos insignificantes e nojentos. Não pensem por um segundo que não podemos cravar uma bala na cabeça de vocês, porque o faremos no segundo que julgarmos necessário. — olhei novamente ao recruta Barnes que estava no chão, ficando satisfeita com o olhar raivoso que ele me dava. — Insetos. 

Tirei o meu pé do peito dele, dando um último olhar para Peggy antes de dar as costas e começar a me dirigir ao meu dormitório, como instruído por Phillips. Ela me sorria de um modo orgulhoso. 

 Quando já tinha dado uns cinco passos, lembrei-me que não havia deixado o meu nome para que o tal Barnes se lembrasse todos os dias de quem acabou com sua moral ali. Virei-me aos recrutas novamente, mas encarando de um jeito especial o sargento que havia voltado a sua posição anterior.

  — Aliás, meu nome é Lilian. Senhorita Johnson para vocês. Sou a alma estratégica desse país.

  

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